Capítulo 1

1. Bem-aventurado o varão que não anda no conselho dos ímpios; nem está no caminho dos pecadores, nem se assenta no assento dos zombadores.
2. Antes, tem seu prazer na Lei do Senhor; e em sua Lei medita de dia e de noite.
3. Porque será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas. A qual dá seu fruto a seu tempo, e suas folhas não caem; e tudo quanto fizer, prosperará.
4. Assim não são os ímpios, mas como a pragana que o vento espalha.
5. Pelo que nem os ímpios subsistirão no juízo, nem os pecadores no ajuntamento dos justos.
6. Porque o Senhor conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá.

Capítulo 2

1. Por que se amotinam as gentes, e os povos imaginam para si vaidade?
2. Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntamente consultam; e isto contra o Senhor, e contra seu Ungido, dizendo:
3. Rompamos suas ataduras! E lancemos de nós suas cordas!
4. Aquele que habita nos céus se rirá: o Senhor zombará deles!
5. Então lhes falará em sua ira, e em seu furor os conturbará:
6. Eu, porém, ungi a meu rei: sobre Sião, meu santo monte.
7. Eu recitarei o decreto. O Senhor me disse: Meu Filho és tu, eu hoje te gerei.
8. Pede-me a mim, e dar-te-ei as gentes por herança; e por tua possessão, os confins da terra.
9. Com cetro de ferro os esmiuçarás, e como vaso de oleiro os despedaçarás.
10. Agora, pois, ó reis, prudentemente vos portai. E vós, juízes da terra, deixai-vos instruir.
11. Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor.
12. Beijai ao Filho, para que se não ire, e não pereçais no caminho; que em breve se acenderá sua ira. Bem-aventurados todos os que se acolhem junto a ele!

Capítulo 3

Salmo de Davi, quando fugia de diante de Absalão, seu filho

1. Ah Senhor, quanto se têm multiplicado meus adversários! Muitos se levantam contra mim.
2. Muitos dizem de minha alma: Não há para ele salvação em Deus. [Selá].
3. Porém tu, Senhor, és escudo para mim: minha glória, e o que exalta minha cabeça.
4. Com minha voz clamei ao Senhor; e ouviu-me desde o seu santo monte. [Selá].
5. Eu me deitei, e dormi. Também acordei, porque o Senhor me sustenta.
6. Não temerei a dez milhares do povo, que se põem ao redor de mim.
7. Levanta-te, Senhor, salva-me, Deus meu; pois feriste a todos meus inimigos nas queixadas: os dentes aos ímpios quebrantaste!
8. Do Senhor vem a salvação: sobre teu povo, seja tua bênção. [Selá].

Capítulo 4

Salmo de Davi para o cantor-mor, sobre “Neguinote”

1. Clamando eu, ouve-me, ó Deus de minha justiça; na angústia me deste largueza. Tem misericórdia de mim, e ouve minha oração!
2. Filhos dos homens, até quando tornareis minha glória em infâmia, e amareis a vaidade? Até quando buscareis a mentira? [Selá].
3. Sabei, pois, que o Senhor separou a seu bem-querido: o Senhor me ouvirá, quando eu clamar a ele.
4. Perturbai-vos, e não pequeis; falai em vosso coração sobre vossa cama, e calai-vos. [Selá].
5. Sacrificai sacrifícios de justiça; e confiai no Senhor.
6. Muitos dizem: Quem nos fará ver o bem? Exalta sobre nós, ó Senhor, a luz de teu rosto!
7. Deste-me alegria em meu coração: mais que no tempo em que seu trigo e mosto se multiplicaram.
8. Em paz juntamente me deitarei e dormirei; porque só tu, ó Senhor, me farás habitar seguro.

Capítulo 5

Salmo de Davi para o cantor-mor, sobre “Neilote”

1. Senhor, dá ouvidos a minhas palavras, e entende minha meditação.
2. Atenta para a voz do meu clamor, rei meu e Deus meu; porque a ti orarei.
3. Senhor, pela manhã ouvirás minha voz: pela manhã me apresentarei a ti, e farei a guarda.
4. Porque não és tu Deus que tenhas prazer na impiedade: contigo não tratará o mau.
5. Não pararão os loucos perante teus olhos: aborreces a todos os obradores de maldade.
6. Destruirás aos faladores de mentiras. Ao varão sanguinolento e fraudulento, abomina o Senhor.
7. Porém eu, pela grandeza de tua benignidade, entrarei em tua casa: inclinar-me-ei para o teu santo palácio, em teu temor.
8. Senhor, guia-me em tua justiça, por causa de meus adversários; e endireita diante de mim teu caminho.
9. Porque não há em sua boca retidão; suas entranhas são meras danificações. Sepultura aberta é sua garganta; e com sua língua lisonjeiam.
10. Declara-os por culpados, ó Deus, e descaiam de seus conselhos. Por causa da multidão de suas transgressões os lança fora; pois se rebelaram contra ti.
11. Porém alegrem-se todos os que se acolhem junto a ti: alegres cantem eternamente, porquanto tu mesmo os cobres. E regozijem-se em ti os que amam teu nome.
12. Pois tu, ó Senhor, abençoarás ao justo; e como com uma rodela o cercarás com tua benevolência.

Capítulo 6

Salmo de Davi para o cantor-mor, em “Neguinote”, sobre “Seminite”

1. Senhor, não me repreendas em tua ira; e não me castigues em teu furor.
2. Tem misericórdia de mim, ó Senhor, porque estou mui debilitado. Sara-me, ó Senhor; pois meus ossos estão perturbados.
3. Até minha alma está mui perturbada. E tu, ó Senhor, até quando?
4. Torna, ó Senhor, faze escapar minha alma! Salva-me por tua benignidade!
5. Porque na morte não há lembrança de ti; e na sepultura, quem te louvará?
6. Já estou cansado de meu gemido; toda a noite faço nadar minha cama. E com minhas lágrimas, rego meu leito.
7. Já meus olhos estão carcomidos de mágoa; e têm-se envelhecido, por causa de todos meus adversários.
8. Apartai-vos de mim, todos os obradores de maldade; porque já ouviu o Senhor a voz de meu choro.
9. Já ouviu o Senhor minha súplica: o Senhor aceitará minha oração.
10. Todos meus inimigos muito se envergonharão e se perturbarão: tornarão as costas, e se envergonharão num só momento.

