E aconteceu que, depois da morte de Josué, perguntaram os filhos de Israel ao Senhor, dizendo: Quem dentre nós outros subirá primeiro aos cananeus, para contra eles pelejar?
E disse o Senhor: Judá subirá. Eis que lhe dei esta terra em sua mão.
Então disse Judá a Simeão, seu irmão: Sobe comigo em meu quinhão, pelejemos contra os cananeus, e também eu contigo subirei em teu quinhão. Assim partiu Simeão com ele.
E subiu Judá, e o Senhor lhe deu em sua mão aos cananeus e aos ferezeus; e feriram deles em Bezeque a dez mil varões.
E acharam a Adoni-Bezeque em Bezeque, e pelejaram contra ele. E feriram aos cananeus, e aos ferezeus.
Porém Adoni-Bezeque fugiu, e seguiram-no; e prenderam-no, e lhe cortaram os polegares das mãos e dos pés.
Então disse Adoni-Bezeque: Setenta reis, com os polegares das mãos e dos pés cortados, apanhavam migalhas debaixo de minha mesa; como fiz, assim me pagou Deus. E trouxeram-no a Jerusalém, e morreu ali.
Porque os filhos de Judá pelejaram contra Jerusalém, e tomaram-na, e feriram-na a fio de espada; e à cidade puseram a fogo.
E depois os filhos de Judá desceram a pelejar contra os cananeus, que habitavam nas montanhas, e no sul, e nas planuras.
E partira Judá contra os cananeus que habitavam em Hebrom – era porém dantes o nome de Hebrom, Quiriate-Arba –, e feriram a Sesai, e a Aimã, e a Talmai.
E dali partira contra os moradores de Debir – e era dantes o nome de Debir, Quiriate-Sefer.
E disse Calebe: Quem ferir a Quiriate-Sefer e a tomar, lhe darei a minha filha Acsa por mulher.
E tomou-a Otniel, filho de Quenaz, o irmão de Calebe, menor que ele; e Calebe lhe deu a sua filha Acsa por mulher.
E foi que, vindo ela a ele, persuadiu-lhe que pedisse um campo a seu pai; e ela se apeou do asno, saltando. E Calebe lhe disse: Que tens?
E ela lhe disse: Dá-me alguma bênção, pois me deste terra seca; dá-me também borbotões de águas. E Calebe lhe deu os borbotões altos, e os borbotões baixos.
Também os filhos do queneu, sogro de Moisés, subiram da Cidade das Palmas com os filhos de Judá ao deserto de Judá, que está ao sul de Arade; e foram, e habitaram com o povo.
Foi, pois, Judá com Simeão, seu irmão, e feriram aos cananeus que habitavam em Zefate; e consagraram-na à destruição, e chamaram o nome desta cidade, Horma.
Tomou mais Judá a Gaza com seu termo, e a Asquelom com seu termo; e a Ecrom com seu termo.
E foi o Senhor com Judá, e despovoou as montanhas; porém não expeliu aos moradores do vale, porquanto tinham carros de ferro.
E deram Hebrom a Calebe, como Moisés dissera; e dali expeliu aos três filhos de Anaque.
Porém os filhos de Benjamim não expeliram aos jebuseus que habitavam em Jerusalém. Antes, os jebuseus habitaram com os filhos de Benjamim em Jerusalém, até o dia de hoje.
E subiu também a casa de José a Betel, e foi o Senhor com eles.
E fez a casa de José espiar a Betel – e foi dantes o nome desta cidade, Lus –,
E viram os espias a um varão que saía da cidade. E disseram-lhe: Ora, mostra-nos a entrada da cidade, e usaremos contigo de beneficência.
E mostrando-lhes ele a entrada da cidade, feriram a cidade a fio de espada. Porém àquele varão, e a toda sua família, deixaram ir.
Então aquele varão se foi à terra dos heteus. E edificou uma cidade, e chamou seu nome Lus: este é seu nome até o dia de hoje.
Nem Manassés expeliu a Bete-Seã, nem aos lugares de sua jurisdição; nem a Taanaque, com os lugares de sua jurisdição; nem aos moradores de Dór, com os lugares de sua jurisdição; nem aos moradores de Ibleão, com os lugares de sua jurisdição; nem aos moradores de Megidô, com os lugares de sua jurisdição. E quiseram os cananeus habitar na mesma terra.
E foi que, fortalecendo-se Israel, fez aos cananeus tributários; porém não os expeliu de todo.
Tampouco expeliu Efraim aos cananeus que habitavam em Gezer. Antes, os cananeus habitaram em meio dele em Gezer.
Tampouco expeliu Zebulom aos morador de Quitrom, nem aos moradores de Naalol; porém os cananeus habitaram em meio dele, e foram tributários.
Tampouco Aser expeliu aos moradores de Aco, nem aos moradores de Sidom; como nem a Alabe, nem a Aczibe, nem a Helba, nem a Afeca, nem a Reobe.
Porém habitaram os aseritas em meio dos cananeus que habitavam na terra; porquanto os não expeliram.
Tampouco Naftali expeliu aos moradores de Bete-Semes, nem aos moradores de Bete-Anate; mas habitou em meio dos cananeus que na terra habitavam. Foram-lhes porém tributários os moradores de Bete-Semes e Bete-Anate.
E apertaram os amorreus aos filhos de Dã, até às montanhas; porque nem os deixavam descer ao vale.
Também os amorreus quiseram habitar nas montanhas de Heres, em Aialom, e em Saalabim; porém a mão da casa de José se fortaleceu, e ficaram tributários.
E foi o termo dos amorreus desde a subida de Acrabim: desde a penha, e dali para cima.
Capítulo 2
E subiu o anjo do Senhor de Gilgal a Boquim. E disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe à terra que a vossos pais tinha jurado, e dito: Meu concerto convosco, jamais invalidarei.
E quanto a vós outros, concerto com os moradores desta terra não fareis; antes, seus altares derribareis. Mas vós outros não obedecestes à minha voz; por que razão fizestes isto?
Pelo que também eu disse: De diante de vossa face, os não expelirei. Antes, estarão a vossas ilhargas, e seus deuses vos serão por laço.
E foi que, falando o anjo do Senhor estas palavras a todos os filhos de Israel, o povo levantou sua voz, e chorou.
Pelo que chamaram a aquele lugar, Boquim; e sacrificaram ali ao Senhor.
E havendo Josué enviado ao povo, foram-se os filhos de Israel, cada qual à sua herdade, a possuir a terra em herança.
E serviu o povo ao Senhor todos os dias de Josué; e todos os dias dos anciãos, que viveram largo tempo depois de Josué, e viram toda aquela grande obra do Senhor, que fizera a Israel.
Falecendo porém Josué, filho de Num, servo do Senhor, de idade de cento e dez anos;
E sepultando-o no termo de sua herdade, em Timna-Heres, no monte de Efraim; ao norte do monte de Gaás;
E congregada toda aquela geração a seus pais; outra geração após eles se levantou, que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que fizera a Israel.
Então fizeram os filhos de Israel o mal aos olhos do Senhor; e serviram aos baalins.
E deixaram ao Senhor, o Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que em derredor deles havia, e encurvaram-se a eles; e provocaram à ira ao Senhor.
Porquanto deixaram ao Senhor; e serviram a Baal e a Astarote.
Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e deu-os em mão dos roubadores, e os roubaram. E vendeu-os em mão de seus inimigos ao redor, e não puderam mais resistir perante a face de seus inimigos.
Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra eles para mal; como o Senhor tinha dito, e como o Senhor lho tinha jurado. E estavam em muito aperto.
E despertou o Senhor juízes, que os livraram da mão dos que os roubaram.
Porém tampouco ouviram aos juízes; antes, fornicaram após outros deuses, e inclinaram-se diante deles. Depressa se desviaram do caminho em que seus pais andaram, ouvindo os mandamentos do Senhor; o que assim não fizeram.
E quando o Senhor lhes despertou juízes, o Senhor era com o juiz, e livrava-os da mão de seus inimigos, todos os dias daquele juiz. Porquanto o Senhor se arrependia, pelo seu gemido, por causa dos que os apertavam e oprimiam.
Porém ocorria que, falecendo o juiz, tornavam e se corrompiam mais que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os, e encurvando-se a eles: nada deixavam cair de suas obras, nem de seu duro caminho.
Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel. E disse: Porquanto este povo traspassou meu concerto, que tinha mandado a seus pais, e não deram ouvidos à minha voz;
Tampouco desapossarei mais a ninguém diante deles, das gentes que Josué deixou ao morrer;
Para por elas provar a Israel: se hão de guardar o caminho do Senhor, para por ele andarem, como seus pais o guardaram, ou não.
Assim deixou o Senhor ficar aquelas gentes, e não as desterrou logo; nem as entregou na mão de Josué.
Capítulo 3
Estas, pois, são as gentes que o Senhor deixou ficar, para por elas a Israel provar, isto é, a todos os que não sabiam de todas as guerras de Canaã;
Tão somente para que as gerações dos filhos de Israel delas soubessem – para lhes ensinar a guerra –, pelo menos os que dantes delas não sabiam:
Cinco príncipes dos filisteus, e todos os cananeus, e sidônios, e heveus, que habitavam nas montanhas do Líbano; desde o monte de Baal-Hermom, até a entrada de Hamate.
Estes, pois, ficaram, para por eles provar a Israel: para saber se dariam ouvidos aos mandamentos do Senhor, que tinha mandado a seus pais, pelo ministério de Moisés.
Habitando, pois, os filhos de Israel em meio dos cananeus; dos heteus, e amorreus, e ferezeus, e heveus, e jebuseus;
Tomaram de suas filhas para si por mulheres, e deram suas filhas a seus filhos; e serviram a seus deuses.
E fizeram os filhos de Israel o mal aos olhos do Senhor, e esqueceram-se do Senhor, seu Deus; e serviram aos baalins, e aos ídolos dos bosques.
Então se acendeu a ira do Senhor contra Israel, e vendeu-os em mão de Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia; e serviram os filhos de Israel a Cusã-Risataim por oito anos.
E clamaram os filhos de Israel ao Senhor, e o Senhor despertou aos filhos de Israel um libertador, e os libertou: a Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, menor que ele.
E o Espírito do Senhor foi sobre ele, e julgou a Israel, e saiu à peleja; e o Senhor deu em sua mão a Cusã-Risataim, rei da Síria. E sua mão prevaleceu contra Cusã-Risataim.
Então a terra sossegou quarenta anos. E Otniel, filho de Quenaz, faleceu.
Porém os filhos de Israel tornaram a fazer o mal aos olhos do Senhor. Então o Senhor fortaleceu a Eglom, rei dos moabitas, contra Israel; porquanto fizeram o mal aos olhos do Senhor.
E ajuntou consigo aos filhos de Amom, e aos amalequitas. E foi, e feriu a Israel, e tomaram a Cidade das Palmas em possessão.
E os filhos de Israel serviram a Eglom, rei dos moabitas, por oito anos.
Então clamaram os filhos de Israel ao Senhor, e o Senhor lhes despertou um libertador: a Eúde, filho de Gera, filho de Jemini, varão esquerdo. E os filhos de Israel enviaram por sua mão um presente a Eglom, rei dos moabitas.
E Eúde se fez uma espada de dois fios, da longura de um côvado. E cingiu-a por debaixo de suas vestes, à sua coxa direita.
E levou aquele presente a Eglom, rei dos moabitas. E era Eglom homem mui gordo.
E foi que, acabando de entregar o presente, despediu a gente que trouxera o presente.
Porém tornou-se, desde as imagens de vulto que estão junto a Gilgal, e disse: Tenho uma palavra secreta que te dizer, ó rei! O qual disse: Cala! E todos quantos lhe assistiam, saíram-se de diante dele.
E entrou Eúde junto a ele, a um cenáculo fresco de verão que tinha só para si, onde estava assentado; e disse Eúde: Palavra de Deus para ti tenho! E levantou-se da cadeira.
Então estendeu Eúde sua mão esquerda, e lançou mão da espada à sua coxa direita; e meteu-lha pela barriga;
De tal maneira que até a empunhadura entrou após a lâmina, e a gordura apertou a lâmina – porque não tirou a espada de sua barriga. E o esterco se lhe saía.
Então Eúde se saiu, à sala; e cerrou as portas do cenáculo após si, e trancou-as.
E saindo ele, vieram seus servos, e viram, e eis que as portas do cenáculo estavam trancadas. E disseram: Sem dúvida faz suas necessidades na recâmara do cenáculo fresco.
E esperando até se envergonharem, eis que nem ainda abria as portas do cenáculo. Então tomaram a chave, e abriram; e eis seu senhor caído morto em terra.
