Capítulo 1
- , e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
- E disse Deus: Haja luz. E houve luz.
- E viu Deus a luz, que era boa; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
- E chamou Deus à luz “dia”, e às trevas chamou “noite”. E foi a tarde, e foi a manhã, o dia primeiro.
- E disse Deus: . E faça separação entre águas e águas.
- E fez Deus um estendimento; e fez separação entre as águas que estão debaixo do estendimento e as águas que estão sobre o estendimento. E foi assim.
- E chamou Deus ao estendimento “céus”. E foi a tarde, e foi a manhã, o dia segundo.
- E disse Deus: Ajuntem-se as águas de debaixo dos céus em um lugar, e apareça a seca. E foi assim.
- E chamou Deus à seca “terra”, e ao ajuntamento das águas chamou “mares”. E viu Deus que era bom.
- E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvores frutíferas que dêem fruto segundo sua espécie, cuja semente esteja nelas sobre a terra. E foi assim.
- E produziu a terra erva verde, erva que dá semente segundo sua espécie, e árvores que dão fruto, cuja semente está nelas segundo sua espécie; e viu Deus que era bom.
- E foi a tarde, e foi a manhã, o dia terceiro.
- E disse Deus: Haja luminárias no estendimento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite. E sejam por sinais, e por tempos determinados, e por dias e anos.
- E sejam por luminárias no estendimento dos céus, para alumiar sobre a terra. E foi assim.
- E fez Deus as duas luminárias grandes: a luminária grande para ter domínio no dia, e a luminária pequena para ter domínio na noite, e as estrelas.
- E pô-las Deus no estendimento dos céus, para alumiar sobre a terra;
- E para ter domínio no dia e na noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que era bom.
- E foi a tarde, e foi a manhã, o dia quarto.
- E disse Deus: Produzam as águas abundantemente réptil de alma vivente. E voem as aves sobre a terra, sobre a face do estendimento dos céus.
- E criou Deus as grandes baleias; bem como todo réptil de alma vivente, que as águas produziram abundantemente, segundo sua espécie, e toda ave de asas segundo sua espécie, e viu Deus que era bom.
- E abençoou-as Deus, dizendo: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares, e as aves se multipliquem na terra.
- E foi a tarde, e foi a manhã, o dia quinto.
- E disse Deus: Produza a terra alma vivente segundo sua espécie: reses, e répteis, e bestas-feras da terra, segundo sua espécie. E foi assim.
- E fez Deus as bestas-feras da terra segundo sua espécie, e os animais segundo sua espécie, e todo réptil da terra segundo sua espécie; e viu Deus que era bom.
- E disse Deus: Façamos ao homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. E tenham domínio sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre os animais, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
- E criou Deus ao homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou: macho e fêmea os criou.
- E abençoou-os Deus, e disse-lhes Deus: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a. E tende domínio sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre toda alimária que se move sobre a terra.
- E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente, que está sobre a face de toda a terra, e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente. Por mantimento vos seja.
- Mas a toda alimária da terra, e a toda ave dos céus, e a tudo o que se move sobre a terra, em que há alma vivente, toda verdura de erva por mantimento lhes seja. E foi assim.
- E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom. E foi a tarde, e foi a manhã, o dia sexto.
Capítulo 2
- Assim foram acabados os céus, e a terra, e todo seu exército.
- E havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito; descansou no dia sétimo de toda a obra que tinha feito.
- E abençoou Deus ao dia sétimo, e santificou-o; porquanto nele descansou de toda sua obra, que Deus criara para a aperfeiçoar.
- Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus;
- E toda planta do campo, que ainda não estava na terra, e toda erva do campo, que ainda não brotava; porquanto o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.
- Porém subia um vapor da terra, e regava toda a face da terra.
- E formara o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e soprara em suas narinas o fôlego da vida; e foi feito o homem em alma vivente.
- E plantara o Senhor Deus um jardim no Éden, para os lados do Oriente; e pôs ali ao homem que formara.
- E fizera o Senhor Deus brotar da terra várias árvores desejáveis à vista, e boas para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal.
- E um rio saía do Éden para regar o jardim; e dali se dividia, e vinha a ser em quatro cabeças.
- O nome do primeiro é Pisom: este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro.
- E o ouro desta terra é bom; ali há também bdélio, e a pedra sardônica.
- E o nome do segundo rio é Giom: este é o que rodeia toda a terra de Cuxe.
- E o nome do terceiro rio é Hidéquel: este é o que vai para os lados do oriente da Assíria. E o quarto rio é o Eufrates.
- E tomou o Senhor Deus ao homem; e o pôs na jardim do Éden, para o lavrar e para o guardar.
- E mandou o Senhor Deus ao homem, dizendo: .
- Porém da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
- Também o Senhor Deus tinha dito: Não é bom que o homem esteja só. Far-lhe-ei uma ajuda, que esteja como que diante dele.
- Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo animal do campo, e toda ave dos céus, trouxe-os a Adão, para ver como lhes chamaria. E tudo o que Adão chamou a toda alma vivente, isso era o seu nome.
- E pôs Adão os nomes a todo animal, e às aves dos céus, e a toda alimária do campo; mas para o homem não achava ajuda, que estivesse como que diante dele.
- Então o Senhor Deus fez cair um pesado sono sobre Adão, e adormeceu-se; e tomou uma de suas costelas, e tapou a carne em seu lugar.
- E edificou o Senhor Deus a costela, a qual de Adão tomara, em uma mulher; e trouxe-a a Adão.
- Então disse Adão: Desta vez, esta é osso de meus ossos, e carne de minha carne. Esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada esta.
- Portanto deixará o varão a seu pai e a sua mãe; .
- E estavam ambos nus, Adão e sua mulher; e não se envergonhavam.
Capítulo 3
- Ora, a serpente era mais astuta do que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E disse à mulher: É também assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?
- E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos.
- Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus, não comereis dele, nem tocareis nele; para que não morrais.
- Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.
- Porque sabe Deus que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão; .
- E viu a mulher que aquela árvore era boa para comer, e que era um prazer para os olhos, e árvore desejável para dar entendimento; e tomou do seu fruto, e comeu. E deu também ao seu marido consigo, e ele comeu.
- Então foram abertos os olhos deles ambos, e reconheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.
- . E escondeu-se Adão, e também sua mulher, de diante do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim.
- E chamou o Senhor Deus a Adão. E disse-lhe: Onde estás tu?
- E ele disse: Ouvi tua voz no jardim. E temi, porque estou nu, e escondi-me.
- E disse: Quem te mostrou que estejas nu? Tens comido, porventura, da árvore de que te mandei que não comesses dela?
- Então disse Adão: A mulher que me deste, ela me deu da árvore, e eu comi.
- E disse o Senhor Deus à mulher: Por que isto fizeste? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
- Então disse o Senhor Deus à serpente: Porquanto isto fizeste, maldita serás tu, mais que todo o animal, e mais que toda alimária do campo. Sobre teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias de tua vida.
- E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre tua semente e sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
- À mulher disse: De grande maneira multiplicarei tua dor e tua gravidez: com dor darás à luz filhos. E a teu marido será teu desejo, e ele se fará senhor de ti.
- E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz da tua mulher, e comeste da árvore de que te mandei, dizendo: Não comerás dela. Por isso, maldita será a terra por causa de ti, com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
- E espinhos e cardos te produzirá, e comerás a erva do campo.
- No suor de teu rosto comerás pão, até que te tornes à terra, porquanto dela foste tomado: porque pó és, e em pó te tornarás.
- E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto ela era mãe de todos os viventes.
- E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e vestiu-os.
- Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal. Agora, pois, para que não estenda sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente;
- E lançou-o o Senhor Deus para fora do jardim do Éden; para lavrar a terra, da qual fora tomado.
- E havendo lançado fora ao homem; pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada flamejante que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.
Capítulo 4
- E Adão conheceu a Eva, sua mulher.
- E deu à luz também a seu irmão, Abel. E foi Abel pastor de ovelhas; e Caim foi lavrador da terra.
- E aconteceu ao fim de dias, que trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
- E Abel também trouxe dos primogênitos de suas ovelhas, e de sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para sua oferta.
- Mas para Caim e para sua oferta, não atentou. E assanhou-se Caim em grande maneira, de modo que decaíram-lhe suas faces.
- E disse o Senhor a Caim: Por que te assanhaste? E por que se te decaíram tuas faces?
- E se não fizeres bem, . E a ti é seu desejo, e tu te farás senhor dele.
- E falou Caim com seu irmão Abel. E sucedeu que, estando eles no campo, levantou-se Caim contra seu irmão Abel, e o matou.
- E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei, sou eu porventura guarda de meu irmão?
- E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama a mim desde a terra.
- E agora, maldito serás tu: desterrado da terra, a qual abriu sua boca para receber de tua mão o sangue do teu irmão.
- Quando lavrares a terra, não te dará mais sua força; errante e fugitivo serás na terra.
- E disse Caim ao Senhor: Maior é minha maldade do que possa ser perdoada.
- Eis que hoje me lanças da face da terra, e de tua face me esconderei. E serei errante e fugitivo na terra; e será que todo aquele que me achar, me matará.
- Porém o Senhor lhe disse: Portanto, todo aquele que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer um que o achasse.
- E saiu Caim de diante da face do Senhor: e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.
- E conheceu Caim a sua mulher, e esta concebeu, e deu à luz a Enoque; e edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade do nome de seu filho, Enoque.
- E de Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael; e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque.
- E tomou Lameque para si duas mulheres: o nome de uma era Ada, e o nome da outra Zila.
- E deu à luz Ada a Jabal: este foi o pai dos que habitam em tendas, e entre os gados.
- E o nome de seu irmão era Jubal: este foi o pai de todos os que lidam com harpa e órgão.
- E deu à luz Zila também a Tubalcaim, o mestre de toda obra de metal e de ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Naamá.
- E disse Lameque a suas mulheres, Ada e Zila: Dai ouvidos à minha voz, ó mulheres de Lameque, escutai o meu dito: Que um varão tenho matado por minha ferida, e um rapaz por meu vergão.
- Porque sete vezes Caim será vingado; mas Lameque, setenta vezes sete.
- E conheceu Adão ainda a sua mulher, a qual deu à luz um filho, e chamou seu nome Sete. Porque, disse ela, Deus me deu outra semente no lugar de Abel; porquanto Caim o matou.
- E também ao próprio Sete nasceu um filho, e chamou seu nome Enos. Então se começou a invocar o nome do Senhor.
Capítulo 5
- Este é o livro das gerações de Adão; no dia em que Deus criou ao homem, à semelhança de Deus o fez.
- Macho e fêmea os criou; e abençoou-os, e chamou seu nome “homem”, no dia em que foram criados.
- E viveu Adão centro e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, segundo sua imagem; e chamou seu nome Sete.
- E foram os dias de Adão, depois que gerou a sete, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.
- E foram todos os dias de Adão, durante os quais ele viveu, novecentos e trinta anos; e morreu.
- E viveu Sete cento e cinco anos, e gerou a Enos.
- E viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
- E foram todos os dias de Sete, novecentos e doze anos; e morreu.
- E viveu Enos noventa anos, e gerou a Cainã.
- E viveu Enos, depois que gerou a Cainã, oitocentos e quinze anos; e gerou filhos e filhas.
- E foram todos os dias de Enos, novecentos e cinco anos; e morreu.
- E viveu Cainã setenta anos, e gerou a Maalaleel.
- E viveu Cainã, depois que gerou a Maalaleel, oitocentos e quarenta anos; e gerou filhos e filhas.
- E foram todos os dias de Cainã, novecentos e dez anos; e morreu.
- E viveu Maalaleel sessenta e cinco anos, e gerou a Jarede.
- E viveu Maalaleel, depois que gerou a Jarede, oitocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
- E foram todos os dias de Maalaleel, oitocentos e noventa e cinco anos; e morreu.
- E viveu Jarede cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque.
- E viveu Jarede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.
- E foram todos os dias de Jarede, novecentos e sessenta e dois anos; e morreu.
- E viveu Enoque sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém.
- E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, por trezentos anos; e gerou filhos e filhas.
- E foram todos os dias de Enoque, trezentos e sessenta e cinco anos.
- E andou Enoque com Deus; e já não estava, porquanto Deus para si o tomou.
- E viveu Matusalém cento e oitenta e sete anos, e gerou a Lameque.
- E viveu Matusalém, depois que gerou a Lameque, setecentos e oitenta e dois anos; e gerou filhos e filhas.
- E foram todos os dias de Matusalém, novecentos e sessenta e nove anos; e morreu.
- E viveu Lameque cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho.
- E chamou seu nome Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras, e do trabalho de nossas mãos, da terra que o Senhor amaldiçoou.
- E viveu Lameque, depois que gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco anos; e gerou filhos e filhas.
- E foram todos os dias de Lameque, setecentos e setenta e sete anos; e morreu.
- E era Noé de idade de quinhentos anos, e gerou Noé a Sem, a Cam, e a Jafé.
Capítulo 6
- Aconteceu que, como os homens começaram a se multiplicar sobre a terra; e lhes nasceram filhas;
- Viram os filhos de Deus às filhas dos homens que eram formosas; e tomaram para si mulheres, de todas as que escolheram.
- Então disse o Senhor: Não contenderá meu Espírito com o homem eternamente, porquanto ele também é carne. Serão, porém, seus dias cento e vinte anos.
- Havia naqueles dias gigantes na terra, e também depois os filhos de Deus entraram às filhas dos homens, e geraram-lhes filhos: estes são os valentes que, desde a antiguidade, foram varões de renome.
- E viu o Senhor que a maldade dos homens se multiplicava sobre a terra; e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má, todo o tempo.
- Então se arrependeu o Senhor de haver feito o homem na terra; e pesou-lhe em seu coração.
- E disse o Senhor: Destruirei os homens, os quais criei, de sobre a face da terra: desde o homem até o animal, até o réptil, e até a ave dos céus. Porque me arrependo de os haver feito.
- Porém Noé achou graça aos olhos do Senhor.
- Estas são as gerações de Noé; era Noé varão justo e reto em suas gerações. Com Deus andava Noé.
- E gerou Noé três filhos: a Sem, a Cam, e a Jafé.
- Porém corrompeu-se a terra diante da face de Deus, e encheu-se a terra de violência.
- E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido seu caminho sobre a terra.
- Então disse Deus a Noé: O fim de toda carne é vindo diante de minha face, porquanto a terra está cheia de violência por eles. E eis que os desfarei, juntamente com a terra.
- ; compartimentos farás na arca, e betumá-la-ás por dentro e por fora com betume.
- E desta maneira a farás: de trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinquenta côvados sua largura, e de trinta côvados sua altura.
- Uma janela farás à arca, e a um côvado a acabarás do lado de cima, e a porta da arca porás à sua lateral; baixos, segundos e terceiros sobrados lhe farás.
- Porque eu, eis que trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda carne em que há espírito de vida de debaixo dos céus: tudo quanto houver na terra, expirará.
- Porém estabelecerei meu concerto contigo; e entrarás na arca tu, e teus filhos, e tua mulher, e as mulheres de teus filhos contigo.
- E de tudo o que vive, de toda carne, dois de cada um farás entrar na arca, para conservar em vida contigo: macho e fêmea serão.
- Das aves segundo sua espécie, e das reses segundo sua espécie, e de todo réptil da terra segundo sua espécie: dois de cada um virão a ti, para os conservar em vida.
- E tu, toma de toda comida que se come, e ajunta-a para ti; para que seja para ti e para eles por mantimento.
- E fez Noé assim; conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim fez.
Capítulo 7
- Depois disse o Senhor a Noé: Entra tu, e toda tua casa na arca. Porque a ti te vi justo diante de minha face nesta geração.
- De todo animal limpo tomarás para ti de sete em sete: macho e sua fêmea. Mas dos animais que não são limpos, dois: macho e sua fêmea.
- Também das aves dos céus, de sete em sete, macho e fêmea; para conservar em vida a semente sobre a face de toda a terra.
- Porque passados ainda sete dias, eu farei chover sobre a terra por quarenta dias e quarenta noites; e desfarei toda substância que fiz de sobre a face da terra.
- E fez Noé conforme a tudo quanto o Senhor lhe mandara.
- E era Noé de seiscentos anos de idade, quando o dilúvio das águas foi sobre a terra.
- E entrou Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele, na arca, por causa das águas do dilúvio.
- Dos animais limpos, e dos animais que não eram limpos; e das aves, de tudo quanto rasteja sobre a terra.
- De dois em dois entraram junto a Noé na arca: macho e fêmea, como Deus a Noé mandara.
- E aconteceu que passados os sete dias, foram as águas do dilúvio sobre a terra.
- No ano de seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês; naquele dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram.
- E houve chuva sobre a terra, por quarenta dias e quarenta noites.
- E naquele mesmo dia entrou Noé, e também Sem, e Cam, e Jafé, filhos de Noé; bem como a mulher de Noé, e as três mulheres de seus filhos com eles na arca.
- Eles, e todo animal segundo sua espécie, e toda alimária segundo sua espécie, e todo réptil que se move sobre a terra segundo sua espécie; e toda ave, segundo sua espécie, todo pássaro de toda sorte de asas.
- E entraram junto a Noé na arca; de dois em dois, de toda carne em que havia espírito de vida.
- E os que entraram, macho e fêmea de toda carne entraram, como Deus lhe tinha mandado; e cerrou o Senhor atrás dele.
- E estava o dilúvio por quarenta dias sobre a terra; e multiplicaram-se as águas, e levantaram a arca, de maneira que se levantou sobre a terra.
- E prevaleceram as águas, e se multiplicaram grandemente sobre a terra; e ia a arca por sobre as águas.
- E as águas prevaleceram grandissimamente sobre a terra, de tal maneira que foram cobertos todos os mais altos montes que havia debaixo de todos os céus.
- Quinze côvados acima prevaleceram as águas, e foram cobertos os montes.
- E expirou toda carne que se movia sobre a terra, de ave, e de reses, e de bestas-feras, e de todo réptil que andava de peitos sobre a terra; e também todo homem.
- Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, de tudo o que havia em seco, morreu.
- Assim foi desfeita toda substância que havia sobre a face da terra, desde o homem até o animal, até o réptil, e até a ave dos céus; e foram desfeitos da terra. E ficou somente Noé, e o que com ele havia na arca.
- E prevaleceram as águas sobre a terra, por cento e cinquenta dias.
Capítulo 8
- E lembrou-se Deus de Noé, e de toda alimária, e de todo animal que havia com ele na arca; e fez Deus passar um vento sobre a terra, e aquietaram-se as águas.
- E cerraram-se as fontes do abismo, e as janelas dos céus; e deteve-se a chuva dos céus.
- E tornaram-se as águas de sobre a terra, indo e tornando; e minguaram as águas ao fim de cento e cinquenta dias.
- E repousou a arca no sétimo mês, aos dezessete dias do mês; .
- E foram as águas indo, e minguando, até o décimo mês; no décimo, ao primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes.
- E aconteceu ao fim de quarenta dias, que abriu Noé a janela da arca que tinha feito.
- E enviou para fora ao corvo; o qual saiu, saindo e tornando, até que as águas se secassem de sobre a terra.
- Depois enviou de si a pomba, para ver se as águas se haviam aliviado de sobre a face da terra.
- Porém não achou a pomba onde repousar a planta de seu pé, e tornou-se a ele, junto à arca; porquanto as águas ainda estavam sobre a face de toda a terra. E estendeu sua mão, e tomou-a, e a fez entrar consigo na arca.
- E esperou ainda outros sete dias; e tornou a enviar a pomba para fora da arca.
- E tornou a ele a pomba à hora da tarde, e eis uma uma folha de oliveira arrancada em seu bico; então entendeu Noé que as águas se haviam aliviado de sobre a terra.
- Então esperou ainda outros sete dias, e enviou para fora a pomba; porém ela não mais tornou a vir a ele.
- E aconteceu que, no ano de seiscentos e um, no mês primeiro, ao primeiro dia do mês, secaram-se as águas de sobre a terra; então tirou Noé a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava seca.
- E no mês segundo, aos vinte e sete dias do mês; secou-se a terra.
- Então falou Deus a Noé, dizendo:
- Sai da arca: tu, e tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus filhos contigo.
- Todo animal que contigo está, de toda carne, de ave, e de rês, e de todo réptil que rasteja sobre a terra, tira contigo. E povoem abundantemente a terra, e frutifiquem, e multipliquem-se sobre a terra.
- Então saiu Noé; e também seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele.
- Todo animal, todo réptil e toda ave, tudo o que se move sobre a terra; segundo seus gêneros, saíram da arca.
- E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal limpo, e de toda ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o altar.
- , e disse o Senhor em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem, porquanto a imaginação do coração do homem é má, desde sua meninice. E não tornarei mais a ferir toda coisa vivente, como tenho feito.
- Daqui por diante, por todos os dias da terra; sementeira e colheita, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão.
Capítulo 9
- E abençoou Deus a Noé e a seus filhos. E disse-lhes: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra.
- E vosso temor, e vosso pavor, seja sobre todo animal da terra, e sobre toda ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, em vossas mãos vos são entregues.
- Tudo o que se move, que é vivente, vos seja por mantimento; como verdura de erva, tudo vo-lo tenho dado.
- .
- E certamente vosso sangue, o sangue de vossa vida, requererei; da mão de todo animal o requererei. Como também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um, requererei a vida do homem.
- ; porque Deus fez ao homem conforme a sua imagem.
- Mas vós outros, frutificai, e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela.
- E disse Deus a Noé, e a seus filhos com ele, dizendo:
- Porém eu, sim, eis que eu estabeleço meu concerto convosco; e também com vossa semente depois de vós.
- E com toda alma vivente que está convosco, de aves, e de reses, e de todo animal da terra convosco; desde todos quantos saíram da arca, até todo animal da terra.
- E estabeleço meu concerto convosco, de que não será mais destruída toda carne pelas águas do dilúvio; e que não haverá mais dilúvio, para destruir a terra.
- E disse Deus: Este é o sinal do concerto que eu ponho entre mim e vós, e toda alma vivente que está convosco; e isto por gerações do século.
- Meu arco tenho posto nas nuvens: este será por sinal do concerto entre mim e a terra.
- E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra; então aparecerá este arco nas nuvens.
- Então me lembrarei do meu concerto que está entre mim e vós, e toda alma vivente de toda carne; e não serão mais as águas por dilúvio, para destruir toda carne.
- E quando estiver este arco nas nuvens; então eu o verei, para me lembrar do concerto eterno entre Deus e toda alma vivente de toda carne, que está sobre a terra.
- E disse Deus a Noé: Este é o sinal do concerto que tenho estabelecido entre mim e toda carne que está sobre a terra.
- E os filhos de Noé, que saíram da arca, foram Sem, e Cam, e Jafé; e Cam é o pai de Canaã.
- Estes três foram os filhos de Noé; e estes se espalharam em toda a terra.
- E começou Noé a ser lavrador da terra; e plantou uma vinha.
- E bebeu do vinho, e embebedou-se; e desnudou-se no meio de sua tenda.
- E viu Cam, o pai de Canaã, a nudez de seu pai; e fê-lo saber a ambos seus irmãos lá fora.
- Então tomou Sem, junto com Jafé, uma capa, e puseram-na sobre ambos seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez de seu pai; e seus rostos estavam virados para trás, de maneira que não viram a nudez de seu pai.
- E despertou Noé de seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera.
- E disse: Maldito seja Canaã! Servo de servos será para com seus irmãos.
- Disse mais: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem. E seja-lhe Canaã por servo.
- Dilate Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.
- E viveu ainda Noé depois do dilúvio, trezentos e cinquenta anos.
- E foram todos os dias de Noé novecentos e cinquenta anos; e morreu.
Capítulo 10
- Estas, pois, são as gerações dos filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. E nasceram-lhes filhos depois do dilúvio.
- Os filhos de Jafé são Gomer, e Magogue, e Madai, e Javã, e Tubal; e Meseque, e Tirás.
- E os filhos de Gomer: Asquenaz, e Rifate, e Togarmá.