Capítulo 7

“Sigaion” de Davi, que ao Senhor cantou; sobre as palavras de Cuxe, filho de Jemini

1. Senhor, meu Deus, em ti confio; salva-me de todos meus perseguidores, e livra-me deles.
2. Para que não arrebate minha alma como leão, despedaçando-a sem que haja algum livrador.
3. Senhor, meu Deus, se eu fiz isto; se há perversidade em minhas mãos;
4. Se paguei com mal ao que tinha paz comigo – antes, fiz escapar ao que me oprimia sem causa –,
5. Persiga o inimigo minha alma, e alcance-a; e calque em terra minha vida. E meta minha glória no pó! [Selá].
6. Levanta-te, ó Senhor, em tua ira; exalta-te pelos furores de meus opressores. E desperta para comigo; pois tu mandaste o juízo.
7. Assim o ajuntamento de povos te rodeará: sobre ele, pois, te torna à altura.
8. O Senhor fará juízo aos povos. Ó Senhor, também julga a mim: conforme a minha justiça, e conforme a sinceridade que há em mim.
9. Tenha já fim a malícia dos ímpios, mas confirma ao justo. Tu, ó justo Deus, que provas os corações e os rins!
10. Meu escudo está junto a Deus, que salva aos retos de coração.
11. Deus é um justo juiz; e um Deus que se indigna todos os dias.
12. Se não se converter, sua espada aguçará: já seu arco tem armado e preparado.
13. E já para ele preparou armas mortais: suas setas porá em obra contra os furiosos perseguidores.
14. Eis que está com dores de perversidade; e concebeu trabalhos, e parirá mentiras.
15. Já cavou um poço, e o fez fundo; mas caiu na cova que fez.
16. Seu trabalho se tornará sobre sua cabeça; e sua violência descerá sobre sua moleira.
17. Eu, porém, louvarei ao Senhor, segundo sua justiça; e salmodiarei ao nome do Senhor, o Altíssimo.

Capítulo 8

Salmo de Davi para o cantor-mor, sobre “Gitite”

1. Ah Senhor, nosso Dominador, quão ilustre é teu nome em toda a terra! Pois puseste tua majestade por cima dos céus.
2. Da boca das crianças, e dos que ainda mamam, fundaste força: por causa de teus adversários, para fazer cessar ao inimigo e vingativo.
3. Quando vejo teus céus, obra de teus dedos; a lua e as estrelas, que preparaste, então digo:
4. Que é o homem mortal, para que dele te lembres? E o filho do homem, para que o visites?
5. Verdade é que o fizeste um pouco menor que os anjos; porém com honra e glória o coroaste.
6. Dominar o fazes sobre as obras de tuas mãos: tudo puseste debaixo de seus pés.
7. Ovelhas e bois, e tudo o demais; como também os animais do campo.
8. As aves dos céus, e os peixes do mar; e o que passa pelas veredas dos mares.
9. Ah Senhor, nosso Dominador! Quão ilustre é teu nome em toda a terra!

Capítulo 9

Salmo de Davi para o cantor-mor, sobre “Mute-Laben”

1. Louvarei ao Senhor com todo meu coração; e contarei todas tuas maravilhas.
2. Alegrar-me-ei e saltarei de prazer em ti: salmodiarei a teu nome, ó Altíssimo!
3. Porquanto meus inimigos tornaram atrás: caíram, e pereceram de diante de tua face.
4. Porque tu despachaste meu direito e minha causa judicial: tu te assentaste no tribunal, julgando justamente.
5. Asperamente repreendeste às gentes, destruíste ao ímpio: o nome deles apagaste para sempre e eternamente.
6. Ó inimigo, acabaram-se já as assolações para sempre: das cidades que arrasaste, pois já pereceu a memória delas.
7. Porém o Senhor perpetuamente se assentará por juiz: já preparou seu tribunal para julgar.
8. E ele mesmo julgará ao mundo com justiça: fará justiça aos povos retissimamente.
9. E será o Senhor um alto refúgio para o afligido: um alto refúgio em tempos de angústia.
10. E confiarão em ti os que conhecem teu nome; porque nunca desamparaste aos que te buscam, ó Senhor.
11. Salmodiai ao Senhor, que habita em Sião: anunciai entre os povos suas façanhas.
12. Porque inquire acerca dos derramamentos de sangue, e lembra-se deles: não se esquece do clamor dos miseráveis.
13. Tem misericórdia de mim, ó Senhor; atenta para minha miséria, que me vem de meus aborrecedores. Tu, que me exalças das portas da morte!
14. Para que eu conte todos teus louvores; e nas portas da filha de Sião, me regozije em tua salvação.
15. As gentes se afundaram na cova que elas mesmas fizeram: seu pé ficou preso na rede que encobriram.
16. O Senhor foi conhecido em o juízo que fez. Enlaçado foi o ímpio nas obras de suas próprias mãos: oh coisa digna de consideração! [Selá].
17. Tornarão os ímpios ao inferno; como também todas as gentes que de Deus se esquecem.
18. Porque, não para sempre será esquecido o necessitado; nem tampouco a atença dos miseráveis perecerá perpetuamente.
19. Levanta-te, ó Senhor, não se fortaleça o homem mortal: sejam julgadas as gentes perante tua face.
20. Põe-lhes medo, ó Senhor! Saibam as gentes que são homens mortais. [Selá].

Capítulo 10

1. Por que, ó Senhor, estás de longe? Por que te escondes em tempos de angústia?
2. Com arrogância o ímpio furiosamente persegue ao miserável: sejam presos nas ciladas que maquinaram!
3. Porque o ímpio se gloria do desejo de sua alma: o avarento se bendiz, e blasfema do Senhor.
4. Pela altivez de seu rosto, o ímpio não esquadrinha: todas suas imaginações são que não há Deus.
5. Em todo tempo seus caminhos atormentam, teus juízos estão longe dele como em grande altura; a todos seus adversários, lhes assopra.
6. Diz em seu coração: Não serei removido! De geração em geração, será que nunca me verei em mal.
7. Sua boca está cheia de maldição, e de enganos, e de astúcia: debaixo de sua língua há moléstia e maldade.
8. Põe-se nas ciladas das aldeias, nos esconderijos mata ao inocente; seus olhos se agacham contra o pobre.
9. Arma ciladas no esconderijo, como o leão em seu covil: arma ciladas para roubar ao miserável. E rouba ao miserável, trazendo-o em sua rede.
10. É quebrantada, abatida; e cai em suas fortes unhas a multidão dos pobres.
11. Diz em seu coração: Já Deus está esquecido. Já encobriu seu rosto, nunca mais o verá.
12. Levanta-te, ó Senhor Deus, alça tua mão! Não te esqueças dos miseráveis.
13. Por que o ímpio blasfema de Deus? Dizendo em seu coração: Tu o não esquadrinharás.
14. Mui bem o estás vendo; porque tu olhas para o trabalho e o enfado, para o entregar em tuas mãos. A ti o pobre se remete; tu foste ajudador do órfão.
15. Quebranta o braço do ímpio; e quanto ao maligno, busca sua impiedade, até que não mais aches dela.
16. O Senhor é rei eterno e perpétuo: de sua terra perecerão as gentes.
17. O desejo dos mansos ouviste, ó Senhor: confortarás seus corações, e teus ouvidos estarão abertos para eles.
18. Para fazer justiça ao órfão e ao afligido; para que o homem, feito da terra, não mais prossiga em usar de violência.