E Eúde se escapou, enquanto eles se detiveram; porque ele passou pelas imagens de vulto, e se escapou em Seirá.
E foi que, entrando ele, tocou a buzina nas montanhas de Efraim. E desceram os filhos de Israel com ele das montanhas, e ele diante de sua face.
E disse-lhes: Segui-me, porque o Senhor vos tem dado a vossos inimigos, os moabitas, em vossa mão. E desceram após ele, e tomaram os vaus do Jordão a Moabe, e a ninguém deixaram passar.
E naquele tempo, feriram dos moabitas a quase dez mil homens, todos corpulentos, e todos varões valorosos; e varão nenhum escapou.
Assim foi subjugado Moabe naquele dia, debaixo da mão de Israel; e a terra sossegou oitenta anos.
Depois dele foi Sangar, filho de Anate, que feriu seiscentos homens dos filisteus com uma aguilhada de bois; e também ele libertou a Israel.
Capítulo 4
Porém tornaram os filhos de Israel a fazer o mal aos olhos do Senhor, depois de Eúde falecer.
E vendeu-os o Senhor em mão de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor; e Sísera era o cabeça de sua armada, o qual então habitava em Harosete das gentes.
Então clamaram os filhos de Israel ao Senhor; porquanto ele tinha novecentos carros de ferro, e havia oprimido aos filhos de Israel violentamente por vinte anos.
E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava naquele tempo a Israel.
E habitava debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.
E enviou, e chamou a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali. E disse-lhe: Porventura não mandou o Senhor, Deus de Israel, que vás, e atraias gente ao monte de Tabor, e tomes contigo dez mil varões dos filhos de Naftali, e dos filhos de Zebulom?
E atrairei a ti ao ribeiro de Quisom, a Sísera, cabeça da armada de Jabim, com seus carros, e com sua multidão; e em tua mão o darei?
Então lhe disse Baraque: Se comigo fores, irei. Se, porém, comigo não fores, não irei.
E disse ela: Bem contigo irei, porém não será tua a honra pelo caminho que tomas; pois em mão de uma mulher venderá o Senhor a Sísera. Assim se levantou Débora, e se partiu com Baraque a Quedes.
Então Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes, e subiu com dez mil homens após si; e Débora subiu com ele.
E Héber, queneu, se apartava de Caim – dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés –, e estendeu suas tendas até o carvalho de Zaananim, que está junto a Quedes.
E denunciaram a Sísera, que Baraque, filho de Abinoão, subira ao monte de Tabor.
E Sísera convocou a todos seus carros, a novecentos carros de ferro, e a todo o povo que com ele estava: desde Harosete das gentes, até o ribeiro de Quisom.
Então disse Débora a Baraque: Levanta-te, porque este é o dia em que o Senhor tem dado a Sísera em tua mão: porventura o Senhor não saiu diante de tua face? Desceu, pois, Baraque do monte de Tabor, e dez mil homens após ele.
E o Senhor desbaratou a Sísera, e a todos seus carros, e a todo seu exército, a fio de espada, perante a face de Baraque; e Sísera desceu do carro, e acolheu-se a pé.
E Baraque os seguiu após os carros, e após o exército, até Harosete das gentes; e todo o exército de Sísera caiu a fio de espada, até nem ainda um ficar.
Porém Sísera se acolheu a pé à tenda de Jael, mulher de Héber, queneu; porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber, queneu.
E saiu Jael ao encontro a Sísera, e disse-lhe: Retira-te, senhor meu, retira-te a mim: não temas. E retirou-se a ela à tenda, e cobriu-o com uma coberta.
Então lhe disse ele: Ora, dá-me um pouco de água que beber; porque tenho sede. Então ela abriu um odre de leite, e deu-lhe de beber; e cobriu-o.
E disse-lhe a ela: Põe-te à porta da tenda. E sendo que algum vier, e te perguntar, e disser: Há aqui alguém? Responde tu então: Não.
Então Jael, mulher de Héber, tomou uma estaca da tenda, e lançou mão dum martelo; e foi-se mansamente a ele, e meteu-lhe a estaca pela fonte da cabeça, e encravou-o com a terra. Ele porém, de um profundo sono carregado e já cansado, assim morreu.
E eis que, seguindo Baraque a Sísera, Jael lhe saiu ao encontro, e disse-lhe: Vem, e mostrar-te-ei ao varão que buscas. E veio a ela, e eis que Sísera jazia morto, e a estaca na fonte de sua cabeça.
Assim sujeitou Deus, naquele dia, a Jabim, rei de Canaã: perante a face dos filhos de Israel.
E foi a mão dos filhos de Israel prosseguindo, e endurecendo-se sobre Jabim, rei de Canaã; até que desarraigaram a Jabim, rei de Canaã.
Capítulo 5
E cantou Débora, junto com Baraque, filho de Abinoão, naquele mesmo dia, dizendo:
Louvai ao Senhor! Pois tomou vingança em Israel; porquanto o povo voluntariamente se ofereceu.
Ouvi, reis; dai ouvidos, príncipes: eu, ao Senhor cantarei eu; salmodiarei ao Senhor, Deus de Israel.
Senhor, saindo tu de Seir, caminhando tu desde o campo de Edom, a terra estremeceu, até os céus gotejaram: até as nuvens gotejaram águas!
Os montes diante da face do Senhor se derreteram; e até Sinai, diante da face do Senhor, Deus de Israel.
Nos dias de Sangar, filho de Anate, nos dias de Jael, cessaram os caminhos; e os que andavam por veredas, iam-se por caminhos torcidos.
Cessaram as aldeias em Israel, cessaram. Até que eu, Débora, me levantei: por mãe em Israel me levantei.
Escolhendo deuses novos, logo estava a guerra às portas. Via-se por isso escudo ou lança entre quarenta mil em Israel?
Meu coração é para os legisladores de Israel, que entre o povo voluntariamente se ofereceram: louvai ao Senhor.
Vós que cavalgais sobre asnas brancas, que vos assentais em juízo, e que ides caminhando, falai disto.
Do estrondo dos flecheiros, entre os lugares onde se tiram águas, ali falarão das justiças do Senhor, das justiças que fez a suas aldeias em Israel. Então o povo do Senhor descia às portas.
Desperta, desperta, Débora; desperta, desperta, dize uma canção! Levanta-te, Baraque, e leva presos a teus prisioneiros; tu, filho de Abinoão!
Então aos que ficaram de resto, fez dominar sobre os magníficos entre o povo: o Senhor me faz dominar sobre os violentos.
De Efraim saiu a raiz deles contra Amaleque; atrás de ti, Benjamim entre teus povos vinha. De Maquir e Zebulom, desceram os legisladores, passando com o cajado do escriba.
Também os principais de Issacar foram com Débora; e como Issacar, assim também Baraque, a pé foi enviado ao vale. Porém nas divisões de Rúben, foram grandes as imaginações do coração.
Para que te ficaste entre duas trancas, a ouvires os berros dos rebanhos? As divisões de Rúben tiveram grandes esquadrinhações do coração.
Gileade se ficou dalém do Jordão; e Dã, por que se deteve em navios? Aser se assentou nos portos do mar, e ficou em suas ruínas.
Zebulom é povo que expôs sua vida à morte, como também Naftali: nas alturas do campo.
Vieram reis, pelejaram; então pelejaram os reis de Canaã em Taanaque, junto às águas de Megidô: ganho de prata não tomaram.
Desde os céus pelejaram: até as estrelas, desde os lugares de seus cursos, pelejaram contra Sísera.
O ribeiro de Quisom os varreu, o ribeiro de Quedumim, o ribeiro de Quisom: pisa, ó alma minha, aos fortes!
Então as unhas dos cavalos se despedaçaram: pelo patear, o repatear de seus animais valentes.
Amaldiçoai a Meroz, diz o anjo do Senhor: deveras amaldiçoai a seus moradores! Porquanto não vieram ao socorro do Senhor, ao socorro do Senhor com os valorosos.
Bendita seja sobre as mulheres Jael, mulher de Héber, o queneu: bendita seja sobre as mulheres na tenda.
Água pediu ele, leite lhe deu ela: em taça de senhores, lhe ofereceu manteiga.
Sua mão esquerda estendeu à estaca; e sua direita, ao maço dos trabalhadores. E maçou a Sísera, e rasgou-lhe a cabeça, quando lhe pregou e atravessou as fontes da cabeça.
Entre seus pés se encurvou, caiu, ficou estirado: entre seus pés se encurvou, caiu: onde se encurvou, ali ficou abatido.
A mãe de Sísera olhava desde a janela, e exclamava por entre as grades: Por que seu carro se detém em vir? Por que os passos de seus carros ficam atrás?
As mais sábias de suas damas responderam; e até ela se respondia a suas próprias razões:
Porventura não achariam e repartiriam despojos? Uma, ou duas moças, a cada varão? Para Sísera, despojos de várias cores: despojos de várias cores, bordados. De várias cores bordados de ambas as bandas, para os pescoços, do despojo?
Assim, ó Senhor, pereçam todos teus inimigos; porém os que o amam, sejam como o Sol, quando sai em sua força. E sossegou a terra por quarenta anos.
Capítulo 6
Porém fizeram os filhos de Israel o mal aos olhos do Senhor; e o Senhor os deu na mão dos midianitas, por sete anos.
E prevalecendo a mão dos midianitas sobre Israel, fizeram os filhos de Israel para si, por causa dos midianitas, as covas que nos montes estão, e as cavernas, e as fortificações.
Porque sucedia que, semeando Israel, subiam os midianitas, e os amalequitas, e também os do oriente contra ele subiam.
E punham-se contra eles em campo, e destruíam a novidade da terra, até chegares a Gaza; e não deixavam mantimento em Israel, nem gado miúdo, nem bois, nem asnos.
Porque subiam com seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, em tanta multidão, que nem eles nem seus camelos tinham número. E vinham à terra, para a destruir.
Assim Israel empobreceu muito pela presença dos midianitas. Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor.
E foi que, clamando os filhos de Israel ao Senhor, por causa dos midianitas,
O Senhor enviou um varão profeta aos filhos de Israel; o qual lhes disse: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Do Egito eu vos fiz subir, e vos tirei da casa de servidão;
E vos livrei da mão dos egípcios, e da mão de todos quantos vos oprimiam; e os expeli de diante de vossa face, e a vós vos dei sua terra.
E vos disse: Eu sou o Senhor, vosso Deus; não temais aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Mas à minha voz não destes ouvidos.
Então veio o anjo do Senhor, e se assentou debaixo do carvalho que está em Ofra e pertencia a Joás, abiezrita. E Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o escapar de diante dos midianitas.
Então lhe apareceu o anjo do Senhor. E disse-lhe: O Senhor é contigo, valoroso varão!
Mas Gideão lhe respondeu: Ai, senhor meu! Se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas suas maravilhas, que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém agora, o Senhor nos desamparou, e nos deu na mão dos midianitas.
Então o Senhor olhou para ele, e disse: Com esta tua força vai, e livrarás a Israel da mão dos midianitas! Porventura, não te enviei eu?
E ele lhe disse: Ai, senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que meu milhar é o mais pobre em Manassés; e eu, o menor na casa de meu pai.
E o Senhor lhe disse: Porquanto eu contigo hei de ser, tu aos midianitas ferirás como a um varão só.
E ele lhe disse: Se agora tenho achado graça em teus olhos, dá-me um sinal de que tu és o que comigo falas.
Rogo-te que daqui te não desvies, até que eu a ti venha, e meu presente tire, e perante ti o ponha. E disse: Eu esperarei, até que tornes.
E entrou Gideão, e preparou um cabrito das cabras, e bolos ázimos de um efa de farinha; a carne pôs em um açafate, e o caldo pôs em uma panela. E trouxe-lho até debaixo do carvalho, e lho apresentou.
Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os bolos ázimos, e os põe sobre esta penha, e verte o caldo. E assim o fez.
E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que em sua mão estava, e tocou a carne e os bolos ázimos. Então fogo subiu da penha, e consumiu a carne, e os bolos ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu a seus olhos.
Então viu Gideão que era o anjo do Senhor. E disse Gideão: Ah, Senhor Deus! É por isso que eu vi ao anjo do Senhor de face a face!
Porém lhe disse o Senhor: Paz tenhas, não temas! Não morrerás.
Então Gideão edificou ali um altar ao Senhor, e lhe chamou “o Senhor é nossa paz”; e ainda, até o dia de hoje, perdura em Ofra dos abiezritas.
E aconteceu, naquela mesma noite, que lhe disse o Senhor: Toma o touro dos bois de teu pai: o segundo touro de sete anos. E derriba o altar de Baal que é de teu pai, e corta o bosque que está junto a ele.