- E os filhos de Javã: Elisá, e Társis; Quitim, e Dodanim.
- Por estes se dividiram as ilhas das gentes em suas terras, cada qual segundo sua língua; segundo suas famílias, entre suas gentes.
- E os filhos de Cam: Cuxe, e Mizraim, e Pute, e Canaã.
- E os filhos de Cuxe: Sebá, e Havilá, e Sabtá, e Raamá, e Sabtecá; e os filhos de Raamá: Sabá e Dedã.
- E Cuxe gerou a Ninrode; este começou a ser poderoso na terra.
- E este foi um poderoso caçador diante da face do Senhor. Pelo que se diz: “Como Ninrode, poderoso caçador diante da face do Senhor”.
- E foi o princípio do seu reino Babel, e Ereque, e Acade, e Calné; na terra de Sinar.
- Desta mesma terra saiu Assur; .
- E a Resém, entre Nínive e Calá: esta é a grande cidade.
- E Mizraim gerou aos ludeus, e aos anameus, e aos leabeus, e aos naftueus;
- E aos patruseus, e aos caslueus – de onde saíram os filisteus –, e aos caftoreus.
- E Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete;
- E ao jebuseu, e ao amorreu, e ao girgaseu;
- E ao heveu, e ao arqueu, e ao sineu;
- E ao arvadeu, e ao zemareu, e ao hamateu; e depois se espalharam as famílias dos cananeus.
- E foi o termo dos cananeus desde Sidom, indo para Gerar, até Gaza; indo para Sodoma, e Gomorra, e Admá, e Zeboim, até Lasa.
- Estes são os filhos de Cam, segundo suas famílias, segundo suas línguas; em suas terras, em suas gentes.
- E a Sem também lhe nasceram filhos: ele é o pai de todos os filhos de Eber, irmão de Jafé, o maior.
- Os filhos de Sem são Elam e Assur; e Arfaxade, e Lude, e Arã.
- E os filhos de Arã são Uz, e Hul, e Geter, e Más.
- E Arfaxade gerou a Salá; e Salá gerou a Eber.
- E a Eber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra; e o nome de seu irmão, Joctã.
- E Joctã gerou a Almodá, e a Selefe; e a Hazar-Mavé, e a Jerá;
- E a Hadorão, e a Uzal, e a Dicla;
- E a Obal, e a Abimael, e a Sabá;
- E a Ofir, e a Havilá, e a Jobabe: todos estes são filhos de Joctã.
- E foi sua habitação desde Messá, indo para Sefar, montanha do oriente.
- Estes são os filhos de Sem, segundo suas famílias, segundo suas línguas; em suas terras, segundo suas gentes.
- Estas são as famílias dos filhos de Noé, segundo suas gerações, em suas gentes; e destes se dividiram as gentes sobre a terra depois do dilúvio.
Capítulo 11
- E era toda a terra de uma mesma língua, e de umas mesmas palavras.
- Porém aconteceu que, partindo-se eles do oriente; acharam um vale na terra de Sinar, e habitaram ali.
- E disseram uns aos outros: Eia! Façamos ladrilhos, e queimemo-los bem! E foi-lhes o ladrilho por pedra, e o betume foi-lhes por cal.
- E disseram: Eia! Edifiquemo-nos uma cidade, e uma torre cujo cume toque nos céus, e alcancemos renome! Para que, porventura, não sejamos dissipados de sobre a face de toda a terra.
- Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre, as quais os filhos dos homens edificavam.
- E disse o Senhor: Eis que o povo é um só, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer.
- Eia! Desçamos, e confundamos ali sua língua; para que não entenda mais um a língua do outro.
- Assim os espalhou o Senhor dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
- Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra; e dali os espalhou o Senhor por sobre a face de toda a terra.
- Estas são as gerações de Sem: Sem era da idade de cem anos, e gerou a Arfaxade. E isso dois anos depois do dilúvio.
- E viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade, quinhentos anos; e gerou filhos e filhas.
- E viveu Arfaxade trinta e cinco anos, e gerou a Salá.
- E viveu Arfaxade, depois que gerou a Salá, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
- E viveu Salá trinta anos, e gerou a Eber.
- E viveu Salá, depois que gerou a Eber, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
- E viveu Eber trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue.
- E viveu Eber, depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
- E viveu Pelegue trinta anos, e gerou a Reú.
- E viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos; e gerou filhos e filhas.
- E viveu Reú trinta e dois anos, e gerou a Serugue.
- E viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
- E viveu Serugue trinta anos, e gerou a Naor.
- E viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos; e gerou filhos e filhas.
- E viveu Naor vinte e nove anos, e gerou a Terá.
- E viveu Naor, depois que gerou a Terá, cento e dezenove anos; e gerou filhos e filhas.
- E viveu Terá setenta anos; e gerou a Abrão, a Naor, e a Harã.
- E estas são as gerações de Terá: Terá gerou a Abrão, a Naor, e a Harã. E Harã gerou a Ló.
- E morreu Harã antes de seu pai, Terá; na terra de seu nascimento, em Ur dos caldeus.
- E tomaram Abrão e Naor para si mulheres: o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher de Naor, Milca, filha de Harã, pai de Milca, e pai de Iscá.
- E era Sarai estéril: não tinha filhos.
- E tomou Terá a Abrão, seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai, sua nora, mulher de seu filho Abrão. E saiu com eles desde Ur dos caldeus, para irem à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali.
- E foram os dias de Terá duzentos e cinco anos; e morreu Terá em Harã.
Capítulo 12
- Ora, o Senhor havia dito a Abrão: Sai-te da tua terra, e de tua parentela, e da casa de teu pai; para a terra que te mostrarei.
- E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei teu nome; e tu, sê bênção!
- ; e serão benditas em ti todas as famílias da terra.
- E partiu-se Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e partiu-se Ló com ele; e era Abrão de setenta e cinco anos de idade quando saiu de Harã.
- E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e toda a fazenda que haviam adquirido, e as almas que alcançaram em Harã. E saíram-se para irem à terra de Canaã; e vieram à terra de Canaã.
- E passou Abrão por aquela terra, até o lugar de Siquém, até o carvalhal de Moré; e os cananeus estavam então na terra.
- E apareceu o Senhor a Abrão, e disse: À tua semente darei esta terra. Então edificou ali um altar ao Senhor, o qual lhe aparecera.
- E moveu-se dali para a montanha ao oriente de Betel, e estendeu sua tenda. Betel estava ao ocidente, e Ai ao oriente; e edificou ali um altar ao Senhor, e invocou o nome do Senhor.
- Depois caminhava Abrão, andando e caminhando para os lados do sul.
- E havia fome naquela terra; e desceu Abrão ao Egito, para peregrinar ali, porquanto a fome era grave na terra.
- E aconteceu que, chegando ele para entrar no Egito; disse então a Sarai, sua mulher: Eis que bem sei que és mulher formosa de vista.
- E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te conservarão em vida.
- Dize, pois, que és minha irmã, para que me vá bem, por tua causa; e viva minha alma, por causa de ti.
- E aconteceu que, entrando Abrão no Egito; viram os egípcios a mulher, que era mui formosa.
- Viram-na também os príncipes do Faraó, e gabaram-na junto ao Faraó; e foi tomada a mulher para a casa do Faraó.
- E a Abrão fez bem, por causa dela; de maneira que tinha ovelhas, e vacas, e asnos, e servos, e servas, e asnas, e camelos.
- Porém o Senhor feriu ao Faraó com grandes pragas, e também à sua casa; por causa de Sarai, mulher de Abrão.
- Então chamou o Faraó a Abrão, e disse: Que é isto que me fizeste? Por que não me notificaste que ela era tua mulher?
- Por que tu disseste “ela é minha irmã”, de maneira que eu a teria tomado por mulher? Agora, pois, eis aqui tua mulher: toma-a, e vai-te.
- E mandou o Faraó acerca dele varões; e acompanharam a ele, e a sua mulher, e a tudo quanto tinha.
Capítulo 13
- Assim subiu Abrão do Egito, para os lados do sul: ele, e sua mulher, e tudo quanto tinha, e junto com ele Ló.
- E ia Abrão mui rico: em gado, em prata, e em ouro.
- E foi-se por suas jornadas desde o sul até Betel; até o lugar onde no princípio estivera sua tenda, entre Betel e Ai.
- Até o lugar do altar que outrora ali tinha feito; e invocou Abrão ali o nome do Senhor.
- E também Ló, que ia com Abrão, tinha ovelhas, e vacas, e tendas.
- E não os suportava mais a terra para habitarem juntos; porquanto sua fazenda era muita, de maneira que já não podiam habitar juntos.
- E houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló; habitavam também então os cananeus e os ferezeus na terra.
- E disse Abrão a Ló: Já não haja porfia entre mim e ti, e entre meus pastores e teus pastores. Porque nós somos varões irmãos.
- Não está toda a terra diante de tua face? Eia, pois, aparta-te de mim! Se escolheres a esquerda, então irei para a direita; e se escolheres a direita, então irei para esquerda.
- E levantou Ló seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que a regava toda. (Antes que o Senhor destruíra a Sodoma e a Gomorra, era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito indo para Zoar).
- Então escolheu Ló para si toda a campina do Jordão, e partiu-se Ló para o oriente; e apartaram-se um do outro.
- Habitou, pois, Abrão na terra de Canaã; e Ló habitou nas cidades da campina, e armou suas tendas até Sodoma.
- E eram os varões de Sodoma maus e pecadores; e isto contra o Senhor, em grande maneira.
- E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora teus olhos, e olha desde o lugar onde estás: para os lados do norte e do sul, e do oriente e do ocidente.
- Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti; e à tua semente também, para todo sempre.
- E farei tua semente como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, também tua semente será contada.
- Levanta-te, vai por esta terra, por sua longura e por sua largura; porque a ti ta hei de dar.
- E armava Abrão tendas, e veio, e habitou nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao Senhor.
Capítulo 14
- E aconteceu nos dias de Anrafel, rei de Sinear, de Arioque, rei de Elasar; de Quedorlaomer, rei de Elã, e de Tideal, rei das gentes;
- Que estes fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, e a Birsa, rei de Gomorra; a Sinabe, rei de Adamá, e a Semeber, rei de Zeboim, e ao rei de Belá (esta é Zoar).
- Todos estes se ajuntaram no vale de Sidim, que é o Mar de Sal.
- Por doze anos haviam servido a Quedorlaomer; porém aos treze anos, se rebelaram.
- E aos catorze anos, veio Quedorlaomer, e os reis que com ele estavam, e feriram a Refaim em Asterote-Carnaim, a Zuzim em Hã; e a Emim em Savé-Quiriataim.
- E aos horeus em sua montanha de Seir; até a campina de Parã, que está junto ao deserto.
- Depois tornaram, e vieram a En-Mispate, que é Cades, e feriram todo o campo dos amalequitas; e também ao amorreu que habitava em Hazezom-Tamar.
- Então saiu o rei de Sodoma, e o rei de Gomorra, e o rei de Adamá, e o rei de Zeboim, e o rei de Belá (esta é Zoar); e ordenaram contra eles batalha no vale de Sidim.
- Contra Quedorlaomer, rei de Elã, e Tideal, rei das gentes, e Anrafel, rei de Sinear, e Arioque, rei de Elasar: quatro reis contra cinco.
- E estava o vale de Sidim cheio de poços de betume; e fugiram o rei de Sodoma e o de Gomorra, e caíram ali. E os demais fugiram para a montanha.
- E tomaram toda a fazenda de Sodoma e de Gomorra, e todo seu mantimento, e foram-se.
- Também tomaram a Ló, filho do irmão de Abrão, e a sua fazenda, e foram-se. Ele, pois, morava em Sodoma.
- Então veio um que escapou, e anunciou-o a Abrão, o hebreu; o qual habitava nos carvalhais de Manre, do amorreu, irmão de Escol e irmão de Aner, que eram os confederados de Abrão.
- Ouvindo, pois, Abrão que seu irmão era preso; armou os seus criados, nascidos em sua casa – trezentos e dezoito –, e persegui-os até Dã.
- E deu sobre eles por diferentes partes, de noite, ele e seus criados, e feriu-os; e perseguiu-os até Hobá, que está à esquerda de Damasco.
- E tornou a trazer toda a fazenda; e também a Ló, seu irmão, e sua fazenda tornou a trazer, como também as mulheres, e o povo.
- E saiu-lhe o rei de Sodoma ao encontro, depois que tornou ele de ferir a Quedorlaomer, e aos reis que com ele estavam; até o vale de Savé, que é o vale do rei.
- E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; .
- E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, possuidor dos céus e da terra.
- E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou a teus inimigos em tuas mãos. E deu-lhe o dízimo de tudo.
- E disse o rei de Sodoma a Abrão: Dá-me a mim as almas, e a fazenda toma para ti.
- Porém Abrão disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, possuidor dos céus e da terra:
- Para que não digas: Eu enriqueci a Abrão.
- Tirando somente o que os rapazes comeram, e a parte dos varões que foram-se comigo: Aner, Escol e Manre, os quais tomarão sua parte.
Capítulo 15
- Depois destas coisas, veio a palavra do Senhor a Abrão, em visão, dizendo: Não temas, Abrão! Eu sou teu escudo, teu muitíssimo galardão.
- Então disse Abrão: Senhor Deus, que me hás de dar? Pois eu ando sem filhos. E o mordomo de minha casa é o damasceno Eliézer.
- Disse mais Abrão: Eis que ainda não me tens dado semente. E eis que o filho de minha casa me herdará.
- E eis que veio a palavra do Senhor a ele, dizendo: Este não será teu herdeiro. Porém aquele que de tuas próprias entranhas sair, aquele será teu herdeiro.
- Então o levou para fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será tua semente.
- E creu no Senhor. E contou-lho por justiça.
- Disse-lhe mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos caldeus, para a ti te dar esta terra, a fim de possuí-la em herança.
- E disse ele: Senhor Deus, em que saberei que em herança a hei de possuir?
- E disse-lhe: Traze-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos. E também uma rola, e um pombinho.
- E trouxe-lhe todas estas coisas, e repartiu-as pelo meio, e pôs cada parte delas uma em frente da outra; porém as aves, não repartiu.
- E desciam as aves sobre aqueles corpos mortos; porém Abrão as enxotava.
- ; e eis que espanto, e grande escuridade, caiu sobre ele.
- Então disse a Abrão: Saibas por certo que peregrina será tua semente em terra que não é sua; e servi-los-ão, e afligi-los-ão. E isto por quatrocentos anos.
- Porém também eu julgarei a tal gente a qual servirão; e depois sairão com grande fazenda.
- E tu virás para teus pais em paz: em boa velhice serás sepultado.
- E a quarta geração tornará para cá; porquanto ainda não está cumprida a injustiça dos amorreus.
- E aconteceu que, posto o sol, houve escuridade; e eis uma fornalha de fumo, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades.
- Naquele mesmo dia, fez o Senhor um concerto com Abrão, dizendo: À tua semente tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, isto é, o rio Eufrates.
- Ao queneu, e ao quenezeu, e ao cadmoneu;
- E ao heteu, e ao ferezeu, e ao refaim;
- E ao amorreu, e ao cananeu, e ao girgaseu, e ao jebuseu.
Capítulo 16
- Porém Sarai, a mulher de Abrão, não lhe dava à luz; e tinha ela uma serva egípcia cujo nome era Agar.
- Disse, pois, Sarai a Abrão: Eis que agora o Senhor me tem cerrado, de modo que não dou à luz; . E deu ouvidos Abrão à voz de Sarai.
- Assim que tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar, egípcia, sua serva, ao fim de dez anos em que Abrão habitara na terra de Canaã; e deu-a a Abrão, seu marido, por mulher.
- E entrou ele a Agar, e esta concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.
- Então disse Sarai a Abrão: Meu agravo é sobre ti; eu pus minha serva em teu regaço, e agora que vê que concebeu, sou desprezada aos seus olhos. O Senhor julgue entre mim e ti.
- E disse Abrão a Sarai: Eis que tua serva está em tua mão; faze-lhe o que bom for aos teus olhos. E afligiu-a Sarai; e fugiu ela de sua face.
- E achou-a o anjo do Senhor junto a uma fonte de água no deserto; junto à fonte no caminho de Sur.
- E disse: Agar, serva de Sarai, de onde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai, minha senhora.
- Então lhe disse o anjo do Senhor: Torna-te para tua senhora. E humilha-te debaixo de suas mãos.
- Disse-lhe mais o anjo do Senhor: Multiplicarei em grande maneira tua semente. De tal modo que não será contada, tamanha a multidão.
- Disse-lhe também o anjo do Senhor: Eis que estás grávida, e darás à luz um filho. E chamarás seu nome Ismael, porquanto o Senhor ouviu a tua aflição.
- E ele será homem feroz: sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele. E habitará diante da face de todos seus irmãos.
- E ela chamou o nome do Senhor, que falava com ela, “tu és Deus de vista”. Porquanto disse: Não vi eu também aqui após aquele que me vê?
- Por isso se chama aquele poço “o poço de Laai-Roi”. Eis que está entre Cades e Berede.
- E deu à luz Agar a Abrão um filho; e chamou Abrão o nome de seu filho, que Agar dera à luz, Ismael.
- E era Abrão de oitenta e seis anos de idade, quando Agar a Abrão deu à luz a Ismael.
Capítulo 17
- Sendo pois Abrão já de noventa e nove anos de idade; então apareceu o Senhor a Abrão, e lhe disse: Eu sou o Deus todo-poderoso; anda diante de meu rosto, e sê perfeito.
- E porei meu concerto entre mim e ti; e multiplicar-te-ei grandissimamente.
- Então caiu Abrão sobre seu rosto; e falou Deus com ele, dizendo:
- Quanto a mim, eis aqui o meu concerto contigo; e serás por pai de uma multidão de gentes.
- E não se chamará mais teu nome Abrão; porém teu nome será Abraão, porque por pai de uma multidão de gentes te tenho posto.
- ; e reis sairão de ti.
- E estabelecerei meu concerto entre mim e ti, e com tua semente depois de ti, em suas gerações, por concerto perpétuo; para te ser a ti por Deus, e também à tua semente depois de ti.
- E darei a ti, e à tua semente depois de ti, a terra das tuas peregrinações, isto é, toda a terra de Canaã, em perpétua possessão; e ser-lhes-ei por Deus.
- Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, meu concerto guardarás: tu, e tua semente depois de ti, em suas gerações.
- Este é o meu concerto que guardareis entre mim e vós, e também tua semente depois de ti: que todo macho vos seja circuncidado.
- E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal do concerto entre mim e vós outros.
- O filho, pois, de oito dias vos será circuncidado, todo macho em vossas gerações: tanto o nascido em casa, como o comprado por dinheiro de todo estrangeiro, que não for de tua semente.
- Certamente será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará meu concerto em vossa carne por concerto perpétuo.
- E o macho com prepúcio, cuja carne do prepúcio não houver sido circuncidada, extirpada será a tal alma de seus povos: meu concerto quebrantou.
- Disse Deus mais a Abraão: Tua mulher, Sarai, não chamarás mais do nome de Sarai. Porém Sara será o seu nome.
- Porque a eu hei de abençoar; e também te hei de dar a ti, por meio dela, um filho. E a abençoarei, e será feita nações: reis de povos procederão dela.
- Então caiu Abraão sobre seu rosto, e riu-se. E disse em seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E dará à luz Sara, mulher de noventa anos?
- E disse Abraão a Deus: Quem dera viva Ismael diante de teu rosto!
- E disse Deus: Em verdade Sara, tua mulher, te dará à luz um filho; e chamarás seu nome Isaque. E estabelecerei meu concerto com ele, por concerto perpétuo para a semente depois dele.
- E tocante a Ismael, também te tenho ouvido: eis que o tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e fá-lo-ei multiplicar grandissimamente. Doze príncipes gerará, e o farei uma grande nação.
- Porém meu concerto estabelecerei com Isaque; ao qual te dará à luz Sara neste tempo determinado, no ano seguinte.
- E acabou de falar com ele; e subiu Deus de diante de Abraão.
- Então tomou Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos em sua casa, e a todos os comprados por seu dinheiro: todo macho entre os homens da casa de Abraão. E circuncidou a carne do prepúcio deles naquele mesmo dia, tal como Deus falara com ele.
- E era Abraão de noventa e nove anos de idade, quando lhe foi circuncidada a carne do seu prepúcio.
- E seu filho Ismael era de treze anos de idade, quando lhe foi circuncidada a carne de seu prepúcio.
- Neste mesmo dia foi circuncidado Abraão; e Ismael, seu filho.
- E todos os homens de sua casa – o nascido em casa, e o comprado por dinheiro do estrangeiro – foram circuncidados com ele.
Capítulo 18
- Depois lhe apareceu o Senhor nos carvalhais de Manre; estando ele assentado à porta da tenda, aquecendo já o dia.
- E levantou seus olhos, e olhou, e eis que três varões estavam em pé diante dele; e vendo-os, correu-lhes ao encontro desde a porta da tenda, e inclinou-se à terra.
- E disse: Ó senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, não passes, te peço, de teu servo.
- Traga-se agora um pouco de água, e lavai vossos pés; e recostai-vos debaixo desta árvore.
- E trarei um bocado de pão, para que fortaleçais o vosso coração; depois, passareis adiante, porquanto por isto mesmo passastes até vosso servo. E disseram: Faze assim como tens falado.
- E apressou-se Abraão até a tenda, à Sara. E disse: Apressa-te, amassa três medidas de flor de farinha, e faze bolos.
- E correu Abraão até as vacas; e tomou um bezerro tenro e bom, e deu-o ao moço, o qual se apressou a prepará-lo.
- E tomou manteiga e leite, e o bezerro que tinha preparado, e pôs-lho adiante. E ele esteve em pé junto a eles, debaixo daquela árvore; e comeram.
- Então lhe disseram: Que é feito de Sara, tua mulher? E ele disse: Ei-la na tenda.
- E disse: Certamente tornarei a ti, perto deste tempo da vida; e eis que Sara, tua mulher, terá um filho. E ouvia-o Sara à porta da tenda, que estava atrás dele.
- E eram Abraão e Sara já velhos, e adiantados na idade; já a Sara havia cessado o costume das mulheres.
- Assim que se riu Sara consigo mesma, dizendo: Terei ainda deleite depois de haver envelhecido, e meu senhor ser já velho?
- E disse o Senhor a Abraão: Porque se riu Sara, dizendo: Por certo daria à luz eu ainda, havendo eu já envelhecido?
- Ao tempo determinado, tornarei a ti, perto deste tempo da vida; e terá Sara um filho.
- E negou Sara, dizendo: Não me ri; porquanto temeu. E ele disse: Não; porque te riste sim.
- E levantaram-se aqueles varões dali, e olharam para os lados de Sodoma; e ia Abraão junto com eles, acompanhando-os.
- E disse o Senhor: Encobrirei eu a Abraão o que faço?
- Porque Abraão certamente haverá de ser uma grande e poderosa gente; e nele serão benditas todas as gentes da terra.
- Porque eu o reconheci; porquanto mandará a seus filhos e à sua casa depois de si, e guardarão o caminho do Senhor, para fazerem justiça e juízo. Para que o Senhor traga sobre Abraão aquilo que tem falado sobre ele.
- Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado; e porquanto seu pecado foi feito mui grave;
- Descerei agora e verei se, segundo o seu clamor que é vindo a mim, hajam mesmo consumado; e senão, sabê-lo-ei.
- Então viraram aqueles varões o rosto dali, e foram-se a Sodoma; porém Abraão permaneceu ainda em pé diante da face do Senhor.
- E chegou-se Abraão, e disse: Destruirás também o justo com o ímpio?
- Porventura há cinquenta justos dentro da cidade; destruí-los-ás também, e não pouparás o lugar por amor de cinquenta justos que há dentro dela?
- Longe de ti que faças tal coisa: que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio. Longe de ti; não faria o juiz de toda a terra juízo?
- Então disse o Senhor: Se eu achar em Sodoma cinquenta justos, dentro da cidade; então pouparei o lugar todo por amor deles.