Capítulo 11

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. No Senhor confio. Como, pois, dizeis à minha alma: Vagueai em vossa montanha, como pássaro?
2. Porque eis que os ímpios armam o arco, põem suas flechas na corda; para com elas às escuras atirarem aos retos de coração.
3. Na verdade que já os fundamentos se transtornam: que é o que faz o justo?
4. O Senhor está em seu santo palácio, o trono do Senhor está nos céus. Seus olhos atentam: as suas pálpebras provam aos filhos dos homens.
5. O Senhor prova ao justo. Porém ao ímpio e ao que ama a violência, os aborrece sua alma.
6. Sobre os ímpios choverá com sopros de ventos: fogo e enxofre, e vento tempestuoso será a parte de seu copo.
7. Porque o Senhor é justo, e também ama as justiças: seu rosto atenta para o reto.

Capítulo 12

Salmo de Davi, para o cantor-mor, sobre “Seminite”

1. Salva-nos, ó Senhor, porque já faltam os pios; porque já são poucos os leais dentre os filhos dos homens.
2. Falsidade fala cada qual a seu próximo, com lábios lisonjeiros: com coração dobre falam.
3. Corte o Senhor a todos os lábios lisonjeiros, e a língua que fala grandiosamente!
4. Pois dizem: Com nossa língua prevaleceremos; nossos lábios são nossos próprios! Quem é senhor sobre nós?
5. Pela assolação dos miseráveis, pelo gemido dos necessitados: agora me levantarei, diz o Senhor; porei a salvo àquele para quem ele sopra ameaças.
6. As palavras do Senhor são palavras puras; e prata refinada em forno de barro, purificada sete vezes.
7. Tu, ó Senhor, os guardarás: desta geração preservarás a cada um, para sempre.
8. Cercando andam os ímpios, enquanto os mais vis são exaltados sobre os filhos dos homens.

Capítulo 13

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. Até quando, ó Senhor, de mim te esquecerás continuamente? Até quando encobrirás de mim teu rosto?
2. Até quando consultarei com minha alma, tendo tristeza em meu coração de dia? Até quando se exaltará meu inimigo sobre mim?
3. Atenta para mim, ouve-me, ó Senhor, Deus meu. Alumia meus olhos, para que não adormeça na morte.
4. Para que meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele. E meus adversários se regozijem, vindo eu a vacilar.
5. Porém eu, em tua benignidade confio, em tua salvação se regozijará meu coração! Cantarei ao Senhor; porquanto me fez bem a mim.

Capítulo 14

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. Diz o louco em seu coração: Não há Deus. Já se têm corrompido, fazem-se abomináveis com suas obras, já ninguém há que faça o bem.
2. O Senhor atentou desde os céus para os filhos dos homens; para ver se havia algum entendido, que buscasse a Deus.
3. Já todos se desviaram, juntamente se fizeram fétidos. Já ninguém há que faça o bem, nem um sequer.
4. Pois não têm conhecimento todos os obradores de maldade!? Os quais comem a meu povo, como se comessem pão? Ao Senhor não invocam.
5. Ali espavoreceram de pavor, porque Deus está com a geração dos justos.
6. Vós outros envergonhais o conselho dos miseráveis, porquanto o Senhor é seu refúgio.
7. Ah, se já de Sião viesse a salvação de Israel! Quando o Senhor fizer tornar os prisioneiros de seu povo, então Jacó se regozijará, e Israel se alegrará.

Capítulo 15

Salmo de Davi

1. Senhor, quem morará em tua tenda? Quem habitará em teu santo monte?
2. Aquele que anda sinceramente, e obra justiça; e de coração fala a verdade.
3. Aquele que não murmura com sua língua, não faz mal a seu companheiro; e nenhum opróbrio lança a seu próximo.
4. Em seus olhos o réprobo é desprezado; mas honra aos que temem ao Senhor. Se veio a jurar com seu dano, contudo não se desdiz.
5. Seu dinheiro não dá à usura, nem toma subornos contra o inocente. Quem faz isto, jamais vacilará.

Capítulo 16

Salmo excelentíssimo de Davi

1. Guarda-me, ó Deus, porque confio em ti.
2. Tu, ó alma minha, disseste ao Senhor: Tu és o Senhor. Meu bem não chega até a ti.
3. Pelos santos que na terra estão; e pelos ilustres, em quem está todo meu prazer.
4. As dores se multiplicaram dos que a outro deus fazem presentes: não oferecerei seus sacrifícios de licor de sangue, e não tomarei seus nomes em meus lábios.
5. O Senhor é a parte de meu quinhão e de meu copo: tu sustentas minha sorte.
6. Em lugares deleitosos me caíram os cordéis: sim, uma formosa herança me veio a mim.
7. Louvarei ao Senhor, que me aconselhou: até de noite me ensinam meus rins.
8. Represento-me o Senhor continuamente; e porquanto está à minha mão direita, nunca vacilarei.
9. Pelo que está alegre meu coração, e minha glória se regozija; também minha carne habitará segura.
10. Porque não deixarás minha alma no inferno; nem tampouco permitirás que teu bem-querido veja corrupção.
11. Far-me-ás saber a vereda da vida: fartura de alegrias há em tua presença, delícias se acham à tua mão direita perpetuamente.

Capítulo 17

Oração de Davi

1. Ouve, ó Senhor, a justiça de minha causa, atenta para meu choro, dá ouvidos à minha oração – feita sem lábios de engano.
2. De diante de teu rosto saia meu juízo; teus olhos atentem para a razão.
3. Já provaste meu coração, visitaste-me de noite, examinaste-me, e nada achaste; o que imaginei, minha boca não traspassa.
4. Quanto ao trato dos homens, conforme à palavra de teus lábios; eu me guardei das veredas do violento;
5. Regendo meus passos em teus caminhos, para que minhas pegadas não vacilassem.
6. Eu te invoco, ó Deus, porquanto ouvidos me dás: inclina teus ouvidos a mim, e escuta minha palavra.
7. Faze maravilhosas tuas beneficências, tu que, aos que confiam em ti, livras: tu os livras dos que se levantam contra tua mão direita.
8. Guarda-me como o preto da menina do olho: debaixo da sombra de tuas asas, me esconde.
9. De diante dos ímpios, que me assolam; e de meus mortais inimigos, que já me andam cercando.
10. Engordam-se; com sua boca, falam soberbamente.
11. Agora em nossos passos nos cercaram; seus olhos põem em nós, para derribar-nos no chão.
12. Parece-se ao leão, que deseja arrebatar; e ao leãozinho, que se põe em esconderijos.
13. Levanta-te, ó Senhor, previne-o, derriba-o; e livra minha alma dos ímpios com tua espada;
14. Dos varões com tua mão, ó Senhor, dos varões que são do mundo, cuja parte está nesta vida, cujo ventre enches de teu secreto tesouro; do qual os filhos se fartam, e deixam seu sobejo a suas crianças.
15. Eu, porém, atentarei para teu rosto em justiça; e fartar-me-ei de tua semelhança, quando despertar.