E edifica um altar ao Senhor, teu Deus, no cume deste lugar forte, no posto ordenado; e toma ao segundo touro, e o oferecerás em holocausto com a lenha que do bosque cortares.
Então tomou Gideão a dez varões de seus servos, e fez como o Senhor lhe dissera. Porém foi que, temendo ele de o fazer de dia, em razão da casa de seu pai, e dos varões daquela cidade, o fez de noite.
Levantando-se, pois, os varões daquela cidade de madrugada, eis o altar de Baal derribado, e o bosque que junto a ele estava, cortado; e o segundo touro oferecido no altar recém-edificado.
E disseram uns aos outros: Quem fez este feito? E esquadrinhando, e inquirindo, disse-se: Gideão, o filho de Joás, fez este feito.
Então disseram os varões daquela cidade a Joás: Tira fora a teu filho, para que morra! Pois derribou ao altar de Baal, e cortou ao bosque que junto a ele estava!
Porém disse Joás a todos os que contra ele se puseram: Contendereis vós outros por Baal? Livrá-lo-eis vós outros? Qualquer que por ele contender, ainda esta manhã será morto! Se Deus é, por si mesmo contenda; pois derribaram seu altar.
Pelo que aquele dia lhe chamaram Jerubaal, dizendo: Baal contenda contra ele, pois derribou seu altar!
E todos os midianitas, e amalequitas, e os filhos do oriente, se ajuntaram à uma; e passaram, e puseram seu campo no vale de Jezreel.
Então o Espírito do Senhor revestiu a Gideão; o qual tocou a buzina, e os abiezritas se convocaram após ele.
E enviou mensageiros por todo Manassés, e ele também se convocou após ele. Também enviou mensageiros a Aser, e a Zebulom, e a Naftali; e saíram-lhe ao encontro.
E disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por minha mão, como já o tens dito,
Eis que eu porei um velo de lã na eira: se o orvalho estiver somente no velo, e sobre toda a terra, a seca, então conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão, como já dito o tens.
E aconteceu assim; porque ao outro dia se levantou de madrugada, e apertou o velo. E do orvalho do velo, espremeu uma taça cheia de água.
E disse Gideão a Deus: Tua ira não se acenda contra mim, se ainda falar só esta vez. Rogo-te que só mais esta vez faça a prova com o velo: rogo-te que só no velo a seca esteja, e em toda a terra esteja o orvalho.
E Deus o fez assim aquela noite; pois a seca só no velo estava, e em toda a terra estava o orvalho.
Capítulo 7
Então Jerubaal – que é Gideão – se levantou de madrugada, e todo o povo que com ele estava, e se puseram em campo junto à fonte de Harode; de maneira que tinha o arraial dos midianitas ao norte, por trás do outeiro de Moré, no vale.
E disse o Senhor a Gideão: Muito é o povo que contigo está, para dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel se não glorie contra mim, dizendo: Minha mão me livrou.
Agora, pois, apregoa perante os ouvidos do povo, dizendo: Quem for covarde e medroso, torne-se, e vá-se apressadamente das montanhas de Gileade! Então se tornaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram.
E disse o Senhor a Gideão: Ainda muito povo há: faze-os descer às águas, e ali tos provarei. E será que, daquele de que eu te disser “este irá contigo”, esse contigo irá; porém de todo aquele de que eu te disser “este não irá contigo”, esse contigo não irá.
E fez descer ao povo às águas. Então disse o Senhor a Gideão: Qualquer que lamber as águas com sua língua, como o cão as lambe, esse porás à parte; como também a todo aquele que se abaixar de joelhos a beber.
E foi o número dos que, com a mão à boca, lamberam as águas, trezentos varões; e todo o resto do povo se abaixou de joelhos a beber as águas.
E disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos varões que as águas lamberam, vos livrarei; e darei aos midianitas em tua mão. Pelo que todo o demais povo se vá, cada qual a seu lugar.
E o povo tomou a provisão e suas trombetas em sua mão, e enviou a todos os demais varões de Israel, cada qual à sua tenda; porém, aos trezentos varões, reteve. E tinha o arraial dos midianitas abaixo, no vale.
E foi que, aquela mesma noite, o Senhor lhe disse: Levanta-te, e desce ao arraial. Porque o tenho dado em tua mão.
E se ainda temes descer, desce tu e teu moço Purá ao arraial;
E ouvirás o que dizem, e então tuas mãos se fortalecerão, e descerás ao arraial. Então desceu ele com seu moço Purá, até ao extremo das sentinelas que estavam no arraial.
E os midianitas, e amalequitas, e todos os filhos do oriente, jaziam no vale como gafanhotos em multidão; e seus camelos eram inumeráveis, como a areia que há na praia do mar em multidão.
Chegando pois Gideão, eis que um varão estava contando um sonho a seu camarada. E dizia: Eis que um sonho sonhei: e eis um pão de cevada torrado que rodava no arraial dos midianitas, e chegava até às tendas; e as feriu, e deu nelas, e as transtornou de baixo para cima; e caíram as tendas.
E respondeu seu camarada, e disse: Não é isto outra coisa, senão a espada de Gideão, filho de Joás, varão israelita! Deus tem dado em sua mão aos midianitas, e a todo este arraial.
E foi que, ouvindo Gideão o relato deste sonho, e sua explicação, adorou. E tornou-se ao arraial de Israel, e disse: Levantai-vos, que o Senhor tem dado ao arraial dos midianitas em vossas mãos!
Então repartiu os trezentos varões em três esquadrões; e deu-lhes a cada qual, em suas mãos, trombetas, e cântaros vazios, com tochas nelas acesas.
E disse-lhes: Olhai para mim, e fazei como eu fizer. E eis que, chegando eu ao extremo do arraial, será que, como eu fizer, assim fareis vós outros.
Tocando eu, e todos os que comigo estiverem, a trombeta, então também vós outros tocareis a trombeta ao redor de todo o arraial, e direis: Pelo Senhor, e por Gideão!
Chegou pois Gideão, e os cem varões que com ele iam, ao último do arraial, ao princípio da guarda da meia-noite, em havendo já posto as guardas; e tocaram as trombetas, e bateram os cântaros, que tinham em suas mãos.
Assim os três esquadrões tocaram as trombetas e, batendo, quebraram os cântaros; e tinham em suas mãos esquerdas as tochas acesas, e em suas mãos direitas as trombetas que tocavam. E exclamaram: Espada do Senhor, e de Gideão!
E estiveram-se cada qual em seu lugar, ao redor do arraial. Então, todo o arraial deitou a correr; e gritando, se acolheram.
Tocando, pois, os trezentos as trombetas, pôs o Senhor a espada de um contra o outro, e isto em todo o arraial. E o arraial fugiu até Bete-Sita, a Zererá, até os limites de Abel-Meolá, acima de Tabate.
Então os varões de Israel – de Naftali, e de Aser, e de todo Manassés – foram convocados; e seguiram aos midianitas.
Também Gideão enviou mensageiros a todas as montanhas de Efraim, dizendo: Descei ao encontro aos midianitas, e tomai-lhes as águas até Bete-Bara, a saber, o Jordão. Convocados, pois, todos os varões de Efraim, tomaram-lhes as águas até Bete-Bara, e o Jordão.
E prenderam a dois príncipes dos midianitas – a Orebe, e a Zeebe –, e mataram a Orebe na penha de Orebe, e a Zeebe mataram no lagar de Zeebe; e seguiram aos midianitas. E trouxeram as cabeças de Orebe e de Zeebe a Gideão, dalém do Jordão.
Capítulo 8
Então lhe disseram os varões de Efraim: Que é isto que nos fizeste, de que não nos chamaste, quando foste a pelejar contra os midianitas? E contenderam com ele fortemente.
Porém ele lhes disse: Que mais fiz eu agora que vós outros? Não são porventura os restolhos de Efraim melhores que a vindima de Abiezer?
Deus vos deu em vossa mão aos príncipes dos midianitas, Orebe e Zeebe; que mais pude eu, logo, fazer do que vós outros? Então sua sanha se abrandou para com ele, quando falou esta palavra.
E como veio Gideão ao Jordão, passou com os trezentos varões que com ele estavam, já cansados, porém em alcance do inimigo.
E disse aos varões de Sucote: Ora, dai alguns pedaços de pão ao povo que segue minhas pisadas. Porque estão cansados, e eu vou em alcance de Zeba e Salmuna, reis dos midianitas.
Porém disseram os maiorais de Sucote: Está já a palma da mão de Zeba e Salmuna em tua mão? Para que demos pão a teu exército?
Então disse Gideão: Pois quando o Senhor der em minha mão a Zeba e a Salmuna, trilharei vossa carne com espinhos do deserto, e com abrolhos.
E dali subiu aos varões de Penuel, e falou-lhes da mesma maneira. E responderam-lhe os varões de Penuel como os varões de Sucote lhe haviam respondido.
Pelo que também falou aos varões de Penuel, dizendo: Quando eu tornar com paz, derribarei esta torre.
Estavam, pois, Zeba e Salmuna em Carcor, e seus exércitos com eles: perto de quinze mil homens, todos os de resto do exército dos filhos do Oriente. E os caídos deles foram cento e vinte mil varões que arrancavam da espada.
E subiu Gideão, caminho dos que habitam em tendas, ao oriente de Noba e Jogbeá. E feriu àquele exército, porquanto o exército estava descuidado.
E fugiram Zeba e Salmuna, porém ele foi em seu alcance. E tomou presos a ambos os reis dos midianitas – a Zeba e a Salmuna –, e espantou a todo o exército.
Tornando pois Gideão, filho de Joás, da peleja, antes do nascer do sol,
Tomou preso a um rapaz dos varões de Sucote, e lhe fez perguntas. O qual lhe deu por escrito aos maiorais de Sucote, e a seus anciãos: setenta e sete varões.
Então veio aos varões de Sucote, e disse: Vedes aqui a Zeba e a Salmuna! Dos quais com desprezo me deitastes em rosto, dizendo: Está já a palma da mão de Zeba e Salmuna em tua mão, para que demos pão a teus varões já cansados?
E tomou aos anciãos daquela cidade, e espinhos do deserto, e abrolhos; e o deu a entender aos varões de Sucote.
E à torre de Penuel derribou, e matou aos varões da cidade.
Depois, disse a Zeba e a Salmuna: Que homens eram os que matastes em Tabor? E disseram: Qual tu, tais eram eles: cada um, ao parecer, como filhos do rei.
Então disse ele: Meus irmãos eram, filhos de minha mãe. Vive o Senhor que, se os deixáreis em vida, não vos mataria eu.
E disse a Jéter, seu primogênito: Levanta-te, e mata-os. Porém o mancebo não arrancou de sua espada, porque temia; porquanto ainda era mancebo.
Então disseram Zeba e Salmuna: Levanta-te tu, e acomete-nos; que qual o varão, tal sua valentia. Levantou-se pois Gideão, e matou a Zeba e a Salmuna; e tomou as luetas que estavam aos pescoços de seus camelos.
Então disseram os varões de Israel a Gideão: Domina sobre nós outros, assim tu, como teu filho, e o filho de teu filho. Porquanto nos livraste da mão dos midianitas.
Porém Gideão lhes disse: Sobre vós outros eu não dominarei, nem tampouco meu filho sobre vós outros dominará: o Senhor sobre vós outros dominará.
Disse-lhes mais Gideão: Uma petição vos farei: cada qual de vós, me dê os pendentes de seu despojo – porque os midianitas tinham pendentes de ouro, porquanto eram ismaelitas.
E disseram eles: De boa mente os daremos. E estenderam uma capa, e cada um deles deitou ali um pendente de seu despojo.
E foi o peso dos pendentes de ouro, que pediu, mil e setecentos siclos de ouro; afora as luetas, e os colares, e os vestidos de púrpura, que os reis dos midianitas traziam, e afora as correntes que os camelos traziam as pescoço.
E fez Gideão dele um éfode, e pô-lo em sua cidade, em Ofra; e todo Israel fornicou ali após ele. E foi por tropeço a Gideão, e a sua casa.
Assim foram os midianitas abatidos diante da face dos filhos de Israel, e nunca mais levantaram sua cabeça. E sossegou a terra quarenta anos, nos dias de Gideão.
E foi Jerubaal, filho de Joás, e habitou em sua casa.
E teve Gideão setenta filhos, que de sua coxa procederam; porquanto tinha muitas mulheres.
E sua concubina, que estava em Siquém, lhe pariu também um filho; e pôs-lhe por nome Abimeleque.