- E respondeu Abraão, e disse: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que eu seja pó e cinza.
- Porventura faltarão aos cinquenta, cinco justos: destruirás, por aqueles cinco, toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco.
- E prosseguiu ainda a falar-lhe, e disse: Porventura se acharão ali quarenta. E disse: Não o farei, por amor dos quarenta.
- Disse mais: Ora, não se enfade o Senhor, se ainda falar: porventura se acharão ali trinta. E disse: Não o farei, se eu achar ali trinta.
- E disse: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor: porventura se acharão ali vinte. E disse: Não a destruirei, por amor dos vinte.
- Disse mais: Ora, não se enfade o Senhor se eu ainda só mais esta vez falar: porventura se acharão ali dez. E disse: Não a destruirei, por amor dos dez.
- E foi-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão se tornou ao seu lugar.
Capítulo 19
- E vieram os dois anjos a Sodoma, à tarde; e estava Ló assentado à porta de Sodoma. E vendo-os Ló, levantou-se-lhes ao encontro, e inclinou-se com o rosto à terra.
- E disse: Vedes aqui agora, senhores meus: entrai agora na casa de vosso servo, e passai nela a noite, e lavai vossos pés; e de madrugada vos levantareis, e ireis vosso caminho. E eles disseram: Não; antes, na rua passaremos a noite.
- E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes um banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram.
- E antes que se deitassem, os varões da cidade, os varões de Sodoma, cercaram a casa, desde o moço até o velho; todo o povo, desde os confins.
- E chamaram a Ló, e disseram-lhe: Que é feito dos varões que a ti vieram esta noite? Tira-os fora a nós, para que os conheçamos!
- Então saiu Ló junto a eles, à porta; e fechou a porta após si.
- E disse: Irmãos meus, rogo-vos que não façais mal.
- Vedes aqui agora: duas filhas tenho, que ainda não conheceram varão; fora vo-las tirarei agora, e fazei delas como for bom aos vossos olhos. Somente nada a estes varões façais, porque por isso se vieram à sombra de meu telhado.
- Então disseram eles: Chega-te mais para cá; disseram mais: Este um veio a habitar aqui como peregrino, e continuamente julgaria? Agora te faremos mais mal que a eles! E apertavam muito com o varão, com Ló; e achegaram-se para arrombar a porta.
- Porém aqueles varões estenderam sua mão, e fizeram entrar a Ló consigo em casa; e fecharam a porta.
- E feriram aos varões que estavam à porta da casa com cegueiras, desde o menor até o maior; de maneira que se fadigavam por achar a porta.
- Então disseram aqueles varões a Ló: A quem mais tens ainda aqui? Genro, ou teus filhos, ou tuas filhas, e todos quantos tens nesta cidade, tira-os fora deste lugar.
- Porque haveremos de destruir este lugar; porquanto seu clamor se tem engrandecido diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.
- Então saiu Ló, e falou a seus genros, os que haviam de tomar a suas filhas, e disse: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor vem destruir esta cidade! Porém foi tido por zombador aos olhos dos seus genros.
- E subindo a alva, apertaram os anjos com Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher, e tuas duas filhas, que à mão estão, .
- Porém ele se detinha, e aqueles varões lhe pegaram pela mão, e pela mão de sua mulher, e pela mão de suas duas filhas, por causa da misericórdia do Senhor sobre ele; e tiraram-no, e puseram-no fora da cidade.
- E aconteceu que, tirando-os para fora, disse: Escapa-te por tua vida, não olhes para trás de ti, e não pares em toda esta campina. Lá na montanha te escapa, para que não pereças!
- E disse-lhes Ló: Ora não, Senhor!
- Eis que agora achou teu servo graça aos teus olhos; e engrandeceste tua misericórdia, que a mim me fizeste, para guardar minha alma em vida. Porém eu não poderei escapar lá na montanha; para que, porventura, se me não apegue o mal, e eu morra.
- Eis que agora esta cidade está perto, para fugir para lá; e ela é pequena. Ora, ali me escaparei – não é pequena? –, para que viva a minha alma.
- E disse-lhe: Eis que tenho aceitado teu rosto até neste negócio; para não transtornar esta cidade de que falaste.
- Apressa-te, escapa-te para ali; porque nada poderei fazer até que não chegues ali. Por isso se chamou o nome desta cidade Zoar.
- Saiu o sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar.
- Então o Senhor fez chover sobre Sodoma e sobre Gomorra enxofre e fogo; da parte do Senhor, desde os céus.
- E transtornou aquelas cidades, e toda aquela campina; e todos os moradores daquelas cidades, e a novidade da terra.
- E olhou sua mulher para trás dele; e converteu-se em uma estátua de sal.
- E levantou-se Abraão naquela mesma manhã de madrugada, para aquele lugar onde estivera diante da face do Senhor.
- E atentou para Sodoma e Gomorra, e para toda a terra daquela campina; e olhou, e eis que subia fumo da terra, como o fumo de uma fornalha.
- E aconteceu que, destruindo Deus as cidades da campina, Deus se lembrou de Abraão; e tirou a Ló do meio da destruição, destruindo as cidades em que Ló habitara.
- E subiu Ló de Zoar, e habitou na montanha, e suas duas filhas com ele; porque temia habitar em Zoar. E habitou em uma caverna ele, e suas duas filhas.
- Então disse a primogênita à mais moça: Nosso pai já é velho. E não há varão na terra que a nós entre, segundo o costume de toda a terra.
- Vem, demos de beber vinho ao nosso pai, e deitemo-nos com ele; para que, de nosso pai, conservemos em vida a semente.
- E deram de beber a seu pai vinho naquela noite. E veio a primogênita, e deitou-se com seu pai; e não soube quando ela se deitou, nem quando se levantou.
- E aconteceu que, no outro dia, disse a primogênita à mais moça: Eis que já me deitei ontem à noite com meu pai. Demos-lhe também de beber vinho esta noite; e entra, e deita-te com ele, para que, de nosso pai, conservemos em vida a semente.
- E deram também naquela noite de beber vinho a seu pai. E levantou-se a mais moça, e deitou-se com ele; e não soube quando ela se deitou, nem quando se levantou.
- E conceberam as duas filhas de Ló, de seu próprio pai.
- E deu à luz a primogênita um filho, e chamou seu nome Moabe: este é o pai dos moabitas, até o dia de hoje.
- E deu à luz a mais moça também ela um filho, e chamou seu nome Ben-Ami; este é o pai dos filhos de Amom, até o dia de hoje.
Capítulo 20
- E partiu-se Abraão dali para a terra do sul, e habitou entre Cades e Sur; e peregrinou em Gerar.
- E havendo Abraão dito acerca de Sara, sua mulher, “minha irmã é”; enviou Abimeleque, rei de Gerar, e tomou a Sara.
- Porém Deus veio a Abimeleque em sonho, de noite. E disse-lhe: Eis que morto és pela mulher que tomaste, porque ela está casada com marido.
- Mas Abimeleque não havia chegado a ela. Por isso, disse: Senhor, matarás também a gente justa?
- Não me disse ele mesmo, “minha irmã é”? E ela, também ela mesma disse “meu irmão é”. Com sinceridade de meu coração, e com pureza de minhas mãos, tenho feito isto.
- E disse-lhe Deus em sonho: Também eu sei que com sinceridade de teu coração isto fizeste; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim. Por isso, não te permiti tocá-la.
- Agora, pois, restitui a mulher de seu marido, porque profeta é; e ele rogará por ti, para que vivas. Porém se não lha restituíres, sabe que certamente morrerás: tu, e tudo quanto teu for.
- E levantou-se Abimeleque pela manhã de madrugada, e chamou a todos seus servos, e falou todas estas palavras aos seus ouvidos; e temeram muito aqueles varões.
- E chamou Abimeleque a Abraão, e disse-lhe: Que nos fizeste? E em que pequei contra ti, para que trouxeste sobre mim, e sobre meu reino, tão grande pecado? Obras que não são de fazer, me fizeste a mim.
- Disse mais Abimeleque a Abraão: Que tens visto, para que fizeste tal coisa?
- E disse Abraão: Porque dizia eu: Certamente não há temor de Deus neste lugar. De modo que me matarão, por causa de minha mulher.
- E na verdade, também é ela minha irmã, filha de meu pai, mas não filha de minha mãe; e foi-me por mulher.
- E aconteceu que, fazendo-me Deus sair errante da casa de meu pai, eu lhe disse: Seja esta a benevolência que farás para comigo: em todo lugar para onde irmos, dize acerca de mim: Meu irmão é.
- Então tomou Abimeleque ovelhas e vacas, e servos e servas, e deu-os a Abraão; e restituiu-lhe a Sara, sua mulher.
- E disse Abimeleque: Eis que minha terra está diante de tua face. Habita onde bom for aos teus olhos.
- E a Sara disse: Vês que tenho dado mil moedas de prata a teu irmão; eis que ele te é por véu de olhos para com todos os que estão contigo. E até para com todos, e sejas ensinada.
- E orou Abraão a Deus; e sarou Deus a Abimeleque, e a sua mulher, e a suas servas, de maneira que deram à luz.
- Porque totalmente havia fechado o Senhor toda madre da casa de Abimeleque; por causa de Sara, mulher de Abraão.
Capítulo 21
- E visitou o Senhor a Sara, como tinha dito; e fez o Senhor a Sara tal como havia falado.
- E concebeu, e deu à luz Sara a Abraão um filho em sua velhice; ao tempo determinado, que Deus lhe havia falado.
- E chamou Abraão o nome de seu filho que nascera, que Sara lhe dera à luz, Isaque.
- E circuncidou Abraão a Isaque, seu filho, de oito dias de idade: como Deus lhe tinha mandado.
- E era Abraão já de cem anos de idade; quando lhe nasceu Isaque, seu filho.
- E disse Sara: Um riso me tem feito Deus! Todo aquele que o ouvir, rir-se-á comigo.
- Disse mais: Quem diria a Abraão que Sara amamentaria filhos! Porque dei-lhe à luz um filho em sua velhice.
- E cresceu o menino, e foi desmamado; e fez Abraão um grande banquete no dia em que foi desmamado Isaque.
- E viu Sara ao filho de Agar, a egípcia, ao que tinha dado à luz a Abraão, que zombava.
- E disse a Abraão: Lança fora a esta serva, e a seu filho. Porque não herdará o filho desta serva com meu filho, com Isaque.
- E pareceu esta palavra mui má aos olhos de Abraão, por causa de seu filho.
- Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e de tua serva; tudo quanto Sara te disser, obedece à sua voz. Porque em Isaque te será chamada semente.
- Mas também do filho desta serva, farei uma nação; porquanto é tua semente.
- Então se levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e tomou pão, e um frasco de água, e deu-o a Agar, pondo-o sobre seu ombro; e também lhe deu o menino, e enviou-a. E foi-se, e vagueou no deserto de Berseba.
- E já consumida a água do frasco, lançou ao menino debaixo de uma das árvores.
- E foi-se, e assentou-se mais adiante, afastando-se tanto quanto um tiro de arco, porque dizia: Não veja eu morrer ao menino. E assentou-se em frente, e levantou sua voz, e chorou.
- E ouviu Deus à voz do moço; e bradou o anjo de Deus a Agar, desde os céus, e disse-lhe: Que tens, Agar!? Não temas, porque Deus ouviu a voz do moço, desde o lugar onde ele está.
- Ergue-te, levanta o moço, e pega-lhe com a tua mão; porque dele hei de fazer uma grande nação.
- E abriu-lhe Deus os olhos, e viu um poço de água; e foi-se, e encheu o frasco de água, e deu de beber ao moço.
- E foi Deus com o moço, e cresceu; e habitou no deserto, e foi atirador de arco.
- E habitou no deserto de Parã; e sua mãe tomou-lhe uma mulher da terra do Egito.
- E aconteceu, naquele mesmo tempo, que Abimeleque, junto com Ficol, príncipe de seu exército, falou a Abraão, dizendo: Deus é contigo em tudo o que fazes.
- Jura-me pois agora aqui, por Deus, que me não mentirás a mim, nem a meu filho, nem a meu neto! Segundo a benevolência que te fiz, me farás a mim, e à terra onde peregrinaste.
- E disse Abraão: Eu jurarei.
- Porém Abraão repreendeu a Abimeleque; por causa de um poço de água que os servos de Abimeleque, por força, haviam tomado.
- Então disse Abimeleque: Não sei quem tenha feito tal obra. E também tu não o denunciaste, nem eu o ouvi, senão no dia de hoje.
- E tomou Abraão ovelhas e vacas, e deu-as a Abimeleque; e fizeram ambos um concerto.
- Porém Abraão pôs sete cordeiras do rebanho à parte.
- E disse Abimeleque a Abraão: De que servem aqui estas sete cordeiras, que puseste à parte?
- E disse: De que estas sete cordeiras de minha própria mão tomarás; para que me seja por testemunho de que eu cavei este poço.
- Por isso se chamou aquele lugar Berseba; porquanto ali ambos juraram.
- Assim fizeram um concerto em Berseba. Depois se levantou Abimeleque, com Ficol, príncipe de seu exército, e tornaram-se para terra dos filisteus.
- E plantou um bosque em Berseba; e invocou ali o nome do Senhor, Deus eterno.
- .
Capítulo 22
- E aconteceu depois daqueles dias que Deus testou a Abraão. E disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
- E disse: Toma agora a teu filho, teu único, a quem amas, a Isaque, e vai-te à terra de Moriá. E oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas que eu te disser.
- Então se levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e albardou seu asno, e tomou dois de seus moços consigo, e a Isaque, seu filho; e fendeu a lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi-se ao lugar que Deus lhe dissera.
- Ao terceiro dia, levantou Abraão seus olhos, e viu o lugar de longe.
- E disse Abraão a seus moços: Assentai-vos aqui com o asno, e eu e o moço iremos até ali. E havendo adorado, nos tornaremos a vós.
- E tomou Abraão a lenha do holocausto, e a pôs sobre Isaque, seu filho; e tomou em sua mão o fogo, e o cutelo. E foram-se ambos juntos.
- Então disse Isaque a Abraão, seu pai, dizendo: Pai meu! E ele disse: Eis-me aqui, filho meu. E disse ele: Eis aqui o fogo e a lenha; porém que é feito do cordeiro para o holocausto?
- E disse Abraão: Deus se proverá de cordeiro para o holocausto, filho meu. E foram-se ambos juntos.
- E vieram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali um altar, e dispôs a lenha; e amarrou a Isaque, seu filho, e deitou-o sobre o altar, em cima da lenha.
- E estendeu Abraão sua mão, e tomou o cutelo; para assim degolar a seu próprio filho.
- Porém bradou-lhe o anjo do Senhor desde os céus, e disse: Abraão! Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
- Então disse: Não estendas tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada. Porquanto agora sei que tu és temente a Deus, e não me recusaste a teu filho, a teu único.
- Então levantou Abraão seus olhos, e olhou; e eis um carneiro por detrás dele, travado em um mato por seus chifres. E foi Abraão, e tomou o carneiro; e ofereceu-o em holocausto no lugar de seu filho.
- E chamou Abraão o nome daquele lugar “o Senhor proverá”. Por isso se diz, no dia de hoje: na montanha do Senhor se proverá.
- Então bradou o anjo do Senhor a Abraão, pela segunda vez desde os céus.
- E disse: Por mim mesmo juro, diz o Senhor. Porquanto fizeste esta obra, e não recusaste a teu filho, a teu único;
- Que certamente te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei tua semente, como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar; .
- E em tua semente serão benditas todas as gentes da terra; porquanto obedeceste a minha voz.
- Então tornou Abraão a seus moços, e levantaram-se, e foram-se juntos para Berseba; e habitou Abraão em Berseba.
- E aconteceu, depois destas coisas, que anunciaram a Abraão, dizendo: Eis que também Milca deu à luz filhos a Naor, teu irmão:
- A Uz, seu primogênito, e a Buz, seu irmão; e a Quemuel, pai de Arã.
- E a Quésede, e a Hazo, e a Pildas, e a Jidlafe; e a Betuel.
- E Betuel gerou a Rebeca: estes oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão.
- E sua concubina, cujo nome era Reumá; também ela deu à luz a Tebá, e a Gaã, e a Taás, e a Maacá.
Capítulo 23
- Foi a vida de Sara cento e vinte e sete anos: estes foram os anos da vida de Sara.
- E morreu Sara em Quiriate-Arba (esta é Hebrom), na terra de Canaã; e veio Abraão a lamentar a Sara, e a chorá-la.
- Depois se levantou Abraão de sobre a face de seu morto. E falou aos filhos de Hete, dizendo:
- Peregrino e forasteiro sou eu entre vós: dai-me possessão de sepultura convosco, para que enterre a meu morto de diante de minha face.
- E responderam os filhos de Hete a Abraão, dizendo-lhe:
- Ouve-nos, senhor meu: príncipe de Deus tu és no meio de nós; no escolhido de nossas sepulturas, enterra o teu morto. Nenhum de nós te impedirá sua sepultura, para enterrar teu morto.
- Então se levantou Abraão, e inclinou-se diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete.
- E falou com eles, dizendo: Se é de vossa vontade que eu enterre meu morto de diante de minha face, dai-me ouvidos, pois, e intercedei por mim junto a Efrom, filho de Zoar.
- Para que me dê a cova de Macpela que ele tem, que está nos confins de seu campo; que pelo devido preço ma dê no meio de vós, em possessão de sepultura.
- Ora, Efrom estava assentado em meio dos filhos de Hete. E respondeu Efrom, heteu, a Abraão, aos ouvidos dos filhos de Hete, de todos os que entravam pela porta de sua cidade, dizendo:
- Não, senhor meu; ouve-me; o campo te dou; também te dou a cova que está nele. Diante dos olhos dos filhos de meu povo, ta dou: enterra lá o teu morto.
- Então se inclinou Abraão diante da face do povo da terra.
- Ouve-me já. O preço do campo darei; toma-o de mim, e enterrarei meu morto ali.
- E respondeu Efrom a Abraão, dizendo-lhe:
- Senhor meu, ouve-me; terra de quatrocentos siclos de prata, que é entre mim e ti? Enterra, pois, o teu morto!
- E deu Abraão ouvidos a Efrom, e pesou Abraão a Efrom o dinheiro de que tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete: quatrocentos siclos de prata, correntes entre mercadores.
- Assim se ficou o campo de Efrom, que estava em Macpela, que está diante de Manre – o campo, e a cova que nele estava, e todo o arvoredo que havia naquele campo, que estava em todo seu contorno ao redor –,
- A Abraão em possessão, diante dos olhos dos filhos de Hete; para com todos os que entravam pela porta de sua cidade.
- E depois enterrou Abraão a Sara, sua mulher, na cova do campo de Macpela, defronte de Manre, que é Hebrom; na terra de Canaã.
- Assim se ficou aquele campo, e a cova que estava nele, a Abraão, em possessão de sepultura; dos filhos de Hete comprado.
Capítulo 24
- E era Abraão já velho, e adiantado na idade; e havia o Senhor abençoado a Abraão em tudo.
- E disse Abraão a seu servo, o mais velho de sua casa, o qual tinha o governo sobre tudo o que possuía: põe agora tua mão debaixo de minha coxa;
- Para que eu te faça jurar, pelo Senhor, o Deus dos céus e o Deus da terra: que não tomarás mulher para meu filho dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito.
- Mas que à minha terra, e à minha parentela, irás; e de lá tomarás mulher para meu filho, Isaque.
- E disse-lhe o servo: Porventura não me quererá seguir a tal mulher a esta terra. Farei, pois, tornar necessariamente a teu filho à terra de onde saíste?
- E disse-lhe Abraão: Guarda-te que não faças tornar para lá ao meu filho.
- O Senhor, o Deus dos céus, que me tomou da casa de meu pai, e da terra de minha parentela, e que me falou, e que me jurou, dizendo: À tua semente darei esta terra. Ele mesmo enviará a seu anjo diante de tua face, para que de lá tomes mulher para meu filho.
- Porém se a mulher não quiser te seguir, estarás limpo deste meu juramento: somente não faças tornar para lá ao meu filho.
- Então pôs o servo sua mão debaixo da coxa de Abraão, seu senhor; e jurou-lhe sobre este negócio.
- E tomou aquele servo dez camelos, dos camelos de seu senhor, e partiu-se; e toda a fazenda de seu senhor estava em sua mão. E levantou-se, e partiu-se à Mesopotâmia, à cidade de Naor.
- E fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto a um poço de água; pela tarde, ao tempo que as moças saíam a tirar água.
- E disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, dá-me hoje bom encontro. E faze benevolência a meu senhor Abraão.
- Eis que eu estou em pé junto à fonte de água, e as filhas dos varões desta cidade saem para tirar água.
- Seja, pois, que a moça a quem eu disser: Abaixa agora teu cântaro, para que eu beba; e ela disser: Bebe, e também a teus camelos darei de beber. Aquela seja a que assinalaste a teu servo, a Isaque; e que eu nisso reconheça que fizeste benevolência a meu senhor.
- E aconteceu que, antes que ele acabasse de falar, eis que saía Rebeca, que havia nascido a Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão; e trazia seu cântaro sobre seu ombro.
- E era a moça mui formosa de vista, virgem, a qual varão não havia conhecido; e desceu à fonte, e encheu seu cântaro, e subia.
- Então lhe correu o servo ao encontro. E disse: Ora, deixa-me beber um pouco de água de teu cântaro.
- E ela disse: Bebe, senhor meu. E apressou-se, e abaixou seu cântaro sobre sua mão, e deu-lhe de beber.
- E acabando ela de lhe dar de beber, disse: Também para os teus camelos tirarei água, até que acabem de beber.
- E apressou-se, e esvaziou seu cântaro na pia, e correu outra vez ao poço para tirar água; e tirou água para todos os seus camelos.
- E estava o varão espantado acerca dela; calando-se, para saber se o Senhor havia prosperado seu caminho, ou não.
- E aconteceu que, acabando os camelos de beber, tomou o varão um pingente de ouro, de meio siclo de peso; e duas manilhas, que pôs em suas mãos, de peso de dez siclos de ouro.
- E disse: Filha de quem és tu? Ora, faze-mo saber! Há na casa de teu pai lugar para nós, a passar a noite?
- E ela lhe disse: Eu sou filha de Betuel, filho de Milca, ao qual deu à luz a Naor.
- Disse-lhe mais: Também temos palha, e muito pasto. E também lugar para passar a noite.
- Então encurvou-se o varão, e adorou ao Senhor.
- E disse: Bendito seja o Senhor, Deus de meu senhor Abraão, que não tirou sua benevolência e sua verdade de meu senhor! Quanto a mim, no caminho guiou-me o Senhor, à casa dos irmãos de meu senhor.
- E correu a moça e o fez saber na casa de sua mãe, como estas coisas se passaram.
- E tinha Rebeca um irmão cujo nome era Labão; e correu Labão até o varão lá fora, junto à fonte.
- E aconteceu que, vendo o pingente, e as manilhas nas mãos de sua irmã, e ouvindo as palavras de sua irmã, Rebeca, que dizia “assim me falou o varão”; veio ao varão, e eis que estava em pé, junto aos camelos, à fonte.
- E disse: Entra, ó bendito do Senhor; por que razão estarás aí fora? Pois já eu preparei a casa, e o lugar para os camelos.
- Então veio o varão à casa; e desatou os camelos. E deu palha e pasto aos camelos, e água para lavar os pés dele, e os pés dos varões que vinham com ele.
- Depois puseram diante dele algo de comer; porém ele disse: Não comerei, enquanto não houver falado minhas palavras. E disse: Fala.
- Então disse: Eu sou o servo de Abraão.
- E o Senhor abençoou muito a meu senhor, de maneira que foi engrandecido; e deu-lhe ovelhas e vacas, e prata e ouro, e servos e servas, e camelos e asnos.
- E Sara, mulher de meu senhor, deu à luz um filho a meu senhor, depois de sua velhice; e deu-lhe tudo quanto tem.
- E fez-me jurar meu senhor, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho dentre as filhas dos cananeus, em cuja terra eu habito.