Capítulo 18

Para o cantor-mor. Salmo do servo do Senhor, Davi; o qual falou as palavras deste cântico ao Senhor, no dia em que o Senhor o livrou das mãos de todos seus inimigos e das mãos de Saul. Disse, pois:

1. De coração te amarei, ó Senhor, fortaleza minha.
2. O Senhor, minha penha, meu lugar forte, meu libertador, meu Deus, que é meu rochedo, nele confiarei; como também meu escudo, e a força de minha salvação, e meu alto refúgio.
3. Ao Senhor, digno de louvor, invoquei; e de meus inimigos, livre fiquei.
4. Cercaram-me cordéis de morte; e ribeiros de Belial me assombraram.
5. Cordéis do inferno me cingiram; encontraram-me laços de morte.
6. Estando em angústia, invoquei ao Senhor, e a meu Deus clamei: desde seu palácio ouviu minha voz, e meu clamor perante sua face chegou a seus ouvidos.
7. Então se abalou e tremeu a terra, e os fundamentos dos montes se moveram; e abalaram-se, porquanto se indignou.
8. Subiu fumo de seu nariz, e de sua boca fogo que consumia: carvões se acenderam dele.
9. E abaixou os céus, e desceu; e escuridão havia debaixo de seus pés.
10. E cavalgou sobre um querubim, e voou; e voou ligeiro sobre as asas do vento.
11. Pôs as trevas por seu esconderijo, sua tenda ao redor de si: escuridade de águas, isto é, nuvens dos céus.
12. Do resplendor de sua presença, suas nuvens se espalharam; como também a saraiva, e as brasas de fogo.
13. E trovoou nos céus o Senhor, e o Altíssimo alçou sua voz; saraiva e brasas de fogo caíram.
14. E despediu suas setas, e dissipou-os; e raios multiplicou, e perturbou-os.
15. E as profundezas das águas se viram, e os fundamentos do mundo se descobriram: por tua repreensão, ó Senhor; e pelo sopro do vento de teu nariz.
16. Desde o alto enviou, e me tomou: tirou-me das muitas águas.
17. Livrou-me de meu possante inimigo; e de meus aborrecedores, porquanto mais poderosos eram que eu.
18. Encontraram-me no dia de minha calamidade, porém o Senhor me foi amparo.
19. E tirou-me à largura; e arrebatou-me, porque tinha prazer em mim.
20. Recompensou-me o Senhor conforme a minha justiça: conforme à pureza de minhas mãos, me rendeu.
21. Porque guardei os caminhos do Senhor, e impiamente me não apartei de meu Deus.
22. Porque todos seus juízos estavam diante de mim; e seus estatutos, não rejeitei de mim.
23. Porém fui sincero com ele, e recatei-me de minha maldade.
24. E rendeu-me o Senhor conforme a minha justiça: conforme à pureza de minhas mãos perante seus olhos.
25. Com o benigno, te mostras benigno; e com o varão sincero, te mostras sincero.
26. Com o puro, te mostras puro; mas com o perverso, te mostras avesso.
27. Porque tu, ao povo aflito, livras; e aos olhos altivos, abates.
28. Porque tu fazes alumiar minha candeia: o Senhor, meu Deus, faz clarear minhas trevas.
29. Porque contigo, entro por um esquadrão; e com meu Deus, salto por uma muralha.
30. O caminho de Deus é perfeito. A palavra do Senhor é refinada: escudo é para todos os que nele confiam.
31. Porque quem é Deus, senão o Senhor? E quem é rochedo, senão nosso Deus?
32. Deus é o que me cinge de força; e aperfeiçoa meu caminho.
33. Faz meus pés como os das cervas, e em minhas alturas me põem.
34. Tanto ensina minhas mãos a guerrear, que até arco de bronze foi quebrado por meus braços.
35. Também me deste o escudo de tua salvação; e tua mão direita me susteve, e tua disciplina me engrandeceu.
36. Alargaste meus passos debaixo de mim, e meus artelhos não vacilaram.
37. Persegui a meus inimigos, e os alcancei; e nunca me tornei, até os não consumir.
38. Em tal modo os abati, que mais se não puderam levantar: caíram debaixo de meus pés.
39. Porque me cingiste de força para a peleja; e fizeste abater debaixo de mim aos que contra mim se levantaram.
40. E deste-me o toutiço de meus inimigos; e quanto a meus aborrecedores, os desfiz.
41. Clamaram, porém não houve livrador; ao Senhor, porém não lhes respondeu.
42. Então os esmiucei, como pó ao vento; e como a lama das ruas, os deitei fora.
43. Livraste-me de contendas do povo. Puseste-me por cabeça das gentes; e povo que não conheci, me serviu. 
44. Em ouvindo minha voz, logo me obedeceram: estranhos fingidamente se me sujeitaram.
45. Estranhos descaíram, e de medo saíram de seus retiros.
46. O Senhor vive, e bendito seja meu rochedo; e exaltado seja o Deus de minha salvação.
47. O Deus que me dá inteira vingança, e sujeita os povos debaixo de mim.
48. O que me livra de meus inimigos. E também tu me exaltas sobre os que contra mim se levantam: de varão violento me arrebatas.
49. Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as gentes; e a teu nome, salmodiarei.
50. Que engrandece as salvações de seu rei; e usa de benignidade com seu ungido, com Davi e com sua semente, para todo sempre!

Capítulo 19

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. Os céus relatam a glória de Deus; e o firmamento anuncia a obra de suas mãos.
2. Um dia derrama fala ao outro, e uma noite mostra sabedoria à outra.
3. Não há língua nem palavras, onde se não ouça sua voz.
4. Por toda a terra sai seu cordel, e suas razões até o fim do mundo. Para o Sol, pôs uma tenda neles;
5. E é ele como o noivo que sai de seu tálamo: alegra-se como o herói, para percorrer seu caminho.
6. Desde um cabo dos céus é sua saída, e seu percurso até os outros cabos deles; e nada se esconde de sua quentura.
7. A Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples.
8. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos.
9. O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdade, juntamente são justos.
10. Mais desejáveis são que ouro, e mais que muito ouro refinado; e ainda mais doces que mel, e que o licor de seus favos.
11. Teu servo também é admoestado por eles; e em os guardar, há grande salário.
12. Quem entenderia os erros? Dos encobertos, me expurga!
13. Também de soberbos retém a teu servo, para que não tenham domínio de mim; então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão.
14. Sejam agradáveis os ditos de minha boca, e a meditação de meu coração, perante tua face; ó Senhor, rocha minha, e libertador meu!

Capítulo 20

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. O Senhor te ouça no dia da angústia; o nome do Deus de Jacó te ponha em alto retiro.
2. Envie-te ajuda desde seu santuário, e desde Sião te sustenha.
3. Lembre-se de todas tuas ofertas de manjares, e teus holocaustos desfaça em cinza. [Selá].
4. Dê-te conforme a teu coração, e cumpra-te todo teu conselho.
5. Rejubilaremos por tua salvação, e em nome de nosso Deus arvoraremos os pendões; cumpra o Senhor todas tuas petições.
6. Já agora sei que o Senhor guarda a seu ungido: ouvi-lo-á desde os seus santos céus, com poderios da salvação de sua mão direita.
7. Estes se gabam de carros, e estoutros de cavalos; porém nós do nome do Senhor, nosso Deus, faremos menção.
8. Estes se encurvaram, e caíram; porém nós nos levantamos, e ficamos em pé.
9. Salva-nos, ó Senhor! E o rei nos ouça no dia em que clamarmos.

Capítulo 21

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. Ó Senhor, em tua força se alegra o rei; e quão grandemente se regozija em tua salvação!
2. O desejo de seu coração lhe cumpriste; e o que seus lábios pronunciaram, lhe não negaste. [Selá].
3. Porque o antecipas com bênçãos de bens; e pões em sua cabeça coroa de fino ouro.
4. Vida te pediu, e deste-lha; e longura de dias, para sempre e perpetuamente.
5. Grande é sua honra por tua salvação: glória e majestade lhe aproprias.
6. Porque o pões em bênçãos para sempre; e o alegras de regozijo em tua presença.
7. Porque o rei confia no Senhor; e com a benignidade do Altíssimo nunca vacilará.
8. Tua mão alcançará a todos teus inimigos: tua mão direita alcançará a teus aborrecedores.
9. Como a forno de fogo os porás no tempo de teu rosto irado: o Senhor em sua ira os devorará, e o fogo os consumirá.
10. Seu fruto destruirás da terra, e sua semente dos filhos dos homens.
11. Porque intentaram mal contra ti: maquinaram um intento, porém não prevalecerão.
12. Porque os farás tornar atrás; e com tuas flechas postas nas cordas, lhes apontarás ao rosto.
13. Exalta-te, ó Senhor, em tua força! Então cantaremos, e salmodiando louvaremos teu poder.

Capítulo 22

Salmo de Davi, para o cantor-mor, sobre “Aielete-Hassaar”

1. Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Afastando-te de minha redenção, e das palavras de meu bramido.
2. Deus meu, clamo de dia, e não me respondes; e também de noite, e não tenho sossego.
3. Porém tu és santo; o que habitas entre os louvores de Israel.
4. Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e livraste-os.
5. A ti clamaram, e escaparam; em ti confiaram, e não se confundiram.
6. Porém eu, sou bicho, e não varão: opróbrio dos homens, e desprezado do povo.
7. Todos os que me vêem, zombam de mim: arreganham os lábios, e bolem com a cabeça, dizendo:
8. Remeteu-se ao Senhor, livre-o ele. E resgate-o agora, pois tem seu prazer nele.
9. Tu és, porém, o que me tiraste do ventre; o que me fizeste confiar, estando eu ainda aos peitos de minha mãe.
10. Sobre ti fui lançado desde a madre: desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus.
11. Não te afastes, pois, de mim, pois a angústia está perto; pois não há ajudador.
12. Muitos touros me cercaram: fortes touros de Basã me rodearam.
13. Abriram contra mim sua boca, como leão que despedaça e brama.
14. Como água me derramei, e desconjuntaram-se todos meus ossos. É meu coração como cera: derreteu-se em meio de minhas entranhas.
15. Já minha força se secou como testo, e minha língua está apegada ao meu palato; e tu me pões no pó da morte.
16. Porque cães me rodearam. E ajuntamento de malfeitores me cercou; furaram-me as mãos e os pés.
17. Poderia contar todos meus ossos; eles o estão vendo, e atentam para mim.
18. Repartem entre si minhas vestes; e sobre minha vestimenta, lançam sortes.
19. Porém tu, ó Senhor, não te afastes! Força minha, apressa-te a socorrer-me!
20. Faze escapar da espada minha vida; e minha alma solitária, da violência do cão.
21. Livra-me da boca do leão; e ouve-me, dos chifres dos unicórnios me tirando.
22. Então contarei teu nome a meus irmãos, e em meio da congregação te louvarei.
23. Os que temeis ao Senhor, louvai-o; e vós toda a semente de Jacó, glorificai-o. E respeitai-o, vós toda a semente de Israel.
24. Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem escondeu dele seu rosto. Antes, clamando a ele, o ouviu.
25. De ti será meu louvor: em grande congregação, pagarei meus votos perante os que o temem.
26. Os mansos comerão, e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam. Vosso coração viverá eternamente!
27. Todos os cantos da terra se lembrarão disso, e se converterão ao Senhor; e todas as gerações das gentes adorarão perante tua face.
28. Porque do Senhor, o reino é; e ele domina entre as gentes.
29. Todos os grandes da terra comerão, e o adorarão, e perante seu rosto se prostrarão todos os que descem ao pó; como também até os que não podem reter sua própria vida.
30. A semente o servirá; e será contada ao Senhor, de geração em geração.
31. Chegarão, e anunciarão sua justiça: ao povo que nascer, porque ele assim o fez.

Capítulo 23

Salmo de Davi

1. O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
2. Em pastos ervosos me faz deitar; mansamente me leva a águas mui quietas.
3. Refrigera minha alma; guia-me por veredas de justiça, por seu nome.
4. Ainda que também andasse pelo vale da sombra da morte, nem por isso temeria mal algum, porque estás comigo: tua vara e teu cajado são os que me consolam.
5. Pões-me a mesa perante mim diante de meus adversários; unges minha cabeça com azeite, e já meu copo transborda.
6. E até o bem e a beneficência me seguirão todos os dias de minha vida; e ficarei na casa do Senhor por longos dias.

Capítulo 24

Salmo de Davi

1. Do Senhor é a terra, como também sua plenitude; o mundo, e os que nele habitam.
2. Porque ele a fundou sobre os mares, e sobre os rios a firmou.
3. Quem subirá ao monte do Senhor? E quem estará em seu santo lugar?
4. O limpo de mãos, e puro de coração; que não entrega sua alma à vaidade, e não jura enganosamente.
5. Esse receberá a bênção do Senhor, e a justiça do Deus de sua salvação.
6. Esta é a geração daqueles que perguntam por ele; dos que buscam tua face, convém a saber, Jacó. [Selá].
7. Levantai, ó portas, vossas cabeças, e levantai-vos, ó entradas eternas; para que entre o Rei da Glória.
8. Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos; ele é o Rei da Glória. [Selá].

Capítulo 25

Salmo de Davi

1. Aleph [א]. A ti, ó Senhor, levanto minha alma.
2. Beth [ב]. Deus meu, em ti confio, não me deixes confundir; nem a meus inimigos que saltem de prazer por mim.
3. Gimel [ג]. Como na verdade todos os que esperam em ti não serão confundidos: confundidos serão os que tratam aleivosamente sem causa.
4. Daleth [ד]. Teus caminhos, ó Senhor, me faze saber; tuas veredas, me ensina.
5. He [ה] Vav [ו]. Guia-me em tua verdade, e ensina-me; pois tu és o Deus da minha salvação. Por ti estou esperando todo o dia.
6. Zain [ז]. Lembra-te, ó Senhor, de tuas misericórdias e de tuas benignidades; porque são desde a eternidade.
7. Heth [ח]. Dos pecados de minha mocidade e de minhas trangressões não te lembres. Mas segundo tua benignidade, te lembra tu de mim; por tua bondade, ó Senhor.
8. Teth [ט]. Bom e reto é o Senhor; pelo que ensinará aos pecadores o caminho.
9. Iod [י]. Guiará aos mansos em direiteza; sim, ensinará aos mansos seu caminho.
10. Caph [כ]. Todas as veredas do Senhor são benignidade e verdade, para com os que guardam seu concerto e seus testemunhos.
11. Lamed [ל]. Por teu nome, ó Senhor, me perdoa minha maldade, pois é grande.
12. Mem [מ]. Qual é o varão que teme ao Senhor? O qual lhe ensinará o caminho que deve escolher.
13. Nun [נ]. Sua alma repousará no bem, e sua semente possuirá a terra em herança.
14. Samech [ס]. O segredo do Senhor é para os que o temem; e sua aliança, para lhes fazer saber.
15. Ain [ע]. Meus olhos continuamente estão postos no Senhor, porque da rede ele me tirará meus pés.
16. Pe [פ]. Olha para mim, e tem piedade de mim; porque estou solitário e miserável.
17. Tsade [צ]. As ansiedades do meu coração se têm multiplicado: tira-me de meus apertos.
18. Resh [ר]. Atenta para minha miséria e meu trabalho, e perdoa todos meus pecados.
19. Atenta para meus inimigos, porque se vão multiplicando; e com ódio violento me aborrecem.
20. Shin [ש]. Guarda-me minha alma, e resgata-me; e não me deixes confundir, porquanto confio em ti.
21. Thav [ת]. Sinceridade e direiteza me guardem, porquanto espero em ti.
22. Redime, ó Deus, a Israel: de todas suas angústias.

Capítulo 26

Salmo de Davi

1. Faze-me justiça, ó Senhor, pois eu ando em minha sinceridade; e confio no Senhor, não vacilarei.
2. Prova-me, ó Senhor, e testa-me: esquadrinha meus rins e meu coração.
3. Porque tua benignidade está perante meus olhos, e eu ando em tua verdade.
4. Não me assento com varões vãos, e não converso com varões refolhados.
5. Aborreço a congregação dos malfazejos, e não me assento com os ímpios.
6. Lavo minhas mãos em inocência; e ando ao redor de teu altar, ó Senhor.
7. Para fazer ouvir voz de louvores, e para contar todas tuas maravilhas.
8. Senhor, amo a morada de tua casa, e o lugar do tabernáculo de tua glória.
9. Não apanhes com os pecadores minha alma, nem minha vida com os varões sanguinolentos.
10. Em cujas mãos há malefícios, e cuja mão direita está cheia de subornos.
11. Porém eu, ando em minha sinceridade; pelo que livra-me, e tem piedade de mim.
12. Meu pé está posto em caminho plano. Louvarei ao Senhor nas congregações.

Capítulo 27

Salmo de Davi

1. O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei? O Senhor é a força de minha vida: de quem me espavorecerei?
2. Quando se achegaram a mim os malignos, para comer minha carne; meus adversários e meus inimigos que tenho, eles mesmos tropeçaram e caíram.
3. Ainda que todo um exército me cercasse, meu coração não temeria; ainda que guerra se levantasse contra mim, eu confio nisto.
4. Uma coisa pedi ao Senhor, esta buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para ver a suavidade do Senhor e esquadrinhar em seu templo.
5. Porque no dia do mal me esconde em sua cabana: encobre-me no oculto de sua tenda, e alça-me sobre rochas.
6. Também minha cabeça agora será elevada por cima de meus inimigos, que estão ao redor de mim, e sacrificarei em sua tenda sacrifícios de júbilo: cantarei e salmodiarei ao Senhor.
7. Ouve, ó Senhor, minha voz, clamando eu; e tem piedade de mim, e responde-me.
8. Meu coração te diz a ti, que tu disseste: Buscai meu rosto. Teu rosto, ó Senhor, busco.
9. Não escondas de mim teu rosto, não rejeites com ira a teu servo. Tu foste minha ajuda; não me deixes, nem me desampares, ó Deus de minha salvação!
10. Porque meu pai e minha mãe me desampararam, mas o Senhor me recolherá.
11. Ensina-me, ó Senhor, teu caminho, e guia-me pela vereda direita; por causa dos que me andam espreitando.
12. Não me entregues à vontade de meus adversários; porque se levantaram contra mim falsas testemunhas, como também o que sopra violência.
13. Se eu não cresse que veria os bens do Senhor na terra dos viventes, sem dúvida que pereceria.
14. Espera, pois, no Senhor. Esforça-te, e alente-se teu coração; espera, pois, no Senhor.

Capítulo 28

Salmo de Davi

1. A ti, ó Senhor, rocha minha, clamo; não te ensurdeças para comigo. Para que, se te calares acerca de mim, não seja eu semelhante aos que descem à cova.
2. Ouve a voz de minhas súplicas, quando clamar a ti; levantando minhas mãos a teu santo oráculo.
3. Não puxes por mim com os ímpios, nem com os obradores de maldade. Os quais falam de paz com seu próximo; porém há mal em seu coração.
4. Dá-lhes conforme a seu obrar, e conforme à malícia de seus tratos. Dá-lhes conforme à obra de suas mãos; torna-lhes suas recompensas.
5. Porquanto não atentam para os feitos do Senhor, nem para a obra de suas mãos; pelo que os derribará, e não os edificará.
6. Bendito seja o Senhor, pois ouviu a voz de minhas súplicas.
7. O Senhor é minha força e meu escudo, nele confiou meu coração, e fui socorrido. Pelo que meu coração salta de prazer; com meu canto, pois, o louvarei.
8. O Senhor é a força deles; e ele é o reforço das redenções de seu ungido.
9. Salva a teu povo, e abençoa a tua herança; e apascenta-os e exalta-os para todo sempre.

Capítulo 29

Salmo de Davi

1. Dai ao Senhor, ó filhos dos poderosos; dai ao Senhor a glória e a força.
2. Dai ao Senhor a glória de seu nome. Adorai ao Senhor em santo ornamento.
3. A voz do Senhor se ouve sobre as águas: o Deus da glória troveja, o Senhor está sobre as muitas águas.
4. Sai a voz do Senhor com força, a voz do Senhor com majestade.
5. A voz do Senhor quebra aos cedros; e quebranta o Senhor aos cedros do Líbano.
6. Como a bezerros os faz saltar; e ao Líbano e a Siriom, como a filhos de unicórnios.
7. A voz do Senhor lança labaredas de fogo.
8. A voz do Senhor faz tremer ao deserto: o Senhor faz tremer o deserto de Cades.
9. A voz do Senhor faz parir às cervas, e desnuda as brenhas; porém em seu templo, cada qual lhe diz “glória”.
10. O Senhor se assentou para fazer vir o dilúvio; e o Senhor se assenta por rei perpetuamente.
11. O Senhor dará força a seu povo; o Senhor abençoará a seu povo com paz.

Capítulo 30

Salmo e canção de Davi, da dedicação da casa

1. Exaltar-te-ei, ó Senhor, porque tu me alçaste; e não alegraste acerca de mim aos meus inimigos.
2. Senhor, meu Deus: clamei a ti, e saraste-me.
3. Senhor, fizeste subir da sepultura minha alma; e conservaste-me em vida, para que não descesse à cova.
4. Salmodiai ao Senhor, vós os seus favorecidos! E celebrai a memória de sua santidade!
5. Porque um momento se passa em sua ira, porém uma vida toda em seu favor. Ao cair da tarde, pernoita o choro; mas pela manhã há alegre canto.
6. Bem dizia eu em minha prosperidade: não vacilarei jamais.
7. Porque por teu favor, ó Senhor, fortalecerás minha montanha; porém, encobrindo tu teu rosto, fiquei apavorado.
8. A ti, ó Senhor, clamei; e ao Senhor supliquei, dizendo:
9. Que ganho há em meu sangue, e em minha descida à cova!? Porventura, o pó te louvará? Ou anunciará tua verdade?
10. Ouve, ó Senhor, e tem piedade de mim! Senhor, sê tu meu ajudador!
11. Tornaste meu pranto em folguedo para mim: desataste meu pano de saco, e cingiste-me de alegria.
12. Para que minha glória a ti salmodie, e não se cale. Senhor, Deus meu, para sempre te louvarei.

Capítulo 31

Salmo de Davi para o cantor-mor

1. Em ti, ó Senhor, confio; não me deixes confundir para sempre. Livra-me por tua justiça!
2. Inclina a mim teus ouvidos, faze-me escapar apressadamente; sê para mim como rocha firme, e como casa fortíssima, para salvar-me.
3. Porque tu és minha rocha e minha fortaleza; pelo que, por teu nome, me guia e me encaminha.
4. Tira-me da rede que esconderam para mim, pois tu és minha força.
5. Em tuas mãos encomendo meu espírito; redimiste-me, ó Senhor, Deus da verdade.
6. Aborreço aos que atentam para vaidades enganosas; e eu confio no Senhor.
7. Em tua benignidade me regozijarei e me alegrarei; porquanto atentaste para minha miséria, e reconheceste minha alma nas angústias.
8. E não me entregaste nas mãos do inimigo; e meus pés fizeste estar firmes em largura.
9. Tem misericórdia de mim, ó Senhor, porque estou angustiado: carcomeram-se de luto meus olhos, minha alma e meu ventre.
10. Porque já se gastou de tristeza minha vida e de suspiros meus anos; já descaiu minha força por minha maldade, e meus ossos se carcomeram.
11. Por causa de todos meus adversários, fui grande opróbrio, até a meus vizinhos, e horror a meus conhecidos; e até os que me vêem na rua, fogem de mim.
12. Já de coração se esquecem todos de mim, como de um morto: já sou como vaso fendido.
13. Porque ouvi a murmuração de muitos, temor me cerca do redor. Porquanto juntamente consultam contra mim: tratam de me tirar a vida.
14. Porém eu em ti confio, ó Senhor. E digo: Tu és meu Deus.
15. Meus tempos estão em tuas mãos: faze-me escapar das mãos de meus inimigos, e de meus perseguidores.
16. Faze resplandecer teu rosto sobre teu servo; salva-me por tua benignidade.
17. Senhor, não me deixes confundir, porque te invoco a ti. Deixa confundir aos ímpios, e faze-os calar na sepultura.
18. Emudeçam os lábios falsários; os quais falam contra o justo coisas duras, com soberba e desprezo.
19. Oh, quão grande é teu bem, que guardaste para os que te temem! E o operaste para com os que confiam em ti; em presença dos filhos dos homens!
20. No esconderijo de tua face, os escondes dos desaforos dos homens; em tua tenda, os encobres da contenda de línguas.
21. Bendito seja o Senhor! Pois fez maravilhosa sua benignidade para comigo, como pondo-me em cidade segura.
22. Bem dizia em em minha pressa: Estou cortado de diante de teus olhos. Porém ainda então, clamando eu a ti, ouviste a voz de minhas súplicas.
23. Amai ao Senhor, vós todos seus favorecidos. Porque o Senhor guarda aos fiéis, e paga abundantemente ao que usa de soberba.
24. Esforçai-vos, e alente-se vosso coração; vós todos os que esperais no Senhor.

Capítulo 32

Instrução de Davi

1. Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado coberto está.
2. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa a maldade; e em cujo espírito não há engano.
3. Enquanto me calei envelheceram-se meus ossos, por meu bramido todo o dia.
4. Porque de dia e de noite se agravava sobre mim tua mão; e meu humor se tornou seco, como por sequidões do estio. [Selá].
5. Meu pecado te notifiquei, e minha maldade não encobri, pois dizia eu: Confessarei ao Senhor minhas transgressões. E tu me perdoaste a maldade de meu pecado. [Selá].
6. Pelo que cada pio te adorará, em tempo de achar-te. E até no transbordar de muitas águas, estas não chegarão a ele.
7. Tu és meus esconderijo, tu me guardas da angústia; tu me cinges de cantos alegres de liberdade! [Selá].
8. Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; aconselhar-te-ei, e porei meus olhos em ti.
9. Não sejais como o cavalo, nem como o mulo, que não têm entendimento; cuja boca se há de encabrestar com cabresto e freio, enquanto não se chegam a ti.
10. O ímpio tem muitas dores; porém aquele que confia no Senhor, a benignidade o rodeará.
11. Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, ó justos! E cantai alegremente, todos os retos de coração.

Capítulo 33

1. Cantai, ó justos, alegres no Senhor! Aos retos convém seu louvor.
2. Louvai ao Senhor com harpa; salmodiai a ele com alaúde, e instrumento de dez cordas.
3. Cantai-lhe canção nova; tangei bem, com júbilo.
4. Porque reta é a palavra do Senhor; e todas suas obras, fiéis.
5. Ele ama justiça e juízo; cheia está a terra da benignidade do Senhor.
6. Pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo seu exército, pelo Espírito de sua boca.
7. Ajunta, como num montão, as águas do mar; e aos abismos põe por tesourarias.
8. Toda a terra tema ao Senhor! E todos os moradores do mundo se assombrem dele.
9. Porque falando ele, logo é feito; e mandando ele, logo comparece.
10. O Senhor desfaz o conselho das gentes, e quebranta os intentos dos povos.
11. Porém o conselho do Senhor permanece para sempre; e os intentos de seu coração, de geração em geração.
12. Bem-aventurada a gente cujo Deus é o Senhor, e o povo a quem escolheu para si por herança.
13. Desde os céus atenta o Senhor, e está vendo a todos os filhos dos homens.
14. Desde o assento de sua habitação está atentando, por todos os moradores da terra.
15. É o que forma o coração de todos eles, e atenta por todas as suas obras.
16. Não se salva o rei com a grandeza do exército, nem o herói escapa com a muita força.
17. Falha o cavalo para a vitória, e com sua grande força não livra a ninguém.
18. Eis que os olhos do Senhor estão postos sobre os que o temem, sobre os que esperam em sua benignidade.
19. Para fazer escapar sua alma da morte, e para os guardar em vida na fome.
20. Nossa alma espera no Senhor: ele é nossa ajuda, e nosso escudo.
21. Porque nele se alegra nosso coração, porquanto confiamos em seu santo nome.
22. Tua benignidade, ó Senhor, seja sobre nós; como esperamos em ti.

Capítulo 34

Salmo de Davi, quando mudou seu semblante perante Abimeleque; e este o lançou fora, e ele se foi

1. Aleph [א]. Louvarei ao Senhor em todo tempo: continuamente estará seu louvor em minha boca.
2. Beth [ב]. No Senhor se gloriará minha alma. Os mansos o ouvirão, e se alegrarão.
3. Gimel [ג]. Engrandecei ao Senhor comigo, e exaltemos seu nome à uma.
4. Daleth [ד]. Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; e livrou-me de todo meu grande medo.
5. He [ה] Vav [ו]. Para ele atentam, e a ele se vão a correr; e seus rostos se não confundirão.
6. Zain [ז]. Clamou este miserável, e o Senhor o ouviu; e de todas suas angústias o salvou.
7. Heth [ח]. O anjo do Senhor se acampa ao redor dos que o temem, e os faz escapar.
8. Teth [ט]. Degustai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o varão que se acolhe junto a ele.
9. Iod [י]. Temei ao Senhor, vós os seus santos; porque falta nenhuma têm os que o temem.
10. Caph [כ]. Os filhos dos leões têm necessidade e fome; mas os que buscam ao Senhor, de nenhum bem têm falta.
11. Lamed [ל]. Vinde filhos, e ouvi-me: o temor do Senhor vos ensinarei.
12. Mem [מ]. Qual é o varão que deseja vida, e quer largos dias para ver o bem?
13. Nun [נ]. Guarda tua língua do mal, e teus lábios de falar engano.
14. Samech [ס]. Desvia-te do mal, e faze o bem; busca a paz, e persegue-a.
15. Ain [ע]. Os olhos do Senhor estão postos sobre os justos, e seus ouvidos atentos a seu clamor.
16. Pe [פ]. A face do Senhor está contra os que fazem mal, para desarraigar da terra a memória deles.
17. Tsade [צ]. Clamam os justos, e o Senhor os ouve; e de todas suas angústias os livra.
18. Coph [ק]. Perto está o Senhor dos quebrantados de coração, e salva os contritos de espírito.
19. Resh [ר]. Muitas são as adversidades do justo, mas de todas o livra o Senhor.
20. Shin [ש]. Guarda a todos seus ossos: nenhum deles é quebrantado.
21. Thav [ת]. A malícia matará ao ímpio; e os que aborrecem o justo, serão culpados.
22. Redime o Senhor a alma de seus servos; e todos os que confiam nele não serão culpados.

Capítulo 35

Salmo de Davi

1. Pleiteia, ó Senhor, contra meus pleiteadores: peleja contra os que pelejam contra mim.
2. Pega do escudo e do broquel, e levanta-te em minha ajuda.
3. E tira a lança, e tapa o caminho ao encontro de meus perseguidores. Dize à minha alma: Eu sou tua salvação.
4. Envergonhem-se e confundam-se os que procuram tirar-me a vida; tornem-se atrás e pejem-se, os que intentam mal contra mim.
5. Sejam como a pragana perante o vento; e o anjo do Senhor os empurre.
6. Seu caminho seja tenebroso, e de todo escorregadio; e o anjo do Senhor os persiga.
7. Porque sem razão encobriram de diante de mim a cova de sua rede: sem razão cavaram diante de minha alma.
8. Sobrevenha-lhe a assolação, antes que o saiba. E sua rede, a qual encobriu, o prenda: assolado caia nela.
9. Assim minha alma se regozijará no Senhor, e alegrar-se-á em sua salvação.
10. Todos meus ossos dirão: Senhor, quem há como tu? Que livras ao miserável do mais forte do que ele; e ao miserável e necessitado, daquele que o rouba.
11. Levantam-se testemunhas violentas, e demandam-me acerca do que não sei.
12. Tornam-me o mal pelo bem: a orfandade à minha alma.
13. Quanto a mim, enfermando eles, minha veste era pano de saco: afligia minha alma com jejuns. E minha oração se tornava a meu seio.
14. Como se amigo e como se meu irmão fosse, eu andava de contínuo: de preto andava encurvado, como quem chorava por sua mãe.
15. Porém manquejando eu, se alegravam e se congregavam. Congregavam-se a mim os abatidos, e os que eu não conhecia; rasgavam suas vestes, e não se calavam.
16. Entre os fingidos zombadores calaceiros, rangiam por mim os dentes.
17. Senhor, até quando verás isto? Retira minha alma de suas assolações, e minha única dos filhos de leões.
18. Assim te louvarei na grande congregação, e entre muitíssimo povo te celebrarei.
19. Não se alegrem acerca de mim sem porquê meus inimigos, nem com os olhos acenem os que sem razão me aborrecem.
20. Porquanto não falam de paz. Antes, contra os quietos da terra intentam coisas de engano.
21. E de par em par abrem sua boca contra mim. E dizem: Ah, ah! Nossos olhos o têm visto!
22. Tu, ó Senhor, o viste: não te cales. Senhor, não te afastes de mim!
23. Desperta-te e acorda para meu direito! