Capítulo 1
- E aconteceu depois da morte de Saul que, tornando-se Davi da desfeita dos amalequitas; e ficando-se ele dois dias em Ziclague;
- Sucedeu ao terceiro dia que, eis que um varão veio do arraial, de Saul, com os vestidos rotos, e com terra sobre a cabeça. E foi que, chegando ele a Davi, se lançou no chão, e se inclinou.
- E Davi lhe disse: Donde vens? E ele lhe disse: Do exército de Israel escapei.
- E disse-lhe Davi: Que houve? Conta-mo ora. E disse que o povo fugira da peleja; e como muitos do povo caíram e morreram, assim também Saul e Jônatas, seu filho, eram mortos.
- E disse Davi ao rapaz que as novas lhe trazia: Como sabes tu que morto é Saul, e Jônatas, seu filho?
- Então disse o rapaz que as novas trouxera: Acaso cheguei à montanha de Gilboa, e eis que Saul estava encostado sobre sua lança. E eis que carros e capitães de cavalaria alcançavam a ele.
- E olhando ele por detrás de si, me viu a mim. E chamou-me, e disse eu: Eis-me aqui.
- E ele me disse: Quem és tu? E eu lhe disse: Sou amalequita.
- Então me disse ele: Arremessa-te já sobre mim, e mata-me; pois este gibão de malha me deteve. Pois ainda minha vida totalmente está em mim.
- Arremessei-me, pois, sobre ele, e matei-o; porque bem sabia eu que ele não viveria depois de sua queda. E tomei a coroa que em sua cabeça trazia, e a manilha que tinha em seu braço, e trouxe-as aqui a meu senhor.
- Então agarrou Davi suas próprias vestes, e rasgou-as; como também todos os varões que com ele estavam.
- E prantearam, e choraram, e jejuaram até a tarde: por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, porquanto haviam caído à espada.
- Disse então Davi ao rapaz que as novas lhe trouxera: Donde és tu? E disse ele: Sou filho de um varão estrangeiro, amalequita.
- E Davi lhe disse: Como!? Não temeste de estender tua mão para fazer algum dano ao ungido do Senhor?
- Então chamou Davi a um dos rapazes, e disse: Chega, e arremete contra ele. E feriu-o, e morreu.
- E disse-lhe Davi: Teu sangue seja sobre tua cabeça. Pois tua própria boca testificou contra ti, dizendo: Eu matei ao ungido do Senhor.
- E lamentou Davi a Saul, e a Jônatas, seu filho, com esta lamentação,
- Dizendo ele que ensinassem aos filhos de Judá a atirar com o arco, o que eis que está escrito no Livro do Justo:
- Ah, ornamento de Israel… Em teus altos, ó Gilboa, foi ferido. Como caíram os valentes!
- Não o anuncieis em Gade, não deis as novas nas ruas de Asquelom; para que as filhas dos filisteus se não alegrem, para que as filhas dos incircuncisos de contentamento não saltem.
- Vós, ó montes de Gilboa, nem orvalho nem chuva caia sobre vós, nem sejais campos de ofertas levantadas! Pois aí desprezivelmente foi arrojado o escudo dos valentes, o escudo de Saul, como se não fora ungido com óleo.
- Nem do sangue dos feridos, nem da gordura dos valentes, o arco de Jônatas nunca se retirou para trás; nem a espada de Saul se tornou vazia.
- Saul e Jônatas, tão amados e queridos em sua vida, nem até em sua morte foram apartados: eram mais ligeiros que águias, mais fortes que leões.
- Vós, filhas de Israel, chorai por Saul; que vos vestia de escarlata em delícias, que vos fazia trazer ornamentos de ouro sobre vossos vestidos.
- Como caíram os valentes em meio da peleja! Jônatas, em teus altos, foi ferido.
- Angustiado estou por ti, irmão meu, Jônatas! Quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me foi teu amor que o amor das mulheres.
- Como caíram os valentes, e pereceram as armas de guerra!
Capítulo 2
- E aconteceu depois disto que Davi consultou ao Senhor, dizendo: Subirei a alguma das cidades de Judá? E disse-lhe o Senhor: Sobe. E disse Davi: Para onde subirei? E disse: Para Hebrom.
- E subiu Davi para lá, e também suas duas mulheres: Ainoã, a jezreelita, e Abigail, a ex-mulher de Nabal, o carmelita.
- Fez também Davi subir aos varões que com ele estavam, cada qual com sua família; e habitaram nas cidades de Hebrom.
- Então vieram os varões de Judá, e ungiram ali a Davi por rei sobre a casa de Judá. E anunciaram a Davi, dizendo: Os varões de Jabes de Gileade são os que sepultaram a Saul.
- Então enviou Davi mensageiros aos varões de Jabes de Gileade. E disse-lhes: Benditos vós outros do Senhor, que fizestes tal beneficência a vosso senhor, a Saul, e o sepultastes!
- Agora, pois, o Senhor use convosco de beneficência e fidelidade; e também eu vos farei conforme este bem, porquanto fizestes isto.
- Vossas mãos, pois, agora se fortaleçam, e sede varões valentes; pois Saul, vosso senhor, é morto. Mas também já me ungiram a mim os da casa de Judá por rei sobre si.
- Porém Abner, filho de Ner, maioral do exército de Saul, tomou a Isbosete, filho de Saul, e passou-o a Maanaim.
- E constitui-o por rei sobre Gileade, e sobre os assuritas, e sobre Jezreel; e sobre Efraim, e sobre Benjamim, e sobre todo Israel.
- De idade de quarenta anos era Isbosete, filho de Saul, quando começou a reinar sobre Israel, e reinou até o segundo ano: tão somente os da casa de Judá seguiam a Davi.
- E foi o número dos dias que Davi reinou em Hebrom sobre a casa de Judá, sete anos e seis meses.
- Então saiu Abner, filho de Ner, com os servos de Isbosete, filho de Saul, de Maanaim a Gibeão.
- Saíram também Joabe, filho de Zeruia, e os servos de Davi; e encontraram-se uns com os outros junto ao tanque de Gibeão. E pararam-se estes daquém do tanque, e os outros dalém do tanque.
- E disse Abner a Joabe: Deixa levantarem-se os rapazes, e joguem perante nós. E disse Joabe: Levantem-se.
- Então se levantaram, e passaram por conta: doze de Benjamim, da parte de Isbosete, filho de Saul, e doze dos servos de Davi.
- E cada qual lançou mão da cabeça um do outro, e meteu-lhe a espada pela ilharga, e caíram juntamente: donde se chamou àquele lugar Helcate-Hazurim, que está junto a Gibeão.
- E houve aquele dia uma mui árdua peleja; porém Abner e os varões de Israel foram feridos diante dos servos de Davi.
- E estavam ali os três filhos de Zeruia: Joabe, e Abisai, e Asael. E Asael era ligeiro de pés, como uma das cabras monteses que há no campo.
- E Asael perseguiu a Abner; e não se desviou de perseguir a Abner, nem à direita, nem à esquerda.
- E olhando Abner para trás de si, disse: És tu esse, Asael? E disse ele: Eu sou.
- Então lhe disse Abner: Desvia-te à tua direita, ou à tua esquerda, e lança mão de um dos rapazes, e toma-te suas vestes. Porém Asael se não quis desviar de detrás dele.
- Então Abner tornou a dizer a Asael: Desvia-te de detrás de mim. Por que, ferindo-te, darei contigo em terra? E como levantaria meu rosto perante teu irmão Joabe?
- Porém, não se querendo ele desviar, Abner o feriu com o conto da lança pela quinta costela, e a lança lhe saiu por detrás; e caiu ali, e morreu naquele mesmo lugar. E foi que todos quantos chegavam ao lugar onde Asael caíra e morrera, se paravam.
- Porém Joabe e Abisai perseguiram a Abner. E o sol se pôs, chegando eles ao outeiro de Amá, que está diante de Giá, junto ao caminho do deserto de Gibeão.
- E os filhos de Benjamim se ajuntaram após Abner, e fizeram um esquadrão; e puseram-se no cume de um outeiro.
- Então Abner bradou a Joabe, e disse: Para sempre consumirá a espada? Não sabes tu que, ao fim, haverá amargura? E até quando não hás de dizer ao povo que se torne de perseguir a seus irmãos?
- E disse Joabe: Vive Deus, que se não houvesses falado, já desde pela manhã o povo se teria desviado de cada um perseguir a seu irmão.
- Então Joabe tocou a buzina, e todo o povo parou, e não perseguiram mais a Israel; e tampouco pelejaram mais.
- Assim que Abner e seus varões toda aquela noite se foram pela campina; e passando o Jordão, caminharam por todo Bitrom, e vieram a Maanaim.
- Também Joabe se tornou de perseguir a Abner, e ajuntou a todo o povo. E dos servos de Davi faltaram dezenove varões, e Asael.
- Porém os servos de Davi feriram de Benjamim, e dentre os varões de Abner, a trezentos e sessenta varões, que ali ficaram mortos.
- E levantaram a Asael, e sepultaram-no na sepultura de seu pai, que estava em Belém. E Joabe e seus varões caminharam toda aquela noite; e amanheceu-lhes em Hebrom.
Capítulo 3
- E houve larga guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi; porém Davi se ia fortalecendo, mas os da casa de Saul se iam enfraquecendo.
- E a Davi nasceram filhos em Hebrom. E foi seu primogênito Amnom, de Ainoã, a jezreelita;
- E seu segundo, Quileabe, de Abigail, ex-mulher de Nabal, o carmelita; e o terceiro, Absalão, filho de Maacá, filha de Talmai, rei de Gesur;
- E o quarto, Adonias, filho de Hagite; e o quinto, Sefatias, filho de Abital;
- E o sexto, Itreão, de Eglá, também mulher de Davi: estes nasceram a Davi em Hebrom.
- E sucedeu, havendo guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi, que Abner se fortalecia na casa de Saul.
- E tivera Saul uma concubina cujo nome era Rispa, filha de Aiá. E disse Isbosete a Abner: Por que entraste à concubina de meu pai?
- Então se ofendeu Abner muito pelas palavras de Isbosete, e disse: Sou eu cabeça de cão que pertença a Judá? Ainda hoje faço beneficência à casa de Saul, teu pai, a seus irmãos e a seus amigos, e a ti te não entreguei nas mãos de Davi, para que hoje me esquadrinhes acerca da maldade de uma mulher?
- Assim faça Deus a Abner, e assim lhe acrescente; que como o Senhor jurou a Davi, assim lhe hei de fazer:
- Transportando o reino da casa de Saul, e levantando o trono de Davi sobre Israel e sobre Judá, desde Dã até Berseba!
- E nem ainda uma só palavra pôde responder a Abner, porquanto o temia.
- Então mandou Abner de sua parte mensageiros a Davi, dizendo: De quem é a terra? E disse mais: Faze comigo tua aliança, e eis que minha mão será contigo, para tornar a ti a todo Israel.
- E disse Davi: Bem, eu farei contigo aliança. Porém uma coisa te peço, dizendo: Não verás minhas face, se primeiro me não trouxeres a Mical, filha de Saul, quando vieres a ver minha face.
- Também enviou Davi mensageiros a Isbosete, filho de Saul, dizendo: Dá-me minha mulher Mical, que desposei comigo por cem prepúcios dos filisteus.
- E enviou Isbosete, e tomou-a ao marido – a Paltiel, filho de Lais.
- E foi seu marido com ela, caminhando e chorando após ela, até Baurim. Então lhe disse Abner: Vai-te agora, torna-te; e tornou-se.
- E tivera palavras Abner com os anciãos de Israel, dizendo: Já muito há que procuráveis que Davi fosse rei sobre vós outros.
- Fazei-o, pois agora. Porquanto o Senhor falou a Davi, dizendo: Por mão de Davi, meu servo, livrarei meu povo das mãos dos filisteus, e das mãos de todos seus inimigos.
- E falou também Abner o mesmo perante os ouvidos de Benjamim. E foi-se também Abner a dizer perante os ouvidos de Davi, em Hebrom, tudo quanto parecia bem aos olhos de Israel, e aos olhos de toda a casa de Benjamim.
- E veio Abner a Davi, a Hebrom, e vinte varões com ele. E Davi fez banquete a Abner, e aos varões que com ele vinham.
- Então disse Abner a Davi: Eu me levantarei, e irei, e ajuntarei ao rei, meu senhor, todo Israel, para fazerem contigo aliança; e tu reinarás em tudo, como desejar tua alma. Assim despediu Davi a Abner; e foi-se em paz.
- E eis que os servos de Davi e Joabe vieram de uma tropa, e traziam consigo grande despojo. E já Abner não estava com Davi em Hebrom, porque o havia despedido, e tinha-se ido em paz.
- Chegando pois Joabe, e todo o exército que com ele vinha, deram aviso a Joabe, dizendo: Abner, filho de Ner, veio ao rei; e despediu-o, e foi-se em paz.
- Então Joabe entrou junto ao rei, e disse: Que fizeste? Eis que Abner veio a ti; por que, pois, o despediste, que tão livremente se fosse?
- Bem conheces a Abner, filho de Ner, que te veio a enganar; e a saber tua saída e tua entrada, e a entender tudo quanto fazes.
- E saindo-se Joabe de Davi, enviou mensageiros após Abner, e tornaram-no a trazer desde o poço de Sirá: sem que Davi o soubesse.
- Tornando, pois, Abner a Hebrom, Joabe o desviou à entrada da porta, a falar com ele em segredo. E feriu-o ali pela quinta costela; e morreu, por causa do sangue de Asael, seu irmão.
- O que Davi depois ouvindo, disse: Inocente sou eu, e meu reino, para com o Senhor, para sempre, do sangue de Abner, filho de Ner:
- Fique-se sobre a cabeça de Joabe, e sobre toda a casa de seu pai; e nunca da casa de Joabe falte quem padeça fluxo, nem leproso, nem quem se atenha a bordão, nem quem caia à espada, nem quem tenha míngua de pão.
- Assim Joabe e Abisai, seu irmão, mataram a Abner; porquanto matara a Asael, seu irmão, na peleja de Gibeão.
- Disse pois Davi a Joabe, e a todo o povo que com ele estava: Rasgai vossas vestes, e cingi-vos de sacos; e ide pranteando diante de Abner. E o rei Davi ia detrás da tumba.
- E sepultando a Abner em Hebrom, o rei levantou sua voz, e chorou à sepultura de Abner, e chorou todo o povo também.
- E pranteando o rei a Abner, disse: Como? Morreu Abner como morre o covarde?
- Tuas mãos não estavam atadas, nem teus pés em grilhões de bronze ligados; mas como os que caem diante de filhos da maldade, caíste! Então todo o povo chorou muito mais por ele.
- Então todo o povo veio a fazer comer pão a Davi, sendo ainda de dia. Porém Davi jurou, dizendo: Assim Deus me faça, e assim me acrescente, se antes que o sol se ponha, provar pão, ou coisa outra alguma!
- O que todo o povo entendendo, pareceu bem aos seus olhos. Assim que, tudo quanto o rei fez, pareceu bem aos olhos de todo o povo.
- E todo o povo e todo Israel entenderam, àquele mesmo dia, que do rei não vinha que matassem a Abner, filho de Ner.
- Então disse o rei a seus servos: Não sabeis vós outros que, no dia de hoje, caiu em Israel um príncipe, e um grande?
- Que eu ainda sou tenro e há pouco ungido por rei, e estes varões, filhos de Zeruia, mais duros que eu: o Senhor pagará ao malfeitor conforme a sua maldade.
Capítulo 4
- Ouvindo, pois, o filho de Saul que Abner morrera em Hebrom, as mãos se lhe afrouxaram; e todo Israel pasmou.
- E tinha o filho de Saul dois varões, capitães de tropas: o nome de um era Baaná, e o nome do outro Recabe, filhos de Rimom, o beerotita, dos filhos de Benjamim. Porque também Beerote se contava por de Benjamim.
- E haviam-se acolhido os beerotitas a Gitaim; e ali haviam peregrinado até o dia de hoje.
- E tinha Jônatas, filho de Saul, um filho aleijado de ambos os pés. Sendo de idade de cinco anos quando as novas da desfeita de Saul e Jônatas vieram de Jezreel, e sua ama o tomou, e se acolheu; e foi que, apressando-se ela a fugir, caiu ele, e ficou coxo; e seu nome era Mefibosete.
- E foram os filhos de Rimom, o beerotita, Recabe e Baaná, e entraram na casa de Isbosete, indo já o dia encalmando; estando ele deitado, a dormir, ao meio-dia.
- E ali entraram, até o meio da casa, como que vinham a tomar trigo; e feriram-no na quinta costela. E Recabe e Baaná, seu irmão, se escaparam.
- Porque entraram em sua casa, estando ele na cama, deitado em sua recâmara; e feriram-no, e mataram-no, e cortaram-lhe a cabeça. E tomando sua cabeça, foram-se toda a noite caminhando pela campanha.
- E trouxeram a cabeça de Isbosete a Davi, a Hebrom; e disseram ao rei: Eis aqui a cabeça de Isbosete, filho de Saul, teu inimigo, que te procurava a morte. Assim o Senhor no dia de hoje ao rei, meu senhor, deu vingança de Saul, e de sua semente.
- Porém, respondendo Davi a Recabe e a Baaná, seu irmão, filhos de Rimom, o beerotita, disse-lhes: Vive o Senhor, que redimiu minha alma de toda aflição!
- Que, pois, a aquele que me trouxe novas, dizendo: Eis que Saul morto é – parecendo-lhe, porém, aos seus olhos, que era como quem traz boas novas –, eu logo lancei mão dele, e matei-o em Ziclague; cuidando ele que eu por isso lhe desse algumas alvíssaras.
- Quanto mais a ímpios varões, que mataram a um varão justo em sua casa, sobre sua cama! Agora, pois, não requereria eu seu sangue de vossas mãos, e vos não varreria da terra?
- E mandou Davi a seus rapazes que os matassem; e cortaram-lhes os pés e as mãos, e penduraram-nos sobre o tanque de Hebrom. Porém a cabeça de Isbosete tomaram, e sepultaram-na na sepultura de Abner, em Hebrom.
Capítulo 5
- Então todas as tribos de Israel vieram a Davi, a Hebrom. E falaram, dizendo: Eis-nos aqui, teus ossos e tua carne somos.
- E também dantes, sendo Saul ainda rei sobre nós outros, eras tu o que saías e entravas com Israel. E também o Senhor te disse: Tu apascentarás a meu povo de Israel, e tu serás guia sobre Israel.
- Assim, pois, todos os anciãos de Israel vieram a Davi, a Hebrom; e o rei Davi fez com eles aliança em Hebrom, perante a face do Senhor. E ungiram a Davi por rei sobre Israel.
- De idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar: quarenta anos reinou.
- Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo Israel e Judá.
- E partiu-se o rei com seus varões a Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam naquela terra. E falaram a Davi, dizendo: Não entrarás aqui, que até os cegos e os coxos te rechaçarão daqui, quer dizer, não entrará Davi aqui.
- Porém Davi tomou a fortaleza de Sião: esta é a cidade de Davi.
- Porque Davi dissera aquele dia: Qualquer que ferir aos jebuseus, e chegar ao canal, e aos coxos e aos cegos, que a alma de Davi aborrece, será cabeça e maioral. Por isso, se diz: “Nem cego nem coxo entrará nesta casa”.
- Assim que Davi habitou na fortaleza, e chamou-lhe “a cidade de Davi”. E Davi foi edificando ao redor, desde Milô até dentro.
- E ia-se Davi cada vez mais aumentando e crescendo; porque o Senhor, Deus dos Exércitos, era com ele.
- E Hirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira de cedro, e carpinteiros e pedreiros; e edificaram a Davi uma casa.
- E entendeu Davi que o Senhor o confirmara por rei sobre Israel; e que exaltara seu reino, por amor de seu povo, Israel.
- E tomou Davi mais concubinas e mulheres de Jerusalém, depois que viera de Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas.
- E estes são os nomes dos que lhe nasceram em Jerusalém: Samuá, e Sobabe, e Natã, e Salomão;
- E Ibar, e Elisuá, e Nefegue, e Jafia;
- E Elisamá, e Eliada, e Elifelete.
- Ouvindo, pois, os filisteus que haviam ungido a Davi por rei sobre Israel, todos os filisteus subiram em busca de Davi; o que Davi ouvindo, desceu à fortaleza.
- E os filisteus vieram, e estenderam-se pelo Vale de Refaim.
- E Davi consultou ao Senhor, dizendo: Subirei contra os filisteus? Dá-los-ás em minhas mãos? E disse o Senhor a Davi: Sobe, porque infalivelmente darei aos filisteus em tuas mãos.
- Então veio Davi a Baal-Perazim, e feriu-os ali Davi e disse: Rompeu o Senhor a meus inimigos diante de mim, como rompimento de águas. Por isso, chamou o nome daquele lugar, Baal-Perazim.
- E deixaram ali seus ídolos, e Davi e seus varões os tomaram.
- E os filisteus tornaram a subir, e estenderam-se pelo Vale de Refaim.
- E Davi consultou ao Senhor, o qual disse: Não subirás. Mas rodeia por detrás deles, e virás a eles por em fronte dos amoreirais.
- E será que, ouvindo tu um estrondo de andadura pelas copas dos amoreirais, então te apressarás; porque já tem saído o Senhor diante de ti, a ferir ao arraial dos filisteus.
- E fez Davi assim, como o Senhor lhe mandara; e feriu aos filisteus, desde Gebá até chegares a Gezer.
Capítulo 6
- E tornou Davi a ajuntar a todos os escolhidos de Israel, trinta mil.
- E levantou-se Davi, e foi-se, com todo o povo que consigo tinha, de Baalá de Judá; a fazer subir dali a arca de Deus, junto à qual se invoca o nome, o nome do Senhor dos Exércitos, que se assenta entre os querubins.
- E puseram a arca de Deus em um carro novo, e levaram-na da casa de Abinadabe, que está no outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.
- E levando-o da casa de Abinadabe, que está no outeiro, com a arca de Deus, Aiô ia diante da arca.
- E Davi e toda a casa de Israel faziam alegrias perante a face do Senhor, com toda sorte de instrumentos de pau de faia: como com harpas, e com alaúdes, e com tamboris, e com pandeiros, e com címbalos.
- E chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá sua mão à arca de Deus, e teve a mão nela, porque os bois se desviavam.
- Então a ira do Senhor se acendeu contra Uzá; e feriu-o ali Deus por esta imprudência. E morreu ali, junto à arca de Deus.
- E pesou-lhe a Davi, porquanto o Senhor abrira abertura em Uzá; e chamou àquele lugar Perez-Uzá, até o dia de hoje.
- E temeu Davi ao Senhor aquele dia. E disse: Como virá a mim a arca do Senhor?
- E não quis Davi retirar a si a arca do Senhor à cidade de Davi. Antes, levar a fez Davi à casa de Obede-Edom, o geteu.
- E ficou a arca do Senhor em casa de Obede-Edom, o geteu, três meses; e abençoou o Senhor a Obede-Edom, e a toda sua casa.
- Então anunciaram a Davi, dizendo: Abençoou o Senhor a casa de Obede-Edom, e a tudo quanto tem, por amor da arca de Deus. Assim que foi Davi, e trouxe acima a arca de Deus da casa de Obede-Edom à cidade de Davi, com alegria.
- E era que, como os que levavam a arca do Senhor haviam andado seis passos, sacrificava bois e carneiros cevados.
- E Davi saltava com toda força diante da face do Senhor; e ia Davi cingido com um éfode de linho.
- Assim subindo, levavam Davi e todo Israel a arca do Senhor: com júbilo, e com soído de trombetas.
- E foi que, entrando a arca do Senhor na cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, estava olhando desde a janela; e vendo ao rei Davi, que ia bailando e saltando diante da face do Senhor, desprezou-o em seu coração.
- E introduzindo a arca do Senhor, puseram-na em seu lugar, na tenda que Davi lhe armara; e ofereceu Davi holocaustos e ofertas gratíficas perante a face do Senhor.
- E acabando Davi de oferecer os holocaustos e ofertas gratíficas, abençoou ao povo em o nome do Senhor dos Exércitos.
- E repartiu a todo o povo, e a toda a multidão de Israel, desde os varões até às mulheres, a cada um um bolo de pão, e um bom pedaço de carne, e um frasco de vinho. Então se foi todo o povo, cada um para sua casa.
- E tornando Davi para abençoar a sua casa, Mical, a filha de Saul, saiu a Davi ao encontro, e disse: Quão honrado foi hoje o rei de Israel, descobrindo-se hoje perante os olhos das servas de seus servos, como sem pejo se descobre algum dos vadios!
- Disse porém Davi a Mical: Perante a face do Senhor – o qual me escolheu, mais que a teu pai, e que a toda sua casa, mandando-me que fosse guia sobre o povo do Senhor, sobre Israel – perante a face do Senhor, digo, tenho feito alegrias.
- E ainda mais que isto me envilecerei, e me humilharei aos meus olhos; e com as servas de quem falaste, com elas serei honrado.
- E Mical, a filha de Saul, não teve filhos, até o dia de sua morte.
Capítulo 7
- E sucedeu que, estando o rei Davi já de assento em sua casa; e que já o Senhor lhe tinha dado descanso de todos seus inimigos do redor;
- Disse o rei ao profeta Natã: Olha agora: eu moro em casa de cedros. E a arca de Deus mora em meio de cortinas.
- E disse Natã ao rei: Vai, e faze tudo quanto está em teu coração. Porque o Senhor é contigo.
- Porém sucedeu, àquela mesma noite, que veio palavra do Senhor a Natã, dizendo:
- Vai, e dize a meu servo, a Davi: Assim diz o Senhor: Edificar-me-ias tu casa, para minha habitação?
- Porque em casa nenhuma habitei, desde o dia em que fiz subir aos filhos de Israel do Egito, até o dia de hoje; mas andei em tenda, e em tabernáculo.
- E em todo lugar que andei com todos os filhos de Israel, falei porventura palavra alguma com alguma das tribos de Israel, a quem haja mandado apascentar a meu povo de Israel, dizendo: Por que não me edificais casa de cedros?
- Agora, pois, assim dirás a meu servo, a Davi: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu te tomei da malhada, de trás das ovelhas. Para que fosses guia sobre meu povo, sobre Israel.
- E fui contigo aonde quer que foste, e destruí a todos teus inimigos diante de ti; e fiz-te grande nome, como o nome dos grandes que há na terra.
- E preparei lugar para meu povo, para Israel; e plantei-o, para que habite em seu lugar, e nunca mais seja removido de uma parte a outra. E nunca mais os filhos de perversidade os aflijam como dantes,
- E desde o dia em que mandei que houvesse juízes sobre meu povo, Israel; porém te dei descanso de todos teus inimigos. Também o Senhor te faz saber que o Senhor te fará casa:
- Quando teus dias forem cumpridos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti a tua semente, que sair de tuas entranhas; e confirmarei seu reino.
- Este edificará casa a meu nome; e confirmarei o trono de seu reino para sempre.
- Eu lhe serei a ele por pai, e ele me será a mim por filho; que se vier a prevaricar, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens.
- Mas minha benignidade se não apartará dele; como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.
- Porém tua casa, e teu reino, será afirmado para sempre diante de ti: teu trono será firme para sempre.
- Conforme a todas estas palavras e conforme a toda esta visão, assim falou Natã a Davi.
- Então entrou o rei Davi, e ficou perante a face do Senhor. E disse: Quem sou eu, Senhor Deus, e qual é minha casa, que me trouxeste até aqui?
- E ainda pouco foi isto diante de teus olhos, Senhor Deus, senão que também falaste da casa de teu servo até no porvir? E isto segundo a lei dos homens, Senhor Deus?
- E que mais te falará ainda Davi? Pois tu conheces bem a teu servo, Senhor Deus!