- Porém irás à casa de meu pai, e à minha geração; e lá tomarás mulher para meu filho.
- Então disse eu a meu senhor: Porventura não me seguirá a tal mulher.
- E ele me disse: O Senhor, ante cujo rosto tenho andado, enviará seu anjo contigo, e prosperará teu caminho, para que tomes mulher para meu filho de minha própria geração, e da casa de meu pai.
- Então estarás limpo de meu juramento, quando te fores à minha geração; e se não a derem a ti, então estarás limpo do meu juramento.
- E hoje vim à fonte, e disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão! Se agora prosperas meu caminho, em que eu ando.
- Eis que eu estou em pé, junto à fonte de água. Seja pois que a donzela que sair para tirar água, e à qual eu disser: Dá-me agora de beber um pouco de água de teu cântaro.
- E ela me disser: Bebe tu, e também a teus camelos darei de beber. Aquela seja a mulher que assinalou o Senhor ao filho de meu senhor.
- Antes que eu acabasse de falar em meu coração, eis que Rebeca saía, e trazia seu cântaro sobre seu ombro; e desceu à fonte, e tirou água. E eu lhe disse: Ora, dá-me de beber!
- E ela se apressou, e abaixou seu cântaro de sobre si, e disse: Bebe, e também a teus camelos darei de beber. E bebi, e também aos camelos deu ela de beber.
- Então lhe perguntei, dizendo: Filha de quem tu és? E ela disse: Filha de Betuel, filho de Naor, a quem Milca lhe deu à luz. Então pus o pingente em sua testa, e as manilhas em suas mãos.
- E encurvei-me, e adorei ao Senhor; e bendisse ao Senhor, Deus de meu senhor Abraão, que me guiara pelo caminho direito, para tomar a filha do irmão de meu senhor para seu filho.
- Agora, pois, se vós heis de fazer benevolência e verdade a meu senhor, fazei-mo saber. E se não, fazei-mo saber também, para que eu olhe à direita, ou à esquerda.
- Então respondeu Labão, junto com Betuel, e disseram: Do Senhor procedeu este negócio. Não te podemos falar a ti nem mal nem bem.
- Eis que está Rebeca diante de tua face: toma-a, e parte-te. E seja mulher do filho de teu senhor, como o tem falado o Senhor.
- E aconteceu que, ouvindo o servo de Abraão suas palavras; inclinou-se à terra, diante do Senhor.
- E tirou o servo vasos de prata, e vasos de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca; também deu coisas preciosas a seu irmão, e à sua mãe.
- Então comeram e beberam, ele e os varões que estavam com ele, e passaram ali a noite. E levantaram-se pela manhã; e disse: Enviai-me de volta a meu senhor.
- Então disse seu irmão, e sua mãe: Fique-se a moça conosco mais uns dez dias. Depois, te irás.
- Porém ele lhes disse: Não me detenhais, pois o Senhor prosperou meu caminho. Enviai-me de volta, para que me vá a meu senhor.
- Então disseram: Chamemos a moça, e perguntemos-lho.
- E chamaram a Rebeca, e disseram-lhe: Irás tu com este varão? E ela respondeu: Irei.
- Então enviaram a Rebeca, sua irmã, e a sua ama; e ao servo de Abraão, e a seus varões.
- E abençoaram a Rebeca, e disseram-lhe: Ó irmã nossa, sejas tu em milhares de milhares! E possua tua semente a porta de seus aborrecedores.
- E Rebeca se levantou com suas moças, e subiram sobre os camelos, e seguiram ao varão; e tomou o servo a Rebeca, e partiu-se.
- E Isaque vinha de onde se vem ao poço de Laai-Roi; e ele habitava na terra do sul.
- E saíra Isaque a orar no campo, à hora da tarde; e levantou seus olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham.
- Rebeca também levantou seus olhos, e olhou a Isaque; e lançou-se do camelo.
- Porque havia dito ao servo: Quem é aquele varão que pelo campo se nos vem ao encontro? E havia dito o servo: Aquele é meu senhor; então tomou ela o véu, e cobriu-se.
- E contou o servo a Isaque todas as coisas que fizera.
- E trouxe-a Isaque à tenda de Sara, sua mãe; e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim se consolou Isaque, depois da morte de sua mãe.
Capítulo 25
- E Abraão prosseguiu, e tomou outra mulher, cujo nome era Quetura.
- E deu-lhe à luz a Zinrã, e a Jocsã, e a Medã, e a Midiã; e a Isbaque, e a Suá.
- E Jocsã gerou Seba, e a Dedã: e os filhos de Dedã foram Assurim, e Letusim, e Leumim.
- E os filhos de Midiã foram Efá, e Efer, e Enoque, e Abidá, e Eldaá: todos estes foram filhos de Quetura.
- Porém Abraão deu tudo quanto tinha a Isaque.
- Mas aos filhos das concubinas que tinha Abraão, deu Abraão presentes; e enviou-os desde seu filho Isaque, vivendo ele ainda, ao oriente, para a terra oriental.
- Estes são, porém, os dias dos anos da vida de Abraão, que viveu: cento e setenta e cinco anos.
- E expirou, e morreu Abraão em boa velhice, velho e farto de dias; e foi congregado a seus povos.
- E sepultaram-no Isaque e Ismael, seus filhos, na cova de Macpela: no campo de Efrom, filho de Zoar, heteu, que estava defronte de Manre.
- No campo que Abraão comprara dos filhos de Hete: ali está sepultado Abraão, junto com Sara, sua mulher.
- E aconteceu, depois da morte de Abraão, que Deus abençoou a Isaque, seu filho; e habitava Isaque junto ao poço de Laai-Roi.
- Estas, porém, são as gerações de Ismael, filho de Abraão; o qual deu à luz Agar, egípcia, serva de Sara, a Abraão.
- E estes são os nomes dos filhos de Ismael, por seus nomes, segundo suas gerações: o primogênito de Ismael, Nebaiote; depois Quedar, e Adbeel, e Mibsão.
- E Mismá, e Dumá, e Massá.
- Hadade, e Temá, Jetur, Nafis, e Quedemá.
- Estes são os filhos de Ismael, e estes são seus nomes em suas vilas, e em seus palácios: doze príncipes, segundo suas famílias.
- E estes são os anos da vida de Ismael: centro e trinta e sete anos. E expirou, e morreu, e foi congregado a seus povos.
- E habitaram desde Havilá até Sur, que está defronte do Egito, indo para Assur; e fez seu assento diante da face de todos seus irmãos.
- E estas são as gerações de Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou a Isaque.
- E era Isaque de quarenta anos de idade quando tomou a Rebeca, filha de Betuel, siro, de Padã-Arã, irmã de Labão, siro, por sua mulher.
- , porquanto ela era estéril; e ouviu o Senhor as suas orações, e concebeu Rebeca, sua mulher.
- E os filhos se empurravam dentro dela; então disse: Se assim é, para que sou eu assim? E foi-se a consultar ao Senhor.
- E o Senhor lhe disse: Duas nações há em teu ventre, e dois povos se dividirão de tuas entranhas. E um povo será mais forte que o outro povo, e o maior servirá ao menor.
- E cumprindo-se seus dias para dar à luz, eis gêmeos em seu ventre.
- E saiu o primeiro, ruivo, e todo como um vestido cabeludo; por isso, chamaram seu nome Esaú.
- E depois saiu seu irmão, agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; por isso, se chamou seu nome Jacó. E era Isaque de sessenta anos de idade quando os gerou.
- Ora, crescendo os moços, foi Esaú varão entendido na caça, varão do campo; .
- E amava Isaque a Esaú, porquanto a caça era segundo seu paladar; mas Rebeca amava a Jacó.
- E cozera Jacó um guisado; e veio Esaú do campo, e ele estava cansado.
- E disse Esaú a Jacó: Ora, deixa-me sorver disso vermelho, o vermelho ali, porque eu estou cansado. Por isso, se chamou seu nome Edom.
- Então disse Jacó: Vende-me hoje tua primogenitura.
- E disse Esaú: Eis que eu me vou a morrer. E de que me servirá, logo, a primogenitura?
- Então disse Jacó: Jura-me hoje; e jurou-lhe. E vendeu sua primogenitura a Jacó.
- E Jacó deu a Esaú pão, e o guisado das lentilhas; e comeu, e bebeu; e levantou-se, e foi-se. Assim desprezou Esaú à primogenitura.
Capítulo 26
- E havia fome na terra, para além da primeira fome que houvera nos dias de Abraão; por isso, foi-se Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus, a Gerar.
- E apareceu-lhe o Senhor, e disse: Não desças ao Egito. Habita na terra que eu te disser.
- Peregrina nesta terra, e eu serei contigo, e te abençoarei; porque a ti e à tua semente darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que jurei a Abraão, teu pai.
- E multiplicarei tua semente como as estrelas do céu, e darei à tua semente todas estas terras; e serão benditas em tua semente todas as gentes da terra.
- Porquanto obedeceu Abraão à minha voz; e guardou meu mandado, meus preceitos, meus estatutos, e minhas leis.
- Assim, habitou Isaque em Gerar.
- E perguntando-lhe os varões daquele lugar acerca de sua mulher, disse: Ela é minha irmã. Porque temia de dizer “é minha mulher”, para que porventura – dizia ele – não me matem os varões daquele lugar por causa de Rebeca; porque ela era formosa de vista.
- E aconteceu que, havendo ele ali estado por muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela; e viu, e eis que Isaque estava zombando com Rebeca, sua mulher.
- Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que, na verdade, tua mulher é ela; como disseste, logo, “minha irmã é ela”? E disse-lhe Isaque: Porque eu dizia: para que eu, porventura, não morra por causa dela.
- E disse Abimeleque: Que é isto que nos fizeste? Facilmente se haveria deitado algum homem deste povo com tua mulher, de maneira que teria trazido sobre nós culpa.
- E mandou Abimeleque a todo povo, dizendo: Qualquer um que tocar a este varão, ou à sua mulher, certamente morrerá.
- E semeou Isaque naquela mesma terra, e achou naquele mesmo ano cem medidas; porque o Senhor o abençoava.
- E engrandeceu-se o varão; e ia-se engrandecendo, até que foi feito mui grandioso.
- E teve possessão de ovelhas, e possessão de vacas, e muita gente de serviço; de maneira que os filisteus o invejavam.
- E todos os poços que os servos de seu pai haviam cavado nos dias de Abraão, seu pai; os filisteus os entulharam, e os encheram de terra.
- Disse também Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós, porque te tens feito bem mais poderoso do que nós.
- Então Isaque se foi dali; e fez seu assento no vale de Gerar, e habitou ali.
- E tornou Isaque, e cavou os poços de água que haviam cavado nos dias de Abraão, seu pai, e os filisteus entulhado, depois da morte de Abraão; e chamou-os pelos nomes conforme os nomes que seu pai os chamara.
- Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale; e acharam ali um poço de águas vivas.
- E porfiaram os pastores de Gerar com os pastores de Isaque, dizendo: Nossa é esta água! Por isso se chamou o nome daquele poço Eseque; porque contenderam com ele.
- Então cavaram outro poço, e porfiaram também sobre ele; por isso chamou seu nome Sitna.
- E arrancou-se dali, e cavou outro poço, e não porfiaram sobre ele. Por isso chamou seu nome Reobote; e disse: Porque agora nos alargou o Senhor, e crescemos na terra.
- Depois, subiu dali a Berseba.
- E apareceu-lhe o Senhor naquela mesma noite, e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo; e abençoar-te-ei, e multiplicarei tua semente, por amor de Abraão, meu servo.
- Então edificou ali um altar, e invocou o nome do Senhor, e armou ali sua tenda; e cavaram ali os servos de Isaque um poço.
- E veio Abimeleque até ele, desde Gerar; com Auzate, seu amigo, e Ficol, príncipe de seu exército.
- E disse-lhes Isaque: Por que viestes a mim?Aborrecendo-me vós, e havendo-me enviado para longe de vós?
- E eles disseram: Notavelmente temos visto que o Senhor é contigo; pelo que dissemos: Haja agora um juramento entre nós, isto é, entre nós e ti. E façamos um concerto contigo.
- Para que nos não faças mal, como nós também não te havemos tocado, e como te fizemos somente o bem, e te deixamos ir em paz. Agora, tu és o bendito do Senhor.
- Então lhes fez um banquete, e comeram, e beberam.
- E levantaram-se de madrugada, e juraram um ao outro; depois os despediu Isaque, e partiram-se dele em paz.
- E aconteceu naquele mesmo dia que vieram os servos de Isaque, e anunciaram-lhe acerca do negócio do poço que cavaram. E disseram-lhe: Temos achado água.
- E chamou-lhe Seba. Por isso é o nome da cidade Berseba, até o dia de hoje.
- Sendo porém Esaú de quarenta anos de idade, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, heteu; e a Basmate, filha de Elom, heteu.
- E foram estas amargura de espírito, tanto a Isaque como a Rebeca.
Capítulo 27
- E aconteceu que, envelhecendo-se Isaque, e escurecendo-se-lhe seus olhos, já não podia ver. Então chamou a Esaú, seu filho maior, e disse-lhe: Filho meu! E ele lhe disse: Eis-me aqui.
- E disse: Eis que agora já envelheci. E não sei o dia de minha morte.
- Agora, pois, toma já teu apetrecho: tua aljava, e teu arco. E sai-te ao campo, e caça-me uma caça.
- ; a fim de que minha alma te abençoe, antes que eu morra.
- E escutou Rebeca quando falava Isaque a Esaú, seu filho. E foi-se Esaú ao campo, a caçar a caça que havia de trazer.
- Então Rebeca falava a Jacó, seu filho, dizendo: Eis que tenho ouvido a teu pai, que falava com Esaú, teu irmão, dizendo:
- Traze-me uma caça, e guisa-me manjares saborosos que eu coma; e abençoar-te-ei diante do Senhor, antes de minha morte.
- Agora, pois, filho meu, ouve minha voz; naquilo que eu te mando.
- Vai-te agora ao rebanho, e traze-me de lá dois bons cabritos, dentre as cabras; e guisarei deles manjares saborosos ao teu pai, como ele ama.
- E levá-los-ás a teu pai, e ele comerá; para que te abençoe, antes de sua morte.
- Então disse Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú, meu irmão, é varão cabeludo, e eu varão liso.
- Porventura me apalpará o meu pai, e serei aos seus olhos como enganador; assim traria eu sobre mim maldição, e não bênção.
- E disse-lhe sua mãe: Sobre mim seja tua maldição, filho meu! Somente obedece à minha voz; e vai, e traze-mos.
- E foi-se, e os tomou, e trouxe à sua mãe; e guisou sua mãe manjares saborosos, como seu pai os amava.
- Depois, tomou Rebeca as vestes preciosas de Esaú, seu filho maior, que consigo tinha em casa; e delas vestiu a Jacó, seu filho menor.
- E das peles dos cabritos dentre as cabras fez vestir suas mãos, e seu pescoço liso.
- E deu os manjares saborosos, e o pão que tinha preparado; na mão de Jacó, seu filho.
- E veio a seu pai, e disse: Pai meu! E ele disse: Eis-me aqui; quem és tu, filho meu?
- E disse Jacó a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito: tenho feito como me disseste. Levanta-te agora, assenta-te, e come de minha caça; para que me abençoe a tua alma.
- Então disse Isaque a seu filho: Como é isto, que tão depressa a achaste, filho meu? E ele disse: Porquanto o Senhor, teu Deus, a fez encontrar-se diante de mim.
- E disse Isaque a Jacó: Achega-te já, para que eu te apalpe, filho meu. A ver se tu és meu filho Esaú mesmo, ou não.
- Então se achegou Jacó a Isaque, seu pai, o qual o apalpou. E disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú.
- E não o reconheceu, porquanto suas mãos estavam cabeludas como as mãos de Esaú, seu irmão; e abençoou-o.
- E disse: És tu meu filho Esaú mesmo? E ele disse: Eu sou.
- Então disse: Achega-me isso, para que eu coma da caça de meu filho; para que minha alma te abençoe. E achegou-lho, e comeu; trouxe-lhe também vinho, e bebeu.
- E disse-lhe Isaque, seu pai: Achega-te já, e beija-me, filho meu.
- E achegou-se, e beijou-o; então cheirou o cheiro de suas vestes, e abençoou-o. E disse: Olha, o cheiro de meu filho é como o cheiro do campo, que o Senhor abençoou.
- Assim, pois, Deus te dê do orvalho dos céus, e das gorduras da terra; e multidão de trigo, e mosto.
- Servir-te-ão povos, e nações se te encurvarão; sê senhor de teus irmãos, e os filhos de tua mãe se te encurvarão. Malditos os que te amaldiçoarem, e benditos os que te abençoarem.
- E aconteceu que, acabando Isaque de abençoar a Jacó, sucedeu que, mal Jacó havia saído da face de Isaque, seu pai; veio Esaú, seu irmão, tornando de sua caça.
- E guisou também ele manjares saborosos, e trouxe-os a seu pai. E disse a seu pai: Levante-se, pai meu, e come da caça de seu filho, para que tua alma me abençoe.
- E disse-lhe Isaque, seu pai: Quem és tu? E ele disse: Eu sou teu filho, teu primogênito, Esaú.
- Então estremeceu Isaque de um mui grande estremecimento, e disse: Quem, pois, é aquele que caçou uma caça, e ma trouxe? E de tudo comi, antes que tu viesses, e abençoei-o. E também será ele bendito.
- Ouvindo Esaú as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo clamor. E disse a seu pai: Abençoa-me também a mim, pai meu!
- E ele disse: Veio teu irmão com engano, e tomou a tua bênção.
- Então disse ele: Porventura não é por isso que seu nome foi chamado Jacó? Porque já duas vezes me enganou: minha primogenitura me tomou, e eis que agora me tomou minha bênção. Disse mais: Não me reservaste a mim bênção nenhuma?
- Então respondeu Isaque, e disse a Esaú: Eis que o pus por senhor de ti, e a todos seus irmãos lhe dei por servos; e de trigo e mosto o fortaleci. Que, pois, te farei agora, ó filho meu?
- E disse Esaú a seu pai: Tens, pois, esta única bênção só, pai meu? Abençoa-me também a mim, pai meu! E levantou Esaú sua voz, e chorou.
- Então respondeu Isaque, seu pai, e disse-lhe: Eis que nas gorduras da terra será tua habitação, e do orvalho dos céus lá de cima serás abençoado.
- E por teu cutelo viverás, e a teu irmão servirás; porém acontecerá que, quando dominares, então arrancarás seu jugo de teu pescoço.
- E aborreceu Esaú a Jacó por aquela bênção, com que seu pai o abençoara. E disse Esaú em seu coração: Chegando-se vão os dias do luto de meu pai; e matarei a Jacó, meu irmão.
- E foram denunciadas a Rebeca as palavras de Esaú, seu filho maior. E enviou, e chamou a Jacó, seu filho menor, e disse-lhe: Eis que Esaú, teu irmão, se consola sobre ti, para te matar.
- Agora, pois, filho meu, ouve minha voz; e levanta-te, acolhe-te junto a Labão, meu irmão, em Harã.
- E mora com ele alguns dias, até que se desvie o furor de teu irmão.
- Até que se desvie a ira de teu irmão de sobre ti, e se esqueça do que lhe fizeste; então enviarei, e te tomarei de lá. Senão, por que seria eu desfilhada de vós ambos, em um só dia?
- E disse Rebeca a Isaque: Enfadada estou de minha vida, por causa das filhas de Hete. Se Jacó tomar mulher das filhas de Hete, como estas, das filhas da terra, para que me será a vida?
Capítulo 28
- E chamou Isaque a Jacó, e abençoou-o. E mandou-lhe, e disse-lhe: Não tomes mulher dentre as filhas de Canaã.
- Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe; e toma de lá mulher para ti, dentre as filhas de Labão, irmão de tua mãe.
- E o Deus todo-poderoso te abençoe, e te faça frutificar, e te multiplique; para que sejas feito uma multidão de povos.
- E te dê a bênção de Abraão, a ti, e à tua semente contigo; para que possuas em herança a terra de tuas peregrinações, que Deus deu a Abraão.
- Assim enviou Isaque a Jacó, o qual se foi até Padã-Arã; a Labão, filho de Betuel, siro, irmão de Rebeca, mãe de Jacó e Esaú.
- Vendo, pois, Esaú que Isaque abençoara a Jacó, e o enviara a Padã-Arã, para tomar de lá mulher para si. E que abençoando-o lhe mandara, dizendo: Não tomes mulher dentre as filhas de Canaã.
- E que Jacó obedecera a seu pai e a sua mãe, e se fora a Padã-Arã.
- Vendo também Esaú que as filhas de Canaã eram más; aos olhos de Isaque, seu pai.
- Foi-se Esaú a Ismael; e tomou-se por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote, além de suas outras mulheres.
- Partiu-se, pois, Jacó de Berseba; e foi-se a Harã.
- E chegou a um lugar, onde passou a noite, porque já o sol era posto; e tomou das pedras daquele lugar, e as pôs à sua cabeceira. E deitou-se para dormir naquele lugar.
- E sonhou, e eis que uma escada estava posta na terra, cuja cabeça tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela.
- E eis que o Senhor estava em cima dela, e disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaque. A terra em que tu estás deitado, te darei a ti, e à tua semente.
- E será tua semente como o pó da terra, e estender-te-ás ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul; e serão benditas todas as gerações da terra em ti, e em tua semente.
- E eis que eu serei contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que não haja feito o que te tenho dito.
- Acordando, pois, Jacó de seu sono, disse: Verdadeiramente está o Senhor neste lugar. E eu não o sabia.
- E temeu, e disse: Quão temeroso é este lugar! Esta não é outra coisa, senão a casa de Deus, e esta é a porta dos céus.
- Então se levantou Jacó pela manhã, de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto à sua cabeceira, e a pôs por estátua; e derramou azeite por cima dela.
- E chamou o nome daquele lugar Betel. Era porém dantes o nome daquela cidade Lus.
- E votou Jacó um voto, dizendo: Se o Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que eu faço, e me der pão para comer, e veste para vestir.
- E eu tornar em paz à casa de meu pai; então o Senhor me será por Deus.
- E esta pedra, que tenho posto por estátua, será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, os dízimos te darei.
Capítulo 29
- Então alçou Jacó seus pés, e foi-se à terra dos filhos do oriente.
- E olhou, e eis um poço no campo; e eis também três rebanhos de ovelhas, que deitavam junto a ele, porquanto do mesmo poço davam de beber aos rebanhos. E havia uma grande pedra sobre a boca do poço.
- E ajuntavam-se ali todos os rebanhos, e revolviam a pedra da boca do poço, e davam de beber às ovelhas; e tornavam a pôr a pedra sobre a boca do poço, em seu lugar.
- Então lhes disse Jacó: Irmãos meus, donde vós sois? E disseram: De Harã nós somos.
- E ele lhes disse: Conheceis a Labão, filho de Naor? E disseram: Conhecemos.
- Disse-lhes mais: Vai-lhe bem? E disseram: Bem lhe vai; e eis aí Raquel, sua filha, que vem com as ovelhas.
- E ele disse: Eis que ainda o dia é alto, não é tempo de ajuntar o gado. Dai de beber às ovelhas, e ide apascentai-as.
- Então disseram: Não podemos, até que não se ajuntem todos os rebanhos, e revolvam a pedra de sobre a boca do poço; para que demos de beber às ovelhas.
- Estando ele ainda com eles falando; veio Raquel com as ovelhas que pertenciam a seu pai, porque ela era pastora.
- E aconteceu que, vendo Jacó a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe; chegou Jacó e revolveu a pedra de sobre a boca do poço, e deu de beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe.
- E beijou Jacó a Raquel; e levantou sua voz, e chorou.
- E Jacó fez saber a Raquel que ele era irmão do pai dela, e que ele era filho de Rebeca. Então correu ela, e o fez saber a seu pai.
- E aconteceu que, ouvindo Labão as novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e beijou-o; e levou-o à sua casa. E contou a Labão todas estas coisas.
- Então lhe disse Labão: Verdadeiramente és tu osso meu, e carne minha. E ficou com ele um mês inteiro.
- Depois disse Labão a Jacó: Porque tu és meu irmão, me havias de servir de graça? Declara-me qual será o teu salário.
- E tinha Labão duas filhas: o nome da maior era Lia, e o nome da menor, Raquel.
- Porém os olhos de Lia eram tenros; mas Raquel, de formosa forma, e formosa de vista.
- E amava Jacó a Raquel. E disse: Servir-te-ei sete anos por Raquel, tua filha menor.
- Então disse Labão: Melhor é que a dê a ti, do que a dê a outro varão. Fica-te comigo.
- Assim serviu Jacó por Raquel sete anos; e foram aos seus olhos como poucos dias, porquanto ele a amava.
- E disse Jacó a Labão: Dá-me a minha mulher, pois já meus dias são cumpridos, para que entre a ela.
- Então ajuntou Labão a todos os varões daquele lugar, e fez um banquete.
- E aconteceu que, à tarde, tomou a Lia, sua filha, e trouxe-lha. E ele entrou a ela.
- E deu-lhe Labão sua serva Zilpa; isto é, deu-lha a Lia, sua filha, por serva.
- E aconteceu pela manhã, e eis que era Lia. Pelo que disse a Labão: Por que me fizeste isto? Não te tenho servido por Raquel? Por que, pois, me enganaste?
- E disse Labão: Não se faz assim em nosso lugar.
- Cumpre a semana desta; então te daremos também a esta, pelo serviço que me servirás ainda outros sete anos.
- E fez Jacó assim, e cumpriu a semana desta. Então lhe deu a Raquel, sua filha, a ele por mulher.
- E deu Labão à Raquel, sua filha, a Bila, sua serva, a ela por serva.
- E entrou também a Raquel, e também amou a Raquel, mais que a Lia; e serviu-lhe ainda outros sete anos.
- Vendo, pois, o Senhor que Lia era aborrecida, abriu sua madre; porém Raquel era estéril.
- E concebeu Lia, e deu à luz um filho, e chamou seu nome Rúben. Porque disse: Porque o Senhor atentou para minha aflição, por isso agora me amará meu marido.
- E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, e disse: Porquanto o Senhor ouviu que eu era aborrecida, também me deu a este. E chamou seu nome Simeão.
- E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, e disse: Agora esta vez se ajuntará meu marido comigo, porque lhe tenho dado à luz três filhos. Por isso, chamou seu nome Levi.
- E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, e disse: Esta vez louvarei ao Senhor; por isso chamou seu nome Judá. E cessou de dar à luz.
Capítulo 30
- Vendo, pois, Raquel, que não dava à luz a Jacó, teve Raquel inveja de sua irmã. E disse a Jacó: Dá-me filhos, ou senão eu morta sou.
- Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel. E disse: Estou eu, logo, no lugar de Deus, que te impediu o fruto de teu ventre?
- E ela disse: Eis aqui minha serva Bila: entra a ela. Para que dê à luz sobre meus joelhos, e também seja eu edificada por ela.
- Assim lhe deu a Bila, sua serva, por mulher; e Jacó entrou a ela.
- E concebeu Bila, e deu à luz a Jacó um filho.
- Então disse Raquel: Julgou-me Deus, e também ouviu minha voz, e me deu um filho. Por isso, chamou seu nome Dã.
- E Bila, serva de Raquel, concebeu outra vez, e deu à luz: um segundo filho a Jacó.
- Então disse Raquel: Com lutas de Deus, lutei com minha irmã, e também venci. E chamou seu nome Naftali.
- Vendo pois Lia, então, que cessava de dar à luz; tomou a Zilpa, sua serva, e deu-a a Jacó por mulher.
- E deu à luz Zilpa, serva de Lia, a Jacó um filho.
- Então disse Lia: Vinda é a chusma! E chamou seu nome Gade.
- Depois deu à luz Zilpa, serva de Lia, o filho segundo a Jacó.
- Então disse Lia: Para minha ventura, pois me terão por bem-aventurada as filhas. E chamou seu nome Aser.
- ; e trouxe-os a Lia, sua mãe. Então disse Raquel a Lia: Ora, dá-me dos dudains de teu filho.
- E ela lhe disse: Pouco é que me hajas tomado meu marido; queres também tomar os dudains de meu filho? Então disse Raquel: Por isso se deitará contigo esta noite, pelos dudains de teu filho.
- Vindo, pois, Jacó do campo à tarde, saiu-lhe Lia ao encontro, e disse: A mim hás de entrar, porque certamente te aluguei pelos dudains de meu filho. E deitou-se com ela aquela noite.
- E ouviu Deus a Lia; e concebeu, e deu à luz a Jacó o quinto filho.
- Então disse Lia: Deus me deu meu galardão, pois dei minha serva a meu marido. E chamou seu nome Issacar.
- E Lia concebeu outra vez, e deu à luz o sexto filho a Jacó.
- E disse Lia: Deus me tem dado a mim boa dádiva; esta vez morará meu marido comigo, pois lhe tenho dado à luz seis filhos. E chamou seu nome Zebulom.
- E depois deu à luz uma filha, e chamou seu nome Diná.
- E Deus lembrou-se de Raquel; e ouviu-a Deus, e abriu sua madre.
- E concebeu, e deu à luz um filho. E disse: Tirou Deus meu vitupério!
- E chamou seu nome José, dizendo: O Senhor me acrescente outro filho.
- E aconteceu que, como Raquel deu à luz a José, disse Jacó a Labão: Deixa-me ir, e ir-me-ei a meu lugar, e à minha terra.
- Dá-me minhas mulheres, e meus filhos, pelas quais te servi, e ir-me-ei; pois tu sabes meu serviço, que te tenho feito.
- Então lhe disse Labão: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, fica comigo. Tenho atentado que o Senhor me abençoou, por causa de ti.
- Disse pois: Assinala-me teu salário, que eu darei.
- Então lhe disse: Tu sabes como te tenho servido, e como teu gado passou comigo.
- Porque o pouco que tinhas antes de mim, foi aumentado numa multidão; e o Senhor te abençoou por meu pé. Agora, pois, quando hei de trabalhar também eu por minha casa?
- E disse ele: Que te darei? Então disse Jacó: Nada me darás; se me fizeres esta coisa, tornarei a apascentar teu rebanho, e a guardá-lo:
- Passarei hoje por todo teu rebanho, separando dele todo gado pintado e manchado, e todo gado moreno entre os cordeiros, e o manchado e pintado entre as cabras; e isto será meu salário.
- Assim testificará por mim minha justiça, no dia de amanhã, quando vieres sobre meu salário diante de tua face. Tudo o que não for pintado e manchado entre as cabras, e moreno entre os cordeiros, ser-me-á por furto.
- Então disse Labão: Eis que tomara seja conforme a tua palavra!
- E separou naquele mesmo dia os bodes pintados e manchados, e todas as cabras pintadas e manchadas, tudo o em que havia brancura, e todo o moreno entre os cordeiros; e deu-os na mão de seus filhos.
- E pôs três dias de caminho entre si e Jacó. E Jacó apascentava os demais rebanhos de Labão.
- Então tomou-se Jacó varas de álamo verdes, e de aveleira, e de castanheiro; e descascou nelas tiras brancas, descobrindo a brancura que havia nas varas.
- E pôs estas varas, que descascara, nos canos e nas pias de água; lá onde o rebanho vinha a beber, diante do rebanho, e esquentavam-se, vindo a beber.
- Esquentando-se, pois, o rebanho à vista das varas; as ovelhas pariam salpicados, pintados e manchados.
- Então separou Jacó os cordeiros, e pôs as faces do rebanho para o salpicado, e todo o moreno entre o rebanho de Labão; e pôs para si os rebanhos à parte, e não os pôs com o rebanho de Labão.
- E sucedia que, cada vez que o rebanho das temporãs se esquentava, punha Jacó as varas diante dos olhos do rebanho nos canos; para que se esquentassem diante das varas.
- Mas quando o rebanho se esquentava tarde, não as punha. Assim eram as tardias de Labão, e as temporãs de Jacó.
- E foi aumentando o varão grandissimamente; e teve muitos rebanhos, e servas, e servos, e camelos, e asnos.
Capítulo 31
- Então ouvia as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Tomado tem Jacó tudo o que era de nosso pai. E daquilo que era de nosso pai, ele fez toda esta glória.
- Via também Jacó o rosto de Labão; e eis que já não era mais para com ele como de ontem e anteontem.
- E disse o Senhor a Jacó: Torna-te à terra de teus pais, e à tua parentela. E eu serei contigo.
- Então enviou Jacó, e chamou a Raquel e a Lia; para irem ao campo, ao seu rebanho.
- E disse-lhes: Vejo eu que o rosto de vosso pai já não é para comigo como ontem e anteontem. Porém o Deus de meu pai esteve comigo.
- E vós bem sabeis isto: que com todo meu poder, servi a vosso pai.
- Mas vosso pai me enganou, e mudou meu salário dez vezes; porém não lhe permitiu Deus que me fizesse mal.
- Quando ele dizia “os pintados serão teu salário”, todos os rebanhos pariam pintados; e quando dizia “os salpicados serão teu salário”, todos os rebanhos pariam salpicados.
- Assim tirou Deus o gado de vosso pai, e o deu a mim.
- E sucedeu que, ao tempo em que o rebanho se esquentava, levantei eu meus olhos, e vi em sonho: e eis que os bodes que subiam sobre o rebanho eram salpicados, pintados, e saraivados.
- E disse-me o anjo de Deus em sonho: Jacó! E eu disse: Eis-me aqui.
- E disse ele: Levanta já os teus olhos, e vê que todos os bodes que sobem sobre o rebanho são salpicados, pintados e saraivados. Porque tenho visto tudo quanto Labão te faz.
- Eu sou o Deus de Betel, lá onde ungiste a estátua, lá onde me votaste o voto. Levanta-te tu agora, sai-te desta terra; e torna-te à terra de tua parentela.
- Então responderam Raquel e Lia, e disseram-lhe: Há ainda para nós parte e herança na casa de nosso pai?
- Não fomos nós estimadas por ele como estranhas? Pois nos vendeu. E ainda, de contínuo, comeu o nosso dinheiro!
- Porque toda a riqueza que Deus tirou a nosso pai, é nossa, e de nossos filhos. Agora, pois, faze tudo o que Deus te disse.
- Então se levantou Jacó, e pôs a seus filhos e a suas mulheres sobre camelos.
- E levou todo seu gado, e toda sua fazenda que havia adquirido: o gado de sua possessão, que havia adquirido em Padã-Arã. E isso para ir até Isaque, seu pai, à terra de Canaã.
- E havendo Labão ido a tosquiar suas ovelhas, .
- E furtou-se Jacó do coração de Labão, siro; para não lhe fazer saber que fugia.
- E fugiu ele com tudo o que tinha, e levantou-se, e passou o rio; e dispôs seu rosto para a montanha de Gileade.
- E foi denunciado a Labão ao terceiro dia, que Jacó havia fugido.
- Então tomou consigo a seus irmãos, e perseguiu-o o caminho de sete dias; e alcançou-o na montanha de Gileade.
- Porém veio Deus a Labão, siro, em sonho, de noite. E disse-lhe: Guarda-te que não fales com Jacó, nem bem nem mal.
- Alcançou, pois, Labão a Jacó. E armara Jacó sua tenda naquela montanha; armou também Labão, com seus irmãos, a sua, na montanha de Gileade.
- Então disse Labão a Jacó: Que fizeste, que te furtaste de meu coração? E levaste minhas filhas, como cativas à espada?
- Por que fugiste às escondidas, e te furtaste de mim? E não mo fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria e com cantares, com tamboril e com harpa?
- Nem me permitiste beijar a meus filhos, e a minhas filhas; agora, pois, loucamente fizeste, fazendo assim!
- Poder havia em minha mão para fazer-vos mal. Porém o Deus de vosso pai me falou ontem, dizendo: Guarda-te que não fales com Jacó, nem bem nem mal.
- E agora, já que te querias ir, porquanto tinhas grande desejo à casa de teu pai; por que me furtaste meus deuses?
- Então respondeu Jacó, e disse a Labão: Porque eu temia; que dizia, que porventura me não roubasses tuas filhas.
- Com quem achares os teus deuses, aquele não mais viva; diante de nossos irmãos, reconhece o que houver comigo, e toma-o para ti. (Porque não sabia Jacó que Raquel os furtara).
- Então entrou Labão na tenda de Jacó, e na tenda de Lia, e na tenda de ambas as servas, e não os achou; e saindo da tenda de Lia, entrou na tenda de Raquel.
- Porém tomara Raquel os terafins, e pusera-os na albarda de um camelo, e assentara-se sobre eles; e apalpou Labão toda a tenda, e não os achou.
- E disse a seu pai: Não se acenda a ira aos olhos de meu senhor, que não posso levantar-me diante de tua face, porquanto tenho o costume das mulheres. E deu busca, porém não achou os terafins.
- Então irou-se Jacó, e pelejou com Labão. E respondeu Jacó, e disse a Labão: Que é a minha transgressão? Que é o meu pecado, que tens perseguido após mim?
- Havendo apalpado todo meu fato, que achaste de todo o fato de tua casa? Põe-no aqui diante de meus irmãos, e teus irmãos; e julguem entre nós ambos.
- Estes vinte anos eu estive contigo, e tuas ovelhas e tuas cabras não tiveram móvito; nem carneiros de teu rebanho comi.
- Despedaçado eu não te trouxe, eu o paguei, de minha própria mão o requerias: o furtado de dia, e o furtado de noite.
- Tal fui, que de dia me consumia o calor, e a geada de noite; e meu sono se me fugia dos olhos.
- Estive estes vinte anos em tua casa: catorze anos por ambas tuas filhas te servi, e seis anos por teu rebanho. E mudaste meu salário dez vezes.
- Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão, e o temor de Isaque, não houvera sido comigo, na verdade que agora vazio me terias mandado; mas atentou Deus para minha aflição, e para o trabalho de minhas mãos, e ontem à noite te repreendeu.
- Então respondeu Labão, e disse a Jacó: As filhas são minhas filhas; e os filhos, meus filhos; e o rebanho, meu rebanho; e tudo quanto tu vês, meu é. E a estas minhas filhas, que lhes farei hoje? Ou a seus filhos, que deram à luz?
- Agora, pois, vem, façamos um concerto, eu e tu; que seja por testemunha entre mim e ti.
- Então tomou Jacó uma pedra, e erigiu-a por estátua.
- E disse Jacó a seus irmãos: Ajuntai pedras; e tomaram pedras, e fizeram um montão. E comeram ali, sobre aquele montão.
- E chamou-lhe Labão Jegar-Saaduta; porém Jacó lhe chamou Gileade.
- Então disse Labão: Seja hoje este montão por testemunha entre mim e ti. Por isso, se chamou seu nome Gileade.
- E Mispá, porquanto disse: Atente o Senhor entre mim e ti, quando nos escondermos um do outro.
- Se afligires a minhas filhas, e se tomares mulheres além de minhas filhas, ninguém está conosco: atenta que Deus há de ser testemunha entre mim e ti.
- Disse mais Labão a Jacó: Eis aqui este mesmo montão, e eis aqui esta estátua que erigi entre mim e ti:
- Testemunha seja este mesmo montão, e seja testemunha esta estátua; de que eu não passarei este montão a ti, e que tu não passarás este montão e esta estátua a mim, para mal.
- O Deus de Abraão, e o Deus de Naor, o Deus de seus pais, julgue entre nós. E jurou Jacó pelo temor de seu pai, Isaque.
- E sacrificou Jacó um sacrifício na montanha, e convidou a seus irmãos a comer pão; e comeram pão, e passaram a noite na montanha.
- E levantou-se Labão pela manhã, de madrugada, e beijou a seus filhos, e a suas filhas, e abençoou-os; e partiu-se, e tornou-se Labão a seu lugar.
Capítulo 32
- Foi-se também Jacó seu caminho; e encontraram-no os anjos de Deus.
- E disse Jacó, quando os viu: Exército de Deus é este! E chamou o nome daquele lugar Maanaim.
- E enviou Jacó mensageiros diante de sua face a Esaú, seu irmão; à terra de Seir, território de Edom.
- E mandou-lhes, dizendo: Assim direis a meu senhor, a Esaú: Assim diz teu servo Jacó: Com Labão morei como peregrino, e me detive lá até agora.
- E tenho bois, e asnos, ovelhas, e servos, e servas; e enviei para anunciá-lo a meu senhor, para que ache graça aos teus olhos.
- E tornaram os mensageiros a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão, a Esaú, e também ele vem a encontrar-te, e quatrocentos varões junto com ele.
- Então temeu Jacó muito, e angustiou-se; e repartiu o povo que estava com ele, e as ovelhas, e as vacas, e os camelos, em dois exércitos.
- Porque dizia: Se vier Esaú a um exército, e o ferir; o outro exército escapará.
- Disse mais Jacó: Ó Deus de meu pai Abraão, e Deus de meu pai Isaque! Ó Senhor, que me disseste: Torna-te à tua terra, e à tua parentela, e far-te-ei bem:
- Menor sou eu que todas as benevolências e que toda a fidelidade que fizeste a teu servo; porque só com meu cajado passei este Jordão, e agora estou eu sobre dois exércitos.
- Livra-me, pois, da mão de meu irmão, da mão de Esaú; porque eu o temo, de modo que, porventura, não venha e me fira a mãe com os filhos.
- Tu mesmo disseste: Certamente te farei bem. E farei a tua semente como a areia do mar, que não se pode contar, tamanha a multidão.
- E passou ali aquela noite; e tomou, do que lhe veio à mão, um presente para Esaú, seu irmão:
- Duzentas cabras, e vinte bodes; duzentas ovelhas, e vinte carneiros;
- Trinta camelas de leite, com seus filhos; quarenta vacas, e dez novilhas, vinte asnas, e dez burrinhos.
- E deu-os na mão de seus servos, cada rebanho por si. E disse a seus servos: Passai diante de minha face, e ponde espaço entre rebanho e rebanho.
- E mandou ao primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar, e te perguntar, dizendo: De quem tu és? E para onde vais? E de quem são estas coisas diante de tua face?
- Então dirás: Este é um presente de teu servo, de Jacó, que envia a meu senhor, a Esaú. E eis que ele mesmo vem atrás de nós outros.
- E mandou também ao segundo, também ao terceiro, e também a todos os que iam atrás dos rebanhos, dizendo: Conforme a esta mesma palavra, falareis a Esaú, quando vós o achardes.
- E também direis: Eis que teu servo Jacó vem atrás de nós. Porque dizia: Apaziguarei sua face com este presente que vai diante de minha face, e depois verei sua face; porventura aceitará minha face.
- Assim passou o presente diante de sua face; porém ele passou aquela noite no arraial.
- E levantou-se naquela mesma noite, e tomou suas duas mulheres, e suas duas servas, e seus onze filhos; e passou o vau de Jaboque.
- E tomou-os, e fê-los passar o rio; e fez passar o que tinha.
- Porém Jacó permaneceu só; e lutou com ele um varão até que subia a alva.
- E vendo que não podia com ele, tocou a juntura de sua coxa; de maneira que a juntura da coxa de Jacó se torceu, lutando com ele.
- E disse: Deixa-me ir, porque já subiu a alva. Porém ele disse: Não deixar-te-ei ir, se não me abençoares.
- E disse-lhe: Como é o teu nome? E ele disse: Jacó.
- Então disse: Não se chamará mais teu nome Jacó, mas sim Israel.
- E perguntou Jacó, e disse: Ora, dá-me a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas por meu nome!? E abençoou-o ali.
- E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel. Porque dizia: Vi a Deus face a face, e minha alma foi livrada.
- E saiu-lhe o sol, passando ele por Peniel; e ele coxeava de sua coxa.
- Por isso não comem os filhos de Israel o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje: porquanto tocara a juntura da coxa de Jacó, no nervo encolhido.
Capítulo 33
- E levantou Jacó seus olhos, e olhou, e eis que vinha Esaú, e com ele quatrocentos homens; e repartiu os filhos entre Lia, e Raquel, e as duas servas.
- E pôs as servas e a seus filhos à frente. E a Lia e a seus filhos atrás; porém a Raquel e a José mais atrás ainda.
- E ele passou adiante deles; e inclinou-se à terra sete vezes, até que chegou a seu irmão.
- Então lhe correu Esaú ao encontro, e abraçou-o, e caiu-lhe sobre o pescoço, e beijou-o; e choraram.
- Depois levantou seus olhos, e viu as mulheres, e os meninos, e disse: Que te são estes?
- Então chegaram as servas, elas e seus filhos, e inclinaram-se.
- E chegou também Lia com seus filhos, e inclinaram-se; e depois chegou José e Raquel, e inclinaram-se.
- E disse Esaú: Que te é todo este exército, que tenho encontrado? E disse ele: Para achar graça aos olhos de meu senhor.
- Porém Esaú disse: Eu tenho o bastante! Irmão meu, seja para ti o que tens.
- Então disse Jacó: Ora, não! Se agora tenho achado graça aos teus olhos, toma meu presente de minha mão. Porquanto tenho visto tua face como se houvesse visto a face de Deus; e tiveste contentamento em mim.
- Toma já minha bênção que te foi trazida, porquanto Deus ma deu graciosamente, e porquanto eu tenho tudo. E tanto a ele instou, que o tomou.
- E disse: Caminhemos, e andemos. E eu partirei diante de ti.
- Porém ele lhe disse: Meu senhor sabe que os filhos são tenros, e que tenho comigo ovelhas e vacas de leite. Se só um dia as fatigarem, todo o rebanho morrerá.
- Passe já o meu senhor diante da face de teu servo; e eu me irei como por guia, pouco a pouco, ao passo da fazenda que vai adiante de minha face, e ao passo dos filhos, até que venha até meu senhor a Seir.
- E disse Esaú: Deixarei então contigo da gente que está comigo. E ele disse: Para que isso? Ache eu graça aos olhos de meu senhor.
- Assim se tornou Esaú aquele dia por seu caminho a Seir.
- Porém Jacó partiu-se para Sucote, e edificou para si uma casa; e fez cabanas para seu gado – por isso chamou o nome daquele lugar Sucote.
- E veio Jacó a salvo à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, vindo de Padã-Arã; e fez seu assento diante da cidade.
- E comprou uma parte do campo, em que sua tenda estendera, da mão dos filhos de Hemor, pai de Siquém; por cem peças de moeda.
- .
Capítulo 34
- E saiu Diná, a filha de Lia, que dera à luz a Jacó; para ver as filhas da terra.
- E viu-a Siquém, filho de Hemor, heveu, príncipe daquela terra; e tomou-a, e deitou-se com ela, e forçou-a.
- E apegou-se sua alma com Diná, filha de Jacó; e amou à moça, e falou brandamente à moça.
- Falou também Siquém a Hemor, seu pai, dizendo: Toma-me a esta moça por mulher.
- Quando Jacó ouviu que contaminara à sua filha, Diná, estavam seus filhos com o gado, no campo; e calou-se Jacó, até que viessem.
- E saiu Hemor, pai de Siquém, a Jacó; para falar com ele.
- E vieram os filhos de Jacó do campo, e ouvindo-o, entristeceram-se os varões, e assanharam-se muito; porquanto fizera doidice em Israel, deitando-se com a filha de Jacó, o que não se devia fazer assim.
- Então falou Hemor com eles, dizendo: A alma de Siquém, meu filho, está enamorada de vossa filha. Ora, dai-lha por mulher.
- E consograi-vos conosco: dai-nos vossas filhas, e nossas filhas tomai para vós.
- E habitai conosco. E a terra estará diante de vossa face; e habitai, e negociai nela, e tomai possessão nela.
- E disse Siquém ao pai dela, e aos irmãos dela: Ache eu graça aos vossos olhos. E o que me disserdes, darei.
- Aumentai sobre mim muito o dote e a dádiva, e darei como me disserdes: dai-me somente a moça por mulher.
- Então responderam os filhos de Jacó a Siquém, e a Hemor, seu pai, enganosamente, e falaram (porquanto havia contaminado a Diná, sua irmã);
- E disseram-lhes: Não podemos fazer tal coisa, isto é, que demos nossa irmã a um varão que tem prepúcio. Porque isto seria vergonha para nós.
- Porém com esta condição, consentiremos a vós: Se fordes tal como nós, que se circuncide todo macho entre vós.
- Então vos daremos nossas filhas, e tomaremos para nós as vossas filhas; e habitaremos convosco, e seremos um só povo.
- Porém se nos não ouvirdes, para vos circuncidar; tomaremos nossa filha, e nos iremos.
- E foram boas suas palavras aos olhos de Hemor; e também aos olhos de Siquém, filho de Hemor.
- E não tardou o rapaz em fazer isto, porquanto a filha de Jacó lhe contentava; e ele era o mais honrado de toda a casa de seu pai.
- Vieram, pois, Hemor e Siquém, seu filho, à porta de sua cidade; e falaram aos homens de sua cidade, dizendo:
- Estes varões são pacíficos para conosco; portanto, morarão nesta terra, e negociarão nela; e a terra, eis que é larga de espaço diante de sua face. Suas filhas tomaremos por mulheres, e nossas filhas lhes daremos.
- Porém com esta condição a nós, consentirão os varões de habitar conosco, para que sejamos um só povo: se entre nós se circuncidar todo macho, como eles são circuncidados.
- Porventura seu gado, e sua possessão, e todos seus animais, não serão nossos? Consintamos somente a eles, e habitarão conosco.
- E deram ouvidos a Hemor, e a Siquém, seu filho, todos os que saíam da porta de sua cidade; e foram circuncidados – isto é, todo macho – todos quantos saíam pela porta de sua cidade.
- E aconteceu que, ao terceiro dia, quando estavam com a maior dor, tomaram os dois filhos de Jacó – Simeão e Levi, irmãos de Diná – cada um sua espada, e entraram afoitamente na cidade. E mataram a todo macho.
- Mataram também a fio de espada a Hemor, e a seu filho, Siquém; e tomaram a Diná da casa de Siquém, e saíram-se.
- Vieram os filhos de Jacó aos traspassados, e saquearam a cidade; porquanto contaminaram a sua irmã.
- Suas ovelhas, e suas vacas, e seus asnos; e o que havia na cidade, e o que havia no campo, tomaram.
- E toda sua fazenda, e todos seus meninos e suas mulheres, levaram presos, e despojaram-nos; e a tudo quanto havia na casa.
- Então disse Jacó a Simeão e a Levi: . Sendo eu pouco povo em número, se contra mim se ajuntarem, ferir-me-ão; e ficarei destruído, eu e minha casa.
- E eles disseram: Trataria ele, pois, a nossa irmã como a uma rameira?
Capítulo 35
- Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel, e habita ali. E faze ali um altar ao Deus que te apareceu, quando tu fugias de diante da face de Esaú, teu irmão.
- Então disse Jacó à sua família, e a todos os que estavam com ele: Tirai fora aos deuses estranhos que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai vossas vestes.
- E levantemo-nos, e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia de minha angústia, e foi comigo no caminho em que tenho andado.
- Então deram a Jacó todos os deuses estranhos que havia em suas mãos, e as arrecadas que estavam em suas orelhas; e escondeu-os Jacó debaixo do carvalho que está junto a Siquém.
- E partiram-se; e houve terror de Deus sobre as cidades que havia ao redor deles, e não seguiram após os filhos de Jacó.
- Assim chegou Jacó a Lus, que está na terra de Canaã (esta é Betel): ele, e todo o povo que havia com ele.
- E edificou ali um altar, e chamou aquele lugar El-Betel; porquanto Deus ali se lhe havia manifestado, quando fugia de diante da face de seu irmão.
- E morreu Débora, a ama de Rebeca, e foi sepultada para baixo de Betel, debaixo do carvalho; cujo nome chamou Alom-Bacute.
- E apareceu Deus outra vez a Jacó, vindo ele de Padã-Arã; e abençoou-o.
- E disse-lhe Deus: Teu nome é Jacó. Não se chamará mais teu nome Jacó, mas Israel será teu nome; e chamou seu nome Israel.
- Disse-lhe Deus mais: Eu sou o Deus todo-poderoso; frutifica, e multiplica-te; uma nação, e multidão de nações, de ti sairá. E reis de teus lombos sairão.
- E a terra que dei a Abraão e a Isaque, a ti a darei; e à tua semente depois de ti hei de dar esta terra.
- E subiu Deus, indo-se dele; desde o lugar onde falara com ele.
- E erigiu Jacó uma estátua no lugar onde com ele falara, uma estátua de pedra; e derramou sobre ela libação, e deitou sobre ela azeite.
- E chamou Jacó o nome do lugar, onde Deus com ele falara, Betel.
- E partiram-se de Betel; e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata. E deu à luz Raquel, e teve trabalho em seu parto.
- E aconteceu que, tendo ela trabalho em seu parto, disse-lhe a parteira: Não temas, que também este filho terás.
- E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma – porque morreu –, chamou seu nome Benoni; porém seu pai lhe chamou Benjamim.
- Assim morreu Raquel; e foi sepultada no caminho de Efrata (esta é Belém).
- E erigiu Jacó uma estátua sobre sua sepultura: esta é a estátua da sepultura de Raquel, até o dia de hoje.
- Então se partiu Israel; e estendeu sua tenda dalém de Migdal-Éder.
- E aconteceu que, habitando Israel naquela terra, foi-se Rúben, e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e ouviu-o Israel. E foram os filhos de Jacó doze.
- Os filhos de Lia: o primogênito de Jacó, Rúben; depois Simeão, e Levi, e Judá, e Issacar, e Zebulom.
- Os filhos de Raquel: José e Benjamim.
- E os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali.
- E os filhos de Zilpa, serva de Lia: Gade e Aser. Estes são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã.
- E veio Jacó a Isaque, seu pai, a Manre, a Quiriate-Arba – esta é Hebrom –, lá onde peregrinaram Abraão e Isaque.
- E foram os dias de Isaque cento e oitenta anos.
- E expirou Isaque, e morreu, e foi congregado a seus povos, velho e farto de dias; e sepultaram-no Esaú e Jacó, seus filhos.
Capítulo 36
- Estas são as gerações de Esaú, o qual é Edom.
- Esaú tomou suas mulheres dentre as filhas de Canaã: a Ada, filha de Elom, heteu, e a Oolibama, filha de Aná, filha de Zibeão, heveu.
- E a Basemate, filha de Ismael, irmã de Nebaiote.
- E deu à luz Ada a Esaú, Elifaz; e Basemate deu à luz a Reuel.
- E Oolibama deu à luz a Jeús, e a Jalão, e a Corá: estes são os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã.
- E tomara Esaú suas mulheres, e seus filhos, e suas filhas, e todas as almas de sua casa, e seu gado, e todos seus animais, e toda sua fazenda, que havia adquirido na terra de Canaã; e fora-se a outra terra, de diante da face de Jacó, seu irmão.
- Porquanto a fazenda deles era muita, para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia suportar, por causa de seus gados.
- Pelo que Esaú habitou na montanha de Seir. Esaú é Edom.
- Estas são, pois, as gerações de Esaú, pai dos edomeus, na montanha de Seir.
- Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú.
- E os filhos de Elifaz foram Temã, Omar, Zefô, e Gaetã, e Quenaz.
- E foi Timna concubina de Elifaz, filho de Esaú, e deu à luz a Elifaz, Amaleque: estes são os filhos de Ada, mulher de Esaú.
- E estes foram os filhos de Reuel: Naate e Zerá, Samá e Mizá; estes são os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
- E estes foram os filhos de Oolibama, filha de Aná, filha de Zibeão, mulher de Esaú: e deu à luz a Esaú a Jeús, e a Jalão, e a Corá.
- Estes são os príncipes dos filhos de Esaú: os filhos de Elifaz, primogênito de Esaú, foram o príncipe Temã, o príncipe Omar, o príncipe Zefô, o príncipe Quenaz;
- O príncipe Corá, o príncipe Gaetã, o príncipe Amaleque: estes são os príncipes de Elifaz, na terra de Edom; estes são os filhos de Ada.
- E estes são os filhos de Reuel, filho de Esaú: o príncipe Naate, o príncipe Zerá, o príncipe Samá, o príncipe Mizá. Estes são os príncipes de Reuel, na terra de Edom; estes são os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
- E estes são os filhos de Oolibama, mulher de Esaú: o príncipe Jeús, o príncipe Jalão, o príncipe Corá. Estes são os príncipes de Oolibama, filha de Aná, mulher de Esaú.
- Estes são os filhos de Esaú, e estes seus príncipes; o qual é Edom.
- Estes são os filhos de Seir, horeu, moradores daquela terra: Lotã, e Sobal, e Zibeão, e Aná,
- E Disom, e Eser e Disã. Estes são os príncipes dos horeus, filhos de Seir, na terra de Edom.
- E os filhos de Lotã foram Hori e Homã; e a irmã de Lotã foi Timna.
- E estes foram os filhos de Sobal: Alvã, e Manaate, e Ebal; Sefô, e Onã.
- E estes foram os filhos de Zibeão: Aiá, e Aná. Este é o Aná que achou os mulos no deserto, quando apascentava os asnos de Zibeão, seu pai.
- E estes foram os filhos de Aná: Disom, e Oolibama foi filha de Aná.
- E estes foram os filhos de Disom: Hendã, e Esbã, e Itrã, e Querã.
- Estes foram os filhos de Eser: Bilã, e Zaavã, e Acã.
- Estes foram os filhos de Disã: Uz, e Arã.
- Estes são os príncipes dos horeus: o príncipe Lotã, o príncipe Sobal, o príncipe Zibeão, o príncipe Aná,
- O príncipe Disom, o príncipe Eser, o príncipe Disã. Estes são os príncipes dos horeus, segundo seus príncipes, na terra de Seir.
- E estes foram os reis que reinaram na terra de Edom; antes que rei algum reinasse sobre os filhos de Israel:
- Reinou, pois, em Edom, Belá, filho de Beor; e foi o nome de sua cidade, Dinabá.
- E morreu Belá; e reinou em seu lugar Jobabe, filho de Zerá, de Bozra.
- E morreu Jobabe; e reinou em seu lugar Husão, da terra dos temanitas.
- E morreu Husão; e reinou em seu lugar Hadade, filho de Bedade, o que feriu a Midiã no campo de Moabe; e foi o nome de sua cidade, Avite.
- E morreu Hadade; e reinou em seu lugar Samlá, de Masreca.
- E morreu Samlá; e reinou em seu lugar Saul, de Reobote ao rio.
- E morreu Saul; e reinou em seu lugar Baal-Hanã, filho de Acbor.
- E morreu Baal-Hanã, filho de Acbor; e reinou em seu lugar Hadar; e foi o nome de sua cidade Paú. E o nome de sua mulher era Meetabeel, filha de Matrede, a filha de Me-Zaabe.
- E estes são os nomes dos príncipes de Esaú, segundo suas famílias, segundo seus lugares, com seus nomes: o príncipe Timna, o príncipe Alva, o príncipe Jetete;
- O príncipe Oolibama, o príncipe Elá, o príncipe Pinom;
- O príncipe Quenaz, o príncipe Temã, o príncipe Mibzar;
- O príncipe Magdiel, o príncipe Irã. Estes são os príncipes de Edom, segundo suas habitações, na terra de sua possessão; este é Esaú, pai de Edom.
Capítulo 37
- E habitou Jacó na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.
- Estas são as gerações de Jacó: sendo José de dezessete anos de idade, apascentava as ovelhas com seus irmãos; e estava este rapaz com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai. E trazia José a má fama deles a seu pai.
- E Israel amava a José mais que a todos seus filhos, porquanto era o filho de sua velhice; e fez-lhe uma roupeta de várias cores.
- Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais que a todos seus irmãos, aborreceram-no; e não podiam falar-lhe pacificamente.
- Sonhou também José um sonho, que contou a seus irmãos; pelo o que ainda mais o aborreciam.
- E disse-lhes: Ora, ouvi vós este sonho que tenho sonhado.
- E eis que estávamos nós atando feixes no meio do campo, e eis que meu feixe se levantava, e também ficava em pé; e eis que vossos feixes o rodeavam, e se inclinavam a meu feixe.
- Então lhe disseram seus irmãos: Porventura totalmente reinarás tu sobre nós? Porventura totalmente te farás senhor sobre nós? Assim ainda mais o aborreceram, por seus sonhos e por suas palavras.
- E sonhou ainda outro sonho, e contou-o a seus irmãos. E disse: Eis que sonhei ainda um sonho; e eis que o Sol, e a Lua, e onze estrelas, se inclinavam a mim.
- E contando-o a seu pai, e a seus irmãos, seu pai o repreendeu, e lhe disse: Que sonho é este que sonhaste? Porventura, certamente viremos eu, e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos a ti em terra?
- E invejavam-no seus irmãos; porém seu pai guardava este negócio.
- E foram-se seus irmãos, a apascentar as ovelhas de seu pai em Siquém.
- Disse, pois, Israel a José: Não apascentam teus irmãos em Siquém? Vai, e enviar-te-ei a eles. E ele lhe disse: Eis-me aqui.
- E disse-lhe ele: Vai já, vê como estão teus irmãos, e como estão as ovelhas; e traze-me a resposta. E o enviou desde o vale de Hebrom, e foi ele até Siquém.
- E achou-o um varão (porque eis que andava desgarrado pelo campo). E perguntou-lhe o varão, dizendo: Que buscas?
- E ele disse: Busco eu a meus irmãos. Rogo-te que me mostres onde é que eles apascentam.
- E disse aquele varão: Já eles se têm ido daqui, porque lhes ouvi dizer: Vamos a Dotã. Foi-se, pois, José após seus irmãos, e achou-os em Dotã.
- E viram-no de longe; e antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele para o matarem.
- E disseram um ao outro:
- Vinde pois agora, e matemo-lo, e o lancemos numa destas covas; e diremos: Uma má besta o comeu. E veremos que serão seus sonhos…
- E ouvindo-o Rúben, livrou-o de suas mãos. E disse: Não lhe tiremos a vida.
- Disse-lhes também Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova que aqui está no deserto, e não lanceis nele as mãos. E isso para livrá-lo de suas mãos, e para trazê-lo a seu pai.
- E aconteceu que, chegando José a seus irmãos; tiraram a José sua roupeta, a roupeta de várias cores que trazia.
- E tomaram-no, e lançaram-no na cova. Estava, porém, a cova vazia: não havia nela água.
- Depois se assentaram a comer pão; e levantaram seus olhos, e olharam, e eis uma tropa de passageiros ismaelitas, que vinha de Gileade. E seus camelos traziam especiarias, e bálsamo, e mirra; e iam a levá-lo ao Egito.
- Então disse Judá a seus irmãos: Que proveito haverá que matemos a nosso irmão, e escondamos seu sangue?
- Vinde, e o vendamos aos ismaelitas, e nossa própria mão não seja sobre ele; porque ele é nosso irmão, e nossa carne. E seus irmãos obedeceram.
- Passando, pois, os varões midianitas, mercadores, tiraram e fizeram subir a José da cova, e venderam a José por vinte moedas de prata aos ismaelitas; os quais levaram José ao Egito.
- E tornou Rúben à cova, e eis que José não estava na cova; então rasgou suas vestes.
- E tornou a seus irmãos, e disse: O moço não aparece! E eu, aonde eu irei?
- Então tomaram a roupeta de José; e mataram um cabrito dentre as cabras, e tingiram a roupeta no sangue.
- E enviaram a roupeta de várias cores, e fizeram levá-la a seu pai, e disseram: Esta temos achado. Reconhece agora se esta é a roupeta de teu filho, ou não.
- E reconheceu-a, e disse: A roupeta de meu filho é; alguma má besta o comeu! Certamente está despedaçado José!
- Então rasgou Jacó suas vestes, e pôs saco sobre seus lombos; e enlutou-se por seu filho muitos dias.
- E levantaram-se todos seus filhos, e todas suas filhas, para o consolarem; porém ele rejeitou ser consolado, e disse: Porquanto hei de descer enlutado a meu filho até a sepultura. Assim o chorou seu pai.
- E os midianitas o venderam no Egito: venderam-no a Potifar, eunuco do Faraó, capitão dos da guarda.
Capítulo 38
- E aconteceu no mesmo tempo que Judá desceu desde seus irmãos, e foi-se a um varão de Adulão cujo nome era Hira.
- E viu ali Judá a filha de um varão cananeu cujo nome era Sua; e tomou-a, e entrou a ela.
- E esta concebeu, e deu à luz um filho; e chamou seu nome Er.
- E concebeu outra vez, e deu à luz um filho; e chamou seu nome Onã.
- E continuou ainda, e deu à luz mais um filho, e chamou seu nome Selá; e ele estava em Quezibe quando ela o deu à luz.
- E tomou Judá mulher para Er, seu primogênito; e era seu nome Tamar.
- Porém Er, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor; pelo que o matou o Senhor.
- Então disse Judá a Onã: Entra à mulher de teu irmão, e recebe-a em nome de teu irmão. Desperta semente a teu irmão.
- Porém sabendo Onã que esta semente não seria para ele; sucedia que, quando entrava à mulher de seu irmão, corrompia-a na terra, por não dar semente a seu irmão.
- E era mau aos olhos do Senhor o que fazia; pelo que também o matou.
- Então disse Judá a Tamar, sua nora: Fica-te viúva na casa de teu pai, até que Selá, meu filho, seja grande; porquanto disse: Para que, porventura, não morra também ele como seus irmãos. Assim foi-se Tamar, e permaneceu na casa de seu pai.
- Passando-se, pois, muitos dias, morreu a filha de Sua, mulher de Judá. Depois se consolou Judá, e subiu aos tosquiadores de suas ovelhas, ele e Hira, seu amigo, o adulamita, a Timna.
- E foi dado aviso a Tamar, dizendo: Eis que teu sogro sobe a Timna, a tosquiar suas ovelhas.
- Então tirou ela de sobre si os vestidos de sua viuvez, e cobriu-se com um véu, e rebuçou-se, e assentou-se à entrada das duas fontes que estão no caminho a Timna; porquanto via que Selá já era grande, e ela não era dada a ele por mulher.
- E vendo-a Judá, teve-a por rameira; porquanto cobrira seu rosto.
- E apartou-se a ela ao caminho, e disse: Vem já, deixa-me entrar a ti (porquanto não sabia que ela era sua nora). E ela disse: Que me darás, para que entres a mim?
- E ele disse: Mandar-te-ei um cabrito das cabras do rebanho. E ela disse: Darás um penhor, até que o mandes.
- Então disse ele: Que penhor é que te darei? E ela disse: Teu selo, e teu lenço, e teu cajado que está em tua mão. E ele lhe deu-o, e entrou a ela; e ela concebeu dele.
- E levantou-se, e foi-se, e tirou de sobre si seu véu; e vestiu os vestidos de sua viuvez.
- E mandou Judá o cabrito das cabras, pela mão de seu amigo, o adulamita, para tomar o penhor da mão da mulher; porém não a achou.
- E perguntou aos varões daquele lugar, dizendo: Onde está a rameira que estava junto às duas fontes no caminho? E disseram: Não esteve aqui rameira alguma.
- E tornou-se a Judá, e disse: Não a achei. E também os varões daquele lugar disseram: Não esteve aqui rameira.
- Então disse Judá: Tome-o para si, para que porventura não venhamos em desprezo. Eis que mandei este cabrito; porém tu não a achaste.
- E aconteceu que, cerca de três meses depois deram aviso a Judá, dizendo: Tamar, tua nora, fornicou; e eis que também esta grávida da fornicação. Então disse Judá: Tirai-a fora, para que seja queimada.
- Sendo, pois, ela tirada para fora, enviou ela a seu sogro, dizendo: Do varão de quem são estas coisas, estou grávida. Disse mais: Reconhece agora de quem são este selo, e este lenço, e este cajado.
- E reconheceu-os Judá, e disse: Mais justa é que eu, porquanto a Selá, meu filho, não a dei. E nunca mais a conheceu.
- E aconteceu que, ao tempo de dar à luz; eis que havia gêmeos em seu ventre.
- E aconteceu que, dando ela à luz, um deu a mão. E tomou-a a parteira, e atou em sua mão um fio de grã, dizendo: Este saiu primeiro.
- Porém aconteceu que, recolhendo ele a sua mão, eis que saiu seu irmão, e ela disse: Como tens rompido? Sobre ti é a rotura. E chamaram seu nome Perez.
- E depois saiu seu irmão, em cuja mão estava o fio de grã. E chamaram seu nome Zerá.
Capítulo 39
- Foi, pois, José levado ao Egito; e comprou-o Potifar, eunuco do Faraó, capitão dos da guarda, varão egípcio, da mão dos ismaelitas que o haviam levado para lá.
- E era o Senhor com José, e era varão prosperado; e estava na casa de seu senhor, o egípcio.
- Vendo, pois, seu senhor que o Senhor era com ele; e que tudo o que ele fazia, o Senhor prosperava em sua mão.
- Achou José graça aos seus olhos, e serviu-o; e o pôs sobre sua casa, e tudo quanto tinha entregou em sua mão.
- E aconteceu que, desde que o pusera sobre sua casa e sobre tudo quanto tinha, abençoou o Senhor a casa do egípcio, por amor de José; e foi a bênção do Senhor sobre tudo quanto tinha, tanto na casa como no campo.
- E deixou tudo quanto tinha na mão de José, e de nada sabia com ele, para além do pão que comia; e era José de formosa forma, e formoso de vista.
- E aconteceu depois destas coisas que a mulher de seu senhor pôs seus olhos em José. E disse: Deita-te comigo.
- Porém ele o recusou, e disse à mulher de seu senhor: Eis que meu senhor não sabe, comigo, o que há na casa. E tudo quanto tem, entregou em minha mão.
- Ninguém há maior nesta casa que eu, e coisa alguma me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher. Como, pois, faria eu este tamanho mal, e pecaria contra Deus?
- E aconteceu que, falando ela a José a cada dia; e não lhe dando ele ouvidos, para se deitar junto a ela, e estar com ela.
- Sim, aconteceu certo dia que veio ele à casa, fazer seu serviço; e não havia ninguém dos varões da casa ali, em casa.
- E pegou-lhe ela por sua veste, dizendo: Deita-te comigo! E ele deixou sua veste em sua mão, e fugiu; e saiu-se para fora.
- E aconteceu que, vendo ela que deixara sua veste em sua mão; e fugira para fora;
- Chamou aos varões da sua casa, e falou-lhes, dizendo: Vede, trouxe-nos ao varão hebreu para escarnecer de nós! Veio a mim, para se deitar comigo! E gritei em alta voz.
- E aconteceu que, ouvindo ele que eu levantava minha voz e gritava; deixou sua veste junto a mim, e fugiu, e saiu-se para fora.
- E ela pôs a veste dele junto de si, até que seu senhor vinha à sua casa.
- E falou-lhe conforme àquelas palavras, dizendo: Veio a mim o servo hebreu, que nos trouxeste, para escarnecer de mim!
- E aconteceu que, levantando eu minha voz e gritando; deixou ele sua veste junto a mim, e fugiu para fora.
- E aconteceu que, ouvindo seu senhor as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Conforme a estas palavras, me fez teu servo; sua ira se acendeu.
- E tomou-o o senhor de José, e o entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam presos. Assim, esteve ali na casa do cárcere.
- Porém era o Senhor com José, e usou com ele de benignidade; e deu-lhe graça aos olhos do maioral da casa do cárcere.
- E o maioral da casa do cárcere entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere; e tudo quanto ali faziam, ele o dirigia.
- O maioral da casa do cárcere não atentava para nenhuma coisa que houvesse na mão dele, porquanto o Senhor era com ele; e o que ele fazia, o Senhor o prosperava.
Capítulo 40
- E aconteceu depois destas coisas que pecaram o copeiro do rei do Egito e o padeiro contra seu senhor, contra o rei do Egito.
- E indignou-se o Faraó muito contra seus dois eunucos: contra o maioral dos copeiros, e contra o maioral dos padeiros.
- E pô-los em guarda na casa do capitão dos da guarda, na casa do cárcere; no mesmo lugar onde José estava preso.
- E o capitão dos da guarda deu o encargo deles a José, para que os servisse; e estiveram muitos dias na prisão.
- E sonharam ambos um sonho, cada um seu próprio sonho, numa mesma noite, cada um conforme à interpretação de seu sonho; o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que estavam presos na casa do cárcere.
- E veio a eles José pela manhã; e atentou para eles, e eis que estavam perturbados.
- E perguntou aos eunucos do Faraó, os quais estavam com ele na prisão da casa de seu senhor, dizendo: Por que vossos rostos estão tristes hoje?
- E eles lhe disseram: Um sonho sonhamos, e ninguém há que o interprete. E José lhes disse: Não são de Deus as interpretações? Contai-mo já!
- Então contou o maioral dos copeiros seu sonho a José. E disse-lhe: Em meu sonho, eis que uma videira havia diante de minha face.
- E na videira estavam três vides; e estava como que brotando, saía sua flor, seus cachos amadureciam em uvas.
- E o copo do Faraó estava em minha mão; e eu tomava as uvas, e as espremia no copo do Faraó, e dava o copo na mão do Faraó.
- Então lhe disse José: Esta é sua interpretação: as três vides são três dias.
- E dentro de ainda três dias, alçará o Faraó tua cabeça, e te restaurará em teu anterior estado; e darás o copo do Faraó em sua mão, conforme o primeiro costume, quando eras seu copeiro.
- Porém lembra-te de mim contigo quando estiveres bem, rogo-te que faças para comigo benignidade: que faças menção de mim ao Faraó, e faze-me sair desta casa.
- , e tampouco aqui nada tenho feito para que me pusessem nesta cova!
- Vendo então o maioral dos padeiros que havia bem interpretado, disse a José: Também eu sonhava em meu sonho, e eis três cestos brancos sobre minha cabeça.
- E no mais alto cesto havia de todo manjar do Faraó, da obra de padeiro; e as aves o comiam do cesto de sobre minha cabeça.
- Então respondeu José, e disse: Esta é sua declaração: Os três cestos são três dias.
- . E as aves comerão tua carne de sobre ti.
- E aconteceu, ao terceiro dia, dia do nascimento do Faraó, que fez um banquete a todos seus servos; e alçou a cabeça do maioral dos copeiros, e a cabeça do maioral dos padeiros, no meio de seus servos.
- E fez tornar ao maioral dos copeiros a seu ofício de copeiro; e ele deu o copo na mão do Faraó.
- Mas o maioral dos padeiros enforcou, como José lhes declarara.
- Porém o maioral dos copeiros não se lembrou de José; antes, esqueceu-se dele.
Capítulo 41
- E aconteceu que, ao fim de dois inteiros anos; sonhou o Faraó, e eis que estava em pé junto ao rio.
- E eis que do rio subiam sete vacas, formosas de vista e gordas de carne; e pastavam na erva do prado.
- E eis que outras sete vacas subiam após elas desde o rio, feias de vista e magras de carne; e paravam-se junto às outras vacas, à praia do rio.
- E as vacas feias de vista e magras de carne comiam as sete vacas formosas de vista e gordas; então acordou o Faraó.
- Depois dormiu, e sonhou outra vez; e eis que sete espigas subiam de um colmo, graúdas e boas.
- E eis que sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental, brotavam após elas.
- E as espigas miúdas devoravam as sete espigas graúdas e cheias; então acordou o Faraó, e eis que era sonho.
- E aconteceu que, pela manhã, seu espírito se perturbou, e mandou chamar a todos os magos do Egito, e a todos seus sábios; e contou-lhes o Faraó seus sonhos, mas ninguém havia que os interpretasse ao Faraó.
- Então falou o maioral dos copeiros ao Faraó, dizendo: De meus pecados eu me lembro hoje.
- Estava o Faraó muito indignado contra seus servos; e pôs-me em guarda na casa do capitão dos da guarda, a mim e ao maioral dos padeiros.
- Então sonhamos um sonho, numa mesma noite, eu e ele: cada um conforme a interpretação de seu sonho, sonhamos.
- E estava ali conosco um rapaz hebreu, servo do capitão dos da guarda, e contamos-lhos, e interpretou-nos nossos sonhos; a cada um interpretou, conforme a seu sonho.
- E aconteceu que, tal como ele nos declarou, assim mesmo sucedeu: a mim me restituiu em meu estado, e a ele enforcou.
- Então enviou Faraó, e chamou a José, e apressadamente o tiraram da cova; e tosquiaram-no, e mudaram suas vestes, e foi ao Faraó.
- E disse Faraó a José: Um sonho sonhei, e ninguém há que o interprete. Mas acerca de ti ouvi dizer que, quando ouves um sonho, o interpretas.
- E respondeu José ao Faraó, dizendo: Sem mim faz-se isso. Deus responderá paz ao Faraó.
- Então disse Faraó a José: Eis que em meu sonho estava em pé, à praia do rio.
- E eis que do rio subiam sete vacas, gordas de carne e formosas de vista; e pastavam na erva do prado.
- E eis que outras sete vacas subiam após elas, magras, e mui feias de vista, e fracas de carne; não vi outras como estas, no tocante à fealdade, em toda a terra do Egito.
- E as vacas fracas e feias comiam as primeiras sete vacas gordas.
- E entravam em suas entranhas; mas não parecia que houvessem entrado em suas entranhas, porquanto sua aparência era tão feia como antes. Então acordei.
- Depois vi em meu sonho; e eis que sete espigas subiam de um colmo, cheias e boas.
- E eis que sete espigas secas, miúdas, e queimadas do vento oriental, brotavam após elas.
- E as espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. E eu o disse-o aos magos, mas ninguém houve que para mim os interpretasse.
- Então disse José ao Faraó: O sonho do Faraó é um mesmo. O que Deus há de fazer, notificou ao Faraó.
- As sete vacas boas, sete anos são, e as sete espigas boas, sete anos são: o sonho é um mesmo.
- E as sete vacas fracas e feias, que subiam após elas, sete anos são; e as sete espigas fracas, queimadas do vento oriental, serão sete anos de fome.
- Esta é a palavra que tenho falado ao Faraó: o que Deus há de fazer, mostrou ao Faraó.
- Eis que sete anos vêm, e estará grande fartura em toda a terra do Egito.
- Porém levantar-se-ão sete anos de fome após eles, e será esquecida toda a fartura na terra do Egito; e a fome consumirá a terra.
- E não se conhecerá fartura na terra, por causa daquela fome que depois haverá; porquanto será gravíssima.
- E que o sonho foi segundado ao Faraó, isto é, fez-se duas vezes; é porquanto o negócio de certo está determinado por Deus, e Deus se apressa a fazê-lo.
- Portanto, agora se proveja o Faraó de um varão entendido e sábio; e o ponha sobre a terra do Egito.
- Faça o Faraó, e ponha governadores sobre a terra; e tome a quinta parte da terra do Egito, nos sete anos de fartura.
- E ajuntem todo o mantimento destes bons anos que vêm; e amontoem o trigo sob a mão do Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem.
- Assim será este mantimento para provimento da terra, para os sete anos da fome que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça pela fome.
- E foi boa esta palavra aos olhos do Faraó, e aos olhos de todos seus servos.
- Assim que disse o Faraó a seus servos: Acharíamos um varão como este, em quem haja o Espírito de Deus?
- Depois disse o Faraó a José: Posto que Deus te fez saber tudo isto; ninguém há tão entendido e sábio como tu!
- ; somente no trono serei maior do que tu.
- Disse mais o Faraó a José: Eis que tenho te posto sobre toda a terra do Egito.
- E tirou o Faraó seu anel de sua mão, e pô-lo na mão de José; e o fez vestir de vestes de linho fino, e pôs-lhe um colar de ouro ao pescoço.
- E o fez subir sobre a segunda carruagem que tinha, e clamavam diante de sua face: Ajoelhai! Assim o pôs sobre toda a terra do Egito.
- E disse o Faraó a José: Eu sou o Faraó. Porém sem ti ninguém levantará sua mão ou seu pé, em toda a terra do Egito.
- E chamou o Faraó o nome de José “Zafanate-Paneia”; e deu-lhe por mulher a Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. E saiu José por toda a terra do Egito.
- E era José de trinta anos de idade quando esteve ante a face do Faraó, rei do Egito; e saiu José de diante da face do Faraó, e passou por toda a terra do Egito.
- E produziu a terra nos sete anos da fartura: a punhados.
- E ajuntou todo o mantimento dos sete anos que houve na terra do Egito, e guardou o mantimento nas cidades: o mantimento do campo de cada cidade, que estava ao redor dela, pôs no meio dela.
- Assim amontoou José muitíssimo trigo, como a areia do mar; até que se cessou de contar, porquanto não havia número.
- E nasceram a José dois filhos, antes que viesse ano algum de fome; os quais deu-lhe à luz Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
- E chamou José o nome do primogênito Manassés; porquanto, disse ele, “Deus me fez esquecer de todo meu trabalho, e de toda a casa de meu pai”.
- E o nome do segundo chamou Efraim; porquanto, disse ele, “Deus me fez crescer na terra de minha aflição”.
- Então se acabaram os sete anos da fartura, que houvera na terra do Egito.
- E começaram a vir os sete anos da fome, como José tinha dito; e houve fome em todas as terras, porém em toda a terra do Egito havia pão.
- E tendo fome toda a terra do Egito, clamou o povo ao Faraó por pão. E disse o Faraó a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser, fazei.
- Havendo, pois, fome em toda a terra, abriu José tudo aquilo em que havia mantimento, e vendeu aos egípcios; porquanto a fome havia crescido na terra do Egito.
- E todas as terras vinham ao Egito, para comprar de José; porquanto a fome cresceu em toda a terra.
Capítulo 42
- Vendo então Jacó que havia alimentos no Egito; disse Jacó a seus filhos: Por que estais olhando uns para os outros?
- Disse mais: Eis que tenho ouvido que alimentos, há no Egito. Descei até lá, e comprai-nos de lá, para que vivamos, e não morramos.
- Então desceram os dez irmãos de José, a comprar trigo do Egito.
- Porém a Benjamim, irmão de José, não mandou Jacó com seus irmãos. Porque dizia: Para que, porventura, não lhe aconteça algum desastre.
- Assim vieram os filhos de Israel a comprar, entre os que iam para lá; porquanto havia fome na terra de Canaã.
- E era então José o regente daquela terra: ele vendia a todo o povo da terra. E vieram os irmãos de José, e inclinaram-se a ele com a face em terra.
- Vendo, pois, José a seus irmãos, reconheceu-os. Porém se mostrou estranho para com eles, e falou com eles asperamente, e disse-lhes: Donde vindes? E disseram: Da terra de Canaã, a comprar mantimento.
- Reconheceu, pois, José a seus irmãos; porém eles o não conheceram.
- Então se lembrou José dos sonhos que tinha sonhado acerca deles. E disse-lhes: Espias sois vós outros: para olhar o descoberto da terra, viestes!
- E lhe disseram: Não, senhor meu. Porém teus servos vieram a comprar mantimento.
- Todos nós somos filhos de um mesmo varão; somos homens de bem, nunca teus servos foram espias.
- E disse-lhes: Não! Antes, viestes a olhar o descoberto da terra.
- E disseram: Nós, teus servos, éramos doze irmãos, filhos de um mesmo varão, na terra de Canaã. E eis que o menor está com nosso pai hoje; porém um já não está mais.
- Então lhes disse José: Isso é o que vos tenho dito, dizendo: Espias sois vós outros.
- Nisto sereis provados: Vive o Faraó se sairdes daqui, senão quando vosso irmão menor vier aqui.
- Enviai a um dentre vós, o qual tome a vosso irmão; porém vós outros sereis presos, e serão provadas as vossas palavras, se há verdade em vós. E senão, vive o Faraó, que espias sois vós outros.
- E pô-los juntos em guarda por três dias.
- E disse-lhes José ao terceiro dia: Isto fazei, e vivereis. A Deus eu temo.
- Se homens de bem sois vós, fique um de vossos irmãos preso na casa de vossa guarda; e ide vós outros, levai os alimentos para a fome de vossa casa.
- E trazei-me a vosso irmão menor, e serão verificadas vossas palavras, e não morrereis; e fizeram assim.
- Então disseram uns aos outros: Na verdade, somos nós culpados acerca de nosso irmão; pois vimos a angústia de sua alma, quando nos pedia misericórdia, e não ouvimos. Por isso, vem sobre nós esta angústia.
- E Rúben lhes respondeu, dizendo: Não vo-lo disse eu, quando dizia: Não pequeis contra o moço? E não ouvistes. E eis que também seu sangue é requerido.
- E eles não sabiam que José os entendia, porquanto havia intérprete entre eles.
- E retirou-se deles, e chorou. Depois tornou a eles, e falou-lhes; e tomou dentre eles a Simeão, e amarrou-o perante seus olhos.
- E mandou José que enchessem seus sacos de trigo, e lhes restituíssem seu dinheiro, a cada um em seu saco, e lhes dessem provisão para o caminho; e fez-se-lhes assim.
- E carregaram seu trigo sobre seus asnos, e partiram-se dali.
- E abriu um deles seu saco, para dar pasto a seu asno, na venda; e viu seu dinheiro, porque eis que estava na boca de seu saco.
- E disse a seus irmãos: Tornou-se meu dinheiro, e eis que também está em meu saco. Então desfaleceu seu coração, e espantaram-se, uns aos outros dizendo: Que é isto que Deus nos tem feito?
- E vieram a Jacó, seu pai, à terra de Canaã; e fizeram-lhe saber tudo o que lhes sucedera, dizendo:
- O varão, senhor da terra, falou conosco asperamente; e tratou-nos como espias da terra.
- Porém lhe dissemos: Somos homens de bem. Nunca fomos espias.
- Éramos doze irmãos, filhos de nosso pai: um já não está mais, e o menor está hoje com nosso pai, na terra de Canaã.
- E disse-nos o varão, senhor da terra: Nisto conhecerei que sois homens de bem: a um de vossos irmãos deixai comigo, e para a fome de vossas casas tomai, e parti-vos.
- E trazei-me a vosso irmão menor; assim saberei que vós não sois espias, porém vós sois homens de bem. Então a vosso irmão vos darei, e na terra negociareis.
- E aconteceu que, esvaziando eles seus sacos, eis que cada um tinha o amarrado de seu dinheiro em seu saco; e viram os amarrados de seu dinheiro, eles e seu pai, e temeram.
- Então lhes disse Jacó, seu pai: Desfilhado me tendes! José já não está mais, nem Simeão está mais, e a Benjamim tomareis; sobre mim vêm todas estas coisas!
- Então falou Rúben a seu pai, dizendo: A dois de meus filhos mata, se eu não to trazer a ti! Dá-o em minha mão, e to tornarei a trazer a ti.
- Porém ele disse: Não descerá meu filho convosco. Porque seu irmão é morto, e só ele restou; se lhe sucedesse algum desastre no caminho que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sepultura.
Capítulo 43
- E a fome era gravíssima na terra.
- E aconteceu que, assim que acabaram de comer o alimento que trouxeram do Egito; disse-lhes seu pai: Tornai, comprai-nos um pouco de mantimento.
- Mas Judá lhe respondeu, dizendo: Em grande maneira nos protestou aquele varão, dizendo: Não vereis minha face, se vosso irmão não vier convosco!
- Se tu enviares a nosso irmão conosco, desceremos e te compraremos mantimento.
- Porém se o não enviares, não desceremos. Porquanto o varão nos disse: Não vereis minha face, se vosso irmão não vier convosco.
- E disse Israel: Por que tal mal me fizestes, notificando ao varão que tínheis ainda outro irmão?
- E disseram: Diligentemente nos perguntou o varão por nós, e por nossa parentela, dizendo: Vive ainda vosso pai? Tendes algum irmão? E conforme às mesmas palavras, lho notificamos. Podíamos nós saber que ele diria justamente “trazei a vosso irmão”?
- Então disse Judá a Israel, seu pai: Envia comigo ao moço, e levantar-nos-emos, e iremos. Para que vivamos, e não morramos, nem nós, nem tu, nem nossos meninos.
- Eu serei fiador por ele: de minha própria mão o requererás. Se eu não o trouxer a ti, e o não puser perante tua face, serei pecante contra ti todos os dias.
- E se não nos houvéssemos detido, na verdade já teríamos tornado duas vezes.
- Então lhes disse Israel, seu pai: Visto que que assim é, fazei isto: tomai do mais precioso da terra em vossos vasos, e levai ao varão um presente: um pouco de bálsamo e um pouco de mel, especiarias e mirra, nozes terebintinas e amêndoas.
- E o dinheiro em dobro, tomai em vossas mãos. E o dinheiro que estava tornado nas bocas de vossos sacos, tornai a levar em vossas mãos: bem pode ser que foi um erro.
- Também a vosso irmão tomai; e levantai-vos, tornai ao varão.
- E o Deus todo-poderoso vos dê misericórdia diante do varão, para que deixe ir convosco a vosso outro irmão, e a Benjamim; e eu, como desfilhado, ficarei desfilhado.
- E tomaram os varões aquele presente, e o dinheiro em dobro tomaram em suas mãos, e também a Benjamim; e levantaram-se, e desceram ao Egito, e apresentaram-se diante de José.
- Vendo pois José com eles a Benjamim, disse ao que estava sobre a sua casa: Leva a estes varões à casa. E degola animais de degolar, e prepara; porque estes varões comigo comerão ao meio-dia.
- E fez o varão como dissera José; e levou o varão aos varões à casa de José.
- Então temeram os varões, porquanto foram levados à casa de José, e diziam: Pelo dinheiro que foi antes tornado em nossos sacos, somos levados aqui. Para revolver-se sobre nós, e para dar sobre nós, e para nos tomar a nós por servos, e a nossos asnos.
- Portanto chegaram-se ao varão que estava sobre a casa de José, e falaram a ele à porta da casa.
- E disseram: Ai, senhor meu! Certamente descemos já antes a comprar mantimento.
- Aconteceu pois que, vindo nós à venda, e abrindo nossos sacos, eis que o dinheiro de cada varão estava na boca de seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas mãos.
- Também outro dinheiro trouxemos em nossas mãos, para comprar mantimento: não sabemos quem terá posto nosso dinheiro em nossos sacos.
- E disse ele: Paz seja para vós outros; não temais: vosso Deus, e o Deus de vosso pai, vos deu um tesouro em vossos sacos; vosso dinheiro veio a mim. E trouxe-lhes fora a Simeão.
- Depois levou o varão aos varões à casa de José; e deu-lhes água, e lavaram seus pés, e deu pasto a seus asnos.
- E prepararam o presente, até que viesse José ao meio-dia; porquanto tinham ouvido que ali haviam de comer pão.
- Vindo pois José à casa, trouxeram-lhe à casa o presente que estava em suas mãos; e inclinaram-se a ele em terra.
- E ele lhes perguntou como estavam, e disse: Está bem vosso pai, o velho, de quem dissestes? Vive ele ainda?
- E eles disseram: Bem está teu servo, nosso pai; ele ainda vive. E encurvaram-se, e inclinaram-se.
- E levantou ele seus olhos, e viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e disse: É este vosso irmão, o menor, de quem me dissestes? E disse: Deus te dê sua graça, filho meu.
- E apressou-se José, porquanto acendiam-se suas entranhas para com seu irmão, e buscou lugar para chorar; e entrou na câmara, e chorou ali.
- Depois lavou seu rosto, e saiu. E fortaleceu-se, e disse: Ponde pão.
- E puseram-lhe a ele, à parte, e a eles, à parte; e aos egípcios que comiam com ele, à parte, porque não podem os egípcios comer pão com os hebreus, porquanto isso é abominação para os egípcios.
- E assentaram-se diante de sua face o primogênito, segundo sua primogenitura, e o menor, segundo sua idade de menor; do que os varões maravilhavam-se consigo mesmos.
- E apresentou-lhes as porções que estavam diante dele; porém a porção de Benjamim foi multiplicada cinco vezes mais do que as porções de todos eles. .
Capítulo 44
- E mandou ao que estava sobre sua casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos dos varões, tanto quanto puderem levar. E põe o dinheiro de cada um na boca de seu saco.
- E meu copo, o copo de prata, porás na boca do saco do menor, e também o dinheiro de seu trigo. E fez conforme à palavra de José, que tinha falado.
- Vinda a luz da manhã, foram despedidos os varões, eles com seus asnos.
- Saindo eles da cidade, e não se havendo afastado, disse José ao que estava sobre sua casa: Levanta-te, e persegue aos varões. E alcançando-os, dir-lhes-ás: Por que pagastes mal no lugar do bem?
- Mal fizestes no que fizestes.
- E alcançou-os, e falou-lhes as mesmas palavras.
- E eles lhe disseram: Por que fala meu senhor tais palavras? Seja fora de teus servos que façam tal coisa!
- Eis que o dinheiro que achamos na boca de nossos sacos, tornamos a trazer-te, desde a terra de Canaã. Como, pois, furtaríamos da casa de teu senhor prata ou ouro?
- Aquele com quem de teus servos for achado, morra! E ainda nós seremos servos de meu senhor.
- E ele disse: Ora, seja também assim, conforme a vossas palavras. Aquele com quem se achar, esse será meu servo; porém vós sereis desculpados.
- E eles se apressaram, e cada um derribou seu saco à terra; e cada um abriu seu saco.
- E buscou, começando do maior e acabando no menor; e achou-se o copo no saco de Benjamim.
- Então rasgaram suas vestes; e carregou cada um seu asno, e tornaram à cidade.
- E veio Judá com seus irmãos à casa de José, porque ele ainda estava ali; e prostraram-se ante sua face em terra.
- E disse-lhes José: Que obra é esta que fizestes? Não sabeis que tal homem como eu bem atentaria?
- Então disse Judá: Que diremos a meu senhor? Que falaremos? E com que nos justificaremos? Deus achou a injustiça de teus servos; eis que somos servos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achado o copo.
- Porém ele disse: Seja fora de mim que eu faça tal coisa! O varão em cuja mão foi achado o copo, aquele será meu servo; e vós outros, subi em paz a vosso pai.
- Então se chegou Judá a ele, e disse: Ai, senhor meu! Deixa agora falar teu servo uma palavra aos ouvidos de meu senhor, e não se acenda tua ira contra teu servo; pois tu és como o Faraó.
- Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes pai, ou irmão?
- E dissemos a meu senhor: Temos um pai velho, e um moço de sua velhice, que é o menor. Cujo irmão é morto, e ele só restou de sua mãe; e seu pai o ama.
- Então disseste a teus servos: Trazei-mo a mim. E porei meu olho sobre ele.
- E a meu senhor dissemos: Não poderá o rapaz deixar a seu pai. Se deixar a seu pai, morrerá.
- Então disseste a teus servos: Se vosso irmão, o menor, não descer convosco; nunca mais vereis minha face.
- E aconteceu que, subindo nós a teu servo, meu pai; e contando-lhe as palavras de meu senhor;
- Nosso pai disse: Tornai, comprai-nos um pouco de mantimento.
- Então dissemos: Não poderemos descer. Se nosso irmão, o menor, for conosco, desceremos; pois não poderemos ver a face do varão, se nosso irmão, o menor, não estiver conosco.
- Então teu servo, meu pai, nos disse: Vós outros sabeis que foram dois os que me deu à luz minha mulher.
- E saiu-se um de mim, e eu disse: Na verdade, certamente foi despedaçado. E não o tenho visto até agora.
- Se tomardes também a este de diante de minha face, e lhe acontecer algum desastre; então fareis descer com dor minhas cãs à sepultura.
- Agora, pois, se vier eu a teu servo, meu pai, e o rapaz não estiver conosco – pois sua alma está atada com a alma dele –,
- Será que, vendo ele que o rapaz não está, morrerá; e farão descer teus servos as cãs de teu servo, nosso pai, com tristeza à sepultura.
- Porque teu servo ficou fiador pelo rapaz, para com meu pai, dizendo: Se eu não torná-lo a trazer a ti, serei pecante contra meu pai todos os dias.
- Agora, pois, fique já teu servo no lugar do rapaz, por servo de meu senhor; e o rapaz suba com seus irmãos.
- Porque como subiria a meu pai, se o rapaz não for comigo? Para que eu não veja a dor que sobrevirá a meu pai.
Capítulo 45
- Então já não se podia mais conter José, diante de todos os que estavam em pé com ele; e clamou: Fazei sair de mim a todo varão! E ninguém ficou com ele quando José se deu a conhecer a seus irmãos.
- E levantou sua voz com choro; de maneira que os egípcios o ouviram, e a casa do Faraó o ouviu.
- E disse José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porquanto estavam turbados diante de sua face.
- E disse José a seus irmãos: Chegai-vos já a mim; e chegaram-se. Então disse ele: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes ao Egito.
- Porém agora não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos de me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida me mandou Deus diante de vossa face.
- Porque já houve dois anos de fome no meio da terra; e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega.
- Pelo que Deus me enviou diante de vossa face, para vos fazer restar na terra; e para vos guardar em vida, por um grande livramento.
- Assim que, agora, não foram vós que me enviastes para cá, mas sim Deus; e me pôs por pai do Faraó, e por senhor de toda sua casa, e regente em toda a terra do Egito.
- Apressai-vos, e subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim diz teu filho José: Deus me pôs por senhor de todo Egito. Desce a mim, e não te detenhas.
- E habitarás na terra de Gósen, e estarás perto de mim, tu e teus filhos, e os filhos de teus filhos; e tuas ovelhas, e tuas vacas, e tudo o que tens.
- E ali te sustentarei, porquanto ainda restam cinco anos de fome; para que não pereças de pobreza tu, nem tua casa, nem tudo o que tens.
- E eis que vossos olhos vêem, e os olhos de meu irmão Benjamim: que minha própria boca fala a vós outros.
- E anunciai a meu pai toda minha glória no Egito, e tudo quanto tendes visto; e apressai-vos, e fazei descer a meu pai para cá.
- E lançou-se ao pescoço de Benjamim, seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou a seu pescoço.
- E beijou a todos seus irmãos, e chorou sobre eles; e depois falaram seus irmãos com ele.
- E a fama ouviu-se na casa do Faraó, dizendo: Vieram os irmãos de José! E foi aceito aos olhos do Faraó, e aos olhos de seus servos.
- E disse o Faraó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai vossas cavalgaduras, e ide, e tornai à terra de Canaã.
- E tomai a vosso pai, e a vossas famílias, e vinde a mim; e vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis a gordura da terra.
- A ti, pois, te é mandado: Fazei isto: tomai-vos da terra do Egito carruagens para vossos meninos, e para vossas mulheres, e trazei a vosso pai, e vinde.
- E vosso olho não poupe a vossas alfaias, porquanto o melhor de toda a terra do Egito será vosso.
- E os filhos de Israel fizeram assim, e deu-lhes José carruagens, conforme ao mandado do Faraó; deu-lhes também comida para o caminho.
- A todos lhes deu, a cada um, mudas de vestimentas; mas a Benjamim deu trezentas moedas de prata, e cinco mudas de vestimentas.
- E a seu pai mandou, semelhantemente, dez asnos carregados do melhor do Egito; e dez asnas carregadas de trigo, e pão, e vitualha a seu pai para o caminho.
- E despediu a seus irmãos, e partiram-se. E disse-lhes: Não contendais pelo caminho.
- E subiram do Egito; e vieram à terra de Canaã, a Jacó, seu pai.
- Então lhe anunciaram, dizendo: Ainda vive José; e ele é até regente em toda terra do Egito! E desfaleceu seu coração, porquanto não os cria.
- Porém falando-lhe eles todas as palavras de José, que lhes falara, e vendo ele as carruagens que enviara José para o levar; reviveu o espírito de Jacó, seu pai.
- E disse Israel: Basta! Ainda José, meu filho, vive! Irei e o verei, antes que eu morra.
Capítulo 46
- E partiu-se Israel com tudo quanto tinha, e veio a Berseba; e sacrificou sacrifícios ao Deus de seu pai, Isaque.
- E falou Deus a Israel em visões de noite, e disse: Jacó! Jacó! E ele disse: Eis-me aqui.
- E disse: Eu sou o Deus, o Deus de teu pai. Não temas descer ao Egito, porque ali te farei uma grande nação.
- Eu descerei contigo ao Egito, e eu também te farei tornar, certamente; e José porá sua mão sobre teus olhos.
- Então se levantou Jacó de Berseba; e levaram os filhos de Israel a Jacó, seu pai, e a seus filhos, e a suas mulheres, nas carruagens que Faraó mandara para o levar.
- E tomaram seu gado e sua fazenda, que tinham adquirido na terra de Canaã, e vieram ao Egito: Jacó, e toda sua semente com ele;
- Seus filhos, e os filhos de seus filhos com ele; suas filhas, e as filhas de seus filhos, e toda sua semente, trouxe consigo ao Egito.
- E estes são os nomes dos filhos de Israel, que vieram ao Egito: Jacó, e seus filhos. O primogênito de Jacó: Rúben.
- E os filhos de Rúben: Enoque, e Palu, e Hezrom, e Carmi.
- E os filhos de Simeão: Jemuel, e Jamim, e Oade, e Jaquim, e Zoar; e Saul, o filho da cananeia.
- E os filhos de Levi: Gérson, Coate e Merarí.
- E os filhos de Judá: Er, e Onã, e Selá, e Perez, e Zerá; porém Er e Onã morreram na terra de Canaã; e foram os filhos de Perez, Esrom e Hamul.
- E os filhos de Issacar: Tolá, e Puá, e Jó, e Sinrom.
- E os filhos de Zebulom: Serede, e Elom, e Jaleel.
- Estes são os filhos de Lia, que deu à luz a Jacó em Padã-Arã, com Diná, sua filha: todas as almas de seus filhos, e de suas filhas, foram trinta e três.
- E os filhos de Gade: Zifiom e Hagi, Suni e Esbom; Eri, e Arodi, e Areli.
- E os filhos de Aser: Imná, e Isvá, e Isvi, e Berias, e Será, sua irmã; e os filhos de Berias: Héber, e Malquiel.
- Estes são os filhos de Zilpa, a que dera Labão à sua filha, Lia; e deu à luz a Jacó estas dezesseis almas.
- Os filhos de Raquel, mulher de Jacó, foram José e Benjamim.
- E nasceram a José, na terra do Egito, Manassés e Efraim, que lhe deu à luz Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
- E os filhos de Benjamim: Belá e Bequer, e Asbel, Gera e Naamã, Eí e Rôs; Mupim, e Hupim, e Arde.
- Estes são os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó: por todos, catorze almas.
- E os filhos de Dã: Husim.
- E os filhos de Naftali: Jazeel, e Guni, e Jezer, e Silém.
- Estes são os filhos de Bila, a que dera Labão a Raquel, sua filha; e deu à luz a estes a Jacó, por todos, sete almas.
- Todas as almas que vieram ao Egito com Jacó, que saíram de sua coxa – exceto as mulheres dos filhos de Jacó –, todas almas foram sessenta e seis.
- E os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que vieram ao Egito, foram setenta.
- E mandou a Judá diante de sua face a José, para mostrar o caminho diante de sua face para Gósen; e chegaram à terra de Gósen.
- Então José preparou sua carruagem, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, até Gósen; e sendo visto por ele, se lhe lançou ao pescoço, e chorou sobre seu pescoço muito.
- E disse Israel a José: Morra eu agora! Depois que tenho visto teu rosto, que ainda vives!
- E disse José a seus irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei, e anunciarei ao Faraó. E lhe direi: Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram até mim.
- E os varões são pastores de ovelhas, porquanto homens de gado são; e trouxeram suas ovelhas, e suas vacas, e tudo quanto têm.
- Quando, pois, acontecer que Faraó vos chamar, e disser: Que é o vosso negócio?
- Então direis: Homens de gado foram teus servos, desde nossa mocidade até agora, tanto nós como nossos pais. Para que possais habitar na terra de Gósen – porquanto todo pastor de ovelhas é abominação aos egípcios.
Capítulo 47
- Então veio José, e anunciou ao Faraó, e disse: Meu pai e meus irmãos, e suas ovelhas e suas vacas, com tudo quanto têm, vieram desde a terra de Canaã. E eis que estão na terra de Gósen.
- E tomou uma parte de seus irmãos, isto é, cinco varões; e os pôs na presença do Faraó.
- Então disse o Faraó a seus irmãos: Que é o vosso negócio? E disseram ao Faraó: Pastores de ovelhas são teus servos, tanto nós como nossos pais.
- Disseram mais ao Faraó: Para peregrinar na terra viemos, porque não há pasto para as ovelhas de teus servos; porquanto a fome é grave na terra de Canaã. Agora, pois, rogamos-te que habitem teus servos na terra de Gósen.
- Então falou o Faraó a José, dizendo: Teu pai e teus irmãos vieram a ti.
- A terra do Egito está diante de tua face: no melhor da terra faze habitar a teu pai, e a teus irmãos. Habitem na terra de Gósen; e se sabes que entre eles haja homens valentes, põe-nos por maiorais do gado, sobre o que tenho.
- E trouxe José a Jacó, seu pai, e o pôs ante a face do Faraó; e abençoou Jacó ao Faraó.
- E disse o Faraó a Jacó: Quantos são os dias dos anos de tua vida?
- E disse Jacó ao Faraó: Os dias dos anos de minhas peregrinações são cento e trinta anos. Poucos e maus foram os dias dos anos de minha vida, e não chegarão aos dias dos anos da vida de meus pais, nos dias de suas peregrinações.
- E abençoou Jacó ao Faraó, e foi-se de diante do Faraó.
- E fez habitar José a seu pai e a seus irmãos, e deu-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés; tal como Faraó mandara.
- E sustentava José a seu pai, e a seus irmãos, e a toda a casa de seu pai; de pão, até à boca dos meninos.
- E não havia pão em toda a terra, porquanto a fome era gravíssima; de maneira que a terra do Egito e a terra de Canaã desfaleciam por causa da fome.
- Então recolheu José todo o dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo que eles compravam; e trouxe José o dinheiro à casa do Faraó.
- Acabando-se, pois, o dinheiro da terra do Egito, e da terra de Canaã, vieram todos os egípcios a José, dizendo: Dá-nos pão! Por que razão morreremos em tua presença? Porquanto o dinheiro nos falta.
- E disse José: Dai vossos gados, e vos darei por vossos gados; se o dinheiro vos falta.
- Então trouxeram seus gados a José, e deu-lhes José pão por cavalos, e pelo gado das ovelhas, e pelo gado das vacas, e por asnos; e sustentou-os de pão por todo seu gado aquele ano.
- E acabado aquele ano, vieram a ele no segundo ano, e disseram-lhe: Não encobriremos a meu senhor que o dinheiro se nos acabou, e o gado dos animais têm meu senhor. Não restou diante da face de meu senhor nada, senão nosso corpo, e nossa terra.
- Por que morreremos ante teus olhos, tanto nós como nossa terra? Compra a nós mesmos, e também a nossa terra, por pão. E nós mesmos e nossa terra seremos servos do Faraó; e dá-nos semente, para que vivamos, e não morramos, e a terra se não assole.
- Assim comprou José toda a terra do Egito para o Faraó, porque os egípcios venderam cada um seu campo, porquanto a fome prevaleceu sobre eles; e ficou a terra do Faraó.
- E quanto ao povo, fê-lo passar às cidades: desde uma extremidade do termo do Egito, até sua outra extremidade.
- Somente a terra dos sacerdotes não comprou. Porquanto os sacerdotes tinham porção do Faraó, e comeram sua porção, que o Faraó lhes tinha dado; por isso, não venderam sua terra.
- Então disse José ao povo: Eis que hoje vos comprei a vós, e a vossa terra, para o Faraó. Eis aí que tendes semente, para que semeeis a terra.
- Será, porém, que das colheitas dareis o quinto ao Faraó; e as quatro partes serão para vós, para semente do campo, e para vosso mantimento, e dos que estão em vossa casa, e para que comam vossos meninos.
- E disseram: A vida nos tens dado. Achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos do Faraó.
- E pôs isto José por estatuto, até o dia de hoje, sobre a terra do Egito: que o Faraó tivesse o quinto – exceto que só a terra dos sacerdotes não ficou do Faraó.
- Assim habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen; e tomaram possessão nela, e frutificaram-se, e multiplicaram-se muito.
- E viveu Jacó na terra do Egito dezessete anos; assim que os dias de Jacó, os anos de sua vida, foram cento e quarenta e sete anos.
- Chegando-se, pois, os dias de Israel para morrer, chamou a José, seu filho, e disse-lhe: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, põe, peço-te, tua mão debaixo de minha coxa, e usa comigo de benevolência e verdade: rogo-te que me não enterres no Egito.
- Porém que eu deite com meus pais; portanto, me levarás do Egito, e me enterrarás na sepultura deles. E ele disse: Eu farei conforme à tua palavra.
- E disse ele: Jura-me; e jurou-lhe. E Israel inclinou-se à cabeceira da cama.
Capítulo 48
- Aconteceu pois que, depois destas coisas, disseram a José: Eis que teu pai está enfermo. Então tomou consigo a seus dois filhos, a Manassés e a Efraim.
- E anunciaram a Jacó, e disseram: Eis que José, teu filho, vem a ti. E esforçou-se Israel, e assentou-se sobre a cama.
- Depois disse Jacó a José: O Deus todo-poderoso me apareceu em Lus, na terra de Canaã. E me abençoou.
- E me disse: Eis que eu te farei frutificar, e te farei multiplicar, e te farei uma multidão de povos. E darei esta terra à tua semente depois de ti, em possessão perpétua.
- Agora, pois, teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egito, antes que eu viesse a ti ao Egito, meus são: Efraim e Manassés serão meus, tal como Rúben e Simeão.
- Porém tua geração, que gerarás depois deles, será tua; segundo o nome de seus irmãos serão chamados em sua herança.
- Vindo eu, pois, desde Padã, me morreu Raquel na terra de Canaã, no caminho, como ainda havia um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata; e a sepultei ali, no caminho de Efrata, que é Belém.
- E viu Israel aos filhos de José. E disse: De quem são estes?
- E disse José a seu pai: São meus filhos, os quais Deus me tem dado aqui. E disse: Ora, achega-os a mim, para que eu os abençoe.
- Porém os olhos de Israel estavam agravados da velhice: já não podia ver. E achegou-os a ele, e beijou-os, e abraçou-os.
- E disse Israel a José: Não cogitava eu ver teu rosto. Porém eis que Deus me fez ver também tua semente.
- Então os tirou José de entre seus joelhos; e inclinou-se, diante da face dele, à terra.
- E tomou-os José a ambos – a Efraim à sua direita, à esquerda de Israel, e a Manassés à sua esquerda, à direita de Israel –, e achegou-os a ele.
- Mas Israel estendeu sua mão direita, e a pôs sobre a cabeça de Efraim, ainda que fosse o menor, e sua esquerda pôs sobre a cabeça de Manassés; dirigindo suas mãos prudentemente, ainda que Manassés fosse o primogênito.
- E abençoou a José, e disse: O Deus em cuja presença andaram meus pais, Abraão e Isaque; o Deus que me sustentou desde que sou, até o dia de hoje;
- O anjo que me livra de todo mal, abençoe a estes rapazes, e seja chamado neles meu nome, e o nome de meus pais, Abraão e Isaque; .
- Vendo então José que seu pai punha sua mão direita sobre a cabeça de Efraim, pareceu-lhe mal; e tomou a mão de seu pai, para a transpor da cabeça de Efraim sobre a cabeça de Manassés.
- E disse José a seu pai: Não assim, pai meu. Porque este é o primogênito, põe tua mão direita sobre sua cabeça.
- Porém seu pai o recusou, e disse: Já sei, filho meu, já sei; também ele será feito um povo, e também ele se engrandecerá. Porém contudo, seu irmão menor se engrandecerá mais que ele, e sua semente será uma plenitude de gentes.
- Assim os abençoou naquele dia, dizendo: Em ti abençoará Israel, dizendo: Ponha-te Deus como a Efraim, e como a Manassés. E pôs a Efraim diante de Manassés.
- Depois disse Israel a José: Eis que eu me vou morrendo. Mas Deus será convosco, e vos fará tornar à terra de vossos pais.
- E eu te dei a ti uma parte da terra sobre teus irmãos, que eu tomei da mão dos amorreus com minha espada e com meu arco.
Capítulo 49
- Depois chamou Jacó a seus filhos. E disse: Congregai-vos, e anunciar-vos-ei o que vos há de acontecer nos derradeiros dias.
- Ajuntai-vos, e ouvi, ó filhos de Jacó; e dai ouvidos a Israel, vosso pai.
- Rúben, tu és meu primogênito, minha força, e o princípio de meu vigor; o mais excelente em alteza, e o mais excelente em potência.
- Corrente como as águas, não serás o mais excelente, porquanto subiste ao leito de teu pai. Então o contaminaste: à minha cama subiu.
- Simeão e Levi são irmãos; instrumentos de violência são suas ações.
- Em seu secreto conselho não entre minha alma, com sua congregação não se una minha glória; .
- Seja maldita sua ira, pois é forte, e seu furor, pois é duro: dividi-los-ei entre Jacó, e dispersá-los-ei entre Israel.
- Tu, ó Judá, louvar-te-ão teus irmãos; tua mão estará sobre o pescoço de teus inimigos. Os filhos de teu pai a ti se inclinarão.
- Leãozinho é Judá; lá da presa subiste, filho meu. Encurva-se, deita-se como leão, e como leão velho: quem o despertará?
- O cetro não se apartará de Judá, nem o legislador de entre seus pés; até que venha Siló, e a ele os povos se congregarão.
- Amarra à videira seu asninho, e à mais excelente cepa o filho de sua asna; lava em vinho sua veste, e em sangue de uvas sua capa.
- Os olhos são vermelhos de vinho, e os dentes são brancos de leite.
- Zebulom junto ao porto dos mares habitará; e ele estará junto ao porto dos navios, e seu termo para Sidom.
- Issacar é asno de fortes ossos, deitado entre duas trancas.
- Vendo ele o descanso que era bom, e a terra que era deleitosa; abaixou seu ombro para acarretar, e serviu em tributo.
- Dã julgará a seu povo, como uma das tribos de Israel.
- Será Dã serpente junto ao caminho, víbora junto à vereda: que morde os calcanhares do cavalo, e cairá o seu cavaleiro para trás.
- Tua salvação espero, ó Senhor!
- Quanto a Gade, uma tropa o acometerá; mas ele a acometerá por derradeiro.
- De Aser, seu pão será gordo; e ele dará delícias reais.
- Naftali é cerva solta, que dá palavras formosas.
- Ramo frutuoso é José, ramo frutuoso junto à fonte; cada um dos ramos corre sobre o muro.
- E lhe deram amargura, e o flecharam; e o aborreceram os flecheiros.
- Porém permaneceu seu arco em tesidão, e fortaleceram-se os braços de suas mãos: com as mãos do Forte de Jacó, donde é o pastor, a pedra de Israel.
- Do Deus de teu pai, o qual te ajudará, e do todo-poderoso, o qual te abençoará, com bênçãos dos céus desde cima, com bênçãos do abismo que jaz embaixo; com bênçãos dos seios, e da madre.
- As bênçãos de teu pai prevalecem sobre as bênçãos de meus progenitores, até os confins dos outeiros eternos: estarão sobre a cabeça de José, e sobre a moleira do separado de seus irmãos.
- Benjamim é lobo que despedaçará, pela manhã comerá a presa; e à tarde, repartirá o despojo.
- Todas estas tribos de Israel são doze. E isto é o que falou-lhes seu pai, e abençoou-as: a cada qual delas abençoou, segundo sua bênção.
- Depois mandou-lhes, e disse-lhes: Eu me congrego a meu povo. Sepultai-me com meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu.
- Na cova que está no campo de Macpela, que está defronte de Manre, na terra de Canaã; a qual Abraão comprou com o campo de Efrom, o heteu, por herança de sepultura.
- Ali sepultaram a Abraão, e a Sara, sua mulher; ali sepultaram a Isaque, e a Rebeca, sua mulher. E ali sepultei a Lia.
- O campo foi comprado, e a cova que está nele, dos filhos de Hete.
- Acabando, pois, Jacó de dar mandamentos a seus filhos, recolheu seus pés na cama; e expirou, e foi congregado a seus povos.
Capítulo 50
- Então José se lançou sobre a face de seu pai; e chorou sobre ele, e beijou-o.
- E mandou José a seus servos, os médicos, que embalsamassem a seu pai; e embalsamaram os médicos a Israel.
- E cumpriram-se-lhe quarenta dias, porquanto assim cumprem os dias dos embalsamados; e choraram-no os egípcios por setenta dias.
- Passados, pois, os dias de seu choro, falou José à casa do Faraó, dizendo: Se agora achei graça aos vossos olhos, falai, vos peço, aos ouvidos do Faraó, dizendo:
- Meu pai me tomou juramento, dizendo: Eis que eu morro; em minha sepultura, que cavei para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, te peço que eu suba, e sepulte a meu pai; e me tornarei.
- E disse o Faraó: Sobe, e sepulta a teu pai, como te tomou a ti juramento.
- E subiu José a sepultar a seu pai; e subiram com ele todos os servos do Faraó, os anciãos de sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito.
- Como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente a seus meninos, e a suas ovelhas, e a suas vacas, deixaram na terra de Gósen.
- E subiram com ele, tanto carruagens como cavaleiros; e houve um gravíssimo exército.
- Chegando eles, pois, à planície do Espinhal, que está dalém do Jordão, fizeram ali pranto, um grande e gravíssimo pranto; e fez luto a seu pai por sete dias.
- E vendo os moradores da terra, os cananeus, o luto na planície do Espinhal, disseram: Luto grande é este dos egípcios. Por isso se chamou seu nome Abel-Mizraim, que está dalém do Jordão.
- E fizeram-lhe seus filhos, assim como ele lhes mandara.
- Pois seus filhos o levaram à terra de Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela; o qual comprara Abraão com o campo, por herança de sepultura, de Efrom, o heteu, defronte de Manre.
- E tornou-se José ao Egito, ele e seus irmãos, e todos quantos tinham subido com ele a sepultar a seu pai; depois que ele tinha sepultado a seu pai.
- E vendo os irmãos de José que seu pai já era morto, disseram: Porventura José nos aborrecerá. E certamente nos pagará todo mal que lhe fizemos.
- Pelo que mandaram falar a José, dizendo: Teu pai mandou-nos, antes de sua morte, dizendo:
- Assim direis a José: Rogo-te que perdoes agora a transgressão de teus irmãos, e seu pecado, que te fizeram mal; perdoa porém agora a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E chorou José quando lhe falavam.
- Depois foram-se também seus irmãos, e prostraram-se diante dele. E disseram: Eis-nos aqui por teus servos.
- E José lhes disse: Não temais. Porque estou eu, porventura, em lugar de Deus?
- Vós outros bem pensastes contra mim o mal; porém Deus o pensou por bem, para fazer como está neste dia, para conservar em vida a muito povo.
- E agora não temais: eu sustentarei a vós e a vossos meninos. Assim os consolou, e lhes falou benignamente.
- E habitou José no Egito: ele e a casa de seu pai. E viveu José cento e dez anos.
- E viu José de Efraim filhos da terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, nasceram sobre os joelhos de José.
- E disse José a seus irmãos: Eu morro. Porém Deus certamente visitará a vós outros, e vos fará subir desta terra, à terra que jurou a Abraão, a Isaque, e a Jacó.
- E tomou José um juramento aos filhos de Israel, dizendo: Certamente vos visitará Deus, e fareis subir daqui meus ossos.
- E morreu José de cento e dez anos de idade; e embalsamaram-no, e puseram-no em uma arca no Egito.