E faleceu Gideão, filho de Joás, em boa velhice; e foi sepultado no sepulcro de seu pai, Joás, em Ofra do abiezrita.
E aconteceu que, como Gideão faleceu, os filhos de Israel se tornaram, e após os baalins fornicaram. E puseram-se a Baal-Berite por Deus.
E não se lembraram os filhos de Israel do Senhor, seu Deus, que os livrara da mão de todos seus inimigos em derredor;
Nem usaram de benevolência para com a casa de Jerubaal, isto é, de Gideão; conforme a todo o bem que ele usara com Israel.
Capítulo 9
E foi Abimeleque, filho de Jerubaal, a Siquém, aos irmãos de sua mãe. E falou-lhes a eles, e a toda a geração da casa do pai de sua mãe, dizendo:
Falai já perante os ouvidos de todos os cidadãos de Siquém: Qual vos é melhor: que setenta varões, todos os filhos de Jerubaal, dominem sobre vós outros, ou que um só varão sobre vós outros domine? Lembrai-vos também que sou osso vosso, e carne vossa.
Então os irmãos de sua mãe falaram acerca dele, perante os ouvidos de todos os cidadãos de Siquém, todas aquelas palavras. E o coração deles se inclinou após Abimeleque; porque disseram: É nosso irmão.
E deram-lhe setenta moedas de prata, da casa de Baal-Berite; e com elas alugou Abimeleque varões ociosos e levianos, que o seguiram.
E veio à casa de seu pai a Ofra, e matou a seus irmãos, os filhos de Jerubaal, setenta varões, sobre uma pedra. Porém Jotão, filho menor de Jerubaal, ficou de resto; porquanto se escondera.
Então se ajuntaram todos os cidadãos de Siquém, e toda a casa de Milô, e foram, e levantaram a Abimeleque por rei: junto ao carvalho alto que está perto de Siquém.
E dizendo-se isto a Jotão, foi, e pôs-se no cume do monte de Gerizim; e levantou sua voz, e clamou. E disse-lhes: Ouvi-me a mim, cidadãos de Siquém, e Deus vos ouvirá a vós!
Foram certa vez as árvores a ungir rei sobre si. E disseram à oliveira: Reina tu sobre nós outros.
Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam? E ir-me-ia a labutar sobre as árvores?
Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós outros.
Porém lhes disse a figueira: Deixaria eu minha doçura e meu bom fruto? E ir-me-ia a labutar sobre as árvores?
Então disseram as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós outros.
Porém a videira lhes disse: Deixaria eu meu mosto, que a Deus e aos homens alegra? E ir-me-ia a labutar sobre as árvores?
Então todas as árvores disseram ao espinhal: Vem tu, e reina sobre nós.
E disse o espinhal às árvores: Se em verdade me ungis por rei sobre vós outras, vinde, e confiai-vos debaixo de minha sombra. Mas se não, fogo saia do espinhal, que consuma os cedros do Líbano!
Agora, pois, se é que em verdade e sinceridade obrastes, em fazer rei a Abimeleque; e se para com Jerubaal fizestes o bem, e para com sua casa, e se com ele usastes conforme ao merecimento de suas mãos
(Porque meu pai pelejou por vós outros; e desprezou sua vida, e vos livrou da mão dos midianitas;
Porém vós hoje vos levantastes contra a casa de meu pai, e matastes a seus filhos, setenta varões, sobre uma pedra; e a Abimeleque, filho de sua serva, fizestes reinar sobre os cidadãos de Siquém, porquanto é vosso irmão).
Assim que, se em verdade e sinceridade usastes com Jerubaal e com sua casa este dia; alegrai-vos com Abimeleque, e também ele se alegre convosco.
Mas se não, fogo saia de Abimeleque, e consuma aos cidadãos de Siquém, e à casa de Milô; e fogo saia dos cidadãos de Siquém, e da casa de Milô, que consuma a Abimeleque.
Então fugiu Jotão, e acolheu-se, e foi-se a Beer. E ali habitou, por medo de Abimeleque, seu irmão.
Havendo, pois, Abimeleque dominado três anos sobre Israel,
Enviou Deus um mau espírito entre Abimeleque e os cidadãos de Siquém. E os cidadãos de Siquém se portaram aleivosamente contra Abimeleque.
Para que a violência feita aos setenta filhos de Jerubaal viesse; e seu sangue caísse sobre Abimeleque, seu irmão que os matara, e sobre os cidadãos de Siquém, que lhe corroboraram as mãos para matar a seus irmãos.
E os cidadãos de Siquém puseram contra ele quem lhe armasse emboscadas sobre os cumes dos montes. E a todo aquele que pelo caminho junto a eles passava, o salteavam; e foi dito a Abimeleque.
Veio também Gaal, filho de Ebede, com seus irmãos, e passaram-se a Siquém; e os cidadãos de Siquém se fiaram dele.
E saíram ao campo, e vindimaram suas vinhas, e pisaram as uvas, e fizeram canções de louvor; e foram à casa de seu deus, e comeram, e beberam, e amaldiçoaram a Abimeleque.
E disse Gaal, filho de Ebede: Quem é Abimeleque, e que é Siquém, para que o servíssemos? Não é, porventura, filho de Jerubaal? E Zebul, seu mordomo? Servi, antes, aos varões de Hemor, pai de Siquém; pois por que razão nós o serviríamos a ele?
Ah, se este povo estivera em minha mão, eu expeliria a Abimeleque! E a Abimeleque se disse: Multiplica teu exército, e sai.
E ouvindo Zebul, o maioral da cidade, as palavras de Gaal, filho de Ebede, acendeu-se sua ira.
E enviou astutamente mensageiros a Abimeleque, dizendo: Eis que Gaal, filho de Ebede, e seus irmãos, vieram a Siquém; e eis que eles, com esta cidade, se portam como inimigos contra ti.
Levanta-te pois de noite, tu e o povo que houver contigo; e põe emboscadas no campo.
E pela manhã, em saindo o sol, te levanta, e dá de improviso sobre a cidade. E eis que, saindo ele, e o povo que houver com ele, contra ti, faze-lhe como tua mão alcançar.
Levantou-se pois Abimeleque, e todo o povo que com ele havia, de noite; e puseram emboscadas a Siquém, com quatro tropas.
E Gaal, filho de Ebede, saiu, e pôs-se à entrada da porta da cidade. E Abimeleque, e todo o povo que com ele havia, se levantou das emboscadas.
E vendo Gaal àquele povo, disse a Zebul: Eis que gente desce dos cumes dos montes. Zebul, ao contrário, lhe disse: As sombras dos montes vês por homens.
Porém Gaal ainda tornou a falar, e disse: Eis ali, gente desce do meio da terra! E uma tropa vem do caminho do carvalho de Meonenim.
Então lhe disse Zebul: Onde está agora teu parolear, quando dizias: Quem é Abimeleque, para que o servíssemos? Não é este, porventura, o povo que desprezaste? Sai agora, pois, e peleja contra ele!
E saiu Gaal diante da face dos cidadãos de Siquém; e pelejou contra Abimeleque.
E Abimeleque o perseguiu, porquanto fugiu de diante de sua face; e muitos feridos caíram até a entrada da porta da cidade.
A Abimeleque se ficou em Arumá; e Zebul expeliu a Gaal e a seus irmãos, para que não pudessem habitar em Siquém.
E sucedeu, o dia seguinte, que o povo saiu ao campo; e disseram-no a Abimeleque.
Então tomou o povo, e repartiu-o em três tropas, e pôs emboscadas no campo. E olhou, e eis que o povo saía da cidade; e levantou-se contra eles, e feriu-os.
Porque Abimeleque, e as tropas que com ele havia, deram neles de improviso; e pararam à entrada da porta da cidade. E as outras duas tropas deram de improviso sobre todos quantos no campo estavam, e os feriram.
E pelejou Abimeleque contra a cidade todo aquele dia, e tomou a cidade, e matou o povo que nela havia; e assolou a cidade, e semeou-a de sal.
O que ouvindo todos os cidadãos da torre de Siquém, entraram na fortaleza, casa do deus Berite.
E foi dito a Abimeleque, que todos os cidadãos da torre de Siquém se haviam congregado.
Subiu, pois, Abimeleque ao monte de Zalmom, ele e todo o povo que com ele havia; e Abimeleque tomou em sua mão machados, e cortou um ramo das árvores; e levantou-o, e pô-lo a seu ombro. E disse ao povo que com ele havia: O que me vistes fazer, dai-vos pressa, fazei como eu.
Assim, pois, também todo o povo, cada qual cortou seu ramo, e seguiram a Abimeleque, e os puseram junto à fortaleza, e queimaram a fogo a fortaleza com eles. De maneira que todos os da torre de Siquém morreram, como até mil, homens e mulheres.
Então se foi Abimeleque a Tebes; e pôs-se a Tebes de cerco, e tomou-a.
Havia porém, no meio da cidade, uma torre forte; e todos os homens, e mulheres, e todos os cidadãos da cidade, se acolheram a ela, e fecharam após si as portas. E subiram-se ao telhado da torre.
E Abimeleque veio até à torre, e combateu-a; e chegou-se até à porta da torre, para a queimar a fogo.
Porém uma mulher lançou um pedaço de uma mó corredoura sobre a cabeça de Abimeleque; e quebrou-lhe os cascos.
Então chamou logo ao moço que levava suas armas, e disse-lhe: Arranca de tua espada, e mata-me; para que se não diga de mim: Uma mulher o matou. E seu moço o atravessou, e morreu.
Vendo, pois, os varões de Israel que já Abimeleque era morto, foram-se, cada qual a seu lugar.
Assim Deus fez tornar sobre Abimeleque o mal, que tinha feito a seu pai, matando seus setenta irmãos.
Como também todo o mal dos varões de Siquém fez tornar sobre a cabeça deles. E a maldição de Jotão, filho de Jerubaal, veio sobre eles.
Capítulo 10
E levantou-se após Abimeleque, para livrar a Israel, Tolá, filho de Puá, filho de Dodô, varão de Issacar. E habitava em Samir, na montanha de Efraim.
E julgou a Israel por vinte e três anos. E morreu, e foi sepultado em Samir.
E depois dele se levantou Jair, o gileadita. E julgou a Israel por vinte e dois anos.
E tinha este trinta filhos, que cavalgavam sobre trinta burricos, e tinham trinta cidades; a que chamaram Havote-Jair, até o dia de hoje, as quais estão na terra de Gileade.
E morreu Jair, e foi sepultado em Camom.
Então tornaram os filhos de Israel a fazer o mal aos olhos do Senhor; e serviram aos baalins, e a Astarote, e aos deuses da Síria, e aos deuses de Sidom, e aos deuses de Moabe, e aos deuses dos filhos de Amom, e aos deuses dos filisteus. E deixaram ao Senhor, e o não serviram.
E a ira do Senhor se acendeu contra Israel. E vendeu-os na mão dos filisteus, e na mão dos filhos de Amom.
E naquele mesmo ano, oprimiram e atropelaram aos filhos de Israel: por dezoito anos, oprimiram aos filhos de Israel que estavam dalém do Jordão, na terra dos amorreus, que está em Gileade.
Até os filhos de Amom passaram o Jordão, a pelejar também contra Judá, e contra Benjamim, e contra a casa de Efraim; de maneira que Israel ficou mui angustiado.
Então clamaram os filhos de Israel ao Senhor, dizendo: Contra ti havemos pecado, tanto porque deixamos a nosso Deus, como porque servimos aos baalins.
Porém disse o Senhor aos filhos de Israel: Porventura, dos egípcios, e dos amorreus, e dos filhos de Amom, e dos filisteus,
E dos sidônios, e amalequitas, e maonitas, que vos oprimiam; quando a mim clamastes, de sua mão então vos não livrei?
E contudo, vós me deixastes a mim, e servistes a outros deuses; pelo que vos não livrarei mais.
Andai, e clamai aos deuses que escolhestes! Livrem-vos eles no tempo de vosso aperto!
Mas disseram os filhos de Israel ao Senhor: Pecamos, faze-nos conforme a tudo quanto te parecer bem aos teus olhos. Tão somente, te rogamos, que nos livres neste dia.
E tiraram os deuses alheios de em meio de si, e serviram ao Senhor; então sua alma se angustiou, por causa do trabalho de Israel.
E os filhos se Amom se congregaram, e se puseram em campo em Gileade. E também os filhos de Israel se congregaram, e se puseram em campo em Mispa.
Então o povo, os maiorais de Gileade, disseram uns aos outros: Quem será o varão que começará a pelejar contra os filhos de Amom? Ele será por cabeça de todos os moradores de Gileade.
Capítulo 11
Era então Jefté, o gileadita, valente e valoroso, porém filho de uma rameira. Mas Gileade gerara a Jefté.
Também a mulher de Gileade lhe pariu filhos. E sendo os filhos desta mulher já grandes, expeliram a Jefté, e lhe disseram: Não herdarás em casa de nosso pai, porque és filho de outra mulher.
Então fugiu Jefté de diante da face de seus irmãos, e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram com Jefté, e saíam com ele.
E aconteceu, depois de alguns dias, que pelejaram os filhos de Amom contra Israel.
Aconteceu pois que, como os filhos de Amom pelejassem contra Israel, foram os anciãos de Gileade a trazer a Jefté da terra do Tobe.
E disseram a Jefté: Vem, e sê-nos por maioral; para que combatamos contra os filhos de Amom.
Disse porém Jefté aos anciãos de Gileade: Porventura não me aborrecestes vós outros a mim, e da casa de meu pai me expelistes? Por que, pois, agora viestes a mim, quando estais em aperto?
E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: Por isso tornamos a ti, para que venhas conosco, e combatas contra os filhos de Amom. E nos sejas por cabeça sobre todos os moradores de Gileade.
Então disse Jefté aos anciãos de Gileade: Se me tornardes a levar, para combater contra os filhos de Amom, e o Senhor os der diante de minha face; ser-vos-ei eu então por cabeça?
E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: O Senhor esteja ouvindo entre nós, se assim o não fizermos, conforme à tua palavra.
Assim se foi Jefté com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por cabeça e maioral sobre si. E Jefté falou todas suas palavras, perante a face do Senhor, em Mispa.
E enviou Jefté mensageiros ao rei dos filhos de Amom, dizendo: Que há entre mim e ti, que viste a mim, a pelejar contra minha terra?
E disse o rei dos filhos de Amom aos mensageiros de Jefté: Porquanto, saindo Israel do Egito, me tomou minha terra, desde Arnom até Jaboque, e ainda até o Jordão. Torna-ma, pois, agora, em paz.
Porém prosseguiu Jefté ainda em enviar mensageiros ao rei dos filhos de Amom,
Dizendo-lhe: Assim diz Jefté: Israel não tomou nem a terra dos moabitas, nem a terra dos filhos de Amom.
Porque, subindo Israel do Egito, andou pelo deserto até o Mar Vermelho, e chegou até Cades.
E enviou Israel mensageiros ao rei dos edomeus, dizendo: Rogo-te que me deixes passar por tua terra; porém o rei dos edomeus não lhe deu ouvidos; enviou também ao rei dos moabitas, o qual também não quis. E assim Israel se ficou em Cades.
Depois andou pelo deserto, e rodeou a terra dos edomeus, e a terra dos moabitas; e veio, do nascente do sol, à terra dos moabitas, e alojaram-se dalém de Arnom. Porém não entraram nos limites dos moabitas; porque Arnom é limite dos moabitas.
Mas Israel enviou mensageiros a Seom, rei dos amorreus, rei de Hesbom. E disse-lhe Israel: Ora, deixa-nos passar por tua terra, até meu lugar.
Porém Seom se não fiou de passar Israel por seus limites; antes, Seom ajuntou a todo seu povo, e puseram-se em campo em Jaza. E combateu contra Israel.
E o Senhor, o Deus de Israel, deu a Seom, com todo seu povo, na mão de Israel; e os feriram. Assim Israel tomou por herança toda a terra dos amorreus, que naquela terra habitavam.
E por herança tomaram todos os limites dos amorreus: desde Arnom até Jaboque, e desde o deserto até o Jordão.
Assim que o Senhor, o Deus de Israel, desapossou aos amorreus diante da face de seu povo, de Israel; e possuí-los-ias tu?
Não possuirias tu aquele que Quemos, teu deus, desapossasse de diante de ti? Assim possuiremos nós a todos quantos o Senhor, nosso Deus, desapossar de diante de nossa face.
Agora, pois, és tu ainda melhor que Balaque, filho de Zipor, rei dos moabitas? Porventura contendeu ele em algum tempo com Israel, ou pelejou alguma vez contra eles?
Enquanto Israel, por trezentos anos, habitou em Hesbom e em suas vilas, e em Aroer e em suas vilas, e em todas as cidades que estão ao longo de Arnom; por que o não recuperastes naquele tempo?
Tampouco pequei eu contra ti; porém tu procedes mal para comigo, em pelejar contra mim. O Senhor, que é juiz, julgue hoje entre os filhos de Israel e os filhos de Amom!
Porém o rei dos filhos de Amom não deu ouvidos às palavras de Jefté, que lhe havia enviado.
Então veio o Espírito do Senhor sobre Jefté, e atravessou por Gileade e Manassés; porque passou até Mispe de Gileade, e de Mispe de Gileade passou até os filhos de Amom.
E fez Jefté um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres aos filhos de Amom em minha mão,
Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro, tornando eu dos filhos de Amom em paz; isso será do Senhor, ou o oferecerei em holocausto.
Assim Jefté passou aos filhos de Amom, a combater contra eles; e o Senhor os deu em sua mão.
E feriu-os de grande ferida, desde Aroer até virdes a Minite, vinte cidades, e até Abel-Queramim. Assim foram subjugados os filhos de Amom diante da face dos filhos de Israel.
Vindo, pois, Jefté a Mispa, à sua casa, eis que sua filha, com adufes e danças, lhe saiu ao encontro. E era ela só, a única: não tinha de si filho, nem filha outra alguma.
E aconteceu que, vendo-a, rasgou suas vestes, e disse: Ah, filha minha, muito me abateste, e estás dentre os que me turbam! Porque eu abri minha boca ao Senhor, e não tornarei atrás.
E ela lhe disse: Pai meu, abriste tua boca ao Senhor; faze de mim como de tua boca saiu. Pois o Senhor te vingou inteiramente de teus inimigos, os filhos de Amom.
Disse mais a seu pai: Faça-se-me isto: Deixa-me por dois meses, para que vá, e desça pelos montes, e chore minha virgindade, eu e minhas companheiras.
E disse ele: Vai; e deixou-a ir por dois meses. Então se foi ela com suas companheiras, e chorou sua virgindade pelos montes.
E foi que, ao cabo de dois meses, se tornou a seu pai, o qual cumpriu nela seu voto, que tinha feito. E ela não conheceu varão; do que ficou costume em Israel,
Que as filhas de Israel iam, de ano em ano, a falar da filha de Jefté, o gileadita: quatro dias ao ano.
Capítulo 12
Então os varões de Efraim se convocaram, e passaram ao norte. E disseram a Jefté: Por que passaste a combater contra os filhos de Amom, e nos não chamaste para ir contigo? Queimaremos a fogo tua casa contigo!
E Jefté lhes disse: Eu e meu povo tivemos grande contenda com os filhos de Amom. E chamei-vos, e não me livrastes de sua mão.
E vendo eu que me não livráveis, pus minha alma em minha palma, e passei aos filhos de Amom, e o Senhor os deu em minha mão. Por que, pois, subistes a mim o dia de hoje, para combater contra mim?
E ajuntou Jefté a todos os varões de Gileade, e combateu com Efraim. E os varões de Gileade feriram a Efraim; porque estando os gileaditas entre Efraim e Manassés, disseram: Fugitivos sois de Efraim.
Porque tomaram os gileaditas dos efraimitas os vaus do Jordão. E era que, quando os fugitivos de Efraim diziam “passarei”, então os varões de Gileade lhe diziam: És tu efraimita? E dizendo ele “não”,
Então lhe diziam: Dize, pois, “chibolete”; e assim o não podiam pronunciar bem; então o pegavam, e degolavam-no junto aos vaus do Jordão. E caíram de Efraim naquele tempo quarenta e dois mil.
E Jefté julgou a Israel por seis anos. E Jefté, o gileadita, faleceu, e foi sepultado nas cidades de Gileade.
E depois dele, julgou a Israel Ibsã, de Belém.
E tinha este trinta filhos; e casou fora a trinta filhas, e trinta filhas trouxe de fora para seus filhos. E julgou a Israel por sete anos.
Então faleceu Ibsã, e foi sepultado em Belém.
E depois dele, julgou a Israel Elom, o zebulonita; e julgou a Israel por dez anos.
E faleceu Elom, o zebulonita; e foi sepultado em Aialom, na terra de Zebulom.
E depois dele, julgou a Israel Abdom, filho de Hilel, o piratonita.
E tinha esta quarenta filhos, e trinta filhos de filhos, que cavalgavam sobre setenta burricos; e julgou a Israel por oito anos.
Então faleceu Abdom, filho de Hilel, o piratonita; e foi sepultado em Piratom, na terra de Efraim, no monte do amalequita.
Capítulo 13
E tornaram os filhos de Israel a fazer o mal aos olhos do Senhor. E o Senhor os deu na mão dos filisteus por quarenta anos.
E havia um varão de Zorá, da tribo do daneu, cujo nome era Manoá; e sua mulher era estéril, e não dava à luz.
E o anjo do Senhor apareceu a esta mulher. E disse-lhe: Eis que agora és estéril, e jamais tens dado à luz; porém conceberás, e darás à luz um filho.
Agora, pois, guarda-te de que não bebas vinho, nem cidra; nem comas coisa imunda.
Porque eis que tu conceberás, e darás à luz um filho, sobre cuja cabeça não subirá navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus, desde o ventre. E ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus.
Então a mulher entrou, e falou a seu marido, dizendo: Um varão de Deus veio a mim, cuja vista era semelhante à vista de um anjo de Deus, terribilíssima! E não lhe perguntei donde era, nem ele me disse seu nome.
Porém disse-me: Eis que tu conceberás, e darás à luz um filho. Agora, pois, não bebas vinho, nem cidra, nem comas coisa imunda; porquanto o menino será nazireu de Deus, desde o ventre até o dia de sua morte.
Então Manoá orou instantemente ao Senhor, e disse: Ah, Senhor meu, rogo-te que o varão de Deus que enviaste ainda torne a nós, e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer!
E Deus ouviu a voz de Manoá. E o anjo de Deus tornou à mulher; e ela estava no campo, porém seu marido, Manoá, não estava com ela.
Apressou-se, pois, a mulher, e correu, e o notificou a seu marido. E disse-lhe: Eis que me apareceu aquele varão, que veio a mim aquele dia.
Então Manoá se levantou, e foi após sua mulher. E veio a aquele varão, e disse-lhe: És tu aquele varão que falaste a esta mulher? E disse: Sim, sou.
Então disse Manoá: Tuas palavras se cumpram. Mas qual será o modo, e serviço do menino?
E disse o anjo do Senhor a Manoá: De tudo quanto disse eu à mulher, ela se guardará.
De tudo quanto de vide de vinho procede, não comerá; nem vinho nem cidra beberá, nem coisa imunda comerá: tudo quanto lhe mandado tenho, guardará.
Então disse Manoá ao anjo do Senhor: Ora, deixa que te detenhamos, e te preparemos um cabrito das cabras.
Disse porém o anjo do Senhor a Manoá: Ainda que me detenhas, não comerei de teu pão; e se holocausto fizeres, ao Senhor o oferecerás. Porque não sabia Manoá que fosse o anjo do Senhor.
E disse Manoá ao anjo do Senhor: Qual é teu nome? Para que, quando tua palavra se cumprir, te honremos.
E o anjo do Senhor lhe disse: Por que assim por meu nome perguntas? O qual é maravilhoso.
Então Manoá tomou um cabrito das cabras e uma oferta de manjares, e os ofereceu sobre uma penha ao Senhor. E obrou o anjo, fazendo maravilhas, vendo-o Manoá e sua mulher.
E foi que, subindo a chama do altar para o céu, o anjo do Senhor subiu na flama do altar; o que Manoá e sua mulher, vendo, caíram em terra sobre suas faces.
E nunca mais apareceu o anjo do Senhor a Manoá, nem à sua mulher. Então reconheceu Manoá que era o anjo do Senhor.
E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos! Porquanto a Deus temos visto.
Porém sua mulher lhe disse: Se o Senhor nos quisera matar, não aceitara de nossa mão o holocausto e a oferta de manjares, nem nos mostrara tudo isto. Nem nos deixara ouvir em semelhante tempo tais coisas.
Depois deu à luz esta mulher um filho, e chamou seu nome Sansão. E o menino cresceu, e o Senhor o abençoou.
E o Espírito do Senhor o começou a impelir, de quando em quando, no campo de Dã, entre Zorá e Estaol.
Capítulo 14
E desceu Sansão a Timna. E vendo em Timna a uma mulher, das filhas dos filisteus,
Subiu, e o declarou a seu pai e à sua mãe, e disse: Vi uma mulher em Timna, das filhas dos filisteus. Agora, pois, ma tomai por mulher.
Porém lhe disseram seu pai e sua mãe: Não há, porventura, mulher entre as filhas de teus irmãos, nem entre todo meu povo, para que te vás a tomar mulher dos filisteus, aqueles incircuncisos? E disse Sansão a seu pai: Toma-me esta, porque ela agrada a meus olhos.
Mas seu pai e sua mãe não sabiam que isto vinha do Senhor, pois buscava ocasião dos filisteus; porquanto naquele tempo os filisteus dominavam sobre Israel.
Desceu pois Sansão, com seu pai e com sua mãe, a Timna. E chegando às vinhas de Timna, eis que um filho de leão, bramando, lhe saiu ao encontro.
Então o Espírito do Senhor tão possantemente o investiu, que d’alto abaixo o fendeu, como quem fende um cabrito, sem ter nada em sua mão. Porém nem a seu pai nem à sua mãe deu a entender o que fizera.
E desceu, e falou a aquela mulher; e agradou aos olhos de Sansão.
E depois de alguns dias, tornou para a tomar e, desviando-se a ver o corpo do leão morto, eis que no corpo do leão havia um enxame de abelhas com mel.
E tomou-o em suas mãos; e foi-se andando, e comendo dele; e foi-se a seu pai e à sua mãe, e deu-lhes dele, e comeram. Porém não lhes deu a entender que tomara o mel do corpo do leão.
Descendo, pois, seu pai à aquela mulher, celebrou Sansão ali suas bodas, porquanto assim costumavam fazem os rapazes.
E foi que, vendo-o, tomaram trinta companheiros, que com ele estivessem.
Disse-lhes, pois, Sansão: Uma adivinhação vos darei a adivinhar. E se nos sete dias das bodas ma declarardes, e achardes, vos darei trinta lençóis, e trinta mudas de vestidos.
E se ma não puderdes declarar, vós me dareis a mim os trinta lençóis, e as trinta mudas de vestidos. E eles lhe disseram: Dá-nos tua adivinhação a adivinhar, e ouçamo-la.
Então lhes disse: “Do que comia saiu comida, e do forte saiu doçura”. E em três dias, não puderam declarar a adivinhação.
E foi que, ao sétimo dia, disseram à mulher de Sansão: Persuade a teu marido, que nos declare a adivinhação, para que porventura não queimemos a fogo a ti, e à casa de teu pai. Chamastes-nos vós para possuir o nosso? Não é assim?
E a mulher de Sansão chorou perante ele, e disse: Tão somente me aborreces, e não me amas; pois deste aos filhos de meu povo adivinhação a adivinhar, e ainda ma não declaraste. E ele lhe disse: Eis que nem a meu pai nem à minha mãe a declarei, e a ti ta declararia?
E chorou perante ele ao sétimo dia, em que celebravam as bodas. Foi pois que, ao sétimo dia, lha declarou, porquanto o importunava, e ela então declarou a adivinhação aos filhos de seu povo.
Disseram-lhe, pois, os varões daquela cidade, ao sétimo dia, antes que o sol se pusesse: Que coisa é mais doce que mel, e que coisa mais forte que o leão? E ele lhes disse: Se não lavrásseis com minha novilha, jamais acharíeis minha adivinhação.
Então o Espírito do Senhor tão possantemente o investiu, que veio aos asquelonitas, e matou deles trinta varões, e tomou seus vestidos, e deu as mudas de vestidos aos que declararam a adivinhação. Acendeu-se porém sua ira, e subiu à casa de seu pai.
E a mulher de Sansão foi de seu companheiro, que o acompanhava.
Capítulo 15
E aconteceu depois de alguns dias que, na sega do trigo, Sansão visitou a sua mulher com um cabrito das cabras, e disse: Entrarei à minha mulher na câmara. Porém o pai dela não o deixou entrar.
Porque disse o pai dela: Por certo dizia eu que já de todo a aborrecias; assim que a dei a teu companheiro. Porém não é sua irmã menor mui mais formosa que ela? Esta, pois, te seja em seu lugar.
Então Sansão disse deles: Inocente sou desta vez para com os filisteus, quando lhes fizer algum mal.
E foi Sansão, e prendeu trezentas raposas; e tomando tochas, e ajuntando rabo a rabo, pôs uma tocha no meio, entre os dois rabos.
E acendeu com fogo as tochas; e as lançou à seara dos filisteus. E abrasou assim os montões, como a sega do trigo, e as vinhas, e os olivais.
Então disseram os filisteus: Quem fez isto? E disseram: Sansão, o genro do timnita, porque lhe tomou sua mulher, e a deu a seu companheiro. Então subiram os filisteus, e queimaram a fogo a ela, e a seu pai.
Então lhes disse Sansão: Assim o havíeis de fazer? Pois, havendo-me eu de vós vingado, então cessarei.
E feriu-os de grande ferida, perna juntamente com coxa. E desceu, e habitou no canto da rocha de Etã.
Então os filisteus subiram, e se puseram em campo contra Judá; e estenderam-se por Lequí.
E disseram os varões de Judá: Por que subistes contra nós? E eles disseram: Subimos para amarrar a Sansão, a lhe fazer como ele nos fez a nós.
Então desceram três mil varões de Judá até o canto da rocha de Etã, e disseram a Sansão: Não sabias tu que os filisteus dominam sobre nós? Porque, pois, nos fizeste isto? E ele lhes disse: Assim como eles me fizeram a mim, eu lhes fiz a eles.
E disseram-lhe: Descemos a amarrar-te, para te entregar na mão dos filisteus. Então Sansão lhes disse: Jurai-me que vós me não acometereis.
E eles lhe falaram, dizendo: Não, porém fortemente te amarraremos, e em sua mão te entregaremos; mas em maneira nenhuma te mataremos. E amarraram-no com duas cordas novas, e fizeram-no subir da rocha.
E vindo ele a Lequí, os filisteus lhe saíram ao encontro, jubilando. Porém o Espírito do Senhor possantemente o investiu; e as cordas que havia em seus braços, se tornaram como fios de linho que são queimados do fogo; e suas amarraduras se desfizeram de suas mãos.
E achou uma queixada de asno, fresca; e estendeu sua mão, e tomou-a, e feriu com ela vil varões.
Então disse Sansão: Com uma queixada de asno, um montão, dois montões! Com uma queixada de asno, feri a mil varões!
E aconteceu que, acabando ele de falar, lançou a queixada de sua mão; e chamou a aquele lugar Ramate-Lequí.
E como tivesse grande sede, clamou ao Senhor, e disse: Pela mão de teu servo, tu deste esta grande salvação. Pois morreria eu agora de sede, e cairia na mão destes incircuncisos?
Então o Senhor fendeu a caverna que estava em Lequí; e saiu dela água, e bebeu; e seu espírito tornou, e reviveu. Pelo que chamou seu nome “fonte do que clama”, a qual está em Lequí até o dia de hoje.
E julgou a Israel, em dias dos filisteus, por vinte anos.
Capítulo 16
E foi-se Sansão a Gaza. E viu ali uma mulher rameira; e entrou a ela.
E foi dito aos gazitas: Sansão tem entrado aqui. Foram, pois, em roda, e toda a noite lhe puseram espias, à porta da cidade. Porém toda a noite estiveram calados, dizendo: Até à luz da manhã esperemos, e então o mataremos.
Porém Sansão se deitou até à meia-noite; e à meia-noite se levantou, e agarrou as portas da cidade, com ambos os umbrais; e juntamente com a tranca as tomou, e as pôs sobre seus ombros. E levou-as acima ao cume do monte que está à vista de Hebrom.
E depois disto aconteceu que se afeiçoou de uma mulher ao ribeiro de Soreque, cujo nome era Dalila.
Então os príncipes dos filisteus subiram a ela, e lhe disseram: Persuade-o, e vê em que consiste sua grande força, e com que poderíamos ter domínio sobre ele, e amarrá-lo, para assim o afligirmos. E te daremos cada um mil e cem moedas de prata.
Disse, pois, Dalila a Sansão: Ora, declara-me em que consiste tua grande força, e com que poderias ser amarrado, para te poder afligir.
E disse-lhe Sansão: Se me amarrassem com sete vergas de vimes frescos, que ainda não estejam secos; então me enfraqueceria, e seria como qualquer outro homem.
Então os príncipes dos filisteus lhe trouxeram sete vergas de vimes frescos, que ainda não estavam secas; e amarrou-o com elas.
E os espias estavam assentados em sua casa, em uma câmara; então ela lhe disse: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão! Então quebrou as vergas de vimes, como o fio da estopa se quebra quando cheira ao fogo; assim sua força se não conheceu.
Então disse Dalila a Sansão: Eis que zombaste comigo, e me disseste mentiras. Ora, declara-me agora, com que poderias ser amarrado.
E ele lhe disse: Se me amarrassem fortemente com cordas novas, com que obra nenhuma se haja feito; então me enfraqueceria, e seria como qualquer outro homem.
Então Dalila tomou cordas novas, e o amarrou com elas, e disse-lhe: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão! (E os espias estavam assentados em uma câmara). Então as quebrou de seus braços, como um fio.
E disse Dalila a Sansão: Até agora zombaste comigo, e me disseste mentiras; agora, pois, declara-me com que poderias ser amarrado. E ele lhe disse: Se teceres sete tranças de minha cabeça ao redor do liço do tear.
E ela as fixou com uma estaca, e disse-lhe: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão! Então se levantou de seu sono, e arrancou a estaca das tranças tecidas, juntamente com o liço do tear.
Então lhe disse ela: Como dirás “tenho-te amor”, não estando teu coração comigo! Já três vezes zombaste de mim, e ainda me não declaraste em que consiste tua grande força.
E foi que, importunando-o todos os dias com suas palavras, e molestando-o, sua alma se angustiou até à morte.
E declarou-lhe todo seu coração, e disse-lhe: Nunca subiu navalha à minha cabeça, porque sou nazireu de Deus, desde o ventre de minha mãe. Se viesse a ser rapado, minha força se retiraria de mim, e então enfraquecer-me-ia, e seria como todos os demais homens.
Vendo, pois, Dalila que já lhe declarara todo seu coração, enviou, e chamou aos príncipes dos filisteus, dizendo: Subi esta vez, porque já me declarou todo seu coração. E os príncipes dos filisteus subiram a ela, e trouxeram o dinheiro em sua mão.
Então ela o fez dormir em seus joelhos, e chamou a um homem, e rapou-lhe as sete tranças de sua cabeça; e começou a afligi-lo, e sua força se retirou dele.
E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão! E despertou de seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como as outras, e me sacudirei – porquanto ele não sabia que já o Senhor se retirara dele.
Então os filisteus o pegaram, e lhe arrancaram os olhos. E fizeram-no descer à Gaza, e amarraram-no com duas cadeias de bronze; e andava moendo no cárcere.
E o cabelo de sua cabeça lhe começou a ir crescendo, como quando foi rapado.
Então os filisteus se ajuntaram para oferecer um grande sacrifício a seu deus Dagom, e para se alegrarem. E diziam: Nosso deus nos deu em nossa mão a Sansão, nosso inimigo.
Semelhantemente, vendo-o o povo, louvavam a seu deus. Porque diziam: Nosso deus nos deu em nossa mão a nosso inimigo, e ao que destruía nossa terra, e ao que multiplicava nossos mortos.
E foi que, estando já o coração deles alegre, disseram: Chamai a Sansão, para que perante nós brinque! E chamaram a Sansão do cárcere, e brincou perante suas faces; e fizeram-no estar entre as colunas.
Então disse Sansão ao moço que o tinha pela mão: Guia-me a que apalpe as colunas sobre as quais a casa se sustenta. Para que me encoste a elas.
Ora, estava a casa cheia de homens e mulheres; e também ali estavam todos os príncipes dos filisteus. E sobre o terraço havia perto de três mil homens e mulheres, que a Sansão estavam vendo brincar.
Então clamou Sansão ao Senhor, e disse: Senhor Deus, peço-te que te lembres de mim, e fortalece-me agora, só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me vingue dos filisteus por meus dois olhos.
Abraçou-se, pois, Sansão com as duas colunas do meio, sobre as quais a casa se sustentava, e arrimou-se a elas: com sua mão direita a uma, e com sua esquerda à outra.
E disse Sansão: Minha alma morra com os filisteus; e inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os príncipes, e sobre todo o povo que nela havia. E foram mais os mortos que matou em sua morte, do que os que matara em sua vida.
Então seus irmãos desceram, e toda a casa de seu pai; e tomaram-no, e subiram com ele, e sepultaram-no entre Zorá e Estaol, no sepulcro de Manoá, seu pai. E ele julgara a Israel por vinte anos.
Capítulo 17
E havia um varão da montanha de Efraim cujo nome era Mica;
O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tomadas, pelo que deitavas maldições, e também as disseste em meus ouvidos, eis que esse dinheiro o tenho: eu o tomei. Então disse sua mãe: Bendito seja meu filho pelo Senhor.
Assim tornou as mil e cem moedas de prata à sua mãe. Disse porém sua mãe: Inteiramente tenho dedicado esse dinheiro de minha mão ao Senhor, para meu filho para fazer uma imagem de vulto e de fundição; assim que, agora, to tornarei.
Porém ele tornou aquele dinheiro à sua mãe. E sua mãe tomou duzentas moedas de prata, e as deu ao ourives, o qual fez delas uma imagem de vulto e de fundição; e esteve em casa de Mica.
E teve este varão, Mica, casa de deuses; e fez um éfode, e terafins, e consagrou a um de seus filhos para que lhe fosse por sacerdote.
Naqueles dias, não havia rei em Israel: cada qual fazia o que direito lhe parecia aos seus olhos.
E havia um rapaz de Belém de Judá, da tribo de Judá, que era levita e peregrinava ali.
E este varão se partira da cidade de Belém de Judá, a peregrinar onde quer que achasse conveniente. Chegando ele, pois, à montanha de Efraim, até à casa de Mica, para ir seu caminho,
Disse-lhe Mica: Donde vens? E ele lhe disse: Sou levita, de Belém de Judá, e vou a peregrinar onde quer que achar conveniente.
Então lhe disse Mica: Fica-te comigo, e sê-me por padre e sacerdote; e cada ano te darei dez moedas de prata, e o ordinário de vestes, e teu sustento. E o levita se ficou com ele.
E consentiu o levita em se ficar com aquele varão; e este rapaz lhe foi como um de seus filhos.
E consagrou Mica ao levita, e aquele rapaz lhe foi por sacerdote. E estava em casa de Mica.
Então disse Mica: Agora sei que o Senhor me fará bem; porquanto a um levita por sacerdote tenho.
Capítulo 18
Naqueles dias, não havia rei em Israel. E nos mesmos dias, a tribo dos daneus buscava para si herança para habitar; porquanto até aquele dia, entre as tribos de Israel, lhe não havia caído em herança porção o bastante.
Assim que os filhos de Dã enviaram de sua tribo cinco varões de seus confins, varões valorosos, de Zorá e de Estaol, a espiar e rastrear a terra; e lhes disseram: Ide, rastreai a terra. E vieram à montanha de Efraim, até à casa de Mica, e passaram ali a noite.
E estando eles junto à casa de Mica, reconheceram a voz do rapaz, do levita. E chegaram-se para lá, e lhe disseram: Quem te trouxe aqui, e que fazes aqui, e que é o que tens aqui?
E ele lhes disse: Assim e assim me tem feito Mica. Pois me tem alugado, e sou-lhe por sacerdote.
Então lhe disseram: Ora, pergunta a Deus. Para que possamos saber se o caminho que em que andamos prosperará.
E disse-lhes o sacerdote: Ide em paz. O caminho em que andardes está perante o Senhor.
Então aqueles cinco varões se foram, e vieram a Lais. E viram que o povo que havia em meio dela estava seguro, conforme ao costume dos sidônios: quieto e confiado. Nem havia algum detentor do reino que, por causa alguma, envergonhasse a alguém naquela terra; também estavam longe dos sidônios, e não tinham negócio com homem nenhum.
Então tornaram a seus irmãos, a Zorá e a Estaol. E seus irmãos lhes disseram: Que dizeis vós outros?
E eles disseram: Levantai-vos, e subamos a eles; porque atentamos para a terra, e eis que é boníssima. Estar-vos-eis, pois, calados? Não sejais preguiçosos para ir a entrar a esta terra, a possuí-la em herança
– quando lá vierdes, vireis a um povo confiado, e a terra é larga de extensão –, porque Deus vô-la deu em vossa mão: lugar em que não há falta de coisa alguma que haja na terra.
Então partiram dali, da tribo dos daneus, de Zorá e de Estaol: seiscentos varões, armados de armas de guerra.
E subiram, o puseram-se em campo junto a Quiriate-Jearim, em Judá. Pelo que chamaram a este lugar Maane-Dã, até o dia de hoje: eis que está detrás de Quiriate-Jearim.
E dali passaram à montanha de Efraim; e vieram até à casa de Mica.
Então responderam os cinco varões que foram a espiar a terra de Lais, e disseram a seus irmãos: Sabeis vós outros também que, naquelas casas, há um éfode, e terafins, e imagem de vulto, e de fundição? Vedes pois, agora, o que haveis de fazer.
Então se foram para lá, e vieram à casa do rapaz, do levita, em casa de Mica; e perguntaram-lhe como estava.
E os seiscentos varões que eram dos filhos de Dã, armados de suas armas de guerra, ficaram-se à entrada da porta.
Porém, subindo os cinco varões que foram a espiar a terra, entraram nela, e tomaram a imagem de vulto, o éfode, e os terafins, e a imagem de fundição; ficando-se o sacerdote parado à entrada da porta, com os seiscentos varões que estavam armados com armas de guerra.
Entrando eles, pois, em casa de Mica, e tomando a imagem de vulto, e o éfode, e os terafins, e a imagem; disse-lhes o sacerdote: Que estais fazendo?
E eles lhe disseram: Cala-te, põe a mão na boca, e vem-te conosco, e sê-nos por padre e sacerdote: melhor te é que sejas sacerdote da casa de um só varão, do que ser sacerdote de uma tribo e de uma geração em Israel?
Então o coração do sacerdote se alegrou, e tomou o éfode, e os terafins, e a imagem de vulto; e veio-se em meio do povo.
Assim se tornaram, e se partiram; e aos meninos, e ao gado, e à bagagem, puseram diante de si.
E estando já longe da casa de Mica, os varões que estavam nas casas junto à casa de Mica se convocaram, e alcançaram os filhos de Dã.
E clamaram após os filhos de Dã, os quais viraram seus rostos; e disseram a Mica: Que tens, que assim te convocaste?
Então disse ele: A meus deuses, que eu fiz, me tomastes, juntamente com o sacerdote, e vos fostes: que mais me fica agora? A que propósito, pois, me dizeis “que tens”?
Porém lhe disseram os filhos de Dã: Não nos faças ouvir tua voz. Para que, porventura, varões de ânimo amargo não dêem sobre vós; e tu percas tua vida, e a vida dos de tua casa.
Assim os filhos de Dã se foram seu caminho. E vendo Mica que mais fortes eram que ele, voltou, e tornou-se à sua casa.
Eles, pois, tomaram o que Mica tinha feito, e ao sacerdote que tivera, e vieram a Lais, a um povo quieto e confiado, e feriram-no a fio da espada; e queimaram a cidade a fogo.
E ninguém houver que os livrasse, porquanto estavam longe de Sidom, e não tinham negócio com homem nenhum; e a cidade estava no vale, que está junto a Bete-Reobe. Depois reedificaram a cidade, e habitaram nela.
E chamaram o nome da cidade Dã, conforme ao nome de Dã, seu pai, que nascera a Israel; sendo porém dantes o nome desta cidade, Lais.
E os filhos de Dã levantaram-se aquela imagem de vulto. E Jônatas, filho de Gérson, o filho de Manassés, ele e seus filhos, foram sacerdotes da tribo dos daneus, até o dia do cativeiro da terra.
Assim, pois, a imagem de vulto que Mica fizera, estabeleceram entre si: todos os dias em que a casa de Deus esteve em Siló.
Capítulo 19
Aconteceu também naqueles dias, em que não havia rei em Israel, que houve um varão levita que, peregrinando para os lados da montanha de Efraim, tomou para si uma mulher concubina de Belém de Judá.
Porém sua concubina fornicou contra ele; e se foi dele à casa de seu pai, a Belém de Judá. E esteve ali um ano e quatro meses.
E seu marido se levantou, e se partiu após ela, para lhe falar conforme a seu coração, e a tornar a trazer; e seu moço e um par de asnos iam com ele. E ela o levou à casa de seu pai; e vendo-o o pai da moça, alegrou-se com seu encontro.
E seu sogro, o pai da moça, o deteve, e ficou com ele três dias; e comeram, e beberam, e passaram ali a noite.
E foi que, ao quarto dia pela manhã madrugaram, e ele se levantou para ir-se. Então o pai da moça disse a seu genro: Conforta teu coração com um bocado de pão, e depois vos partireis.
Assentaram-se, pois, e comeram ambos juntos, e beberam. E disse o pai da moça ao varão: Peço-te que ainda esta noite queiras passar aqui, e alegre-se teu coração.
Porém o varão se levantou, para ir-se; mas seu sogro o constrangeu a que ali a noite tornasse a passar.
E madrugando ao quinto dia pela manhã para ir-se, disse o pai da moça: Ora, conforta teu coração; e detiveram-se até já declinar o dia. E ambos juntos comeram.
Então o varão se levantou para ir-se: ele, e sua concubina, e seu moço. E disse seu sogro, o pai da moça: Eis que já o dia se abaixa, e já a tarde vem entrando; peço-te que aqui passeis a noite; eis que já o dia vai acabando; passa aqui a noite, e teu coração se alegre, e amanhã de madrugada levantai-vos a caminhar, e vai-te à tua tenda.
Porém o varão não quis ali passar a noite; antes, se levantou, e partiu-se, e veio até em fronte de Jebus (que é Jerusalém); e com ele o par de asnos albardados, como também sua concubina.
Estando pois já perto de Jebus, já o dia muito se havia abatido. E disse o moço a seu senhor: Caminha já, e retiremo-nos a esta cidade dos jebuseus, e passemos ali a noite.
Porém seu senhor lhe disse: Não nos retiraremos a nenhuma cidade estranha, que não seja dos filhos de Israel. Mas passaremos até Gibeá.
Disse mais seu moço: Caminha, e cheguemos a um daqueles lugares. E passemos a noite em Gibeá, ou em Ramá.
Passaram pois adiante, e caminharam; e o sol se lhes pôs junto a Gibeá, que é cidade de Benjamim.
E retiraram-se para lá, para entrar a passar a noite em Gibeá. E entrando, assentou-se na praça da cidade, pois não houve quem os recolhesse em casa, para passar a noite.
E eis que um varão velho vinha, à tarde, de seu trabalho do campo; e era este varão da montanha de Efraim, mas peregrinava em Gibeá. Eram porém os varões deste lugar filhos de Jemini.
Levantando ele, pois, os olhos, viu a este passageiro na praça da cidade. E disse o varão velho: Para onde vais, e donde vens?
E ele lhe disse: Passamos de Belém de Judá até os lados da montanha de Efraim, donde sou; porquanto fui a Belém de Judá. Porém agora, vou à casa do Senhor, e ninguém há que me recolha em casa;
Ainda que palha e pasto há para nossos asnos, e também pão e vinho há para mim, e para tua serva, e para o moço que vem com teus servos: de coisa nenhuma há falta.
Então disse o varão velho: Tenhas paz: tudo quanto te faltar, fique somente sobre mim. Tão somente não passes a noite na praça.
E trouxe-o à sua casa, e deu pasto aos asnos; e lavando-se os pés, comeram e beberam.
Estando eles alegrando seu coração, eis que os varões daquela cidade – varões que eram filhos de Belial – cercaram a casa, batendo à porta. E falaram ao varão velho, senhor da casa, dizendo: Tira fora ao varão que entrou em tua casa, para que o conheçamos!
E o varão, senhor da casa, saiu a eles, e disse-lhes: Não, irmãos meus, já não façais semelhante mal. Depois que este varão entrou em minha casa, não façais tal doidice!
Eis que à minha filha virgem, e à sua concubina, vo-las tirarei fora: violai-as, e fazei delas o que bem vos parecer aos vossos olhos. Porém a este varão, não façais coisa de tal doidice!
Porém aqueles varões o não quiseram ouvir; então aquele varão pegou sua concubina, e lha tirou fora. E eles a conheceram, e abusaram dela toda a noite, até pela manhã; e subindo a alva, a deixaram.
E ao romper da manhã, veio a mulher; e caiu à porta da casa daquele varão em que seu senhor estava, e ficou-se ali até que se fez claro.
E levantando-se seu senhor pela manhã, e abrindo as portas da casa, e saindo a seguir seu caminho; eis que a mulher, sua concubina, jazia à porta da casa, com as mãos sobre o umbral.
E ele lhe disse: Levanta-te, e vamo-nos; porém não houve resposta. Então a pôs sobre o asno; e levantou-se o varão, e foi-se a seu lugar.
Chegando, pois, à sua casa, tomou um cutelo, e pegou sua concubina, e a despedaçou com seus ossos em doze partes; e enviou-as por todos os termos de Israel.
E foi que, qualquer que tal via, dizia: Nunca tal se fez nem se viu, desde o dia em que os filhos de Israel subiram da terra do Egito até o dia de hoje. Ponde sobre isto o coração, dai conselho, e falai.
Capítulo 20
Então saíram todos os filhos de Israel, e a congregação se ajuntou como se fosse um só varão – desde Dã até Berseba, como também a terra de Gileade – ao Senhor, em Mispa.
E dos cantos de todo o povo se apresentaram, de todas as tribos de Israel, na congregação do povo de Deus: quatrocentos mil homens de pé, que da espada arrancavam.
(Ouviram, pois, os filhos de Benjamim que os filhos de Israel haviam subido a Mispa). E disseram os filhos de Israel: Falai, como sucedeu esta maldade?
Então respondeu o varão levita, marido da mulher que fora morta, e disse: Cheguei com minha concubina a Gibeá, cidade de Benjamim, a passar a noite.
E os cidadãos de Gibeá se levantaram contra mim, e cercaram contra mim a casa, de noite; intentaram matar-me, e violaram minha concubina, de maneira que veio a morrer.
Então peguei minha concubina, e a fiz em pedaços, e a enviei em toda a terra da herança de Israel; porquanto fizeram tal malefício e desatino em Israel.
Eis que todos sois filhos de Israel: aqui vos dai palavra e conselho.
Então todo o povo se levantou, como se fosse um só homem, dizendo: Nenhum de nós irá à sua tenda, nem nenhum de nós se retirará à sua casa.
Porém isto é o que faremos a Gibeá: procederemos contra ela por sorte.
E tomaremos dez homens de cem, de todas as tribos de Israel, e cem de mil, e mil de dez mil, para tomarem abastecimento para o povo; para que, vindo eles a Gebá de Benjamim, lhe façam conforme a todo o desatino que tem feito em Israel.
Assim se ajuntaram todos os varões de Israel a esta cidade, aliados, como se fossem um só varão.
E as tribos de Israel enviaram varões por toda a tribo de Benjamim, dizendo: Que maldade é esta que entre vós outros se fez?
Dai-nos, pois, agora aqueles varões, filhos de Belial, que estão em Gibeá, para que os matemos, e o mal de Israel tiremos. Porém os filhos de Benjamim não quiseram ouvir a voz de seus irmãos, os filhos de Israel.
Antes, os filhos de Benjamim se ajuntaram das cidades em Gibeá, para saírem a pelejar contra os filhos de Israel.
E contaram-se naquele dia os filhos de Benjamim das cidades: vinte e seis mil varões, que da espada arrancavam. Afora os moradores de Gibeá, que também se contaram: setecentos varões escolhidos.
Entre todo este povo havia setecentos varões escolhidos, esquerdos; os quais todos atiravam com a funda uma pedra a um cabelo, e não erravam.
E contaram-se dos varões de Israel, afora os de Benjamim, quatrocentos mil varões, que da espada arrancavam; e todos estes, homens de guerra.
E levantaram-se os filhos de Israel, e subiram a Betel, e perguntaram a Deus, e disseram: Quem dentre nós outros subirá primeiro a pelejar contra Benjamim? E disse o Senhor: Judá será o primeiro.
Levantaram-se, pois, os filhos de Israel de manhãzinha, e puseram-se em campo contra Gibeá.
E os varões de Israel saíram à peleja contra Benjamim. E ordenaram os varões de Israel contra eles a peleja junto a Gibeá.
Então os filhos de Benjamim saíram de Gibeá; e derribaram em terra, naquele dia, vinte e dois mil varões de Israel.
Porém o povo, dos varões de Israel, se esforçou; e tornaram a ordenar a peleja, no lugar em que o dia dantes a ordenaram.
E subiram os filhos de Israel, e choraram perante a face do Senhor até à tarde; e perguntaram ao Senhor, dizendo: Tornar-me-ei a chegar à peleja contra os filhos de Benjamim, meu irmão? E disse o Senhor: Subi contra ele.
Chegaram-se, pois, os filhos de Israel aos filhos de Benjamim, no dia seguinte.
Também os de Benjamim, no dia seguinte, lhes saíram ao encontro, de Gibeá, e derribaram ainda em terra mais dezoito mil varões: todos dos que da espada arrancavam.
Então todos os filhos de Israel e todo o povo subiram, e vieram a Betel, e choraram; e estiveram ali perante a face do Senhor, e jejuaram naquele dia até à tarde. E ofereceram holocaustos e ofertas gratíficas perante a face do Senhor.
E perguntaram os filhos de Israel ao Senhor – porquanto a arca do concerto de Deus estava ali naqueles dias;
E Fineias, filho de Eleazar, o filho de Arão, estava perante sua face naqueles dias –, dizendo: Sairei ainda mais a pelejar contra os filhos de Benjamim, meu irmão, ou pararei? E disse o Senhor: Subi, que amanhã o darei em tua mão.
Então Israel pôs emboscadas a Gibeá, ao redor.
E subiram os filhos de Israel, ao terceiro dia, contra os filhos de Benjamim; e ordenaram a peleja junto a Gibeá, como as outras vezes.
Então os filhos de Benjamim saíram ao encontro ao povo, e desviaram-se da cidade. E começaram a ferir alguns do povo, e a atravessá-los, como as outras vezes, pelos caminhos – um dos quais sobe para Betel, e o outro para Gibeá, pelo campo –, e morreram quase trinta dos varões de Israel.
Então disseram os filhos de Benjamim: Vão feridos diante de nós como dantes. Porém os filhos de Israel disseram: Fujamos, e desviemo-los da cidade, aos caminhos.
Então todos os varões de Israel se levantaram de seu lugar, e ordenaram a peleja em Baal-Tamar; e a emboscada de Israel saíra de seu lugar, depois do despejo de Gibeá.
E dez mil varões escolhidos de todo Israel vieram, desde a frente de Gibeá, e a peleja se agravou; porém eles não sabiam que o mal lhes tocaria.
Então feriu o Senhor a Benjamim diante de Israel; e desfizeram os filhos de Israel naquele dia vinte e cinco mil e cem varões de Benjamim: todos dos que da espada arrancavam.
E viram os filhos de Benjamim que estavam feridos; porque os varões de Israel deram lugar aos benjamitas, porquanto estavam confiados na emboscada que haviam posto contra Gibeá.
E a emboscada se apressara, e acometera a Gibeá; e a emboscada arremetera contra ela, e puseram a fio da espada a toda a cidade.
E os varões de Israel tinham um tempo determinado com a emboscada, dizendo-se: Aumenta! Para que fizessem levantar da cidade grande altura de fumo.
Viraram, pois, os varões de Israel as costas na peleja. E já Benjamim começara a ferir dos varões de Israel quase trinta varões, e a atravessá-los; porque diziam: Já estão infalivelmente feridos diante de nós, como na peleja passada.
Então a altura de fumo se começou a levantar da cidade, como uma coluna de fumo. E virando-se Benjamim a olhar para trás de si, eis que a inteira cidade em fumo subia ao céu.
E os varões de Israel viraram os rostos, e os varões de Benjamim pasmaram; porque viram que o mal lhes tocaria.
E viraram as costas diante dos varões de Israel, para o caminho do deserto; porém a peleja os apertou. E os das cidades os desfizeram em meio deles.
E cercaram a Benjamim, e o perseguiram, e à vontade o pisaram: até diante de Gibeá, ao nascente do sol.
E caíram de Benjamim dezoito mil varões, todos estes varões valentes.
Então viraram as costas, e fugiram ao deserto, à penha de Rimom; porém fizeram ainda deles uma rebusca pelos caminhos, de cinco mil homens. E de perto os perseguiram até Gidom, e feriram deles dois mil varões.
E foram todos os que de Benjamim naquele dia caíram, vinte e cinco mil varões, que da espada arrancavam: todos estes varões valentes.
Porém seiscentos varões viraram as costas, e se acolheram ao deserto, à penha de Rimom. E ficaram-se na penha de Rimom por quatro meses.
E os varões de Israel se tornaram aos filhos de Benjamim, e os puseram a fio da espada, assim os homens da cidade, como aos animais, até tudo quanto se achava. Como também a todas quantas cidades se acharam, puseram a fogo.
Capítulo 21
Haviam, porém, jurado os varões de Israel em Mispa, dizendo: Nenhum de nós outros dará sua filha por mulher aos benjamitas.
Veio, pois, o povo a Betel, e ali se ficaram até à tarde diante da face de Deus; e levantaram sua voz, e prantearam com grande pranto.
E disseram: Ah Senhor, Deus de Israel, por que sucedeu isto em Israel? Que hoje falte uma tribo em Israel?
E foi que, o dia seguinte, o povo pela manhã se levantou, e ali edificou um altar; e ofereceram holocaustos e ofertas gratíficas.
E disseram os filhos de Israel: Quem, de todas as tribos de Israel, não subiu ao ajuntamento ao Senhor? Porquanto um grande juramento se fizera acerca dos que não viessem ao Senhor a Mispa, dizendo: Certamente morrerá.
E arrependeram-se os filhos de Israel acerca de Benjamim, seu irmão. E disseram: Cortada é hoje uma tribo de Israel.
Que faremos, acerca de mulheres, aos que ficaram de resto? Pois nós temos jurado, pelo Senhor, que nenhuma de nossas filhas lhes daríamos por mulher.
E disseram: Há alguém, das tribos de Israel, que não subisse ao Senhor a Mispa? E eis que ninguém de Jabes de Gileade viera ao arraial, à congregação.
Porquanto o povo se contou; e eis que nenhum dos moradores de Jabes de Gileade se achou ali.
Então o ajuntamento enviou lá doze mil varões dos mais valentes. E mandaram-lhes, dizendo: Ide, e a fio da espada feri aos moradores de Jabes de Gileade, e às mulheres, e aos meninos.
Porém isto é o que haveis de fazer: a todo macho, e a toda mulher que houver conhecido ajuntamento de macho, consagrareis à destruição.
E acharam, entre os moradores de Jabes de Gileade, quatrocentas moças donzelas que não conheceram varão em ajuntamento de macho; e trouxeram-nas ao arraial a Siló, que está em terra de Canaã.
Então todo o ajuntamento enviou, e falou aos filhos de Benjamim, que estavam na penha de Rimom; e os convidaram à paz.
E ao mesmo tempo, tornaram os benjamitas; e deram-lhes as mulheres que haviam guardado em vida das mulheres de Jabes de Gileade. Porém ainda lhes não bastaram.
Então o povo se arrependeu por causa de Benjamim; porquanto o Senhor fizera brecha nas tribos de Israel.
E disseram os anciãos do ajuntamento: Que faremos, acerca de mulheres, aos que ficaram de resto? Pois são destruídas as mulheres de Benjamim.
Disseram mais: A herança dos que ficaram de resto, fique a Benjamim. E tribo nenhuma de Israel deve ser destruída.
Porém nós não lhes poderemos dar mulheres de nossas filhas. Porquanto os filhos de Israel juraram, dizendo: Maldito aquele que der mulher aos benjamitas.
Então disseram: Eis que, de ano em ano, há solenidade do Senhor em Siló, que se celebra ao norte de Betel, da banda da nascença do sol, ao caminho alto, que sobe de Betel a Siquém; e ao sul de Lebona.
E mandaram aos filhos de Benjamim, dizendo: Ide, e ponde emboscadas nas vinhas.
E atentai, e eis que, saindo as filhas de Siló a dançar em ranchos, saí vós outros das vinhas, e arrebatai-vos cada qual sua mulher das filhas de Siló; e ide-vos à terra de Benjamim.
E será que, quando seus pais, ou seus irmãos, vierem a litigar conosco, nós outros lhes diremos: Por amor de nós que vos apiedeis deles; pois nesta guerra não tomamos mulheres para cada um deles. Porque não lhas destes vós outros, nem agora sois culpados.
E os filhos de Benjamim o fizeram assim, e levaram mulheres, conforme a seu número, das que arrebataram dos ranchos das que dançavam. E foram-se, e tornaram-se à sua herança, e reedificaram as cidades, e habitaram nelas.
Também os filhos de Israel então se foram dali, cada qual à sua tribo, e à sua geração: saíram-se dali, cada qual à sua herança.
Naqueles dias, não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que lhe parecia reto aos seus olhos.