- Por tua palavra, e segundo teu coração, fizeste toda esta grandeza: fazendo-a saber a teu servo.
- Portanto, grandioso és, Senhor Deus. Porque ninguém há como tu; e não há outro Deus, senão tu só, segundo tudo o que temos ouvido com nossos ouvidos.
- E quem há como teu povo, como Israel, gente única na terra? A quem Deus veio a resgatar para si por povo, e a fazer-se a si nome; e a fazer-vos estas grandes e terríveis coisas à tua terra, de diante de teu povo; que te resgatasse do Egito, desterrando às gentes e a seus deuses!
- E te confirmaste a teu povo Israel por teu povo, para sempre; e tu, Senhor, lhes foste por Deus.
- Agora, pois, Senhor Deus, esta palavra, que falaste sobre teu servo, e sobre sua casa, confirma-a para sempre; e faze como tens falado.
- E engrandeça-se teu nome para sempre, para que se diga: O Senhor dos Exércitos é Deus sobre Israel. E a casa de teu servo Davi será confirmada diante de tua face.
- Pois tu, Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, revelaste aos ouvidos de teu servo, dizendo: Casa te edificarei. Portanto, teu servo achou seu coração preparado para fazer a ti esta oração.
- Agora, pois, Senhor Deus, tu és o próprio Deus, e tuas palavras serão verdade; e tens falado a teu servo este bem.
- Sejas, pois, agora servido de abençoar a casa de teu servo, para permanecer para sempre diante de tua face; pois tu, Senhor, o disseste, e com tua bênção será bendita a casa de teu servo, para sempre.
Capítulo 8
- E sucedeu depois disso que Davi feriu aos filisteus, e os sujeitou; e Davi tomou a Metegue-Amá das mãos dos filisteus.
- Também feriu aos moabitas, e mediu-os com cordel, fazendo-os deitar em terra; e mediu-os com dois cordéis, para matá-los, e com um cordel inteiro, para deixá-los em vida. Assim os moabitas ficaram por servos de Davi, trazendo presentes.
- Feriu também Davi a Hadad-Ézer, filho de Reobe, rei de Zobá; indo ele a recobrar seu poder, até o rio Eufrates.
- E tomou-lhe Davi mil e setecentos cavaleiros, e vinte mil homens de pé; e Davi jarretou a todos os cavalos dos carros, e guardou deles cem carros.
- E vieram os siros de Damasco, a socorrer a Hadad-Ézer, rei de Zobá; porém Davi feriu dos siros vinte e dois mil varões.
- E Davi pôs guarnições em Síria de Damasco, e os siros ficaram por servos de Davi, trazendo presentes; e o Senhor ajudava a Davi, por onde quer que ia.
- E Davi tomou os escudos de ouro que havia com os servos de Hadad-Ézer, e trouxe-os a Jerusalém.
- Tomou mais o rei Davi muitíssima cópia de bronze: de Betá e de Berotai, cidades de Hadad-Ézer.
- Ouvindo então Toí, rei de Hamate, que Davi ferira a todo o exército de Hadad-Ézer,
- Mandou Toí seu filho Jorão ao rei Davi, a perguntar-lhe como estava, e a dar-lhe os parabéns acerca de que pelejara contra Hadad-Ézer, e o ferira (porque Hadad-Ézer de contínuo fazia guerra a Toí); e em sua mão havia vasos de prata, e vasos de ouro, e vasos de bronze;
- Os quais também o rei Davi consagrou ao Senhor; juntamente com a prata e o ouro que já havia consagrado, de todas as gentes que se tinha sujeitado:
- De Síria, e de Moabe, e dos filhos de Amom, e dos filisteus, e de Amaleque; e dos despojos de Hadad-Ézer, filho de Reobe, rei de Zobá.
- Também Davi ganhou renome, tornando de ferir aos siros no Vale do Sal: a dezoito mil.
- E pôs guarnições em Edom: em todo Edom pôs guarnições, e todos os edomeus ficaram por servos de Davi. E o Senhor ajudava a Davi, por onde quer que ia.
- Assim Davi reinou sobre todo Israel; e Davi fazia direito e justiça a todo seu povo.
- E Joabe, filho de Zeruia, presidia sobre o exército; e Josafá, filho de Ailude, era chanceler.
- E Zadoque, filho de Aitube, e Aimeleque, filho de Abiatar, eram sacerdotes; e Seraías, escrivão.
- Também Benaías, filho de Joiadá, estava com os creteus e pleteus; porém os filhos de Davi príncipes eram.
Capítulo 9
- E disse Davi: Há ainda alguém que ficasse da casa de Saul? Para que lhe faça beneficência, por amor de Jônatas?
- E tinha a casa de Saul um servo cujo nome era Ziba; e chamaram-no, que viesse a Davi. E disse-lhe o rei: És tu Ziba? E ele disse: Eu, teu servo, esse sou.
- E disse o rei: Não há ainda alguém da casa de Saul, para que use com ele de beneficência de Deus? Então disse Ziba ao rei: Ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés.
- E disse-lhe o rei: Onde está? E disse Ziba ao rei: Eis que está em casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar.
- Então mandou o rei Davi; e tomou-o da casa de Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar.
- E entrando Mefibosete, filho de Jônatas, o filho de Saul, junto a Davi, prostrou-se sobre sua face, e inclinou-se. E disse Davi: Mefibosete! E disse ele: Eis aqui teu servo.
- E disse-lhe Davi: Não temas; porque certo é que usarei contigo de beneficência, por amor de Jônatas, teu pai; e restituir-te-ei todas as terras de Saul, teu pai. E tu de contínuo comerás pão à minha mesa.
- Então se inclinou, e disse: Que é teu servo? Que atentaste para um cão morto como eu?
- Então chamou Davi a Ziba, moço de Saul, e disse-lhe: Tudo quanto foi de Saul, e de toda sua casa, tenho dado ao filho de teu senhor.
- Pelo que a terra lhe lavrarás, tu e teus filhos, e teus servos; e os frutos recolherás, para que o filho de teu senhor tenha pão que coma; e Mefibosete, filho de teu senhor, de contínuo comerá pão à minha mesa. E tinha Ziba quinze filhos, e vinte servos.
- E disse Ziba ao rei: Conforme a tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim fará teu servo. Porém Mefibosete – disse o rei – comerá à minha mesa, como um dos filhos do rei.
- E tinha Mefibosete um filho pequeno, cujo nome era Mica; e todos quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mefibosete.
- Assim Mefibosete morava em Jerusalém, porquanto de contínuo comia à mesa do rei. E era coxo de ambos seus pés.
Capítulo 10
- E aconteceu depois disto que morreu o rei dos filhos de Amom; e seu filho Hanum reinou em seu lugar.
- Então disse Davi: Usarei de beneficência com Hanum, filho de Naás, como seu pai usou de beneficência comigo; e enviou Davi a consolá-lo, pelo ministério de seus servos, acerca de seu pai. E vieram os servos de Davi à terra dos filhos de Amom.
- Então disseram os príncipes dos filhos de Amom a seu senhor, Hanum: Porventura honra Davi a teu pai aos teus olhos, porque te enviou consoladores? Porventura, não te enviou Davi seus servos para esta cidade reconhecerem, e a espiarem, e a transtornarem?
- Então tomou Hanum aos servos de Davi, e rapou-lhes metade da barba, e cortou-lhes metade das vestes, até às nádegas; e assim os enviou.
- O que fazendo saber a Davi, enviou-lhes ao encontro; porque estavam estes varões mui envergonhados. E disse o rei: Ficai-vos em Jericó, até que vos torne a crescer a barba; e então, vinde.
- Vendo, pois, os filhos de Amom que se tinham feito fétidos para com Davi, enviaram os filhos de Amom, e alugaram dos siros de Bete-Reobe, e dos siros de Zobá, vinte mil homens de pé; e do rei de Maacá, mil homens; e dos varões de Tobe, doze mil homens.
- O que ouvindo Davi, enviou a Joabe e a todo o exército com os valentes.
- E saíram os filhos de Amom, e ordenaram a batalha à entrada da porta. Mas os siros de Zobá e Reobe, e os varões de Tobe e Maacá, estavam à parte, no campo.
- Vendo, pois, Joabe que a fronteira da batalha se endereçava contra ele por diante e por detrás, escolheu de todos os escolhidos de Israel e em ordem os pôs contra os siros.
- E o resto do povo entregou na mão de Abisai, seu irmão; o qual em ordem o pôs contra os filhos de Amom;
- E disse: Se os siros mais fortes forem que eu, tu me virás em socorro; e se os filhos de Amom mais fortes forem que tu, irei a socorrer-te.
- Esforça-te, pois, e esforcemo-nos por nosso povo, e pelas cidades de nosso Deus; e faça o Senhor então o que bem parecer aos seus olhos.
- Então Joabe, e o povo que com ele estava, se chegou à peleja contra os siros; e fugiram de diante dele.
- E vendo os filhos de Amom que os siros fugiam, também eles fugiram de diante de Abisai, e entraram na cidade; e Joabe se tornou de após os filhos de Amom, e se veio a Jerusalém.
- Vendo, pois, os siros que foram feridos diante de Israel, tornaram-se a ajuntar à uma.
- E enviou Hadad-Ézer, e fez sair aos siros que estavam daquém do rio, e vieram a Helã; e Sobaque, maioral do exército de Hadad-Ézer, marchava diante deles.
- O que sendo dito a Davi, ajuntou a todo Israel, e passou o Jordão, e veio a Helã; e os siros se puseram em ordem contra Davi, e pelejaram contra ele.
- Porém os siros fugiram de diante de Israel; e Davi feriu dos siros a setecentos cavalos de carros, e a quarenta mil cavaleiros; também ao próprio Sobaque feriu, e morreu ali.
- Vendo, pois, todos os reis, servos de Hadad-Ézer, que foram feridos perante Israel, fizeram paz com Israel, e serviram-no; e temeram os siros de socorrerem mais aos filhos de Amom.
Capítulo 11
- E aconteceu que, com a volta do ano, no tempo em que os reis saem, Davi enviou a Joabe, e a seus servos com ele, e a todo Israel, para que destruíssem aos filhos de Amom, e cercassem a Rabá. Porém Davi se ficou em Jerusalém.
- E aconteceu, ao tempo da tarde, que Davi se levantou de seu leito, e andava passeando no eirado da casa real; e viu desde o eirado a uma mulher, que se estava lavando. E era esta mulher mui formosa de vista.
- E enviou Davi, e perguntou por aquela mulher. E disseram: Porventura, não é esta Bate-Seba, filha de Eliã, mulher de Urias, o heteu?
- Então enviou Davi mensageiros, e mandou-a trazer; e entrando ela junto a ele, deitou-se com ela – e já ela se tinha purificado de sua imundícia. Então se tornou para sua casa.
- E a mulher concebeu. E enviou, e fez saber a Davi, e disse: Grávida estou.
- Então enviou Davi a Joabe, dizendo: Envia-me a Urias, o heteu. E Joabe enviou Urias a Davi.
- Vindo, pois, Urias a ele, perguntou Davi como estava Joabe, e como o povo estava, e como a guerra ia.
- Depois disse Davi a Urias: Desce à tua casa, e lava teus pés. E saindo Urias da casa real, logo após ele saiu iguaria do rei.
- Porém Urias se deitou à porta da casa real, com todos os servos de seu senhor; e não desceu à sua casa.
- E fizeram-no saber a Davi, dizendo: Urias não desceu à sua casa. Então disse Davi a Urias: Porventura, não vens tu de caminho? Por que não desceste à tua casa?
- E disse Urias a Davi: A arca, e Israel, e Judá, ficam em tendas; e Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor, estão em campo, com arraial assentado; e entraria eu em minha casa, a comer e a beber, e a me deitar com minha mulher? Vives tu, e vive tua alma, se tal fizer!
- Então disse Davi a Urias: Fica-te também hoje aqui, e amanhã te despedirei. Assim Urias se ficou em Jerusalém aquele dia, e o seguinte.
- E convidou-o Davi; e comeu e bebeu perante ele, e embebedou-o. E à tarde saiu a deitar-se em seu encosto, com os servos de seu senhor; porém não desceu à sua casa.
- E foi que, pela manhã, Davi escreveu uma carta a Joabe; e mandou-lha por mão de Urias.
- E escreveu na carta, dizendo: Ponde a Urias em fronte da maior força da peleja, e retirai-vos de após dele, para que seja ferido, e morra.
- Aconteceu pois que, entrando Joabe para a cidade, pôs a Urias no lugar onde sabia que homens valentes havia.
- E saindo os varões da cidade, e pelejando com Joabe, caíram alguns do povo, dos servos de Davi; e morreu também Urias, o heteu.
- Então enviou Joabe, e fez saber a Davi todo o sucedido daquela peleja.
- E mandou ao mensageiro, dizendo: Como acabares de dizer ao rei todo o sucedido desta peleja;
- E se é que o rei se encolerizar, e te disse: Por que tanto vos achegastes à cidade a pelejar? Não sabeis vós que haviam de atirar do muro?
- Quem feriu a Abimeleque, filho de Jerubesete? Não lançou uma mulher desde o muro um pedaço de uma mó corredoura sobre ele, de que morreu em Tebes? Por que vos achegastes ao muro? Então dirás: Também teu servo Urias, o heteu, é morto.
- E foi o mensageiro; e entrou, e fez saber a Davi tudo o pelo que Joabe o enviara.
- E disse o mensageiro a Davi: Na verdade que mais poderosos foram aquele varões do que nós, e saíram a nós ao campo. Porém nós fomos contra eles, até à entrada da porta.
- Então os flecheiros atiraram contra teus servos desde o muro, e morreram alguns dos servos do rei; e também teu servo Urias, o heteu, é morto.
- E disse Davi ao mensageiro: Assim dirás a Joabe: Não te pareça isto mal aos teus olhos; pois a espada consome tanto a este como a aquele. Reforça tua peleja contra a cidade, e derroca-a. Assim, fortalece-o tu.
- Ouvindo, pois, a mulher de Urias, que Urias, seu marido, era morto, pôs-se de luto por seu senhor.
- E passado o luto, enviou Davi, e recolheu-a em sua casa; e foi-lhe por mulher, e deu-lhe à luz um filho. Porém esta coisa que Davi fez pareceu mal aos olhos do Senhor.
Capítulo 12
- E o Senhor enviou Natã a Davi. E entrando ele junto a Davi, disse-lhe: Havia dois homens numa cidade: um rico, e outro pobre.
- O rico tinha muitíssimas ovelhas e vacas;
- Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira, a qual comprara, e a criara, e crescera com ele, e com seus filhos igualmente. De seu bocado comia, e de seu copo bebia, e em seu regaço dormia; e tinha-a como filha.
- Sobrevindo, pois, ao homem rico um viajante, escusou tomar de suas ovelhas e de suas vacas, para preparar ao caminhante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele.
- Então o furor de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem. E disse a Natã: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso!
- E que pela cordeira tornará quatro tantos; porquanto fez tal coisa, e porque não se compadeceu.
- Então disse Natã a Davi: Tu és aquele varão. Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Eu te ungi por rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul.
- E dei-te a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu regaço, e também te dei a casa de Israel e de Judá; e se pouco fora, mais te acrescentaria tais e tais coisas.
- Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o mal aos seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e à sua mulher te tomaste por mulher. E a ele mataste com a espada dos filhos de Amom.
- Agora, pois, não se apartará de tua casa a espada eternamente; porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher.
- Assim diz o Senhor: Eis que despertarei o mal sobre ti de tua própria casa, e tomarei tuas mulheres perante teus olhos, e a teu próximo as darei; o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol.
- Porque tu o fizeste em oculto; mas eu farei este negócio perante todo Israel, e perante o sol.
- Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. E disse Natã a Davi: Também o Senhor traspassou teu pecado: não morrerás.
- Todavia, porquanto com este feito deste muita ocasião de blasfemarem os inimigos do Senhor, também o filho que te nasceu certamente morrerá.
- Então Natã se foi para sua casa; e o Senhor feriu à criança que a mulher de Urias dera à luz a Davi, e enfermou gravemente.
- Então Davi buscou a Deus pela criança; e jejuou Davi asperamente, e entrou, e passou a noite deitado em terra.
- Então os anciãos de sua casa se levantaram para junto dele, para o fazerem levantar da terra; porém ele não quis, e não comeu pão com eles.
- E sucedeu que, ao sétimo dia, morreu a criança. E temiam os servos de Davi dizer-lhe que a criança era morta; porque diziam: Eis que, sendo a criança ainda viva, lhe falávamos, porém não dava ouvido à nossa voz; como, pois, lhe diremos: A criança é morta? Porque mais mal lhe faria.
- Viu porém Davi que seus servos murmuravam; e entendeu Davi que a criança era morta. Pelo que disse Davi a seus servos: É morta a criança? E eles disseram: É morta.
- Então Davi se levantou da terra, e lavou-se, e ungiu-se, e mudou suas vestes; e entrou na casa do Senhor, e adorou. Então veio à sua casa, e pediu pão; e diante lhe puseram pão, e comeu.
- E disseram-lhe seus servos: Que é isto que fizeste? Pela criança viva, jejuaste e choraste; porém, depois da criança morta, levantaste-te, e comeste pão?
- E disse ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei. Porque dizia: Quem sabe se o Senhor tivesse tanta compaixão de mim, que vivesse a criança?
- Porém agora, é morta: por que jejuaria eu? Poderei eu ainda fazê-la tornar? Eu bem irei a ela, porém ela não tornará a mim.
- Então consolou Davi a Bate-Seba, sua mulher; e entrou a ela, e deitou-se com ela. E deu ela à luz um filho, cujo nome chamou Salomão; e o Senhor o amou.
- E enviou por mão do profeta Natã, e chamou seu nome Jedidias: por amor do Senhor.
- Entretanto, pelejou Joabe contra Rabá dos filhos de Amom; e tomou a cidade real.
- Então mandou Joabe mensageiros a Davi. E disse: Pelejei contra Rabá, e também tomei a cidade das águas.
- Ajunta, pois, agora o resto do povo, e cerca a cidade, e toma-a; para que, tomando eu a cidade, meu nome se não aclame sobre ela.
- Então ajuntou Davi a todo o povo, e marchou para Rabá; e pelejou contra ela, e tomou-a.
- E tomou a coroa de seu rei de sua cabeça, cujo peso era de um talento de ouro – e havia nela pedras preciosas –, e foi posta sobre a cabeça de Davi. E da cidade levou mui grande despojo.
- E ao povo que havia nela, tirou, e o pôs às serras, e às talhadeiras de ferro, e aos machados de ferro, e passar os fez por forno de Moloque; e assim fez a todas as cidades dos filhos de Amom. E Davi, e todo o povo, se tornou para Jerusalém.
Capítulo 13
- E aconteceu depois disto que, tendo Absalão, filho de Davi, uma irmã formosa cujo nome era Tamar, Amnom, filho de Davi, se afeiçoou dela.
- E angustiou-se Amnom até enfermar por Tamar, sua irmã, porque era virgem; e parecia aos olhos de Amnom dificultoso fazer-lhe coisa alguma.
- Tinha, porém, Amnom um amigo cujo nome era Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi; e era Jonadabe varão mui sagaz;
- O qual lhe disse: Por que tu de manhã em manhã tanto emagreces, filho do rei? Não mo farás saber a mim? Então lhe disse Amnom: De Tamar, irmã de Absalão, meu irmão, estou afeiçoado.
- E Jonadabe lhe disse: Deita-te em teu leito, e finge-te doente. E quando teu pai te vier a ver, dir-lhe-ás: Peço-te que minha irmã Tamar venha, e me faça comer pão, e prepare perante meus olhos a comida; para que eu o veja, e coma de sua mão.
- Deitou-se, pois, Amnom, e fingiu-se doente. E vindo o rei a vê-lo, disse Amnom ao rei: Peço-te que minha irmã Tamar venha, e prepare perante meus olhos dois bolos, e eu coma de sua mão.
- Então Davi enviou a Tamar recado à casa, dizendo: Vai à casa de Amnom, teu irmão, e faze-lhe alguma comida.
- E foi Tamar à casa de Amnom, seu irmão (ele, porém, estava deitado); e tomou massa, e amassou-a, e fez bolos perante seus olhos, e cozeu os bolos.
- E tomou a sertã, e tirou-os perante ele; porém ele recusou comer. E disse Amnom: Fazei retirar de mim a todos. E todos se retiraram dele.
- Então disse Amnom a Tamar: Traze comida na câmara, e comerei de tua mão. E tomou Tamar os bolos que fizera, e trouxe-os a Amnom, seu irmão, à câmara.
- E chegando-lhos para que comesse, pegou-a, e disse-lhe: Vem, deita-te comigo, irmã minha.
- Porém ela lhe disse: Não, irmão meu, não me forces; porque não se faz assim em Israel. Não faças tal parvoíce!
- Porque aonde iria eu com minha vergonha? E tu serias como um dos loucos de Israel. Agora, pois, peço-te que fales ao rei, que não me vedará a ti.
- Porém ele não quis dar ouvidos à sua voz; antes, sendo mais forte que ela, a forçou, e se deitou com ela.
- Depois Amnom a aborreceu com grandíssimo aborrecimento; porque maior era o aborrecimento com que a aborrecia, do que o amor com que a amara. E disse-lhe Amnom: Levanta-te, vai-te!
- Então lhe disse ela: Não há razão de assim me despedires: maior este mal seria, do que o outro que já me tens feito. Porém não lhe quis dar ouvidos.
- E chamou a seu moço que o servia, e disse: A esta me lançai fora. E fecha a porta após ela.
- E trazia ela uma roupa de muitas cores (porque assim se vestiam as filhas virgens dos reis, com capas). E seu criado a lançou fora, e fechou a porta após ela.
- Então Tamar tomou cinza sobre sua cabeça; e a roupa de muitas cores, que trazia, rasgou. E pôs-se as mãos sobre a cabeça, e foi-se andando, e clamando.
- E Absalão, seu irmão, lhe disse: Esteve Amnom, teu irmão, contigo? Ora, pois, irmã minha, cala-te, que teu irmão é; não ponhas teu coração neste negócio. Assim Tamar se ficou, e esteve desolada em casa de Absalão, seu irmão.
- E ouvindo o rei Davi todas estas coisas, muito se acendeu em ira.
- Porém Absalão não falou com Amnom, nem mal nem bem; porque Absalão aborrecia a Amnom, porquanto forçara a Tamar, sua irmã.
- E aconteceu que, passados dois inteiros anos, Absalão tinha tosquiadores em Baal-Hazor, que está junto a Efraim; e convidou Absalão a todos os filhos do rei.
- E veio Absalão ao rei, e disse: Eis que teu servo tem tosquiadores. Peço que o rei e seus servos se venham com teu servo.
- O rei, porém, disse a Absalão: Não, filho meu; não vamos todos juntos, para não te sermos pesados. E porfiou com ele; porém ele não quis ir, mas o abençoou.
- Então disse Absalão: Se não vens, deixa ir conosco a Amnom, meu irmão. Porém o rei lhe disse: Para que iria contigo?
- E porfiando Absalão com ele, deixou ir com ele a Amnom e a todos os filhos do rei.
- E mandara Absalão a seus moços, dizendo: Atentai bem: quando o coração de Amnom estiver alegre de vinho, e eu vos disser “feri a Amnom”, então o matareis; não temais. Não é, porventura, porque eu vo-lo mandei? Esforçai-vos, e sede valentes!
- E os moços de Absalão fizeram a Amnom como Absalão lhos mandara. Então todos os filhos do rei se levantaram, e cada um subiu a seu mulo, e fugiram.
- E aconteceu que, estando eles ainda no caminho, a nova veio a Davi, de que se dizia: Absalão feriu a todos os filhos do rei, e nenhum deles ficou.
- Então o rei se levantou, e rasgou suas vestes, e deitou-se em terra; da mesma maneira, todos seus servos estavam com vestidos rotos.
- Mas Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi, respondeu, e disse: Não diga meu senhor que a todos os rapazes, filhos do rei, mataram; que só Amnom é morto. Porque Absalão o teve de olho desde o dia em que forçou a Tamar, sua irmã.
- Assim que, agora, o rei, meu senhor, não tome em seu coração este negócio, dizendo: Todos os filhos do rei são mortos. Porque só Amnom é morto.
- E Absalão fugiu. E o rapaz que estava de guarda levantou seus olhos, e olhou; e eis que muito povo vinha pelo caminho por detrás dele, pela banda do monte.
- Então disse Jonadabe ao rei: Eis que os filhos do rei vêm! Conforme à palavra de teu servo, assim foi.
- E aconteceu que, como acabou de falar, vieram os filhos do rei; e levantaram sua voz, e choraram. E também o rei e todos seus servos choraram com mui grande choro.
- Assim que Absalão fugiu, e se foi a Talmai, filho de Amiúde, rei de Gesur; e Davi trouxe luto por seu filho todos aqueles dias.
- Assim Absalão fugiu, e se foi a Gesur; e esteve ali três anos.
- Então cessava a alma do rei Davi de sair contra Absalão; porque já se tinha consolado acerca de Amnom, de que era morto.
Capítulo 14
- Conhecendo pois Joabe, filho de Zeruia, que o coração do rei ainda era com Absalão,
- Enviou Joabe a Tecoa, e tomou de lá uma mulher sábia. E disse-lhe: Peço-te que te ponhas como de luto, e te vistas roupas de luto, e te não unjas com óleo; e sejas como uma mulher que já muitos dias há que trás luto por algum morto.
- E entra a ter com o rei, e fala-lhe conforme a esta palavra. E Joabe lhe pôs as palavras na boca.
- E a mulher tecoíta falou ao rei; e derribando-se em terra sobre sua face, prostrou-se. E disse: Salva, ó rei!
- E disse-lhe o rei: Que tens? E disse ela: Na verdade que sou mulher viúva, e já meu marido é morto.
- Tua serva, pois, tinha dois filhos, e ambos estes pelejaram no campo; e não houve apartador entre eles. Assim que um feriu ao outro, e o matou.
- E eis que toda a linhagem se levantou contra tua serva, e disseram: Dá aqui aquele que feriu a seu irmão, para que o matemos, pela vida de seu irmão, a quem matou; e destruamos também ao herdeiro. Assim apagarão a brasa que me ficou, para que não deixem a meu marido nome nem resto sobre a terra.
- E disse o rei à mulher: Vai-te para tua casa. E eu mandarei acerca de ti.
- E a disse a mulher tecoíta ao rei: A injustiça, ó rei, meu senhor, venha sobre mim e sobre a casa de meu pai. E o rei, e seu trono, fique inculpável.
- E disse o rei: A quem falar contra ti, traze-mo a mim, e nunca mais te tocará.
- E disse ela: Ora o rei se lembre do Senhor, seu Deus, para que os vingadores do sangue se não multipliquem a deitar-nos a perder, e não destruam a meu filho. Então disse ele: Vive o Senhor, que nem um só dos cabelos de teu filho cairá em terra.
- Então disse a mulher: Peço-te que tua serva fale uma palavra ao rei, meu senhor. E disse ele: Fala.
- E disse a mulher: Por que, pois, tu pensaste o mesmo, contra o povo de Deus? Porque falando o rei tal palavra, se fica como culpado; porquanto o rei não torna a trazer seu rejeitado.
- Porque certamente morreremos, e seremos como águas derramadas em terra, que não se ajuntam mais. Deus, pois, lhe não tirará a vida; mas pensará pensamentos de não rejeitar de si ao rejeitado.
- E que eu agora vim a falar esta palavra ao rei, meu senhor, é porquanto o povo me atemorizou. Assim que tua serva dizia: Falarei, pois, ao rei; porventura fará o rei segundo a palavra de sua serva.
- Porque o rei ouvirá, para livrar a sua serva da mão do varão; o qual intenta destruir a mim e a meu filho juntamente, da herança de Deus.
- Dizia mais tua serva: Seja agora a palavra do rei, meu senhor, para descanso. Porque como um anjo de Deus, assim é o rei, meu senhor, para ouvir o bem e o mal; e o Senhor, teu Deus, será contigo.
- Então respondeu o rei, e disse à mulher: Ora não me encubras o negócio que eu te perguntar. E disse a mulher: Ora fale o rei, meu senhor.
- E disse o rei: É, porventura, a mão de Joabe em tudo isto contigo? E respondeu a mulher, e disse: Vive tua alma, ó rei, meu senhor, que ninguém à mão direita ou esquerda se poderia desviar de tudo quanto o rei, meu senhor, tem dito; porque Joabe, teu servo, é o que mo mandou, e ele pôs na boca de tua serva todas estas palavras.
- Que eu virasse a forma deste negócio, Joabe, teu servo, fez isto. Porém sábio é meu senhor, conforme à sabedoria de um anjo de Deus, para atentar para tudo quanto há na terra.
- Então disse o rei a Joabe: Eis que fiz este negócio. Vai, pois, e torna a trazer o rapaz Absalão.
- Então Joabe se derribou sobre sua face em terra, e inclinou-se, e agradeceu-o ao rei. E disse Joabe: Hoje entendeu teu servo que achei graça aos teus olhos, ó rei, meu senhor; porquanto o rei fez segundo a palavra de teu servo.
- Levantou-se pois Joabe, e foi a Gesur; e trouxe Absalão a Jerusalém.
- E disse o rei: Torne-se à sua casa, e minha face não veja. Assim Absalão se tornou à sua casa, e a face do rei não viu.
- Não havia porém, em todo Israel, varão tão formoso, e tanto de prezar, como Absalão: desde a planta do pé, até a moleira, tacha nenhuma havia nele.
- E quando tosquiava sua cabeça – era, pois, que, no fim de cada ano, a tosquiava, porquanto muito lhe pesava, e assim a tosquiava –, pesava o cabelo de sua cabeça duzentos siclos, segundo o peso real.
- Também nasceram a Absalão três filhos, e uma filha cujo nome era Tamar; e esta era mulher formosa de vista.
- Assim se ficou Absalão dois anos inteiros em Jerusalém; e a face do rei não viu.
- Pelo que enviou Absalão por Joabe, para enviá-lo ao rei; porém não quis vir a ele. E enviou ainda segunda vez, e contudo não quis vir.
- Então disse a seus servos: Vedes ali o pedaço de campo de Joabe, junto ao meu; e tem cevada nele: ide, e ponde-lhe fogo. E os servos de Absalão puseram fogo ao pedaço de campo.
- Então Joabe se levantou, e veio a ter com Absalão à sua casa. E disse-lhe: Por que teus servos puseram fogo ao pedaço de campo que é meu?
- E disse Absalão a Joabe: Eis que enviei por ti, dizendo: Vem cá, para que te envie ao rei, a lhe dizer: Para que vim de Gesur? Melhor me fora estar-me ainda lá! Agora, pois, veja eu a face do rei; e se há ainda em mim alguma culpa, mate-me!
- Então entrou Joabe junto ao rei, e assim lho disse; então chamou a Absalão, e ele entrou junto ao rei, e inclinou-se sobre sua face à terra diante do rei. E o rei beijou a Absalão.
Capítulo 15
- E aconteceu depois disto que Absalão fez preparar para si carros e cavalos; e cinquenta homens, que corressem diante dele.
- Também Absalão se levantava pela manhã, e punha-se a uma banda do caminho da porta. E era que, a todo varão que tinha alguma demanda, para vir ao rei a juízo, Absalão o chamava a si, e lhe dizia: De que cidade és? E dizendo ele: De uma das tribos de Israel é teu servo;
- Então Absalão lhe dizia: Eis que teus negócios são bons, e retos. Porém não tens quem te ouça da parte do rei.
- Dizia mais Absalão: Ah, se me pusessem por juiz na terra! Para que todo homem que tivesse demanda, ou causa alguma jurídica, viesse a mim, para que lhe fizesse justiça!
- Era também que, quando alguém se chegava a ele, para inclinar-se a ele; ele estendia sua mão, e o pegava, e o beijava.
- E desta maneira fazia Absalão a todo Israel, que vinha ao rei a juízo: assim Absalão furtava o coração dos varões de Israel.
- Aconteceu, pois, ao cabo de quarenta anos, que Absalão disse ao rei: Deixa-me ir a pagar em Hebrom meu voto, que votei ao Senhor.
- Porque, morando eu em Gesur, em Síria, teu servo fez um voto, dizendo: Se o Senhor outra vez me tornar a Jerusalém, servirei ao Senhor.
- Então lhe disse o rei: Vai em paz. Levantou-se pois, e foi-se a Hebrom.
- E enviara Absalão espias por todas as tribos de Israel, a dizer: Quando ouvirdes o som das trombetas, direis “Absalão reina em Hebrom”.
- E de Jerusalém foram com Absalão duzentos varões convidados, porém iam em sua simplicidade; porque nada sabiam daquele negócio.
- Também Absalão mandou buscar a Aitofel, o gilonita, do conselho de Davi, à sua cidade de Gilo, estando ele sacrificando seus sacrifícios. E a conjuração se fortalecia; e vinha o povo, e aumentava-se com Absalão.
- Então veio um mensageiro a Davi, dizendo: O coração de cada um em Israel se vai após Absalão.
- Disse pois Davi a todos seus servos que com ele estavam em Jerusalém: Levantai-vos, e fujamos; porque não poderíamos escapar diante de Absalão. Dai-vos pressa a caminhar; para que, porventura, se não apresse, e nos alcance, e lance sobre nós algum mal, e fira a esta cidade a fio de espada.
- Então os servos do rei disseram ao rei: Eis que teus servos estão prontos a tudo quanto o rei, nosso senhor, escolher.
- E saiu-se o rei, com toda sua casa, a pé. Deixou, porém, o rei dez mulheres concubinas, para guardarem a casa.
- Havendo-se pois saído o rei com todo o povo a pé, pararam-se em um lugar longe.
- E todos seus servos iam a seu lado, como também todo os creteus, e todos os pleteus; e todos os geteus, seiscentos homens, que tinham vindo de Gate a pé, caminhavam diante do rei.
- Disse, pois, o rei a Itai, o geteu: Por que tu também irias conosco? Torna-te, e fica-te com o rei; porque estrangeiro és, e também logo te tornarás a teu lugar.
- Ontem vieste, e levar-te-ia eu hoje conosco a caminhar? Pois forçoso me é ir, aonde quer que puder ir. Torna-te, pois, e torna a levar a teus irmãos contigo, com beneficência e fidelidade.
- Respondeu porém Itai ao rei, e disse: Vive o Senhor, e vive o rei, meu senhor, que no lugar em que estiver o rei, meu senhor, seja para morte, seja para vida, aí certamente estará também teu servidor.
- Então disse Davi a Itai: Vem, pois, e passa adiante. Assim Itai, o geteu, passou, e todos seus varões e todas as crianças que havia com ele.
- E toda a terra chorava em altas vozes, indo todo o povo passando; também o rei passou o ribeiro de Cedrom, e passou todo o povo, em direção ao caminho do deserto.
- E eis que também Zadoque ali estava, e todos os levitas com ele, que levavam a arca do concerto de Deus; e puseram ali a a arca de Deus, e subiu Abiatar. Até que todo o povo acabou de passar da cidade.
- Então disse o rei a Zadoque: Torna a arca de Deus à cidade. Pois se achar graça aos olhos do Senhor, ele me tornará para lá, e ma deixará ver a ela, e à sua habitação.
- Se, porém, assim disser: Não tenho prazer em ti. Eis-me aqui, faça de mim como parecer bem aos seus olhos.
- Disse mais o rei a Zadoque, sacerdote: Porventura, não és tu o vidente? Torna-te, pois, em paz para a cidade. Como também vossos dois filhos – Aimaás, teu filho, e Jônatas, filho de Abiatar – convosco.
- Vedes aqui que me deterei nas campinas do deserto, até que me digam palavra alguma que venha de vós outros.
- Assim tornou Zadoque, e Abiatar, a arca de Deus a Jerusalém; e ficaram-se ali.
- E Davi subiu pela subida das oliveiras, subindo e chorando, e com a cabeça envolta; e caminhava a pés descalços. E todo o povo que ia com ele cobrira cada um sua cabeça, e subiam chorando sem cessar.
- Então fizeram saber a Davi, dizendo: Também Aitofel está entre os que se conjuraram com Absalão. Pelo que disse Davi: Enlouquece, ó Senhor, o conselho de Aitofel!
- E aconteceu que, chegando Davi ao cume, para adorar ali a Deus; eis que Husai, o arquita, lhe saiu ao encontro, com seu vestido rasgado, e terra sobre sua cabeça.
- E disse-lhe Davi: Se passares comigo adiante, ser-me-ás pesado.
- Porém, se para a cidade tornares, e disseres a Absalão: Eu serei, ó rei, teu servo; bem fui dantes servo de teu pai, mas agora serei teu servo. Assim me dissiparias o conselho de Aitofel.
- E não estão ali também contigo Zadoque e Abiatar, sacerdotes? E será que todas as coisas que ouvires da casa do rei, farás saber a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes.
- Eis que estão também ali com eles seus dois filhos: Aimaás, o de Zadoque, e Jônatas, o de Abiatar. Assim, pela mão deles me mandareis aviso de todas as coisas que ouvirdes.
- Assim Husai, amigo de Davi, se veio à cidade; e Absalão veio a Jerusalém.
Capítulo 16
- E passando Davi um pouco mais adiante do cume, eis que Ziba, o moço de Mefibosete, lhe saiu ao encontro: com um par de asnos albardados, e sobre eles duzentos pães, com cem cachos de passas, e cem frutas do verão, e um odre de vinho.
- E disse o rei a Ziba: Que pretendes com isto? E disse Ziba: Os asnos são para a casa do rei, para subirem neles; e o pão e as frutas do verão, para comerem os moços; e o vinho, para beberem os cansados no deserto.
- Então disse o rei: Onde está, logo, o filho de teu senhor? E disse Ziba ao rei: Eis que ficou-se em Jerusalém; porque disse: Hoje a casa de Israel me restaurará o reino de meu pai.
- Então disse o rei a Ziba: Eis que teu é tudo quanto tem Mefibosete. E disse Ziba: A ti me inclino; ache eu graça aos teu olhos, ó rei, meu senhor.
- E chegando o rei Davi a Baurim, eis que dali saiu um homem da linhagem da casa de Saul, cujo nome era Simeí, filho de Gera; e saindo, ia maldizendo.
- E apedrejava com pedras a Davi, e a todos os servos do rei Davi; ainda que todo o povo e todos os valentes iam à sua direita, e à sua esquerda.
- E amaldiçoando-o Simeí, assim dizia: Sai, sai, varão de sangue, e varão de Belial!
- O Senhor fez tornar sobre ti todo o sangue da casa de Saul, em cujo lugar tens reinado; já deu o Senhor o reino na mão de Absalão, teu filho! E eis-te agora em tua desgraça, porquanto varão de sangue és!
- Então disse Abisai, filho de Zeruia, ao rei: Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, e tirar-lhe-ei a cabeça!
- Disse, porém, o rei: Que tenho em convosco, filhos de Zeruia? Ora amaldiçoe ele, pois o Senhor é o que lhe disse: Amaldiçoa a Davi. Quem, pois, diria: Por que assim o fizeste?
- Disse mais Davi a Abisai, e a todos seus servos: Eis que meu filho, que saiu de minhas entranhas, procura minha morte. Quanto mais ainda este filho de Jemini? Deixai-o, que amaldiçoe, porque o Senhor lho disse.
- Porventura o Senhor atentará para minha miséria; e o Senhor me tornará bem por sua maldição, neste dia.
- Assim Davi e seus varões iam caminhando. E também Simeí ia ao longo do monte, em fronte dele, caminhando e maldizendo; e atirava pedras contra ele, e levantava poeira.
- E chegou o rei, e todo o povo que ia com ele, todos cansados; e refrescou-se ali.
- Absalão, pois, e todo o povo, os varões de Israel, vieram a Jerusalém; e Aitofel com ele.
- E foi que, chegando Husai, o arquita, amigo de Davi, a Absalão, disse Husai a Absalão: Viva o rei, viva o rei!
- Porém Absalão disse a Husai: É esta a beneficência para com teu amigo? Por que não foste com teu amigo?
- E disse Husai a Absalão: Não, senão daquele que eleger o Senhor, e todo este povo, e todos os varões de Israel, dele serei, e com ele ficarei.
- E demais disto, a quem serviria eu? Porventura não seria isto diante de seu filho? Como servi diante de teu pai, assim serei diante de ti.
- Então disse Absalão a Aitofel: Dai entre vós outros conselho: que faremos?
- E disse Aitofel a Absalão: Entra às concubinas de teu pai, que deixou para guardarem a casa. E assim todo Israel ouvirá que te fizeste fétido para com teu pai; e fortalecer-se-ão as mãos de todos os que estão contigo.
- Assim que estenderam uma tenda a Absalão no terraço; e entrou Absalão às concubinas de seu pai, perante os olhos de todo Israel.
- E era o conselho de Aitofel, que aconselhava naqueles dias, como se a palavra de Deus se consultara: tal era todo o conselho de Aitofel, assim para com Davi, como para com Absalão.
Capítulo 17
- Disse mais Aitofel a Absalão: Deixa-me escolher doze mil homens, e levantar-me-ei, e seguirei após Davi esta noite.
- E darei sobre ele, pois está cansado, e frouxo de mãos; e espantá-lo-ei, e fugirá todo o povo que está com ele. E então ferirei ao rei só.
- E farei tornar a ti todo o povo. E quando todos tornarem – pois ele é o varão que tu buscas –, todo o povo estará em paz.
- E esta palavra pareceu bem aos olhos de Absalão, e aos olhos de todos os anciãos de Israel.
- Disse porém Absalão: Chamai ora também a Husai, o arquita. E ouçamos o que também ele diz.
- E chegando Husai a Absalão, falou-lhe Absalão, dizendo: Em tal maneira falou Aitofel. Faremos conforme à sua palavra? Senão, fala tu.
- Então disse Husai a Absalão: O conselho que Aitofel desta vez aconselhou não é bom.
- Disse mais Husai: Bem conheces tu a teu pai, e a seus varões; que são valorosos, e estão amargos de ânimo, como a ursa no campo, roubada dos filhos. Demais disto, teu pai é varão de guerra, e não passará a noite com o povo.
- Eis que agora estará escondido em alguma cova, ou em qualquer outro lugar. E será que, caindo ao princípio alguns dentre eles, cada qual que o ouvir então dirá: Houve desfeita no povo que segue a Absalão.
- Então até o homem valente cujo coração é como coração de leão, sem dúvida desmaiará; porque todo Israel sabe que teu pai é valoroso, e homens valentes os que com ele estão.
- Eu, porém, aconselho que, em toda pressa, a ti se ajunte todo Israel, desde Dã até Berseba, em multidão como a areia que está no mar; e que tu em pessoa vás juntamente à peleja.
- Então viremos a ele, em qualquer lugar em que se achar; e nós daremos sobre ele como o orvalho cai sobre a terra. E não ficará dele, e de todos quantos varões com ele estão, nem ainda um só.
- E se em cidade alguma se retirar, todo Israel trará cordas àquela cidade; e até o ribeiro a arrastaremos, até que nem uma pedrinha se ache mais ali.
- Então disse Absalão, e todo varão de Israel: Melhor é o conselho de Husai, o arquita, do que o conselho de Aitofel. (Porém assim o Senhor o mandara, para aniquilar o bom conselho de Aitofel, para que o Senhor trouxesse o mal sobre Absalão).
- E disse Husai a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes: Assim e assim aconselhou Aitofel a Absalão, e aos anciãos de Israel. Porém assim e assim aconselhei eu.
- Eia, pois! Enviai apressadamente, e denunciai a Davi, dizendo: Não passes esta noite nas campinas do deserto, e logo também passa adiante. Para que o rei, e todo o povo que com ele está, não seja devorado.
- Estavam, pois, Jônatas e Aimaás junto à fonte de Rogel; e foi uma criada, e disse-lho; e eles foram, e disseram-no ao rei Davi. Porque, vindo à cidade, não se podiam mostrar.
- Mas ainda assim um moço os viu, e disse-o a Absalão. Porém ambos logo se foram apressadamente; e vieram à casa de um varão a Baurim, o qual tinha um poço em seu pátio; e ali dentro desceram.
- E tomou a mulher uma manta, e estendeu-a sobre a boca do poço; e espalhou tisana sobre ela. Assim, o negócio não foi percebido.
- Chegando, pois, os servos de Absalão à mulher, àquela casa, disseram: Onde estão Aimaás e Jônatas? E a mulher lhes disse: Já passaram o vau das águas. E havendo-os buscado, e não os achando, tornaram-se para Jerusalém.
- E foi que, depois que se foram, estoutros saíram do poço; e foram, e denunciaram-no a Davi. E disseram a Davi: Levantai-vos, e passai apressadamente as águas; porque assim e assim aconselhou contra vós Aitofel.
- Então Davi, e todo o povo que com ele estava, se levantou, e passaram o Jordão. E já à luz da manhã, nem ainda um faltava que não passasse o Jordão.
- Vendo, pois, Aitofel que não se seguira seu conselho, albardou o asno; e levantou-se, e foi-se à sua casa, à sua cidade; e deu ordem à sua casa, e enforcou-se. E morreu, e foi sepultado na sepultura de seu pai.
- E Davi veio a Maanaim; e Absalão passou o Jordão, ele e todo varão de Israel com ele.
- E Absalão constituíra a Amasá em lugar de Joabe sobre o arraial. E era Amasá filho de um varão cujo nome era Itra, o israelita; o qual entrara a Abigail, filha de Naás, irmã de Zeruia, mãe de Joabe.
- Israel, pois, e Absalão assentaram seu arraial em terra de Gileade.
- E foi que, chegando Davi a Maanaim, Sobi, filho de Naás, de Rabá dos filhos de Amom; e Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar; e Barzilai, o gileadita, de Rogelim;
- Camas e bacias, e vasilhas de barro, e trigo, e cevada, e farinha, e grão tostado; e favas e lentilhas, também tostadas;
- E mel, e manteiga, e ovelhas, e queijos de vacas, trouxeram a Davi, e ao povo que com ele estava, para comerem. Porque disseram: Este povo no deserto está faminto, e cansado, e sedento.
Capítulo 18
- E Davi contou ao povo que tinha consigo; e pôs sobre eles maiorais de mil, e maiorais de cem.
- E Davi enviou ao povo: um terço debaixo da mão de Joabe, e outro terço debaixo da mão de Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe, e outro terço debaixo da mão de Itai, o geteu. E disse o rei ao povo: Eu também juntamente sairei convosco.
- Porém o povo disse: Não sairás; porque se formos obrigados a fugir, não farão caso de nós; e ainda que metade de nós morra, não farão caso de nós; porque ainda, tais como nós somos, ajuntarás dez mil. Assim que melhor será que, desde a cidade, nos socorras.
- Então Davi lhes disse: O que bem parecer aos vossos olhos, farei. E o rei se pôs da banda da porta, e todo o povo saiu em centenas, e em milhares.
- E o rei mandou a Joabe, e a Abisai, e a Itai, dizendo: Brandamente me tratai ao rapaz, a Absalão. E todo o povo ouviu quando o rei mandou a todos os maiorais acerca do negócio de Absalão.
- Assim o povo saiu a campo, de encontro a Israel; e foi a peleja junto ao bosque de Efraim.
- E ali foi ferido o povo de Israel, diante dos servos de Davi; e àquele mesmo dia houve ali uma grande desfeita, de vinte mil.
- Porque ali se derramou a peleja sobre a face de toda aquela terra; e mais consumiu do povo o bosque, do que os que a espada consumiu naquele mesmo dia.
- E deu Absalão d’encontro com os servos de Davi. E Absalão ia sobre um mulo; e entrando o mulo debaixo da espessura dos ramos de um grande carvalho, pegou-se-lhe a cabeça ao carvalho, e ficou pendurado entre o céu e a terra; e o mulo, que estava debaixo dele, passou adiante.
- O que, vendo um varão, o fez saber a Joabe. E disse: Eis que vi a Absalão pendurado em um carvalho.
- Então disse Joabe ao varão que lho fizera saber: E eis que o viste! Por que ali logo o não feriste, dando com ele em terra? E eu teria sido obrigado a dar-te dez moedas de prata, e um cinto!
- Disse, porém, aquele varão a Joabe: Ainda que eu me pudesse pesar em minhas mãos mil moedas de prata, não poria minhas mãos no filho do rei. Pois bem ouvimos que o rei mandou a ti, e a Abisai, e a Itai, dizendo: Cada qual de vós se guarde de tocar ao rapaz, a Absalão.
- Ainda que à falsa fé tratasse contra minha vida, nem por isso coisa nenhuma se esconderia ao rei; e tu mesmo te porias contra mim.
- Então disse Joabe: Não me deterei aqui contigo. E tomou três dardos em suas mãos, e fixou-os no coração de Absalão, estando ele ainda vivo no meio do carvalho.
- E cercaram-no dez rapazes que levavam as armas de Joabe; e feriram a Absalão, e mataram-no.
- Então Joabe tocou a buzina, e o povo se tornou de perseguir a Israel; porque Joabe deteve ao povo.
- E tomaram a Absalão, e lançaram-no no bosque em uma grande cova; e levantaram sobre ele um mui grande montão de pedras. E todo Israel fugiu, cada qual para sua tenda.
- E Absalão tomara e levantara para si, em sua vida, uma coluna, que está no Vale do Rei; porque dizia: Filho nenhum tenho, para conservar a memória de meu nome. E chamara àquela coluna de seu próprio nome; pelo que, até o dia de hoje, se chama Pilar de Absalão.
- Então disse Aimaás, filho de Zadoque: Deixa-me correr, e anunciarei ao rei. Pois já o Senhor o livrou da mão de seus inimigos.
- Mas Joabe lhe disse: Não serás tu hoje o portador das novas, porém outro dia as levarás. Mas hoje não darás a nova, porquanto o filho do rei é morto.
- E disse Joabe a Cuxe: Vai tu, e dize ao rei tudo quanto viste. E Cuxe se inclinou a Joabe, e correu.
- E prosseguiu Aimaás, filho de Zadoque, e disse a Joabe: Seja o que for, deixa-me também correr após Cuxe. E disse Joabe: Para que agora correrias, filho meu? Pois não tens conveniente mensagem.
- Seja o que for, disse Aimaás, correrei; e Joabe lhe disse: Corre. E Aimaás correu pelo caminho da campina, e passou a Cuxe.
- E Davi estava assentado entre as duas portas. E a atalaia subira ao terraço da porta junto ao muro; e levantou seus olhos, e olhou, e eis que um varão corria só.
- Clamou, pois, a atalaia, e disse-o ao rei; e disse o rei: Se vem só, há mensagem em sua boca. E vinha o tal andando, e chegando.
- Então a atalaia viu a outro varão correndo; e a atalaia clamou ao porteiro, e disse: Eis que lá vem outro varão correndo só. Então disse o rei: Também este é anunciador.
- Disse mais a atalaia: Vejo o correr do primeiro como o correr de Aimaás, filho de Zadoque. Então disse o rei: Esse é homem de bem, e com boa mensagem virá.
- Clamou, pois, Aimaás, e disse ao rei “paz”; e inclinou-se ao rei com sua face em terra. E disse: Bendito seja o Senhor, que entregou os varões que levantaram sua mão contra o rei, meu senhor.
- Então disse o rei: Vai-lhe bem ao rapaz, a Absalão? E disse Aimaás: Vi um grande alvoroço, quando Joabe mandou ao servo do rei, e a mim, teu servo; porém não sei o que era.
- E disse o rei: Vira-te, e põe-te aqui. E virou-se, e parou-se.
- E eis que vinha Cuxe. E disse Cuxe: Anuncia-se ao rei, meu senhor, que hoje o Senhor te livrou da mão de todos os que se levantaram contra ti.
- Então disse o rei a Cuxe: Vai-lhe bem ao rapaz, a Absalão? E disse Cuxe: Como aquele rapaz sejam os inimigos do rei, meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para mal.
- Então o rei se turbou, e subiu-se à sobre-sala da porta, e chorou. E indo andando, assim dizia: Filho meu, Absalão! Filho meu, filho meu, Absalão! Ah, se eu mesmo por ti morrera, Absalão, filho meu, filho meu!
Capítulo 19
- E disseram a Joabe: Eis que o rei anda chorando, e lastima-se por Absalão.
- Então a vitória se tornou naquele mesmo dia em tristeza para todo o povo. Porque àquele mesmo dia o povo ouvira dizer: Magoa-se o rei por seu filho.
- E àquele mesmo dia o povo se escoou às furtadelas, entrando na cidade; como o povo de vergonhoso se escoa às furtadelas, quando fogem da peleja.
- Estava, pois, o rei com o rosto coberto, e o rei clamava em alta voz: Filho meu, Absalão! Absalão, meu filho, filho meu!
- Então entrou Joabe junto ao rei, em casa. E disse: Hoje envergonhaste a face de todos teus servos, que livraram hoje tua vida, e a vida de teus filhos, e de tuas filhas, e a vida de tuas mulheres, e a vida de tuas concubinas;
- Amando tu aos que te aborrecem, e aborrecendo aos que te amam. Porque hoje dás a entender que nada são para contigo maiorais e servos; porque entendo hoje que, se Absalão vivera, e nós todos hoje fôramos mortos, então bem te parecera aos teus olhos.
- Levanta-te, pois, agora: sai, e fala ao gosto de teus servos. Porque pelo Senhor te juro que, se não saíres, nem um só varão fique contigo à noite; e mais mal te será isto do que todo quanto mal te sobreveio, desde tua mocidade, até agora.
- Então o rei se levantou, e se assentou à porta. E fizeram saber a todo o povo, dizendo: Eis que o rei está assentado à porta. Então todo o povo veio perante o acatamento do rei; porém Israel fugiu, cada qual para suas tendas.
- E todo o povo, em todas as tribos de Israel, andava porfiando entre si, dizendo: O rei nos tirou das mãos de nossos inimigos, e ele nos livrou das mãos dos filisteus; e agora fugiu da terra, por amor de Absalão.
- E Absalão, a quem ungíramos sobre nós, já morreu na peleja. Agora, pois, por que vos calais, para tornar a trazer ao rei?
- Então o rei Davi enviou a Zadoque e a Abiatar, sacerdotes, dizendo: Falai aos anciãos de Judá, dizendo: Por que vós outros seríeis os últimos em tornar a trazer ao rei à sua casa? (Porque as palavras de todo Israel chegaram ao rei, até sua casa).
- Vós outros sois meus irmãos: meus ossos e minha carne sois vós! Por que, pois, seríeis os últimos em tornar a trazer ao rei?
- E a Amasá, direis: Porventura, não és tu meu osso, e minha carne? Assim me faça Deus, e assim me acrescente, se não fores maioral do arraial diante de mim para sempre, em lugar de Joabe.
- Assim moveu o coração de todos os varões de Judá, como se fosse o de um só varão. E enviaram ao rei, dizendo: Torna-te tu, com todos teus servos.
- Então o rei se tornou, e chegou até o Jordão. E Judá veio a Gilgal, a sair ao encontro ao rei, para passarem ao rei dalém do Jordão.
- E apressou-se Simeí, filho de Gera, filho de Jemini, que era de Baurim; e desceu com os varões de Judá ao encontro ao rei Davi.
- E com ele mil varões de Benjamim, como também Ziba, servo da casa de Saul, e seus quinze filhos, e seus vinte servos com ele; e prontamente passaram o Jordão antes do rei.
- E passando a barca, para passar a casa do rei, e fazer o que bem parecesse aos seus olhos; então Simeí, filho de Gera, se derribou diante do rei, passando ele o Jordão.
- E disse ao rei: Não me impute meu senhor minha culpa, e não te lembres do que tão perversamente fez teu servo, no dia em que o rei, meu senhor, saiu de Jerusalém; para tomá-lo o rei no coração.
- Porque teu servo deveras confessa que eu pequei. Porém eis que eu o primeiro sou que, de toda a casa de José, vim descer ao encontro ao rei, meu senhor.
- Então respondeu Abisai, filho de Zeruia, e disse: Pois não morreria Simeí por isto? Havendo amaldiçoado ao ungido do Senhor?
- Porém Davi disse: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia, para que hoje me sejais satanases? Morreria hoje alguém em Israel? Porque porventura não sei que hoje fui feito rei sobre Israel?
- E disse o rei a Simeí: Não morrerás. E o rei lho jurou.
- Também Mefibosete, filho de Saul, desceu ao encontro ao rei. E não lavara seus pés, nem fizera sua barba, nem lavara suas vestes, desde o dia em que o rei se fora, até o dia em que tornou em paz.
- E foi que, vindo ele a Jerusalém, ao encontro ao rei, disse-lhe o rei: Por que não foste comigo, Mefibosete?
- E disse ele: Ó rei, meu senhor, meu servo me enganou. Porque teu servo dizia: Um asno me albardarei, e nele subirei, e irei a ter com o rei; pois teu servo é coxo.
- Demais disto, falsamente acusou a teu servo diante do rei, meu senhor. Porém o rei, meu senhor, é como um anjo de Deus: faze, pois, o que te parecer bem aos teus olhos.
- Porque toda a casa de meu pai nada mais foi que varões dignos de morte perante o rei, meu senhor; e contudo, puseste a teu servo entre os que comem à tua mesa. E que mais justiça tenho eu, nem que mais clamar ao rei?
- E disse-lhe o rei: Por que ainda mais me falas de teus negócios? Já disse que tu e Ziba repartais as terras.
- E disse Mefibosete ao rei: Tome ele também tudo. Pois já veio o rei, meu senhor, em paz à sua casa.
- Também Barzilai, o gileadita, desceu de Rogelim; e passou com o rei o Jordão, para acompanhá-lo dalém do Jordão.
- E era Barzilai já mui velho, de idade de oitenta anos. E ele sustentara ao rei, quando este tinha sua manida em Maanaim; porque era homem mui grande.
- E disse o rei a Barzilai: Passa tu comigo, e sustentar-te-ei comigo em Jerusalém.
- Porém Barzilai disse ao rei: Quantos serão os dias dos anos de minha vida, para que suba com o rei a Jerusalém?
- De idade de oitenta anos sou hoje: poderia eu ainda discernir entre bem e mal? Poderia teu servo ter algum gosto no que comer e beber? Poderia eu mais ouvir à voz dos cantores e cantoras? E por que teu servo ainda seria pesado ao rei, meu senhor?
- Com o rei passará teu servo ainda um pouco mais além do Jordão. E por que o rei me recompensará com tal recompensa?
- Deixa tornar a teu servo, e morrerei em minha cidade, junto à sepultura de meu pai, e de minha mãe. Mas eis aí teu servo Quimã, o qual passei com o rei, meu senhor; e faze-lhe o que bem parecer aos teus olhos.
- Então disse o rei: Quimã passará comigo, e eu lhe farei como bem parecer aos teus olhos. E tudo quanto me pedires, te farei.
- Havendo, pois, todo o povo passado o Jordão, e passando também o rei; beijou o rei a Barzilai, e abençoou-o, e ele se tornou para seu lugar.
- E dali passou o rei a Gilgal, e Quimã passou com ele; e todo o povo de Judá passara ao rei, como também metade do povo de Israel.
- E eis que todos os varões de Israel vieram ao rei. E disseram ao rei: Por que nossos irmãos, os varões de Judá, te furtaram, e passaram ao rei e à sua casa dalém do Jordão, e todos os varões de Davi com eles?
- Então responderam todos os varões de Judá aos varões de Israel: Porquanto o rei é nosso parente; mas por que vos irais por isso? Porventura, comemos às custas do rei, ou presente algum se nos apresentou?
- E responderam os varões de Israel aos varões de Judá, e disseram: Dez partes temos no rei, e até em Davi mais temos nós que vós outros: por que, pois, tão em pouco nos tivestes, que nossa palavra não foi a primeira para tornar a trazer a nosso rei? Porém a palavra dos varões de Judá foi mais forte do que a palavra dos varões de Israel.
Capítulo 20
- Então acaso se achou ali um varão de Belial cujo nome era Seba, filho de Bicri, varão de Jemini. O qual tocou a buzina, e disse: Não temos parte em Davi, nem herança no filho de Jessé: cada qual se torne a suas tendas, ó Israel.
- Então todo varão de Israel deixou de seguir a Davi, e seguiu a Seba, filho de Bicri. Porém os varões de Judá se apegaram a seu rei, desde o Jordão até Jerusalém.
- Vindo, pois, Davi à sua casa, a Jerusalém, tomou o rei às dez mulheres, suas concubinas, que deixara para guardar a casa, e pô-las numa casa a bom recado, e sustentava-as; porém a elas não entrou. E estiveram encerradas, até o dia da morte delas, vivendo como viúvas.
- Disse mais o rei a Amasá: Convoca-me aos varões de Judá para o terceiro dia. E tu, então, aqui te apresenta.
- E foi Amasá a convocar a Judá; porém deteve-se além do tempo determinado, que lhe tinha determinado.
- Então disse Davi a Abisai: Mais mal agora nos fará Seba, o filho de Bicri, do que Absalão. Pelo que toma tu aos servos de teu senhor, e vai após ele; para que, porventura, não ache para si cidades fortes, e se desvie de nossos olhos.
- Então saíram após ele os varões de Joabe, e os creteus e os pleteus, e todos os valentes: estes saíram de Jerusalém, para irem após Seba, filho de Bicri.
- Chegando eles, pois, à pedra grande que está junto a Gibeão, Amasá veio perante eles. E estava Joabe cingido de sua saltimbarca, que tinha vestido; e sobre ela, um cinto a que a espada estava apegada a seus lombos, em sua bainha; e adiantando-se ele, caiu-lhe.
- E disse Joabe a Amasá: Vai-te bem, irmão meu? E Joabe, com a mão direita, pegou da barba de Amasá, para beijá-lo.
- E Amasá não se guardou da espada que estava na mão de Joabe; assim que este o feriu com ela na quinta costela, e derramou suas entranhas em terra, e segunda vez o não feriu; e morreu. Então Joabe e Abisai, seu irmão, se foram após Seba, filho de Bicri.
- Mas um varão, dos moços de Joabe, se parou junto a ele. E disse: Quem quer que bem queira a Joabe, e quem quer que seja por Davi, siga a Joabe!
- E Amasá estava revolto em seu sangue, no meio do caminho. E vendo aquele varão que todo o povo se parava, desviou a Amasá do caminho para o campo, e lançou sobre ele uma veste; porquanto via que todo aquele que vinha junto a ele, se parava.
- E como esteve apartado do caminho, então todo varão seguiu a Joabe para irem após Seba, filho de Bicri.
- E passou por todas as tribos de Israel até Abel, a saber, a de Bete-Maacá, e a todo Berim; e ajuntaram-se, e também o seguiram.
- E vieram, e cercaram-no em Abel de Bete-Maacá; e levantaram uma tranqueira contra a cidade, assim que já estava em fronte do antemuro. E todo o povo que estava com Joabe batia o muro, para derribá-lo.
- Então uma mulher sábia clamou desde a cidade: Ouvi, ouvi, peço-vos que digais a Joabe: Chega-te aqui, e falarei contigo.
- E chegando-se ele a ela, disse a mulher: És tu Joabe? E disse ele: Eu sou. E ela lhe disse: Ouve as palavras de tua serva? E disse ele: Ouço.
- Então falou ela, dizendo: Antigamente costumavam falar, dizendo: Sem dúvida, perguntarão em Abel; e assim o cumpriam.
- Uma das pacíficas e das fiéis sou eu em Israel. E tu procuras matar uma cidade que é mãe em Israel: por que, pois devorarias a herança do Senhor?
- Então respondeu Joabe, e disse: Nunca tal, nunca tal em mim haja, que eu devore, nem arruine!
- Não vai assim o negócio; porém um varão do monte de Efraim, cujo nome é Seba, filho de Bicri, levantou sua mão contra o rei, contra Davi: entregai a este só, e retirar-me-ei da cidade. Então disse a mulher a Joabe: Eis que sua cabeça te lançarão desde o muro.
- E a mulher entrou junto a todo o povo, com sua sabedoria; e cortaram a cabeça de Seba, filho de Bicri, e lançaram-na a Joabe; então tocou a buzina, e retiraram-se da cidade, cada qual a suas tendas. E Joabe se tornou a Jerusalém, ao rei.
- E Joabe estava sobre todo o exército de Israel; e Benaías, filho de Joiadá, sobre os creteus, e sobre os pleteus;
- E Adorão sobre os tributos; e Josafá, filho de Ailude, era o chanceler;
- E Seva, o escrivão; e Zadoque e Abiatar, os sacerdotes.
- E também Irá, o jairita, era o oficial-maior de Davi.
Capítulo 21
- E nos dias de Davi, por três anos houve fome, ano após ano; e Davi consultou a face do Senhor. E disse o Senhor: Isto é por Saul, e pela casa de sangue; porquanto matou aos gibeonitas.
- Então o rei chamou aos gibeonitas, e disse-lhes (não eram, porém, os gibeonitas dos filhos de Israel, mas do resto dos amorreus; e os filhos de Israel lhes haviam jurado, porém Saul procurou feri-los, em seu zelo pelos filhos de Israel e de Judá);
- Disse pois Davi aos gibeonitas: Que vos farei? E com que farei reconciliação, para que abençoeis a herança do Senhor?
- Então os gibeonitas lhe disseram: Não é por prata nem ouro que com Saul e com sua casa o havemos, nem tampouco pretendemos, matar a alguém em Israel. E disse ele: Que quereis, logo, que vos faça?
- E disseram ao rei: O varão que nos destruiu e intentou contra nós, que fôssemos assolados sem que pudéssemos subsistir em termo algum de Israel;
- De seus filhos, sete varões se nos dêem, para os enforcarmos ao Senhor em Gibeá de Saul, o eleito do Senhor. E disse o rei: Eu os darei.
- Porém o rei poupou a Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul; pelo juramento do Senhor que entre eles houvera, isto é, entre Davi e Jônatas, filho de Saul.
- Porém tomou o rei aos dois filhos de Rispa, filha de Aiá, que tinha dado à luz a Saul – a Armoni e a Mefibosete –, como também aos cinco filhos da irmã de Mical, filha de Saul, que dera à luz a Adriel, filho de Barzilai, meolatita.
- E deu-os na mão dos gibeonitas, os quais os enforcaram no monte, perante a face do Senhor; e caíram estes sete juntamente. E foram mortos nos dias da sega, nos dias primeiros, no princípio da sega das cevadas.
- Então Rispa, filha de Aiá, tomou um saco, e estendeu-lho sobre uma penha, desde o princípio da sega, até que destilou água sobre eles do céu; e não deixou aves do céu pousar sobre eles de dia, nem animais do campo de noite.
- E foi dito a Davi o que fizera Rispa, filha de Aiá, concubina de Saul.
- Então foi Davi, e tomou os ossos de Saul, e os ossos de Jônatas, seu filho, dos moradores de Jabes em Gileade; os quais os furtaram da rua de Bete-Seã onde os filisteus os haviam pendurado, quando os filisteus feriram a Saul em Gilboa.
- E fez subir dali os ossos de Saul, e os ossos de Jônatas, seu filho; e ajuntaram também os ossos dos enforcados.
- E enterraram os ossos de Saul e de Jônatas, seu filho, em terra de Benjamim, em Zela, na sepultura de seu pai, Quis; e fizeram tudo quanto o rei mandara. E depois disto, Deus se aplacou para com a terra.
- Tiveram mais os filisteus uma peleja contra Israel. E desceu Davi, e seus servos com ele; e tanto pelejaram com os filisteus, que Davi se cansou.
- E Isbi-Benobe, que era dos filhos de Rafá, e o peso de sua lança, de trezentos siclos de peso de metal, e estava cingido de uma espada nova; este intentou ferir a Davi.
- Porém Abisai, filho de Zeruia, o ajudou, e feriu ao filisteu, e matou-o. Então os varões de Davi lhe juraram, dizendo: Nunca mais sairás conosco à peleja, para que não apagues a candeia de Israel.
- E aconteceu, depois disto, que ainda outra peleja houve, em Gobe, contra os filisteus. Então Sibecai, o husatita, feriu a Safe, que era dos filhos de Rafá.
- Houve mais outra peleja contra os filisteus em Gobe. E Elanã, filho de Jaaré-Oregim, feriu a Bete-Halacmi, o que estava com Golias, geteu; e era a haste de sua lança como órgão de tecelão.
- Houve ainda também outra peleja, em Gate; onde estava um varão de alta estatura, que tinha em cada mão seis dedos, e em cada pé outros seis (vinte e quatro por conta), e também este nascera em Rafá.
- E injuriava a Israel; porém Jônatas, filho de Simeia, irmão de Davi, o feriu.
- Estes quatro nasceram a Rafá, em Gate; e caíram pela mão de Davi, e pela mão de seus servos.
Capítulo 22
- E falou Davi ao Senhor as palavras deste cântico, no dia em que o Senhor o livrou das mãos de todos seus inimigos, e das mãos de Saul.
- Disse, pois: O Senhor minha penha, e meu lugar forte, e meu livrador me é.
- Deus, que é meu rochedo, nele confiarei. Meu escudo, e a força da minha salvação; meu alto retiro, e meu refúgio; meu salvador, que da violência me salvaste.
- Ao Senhor, digno de louvor, invoquei; e de meus inimigos fiquei livre.
- Porque me cercaram ondas de morte; ribeiros de Belial me assombraram.
- Cordéis do inferno me cingiram; encontraram-me laços de morte.
- Estando em angústia, invoquei ao Senhor, e a meu Deus clamei; e desde seu palácio ouviu minha voz, e meu clamor chegou a seus ouvidos.
- Então se abalou e tremeu a terra, os fundamentos dos céus se moveram; e abalaram, porquanto se indignou.
- Subiu fumo de seu nariz, e de sua boca fogo que consumia: carvões se acenderam por ele.
- E abaixou os céus, e desceu; e escuridão havia debaixo de seus pés.
- E andou em querubim, e voou; e foi visto sobre as asas do vento.
- E por tendas pôs as trevas ao redor de si: acolhimento de águas, nuvens dos céus.
- Do resplendor de sua presença, brasas de fogo se acenderam.
- Trovoou desde os céus o Senhor, e o Altíssimo deu sua voz.
- E despediu flechas, e dissipou-os; raio, e perturbou-os.
- E as profundezas do mar se viram, e os fundamentos do mundo se descobriram: pela repreensão do Senhor, e pelo sopro do vento de seu nariz.
- Desde o alto enviou, e me tomou; tirou-me das muitas águas.
- Livrou-me de meu possante inimigo; e de meus aborrecedores, porquanto mais poderosos eram do que eu.
- Encontraram-me no dia de minha calamidade, porém o Senhor me foi amparo.
- E tirou-me à largura; e arrebatou-me dali, porque tinha prazer em mim.
- Recompensou-me o Senhor conforme à minha justiça: conforme à pureza de minhas mãos, me rendeu.
- Porque guardei os caminhos do Senhor, e impiamente me não apartei de meu Deus.
- Porque todos seus direitos estavam diante de mim, e de seus estatutos me não desviei.
- Porém fui sincero perante ele; e recatei-me de minha iniquidade.
- E rendeu-me o Senhor conforme à minha justiça: conforme à minha pureza, perante seus olhos.
- Com o benigno, te mostras benigno; e com o herói sincero, te mostras sincero.
- Com o puro, te mostras puro; mas com o perverso, te mostras avesso.
- E ao povo aflito, livras; mas teus olhos são contra os altivos, e tu os abaterás.
- Porque tu, ó Senhor, és minha candeia; e o Senhor clareia minhas trevas.
- Porque contigo, entro por um esquadrão; e com meu Deus, salto por um muro.
- O caminho de Deus é perfeito. E a palavra do Senhor, refinada: escudo é para todos os que nele confiam.
- Porque, quem é Deus, senão o Senhor? E quem o rochedo, senão nosso Deus?
- Deus é minha fortaleza e força: e ele perfeitamente desembaraça meu caminho.
- Faz meus pés como os das cervas, e em minhas alturas me põe.
- Tanto ensina minhas mãos para a peleja, que um arco de bronze foi quebrado por meus braços.
- Também me deste o escudo de tua salvação; e humilhando-me tu, me vieste a engrandecer.
- Alargaste meus passos debaixo de mim, e meus artelhos não vacilaram.
- Meus inimigos persegui, e os desbaratei; e nunca me tornei, até que os não houvesse consumido.
- E de tal modo os consumi e os atravessei, que nunca mais se levantaram; mas caíram debaixo de meus pés.
- Porque me cingiste de força para a peleja; e fizeste abater-se debaixo de mim aos que contra mim se levantaram.
- E deste-me o pescoço de meus inimigos; e quanto a meus aborrecedores, os desfiz.
- Olharam, porém não houve livrador: ao Senhor, porém não lhes respondeu.
- Então os moí como ao pó da terra; e como a lama das ruas, os esmiucei e estendi.
- Também me livraste das contendas de meu povo. E guardaste-me para cabeça das gentes: o povo que eu não conhecia, me serviu.
- Estranhos fingidamente se me sujeitaram; em ouvindo minha voz, me obedeceram.
- Estranhos descaíram; e cingindo-se, saíram de seus encerramentos.
- Vive o Senhor, e bendito seja meu rochedo; e exaltado seja Deus, a rocha da minha salvação!
- O Deus que me dá inteira vingança, e derriba os povos debaixo de mim.
- E o que me retira de meus inimigos. E tu me exaltas sobre os que contra mim se levantam: do varão mui violento me arrebatas.
- Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as gentes; e a teu nome salmodiarei.
- É a torre da perfeita salvação de seu rei. E usa de benignidade com seu ungido, com Davi e com sua semente, para todo sempre.
Capítulo 23
- E estas são as últimas palavras de Davi. Diz Davi, filho de Jessé, e diz o varão que foi posto alto, o ungido do Deus de Jacó, e o suave em salmos de Israel:
- O Espírito do Senhor falou por mim; e sua palavra esteve em minha boca.
- Disse o Deus de Israel, a rocha de Israel a mim me falou: Haverá um dominador sobre os homens, justo, dominador no temor de Deus.
- E será como a luz da manhã, quando sai o sol: da manhã sem nuvens, quando por seu resplendor, e por chuva, a erva brota da terra.
- Ainda que minha casa não está firme para com Deus; contudo, um concerto eterno estabeleceu comigo, bem ordenado em tudo, e que será guardado, pois toda minha salvação e todo meu prazer é, quando ela não mais brotar.
- Porém os varões de Belial, todos serão como os espinhos, que se lançam fora; porquanto se lhes não pode pegar com a mão.
- Mas qualquer que os quiser tocar, bem se provê de ferro, e da haste de uma lança; e com fogo de todo serão queimados no mesmo lugar.
- Estes são os nomes dos heróis que Davi teve: Josebe-Bassebete, filho de Taquemoni, o principal dos capitães; este era Adino, eznita, que subjugou oitocentos feridos de uma vez.
- E depois dele, Eleazar, filho de Dodô, filho de Aoí; entre os três heróis que estavam com Davi, quando aos filisteus injuriaram, que ali se ajuntaram à peleja, e os varões de Israel subiram.
- Este, pois, se levantou, e feriu aos filisteus, até que sua mão se cansou, e a mão se lhe pegou à espada; e naquele dia, o Senhor obrou um grande livramento. E o povo se tornou após ele, somente para tomar o despojo.
- E depois dele Sama, filho de Agé, o hararita; quando os filisteus se ajuntaram em uma tropa, onde havia um pedaço de chão cheio de lentilhas, e o povo fugira de diante dos filisteus.
- Este, pois, se pôs no meio daquele pedaço de chão, e defendeu-o, e feriu aos filisteus; e o Senhor obrou um grande livramento.
- Também três dos trinta cabeças desceram, e vieram na sega a Davi, à caverna de Adulão; e a multidão dos filisteus assentara arraial no vale de Refaim.
- E Davi estava então em um lugar forte; e a guarnição dos filisteus estava então em Belém.
- E teve Davi um desejo, e disse: Quem me dera beber da água da cisterna de Belém, que está junto à porta!
- Então aqueles três heróis romperam pelo arraial dos filisteus, e tiraram água da cisterna de Belém, que está junto à porta; e tomaram-na, e trouxeram-na a Davi. Porém ele não a quis beber, mas derramou-a perante o Senhor.
- E disse: Nunca, ó Senhor, me aconteça que tal faça! Beberia eu o sangue dos varões que foram com risco de sua vida? Assim que a não quis beber. Isto fizeram aqueles três heróis.
- Também Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia, era cabeça de três; e este alçou sua lança contra trezentos, que foram feridos. E tinha renome entre os três.
- Porventura, não era este o mais nobre dentre estes três? Pois era o primeiro deles. Porém aos primeiros três não chegou.
- Também Benaías, filho de Joiadá, filho de um valente varão, de Cabzeel, grande em obras: este feriu a dois fortes leões de Moabe, e desceu ele, e feriu a um leão em meio de uma cova, no tempo da neve.
- Também este feriu a um varão egípcio, homem terrível de vista; e na mão do egípcio havia uma lança, porém ele desceu a ele com um cajado. E arrancou a lança da mão do egípcio, e matou-o com sua própria lança.
- Estas coisas fez Benaías, filho de Joiadá; pelo que teve renome entre os três heróis.
- Dentre os trinta, ele era o mais nobre; porém aos três primeiros não chegou. E Davi o pôs sobre seus guardas.
- Asael, irmão de Joabe, estava entre os trinta; que eram Elanã, filho de Dodô, de Belém;
- Sama, harodita; Elica, harodita;
- Heles, paltita; Irá, filho de Iques, tecoíta;
- Abiezer, anatotita; Mebunai, husatita;
- Zalmom, aoíta; Maarai, netofatita;
- Helebe, filho de Baaná, netofatita; Itai, filho de Ribai, de Gibeá dos filhos de Benjamim;
- Benaías, piratonita; Hidai, do ribeiro de Gaás;
- Abi-Albom, arbatita; Azmavete, barumita;
- Eliaba, saalbonita; Bene-Jasém; e Jônatas;
- Sama, hararita; Aião, filho de Sarar, ararita;
- Elifelete, filho de Aasbai, filho de um maacatita; Eliã, filho de Aitofel, gilonita;
- Hezrai, carmelita; Paarai, arbita;
- Igal, filho de Natã, de Zobá; Baní, gadita;
- Zeleque, amonita; Naarai, beerotita, o qual trazia as armas de Joabe, filho de Zeruia;
- Irá, jetrita; Garebe, jetrita;
- Urias, heteu: trinta e sete ao todo.
Capítulo 24
- E a ira do Senhor se tornou a acender contra Israel. E incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, conta a Israel e a Judá.
- Disse, pois, o rei a Joabe, maioral do arraial, ao qual tinha consigo: Agora rodeia por todas as tribos de Israel, desde Dã até Berseba, e recenseai ao povo. Para que eu saiba o número do povo.
- Então disse Joabe ao rei: Ora, multiplique o Senhor, teu Deus, a este povo cem vezes tanto, quanto agora é, e os olhos do rei, meu senhor, o vejam. Mas por que o rei, meu senhor, deseja este negócio?
- Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joabe, e contra os maiorais do arraial. Joabe, pois, saiu com os maiorais do arraial de diante do rei, a recensear ao povo de Israel.
- E passaram o Jordão; e puseram-se em campo junto a Aroer, à direita da cidade, que está no meio do ribeiro de Gade, e junto a Jazer.
- E vieram a Gileade, e à terra baixa de Hodsi. Também vieram até Dã-Jaã, e ao redor de Sidom.
- E vieram à fortaleza de Tiro, e a todas as cidades dos heveus e dos cananeus; e saíram para a banda do sul de Judá, a Berseba.
- Assim rodearam por toda a terra; e ao fim de nove meses e vinte dias, tornaram a Jerusalém.
- E Joabe deu ao rei a soma do número do povo. E havia em Israel oitocentos mil homens de guerra, que arrancavam espada; e os varões de Judá eram quinhentos mil varões.
- E o coração remordeu a Davi, depois de assim haver contado ao povo. E disse Davi ao Senhor: Muito pequei no que fiz; porém agora, ó Senhor, peço-te que traspasses a iniquidade de teu servo, porque tenho feito mui loucamente.
- Levantando-se, pois, Davi pela manhã, veio palavra do Senhor ao profeta Gade, vidente de Davi, dizendo:
- Vai, e dize a Davi: Assim diz o Senhor: Três coisas te ofereço. Escolhe-te uma delas, para que te faça.
- Veio, pois, Gade a Davi, e fez-lho saber. E disse-lhe: Queres que sete anos de fome te venham à tua terra? Ou que por três meses fujas diante de teus inimigos, e eles te persigam? Ou que por três dias haja peste em tua terra? Atenta agora, e olha, com que resposta tornarei ao que me enviou.
- Então disse Davi a Gade: Estou em grande angústia. Porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são suas misericórdias; mas nas mãos dos homens, não caia eu.
- Então enviou o Senhor peste em Israel, desde pela manhã até o tempo determinado; e desde Dã até Berseba, setenta mil homens do povo morreram.
- Estendendo, pois, o anjo sua mão sobre Jerusalém, para a destruir, o Senhor se arrependeu daquele mal; e disse ao anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, agora retira tua mão. E o anjo do Senhor estava junto à eira de Araúna, o jebuseu.
- E vendo Davi ao anjo, que feria ao povo, falou ao Senhor, e disse: Eis que eu sou o que pequei; e eu, o que iniquamente obrei; porém estas ovelhas, que fizeram? Seja, pois, tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai.
- E Gade veio àquele mesmo dia a Davi. E disse-lhe: Sobe, e levanta ao Senhor um altar na eira de Araúna, o jebuseu.
- Assim Davi subiu, conforme à palavra de Gade, como o Senhor mandara.
- E olhou Araúna, e viu ao rei, e a seus servos, vir a ele. Saiu, pois, Araúna, e inclinou-se ao rei, com a face em terra.
- E disse Araúna: Por que vem o rei, meu senhor, a seu servo? E disse Davi: Para comprar de ti esta eira, para edificar nela um altar ao Senhor, para que este castigo cesse de sobre o povo.
- Então disse Araúna a Davi: Tome, e ofereça o rei, meu senhor, o que bem lhe parecer aos seus olhos. Eis aí bois para o holocausto, e os trilhos, e o aparelho dos bois para a lenha.
- Tudo isto deu Araúna, o rei, ao rei. Disse mais Araúna ao rei: O Senhor, teu Deus, tome prazer em ti.
- Porém o rei disse a Araúna: Não, senão por certo preço de ti comprarei; porque de graça não oferecerei holocaustos ao Senhor, meu Deus. Assim Davi comprou a eira e os bois, por cinquenta siclos de prata.
- E edificou ali Davi ao Senhor um altar, e ofereceu holocaustos e ofertas gratíficas. Assim o Senhor se aplacou para com a terra, e aquele castigo cessou de sobre Israel.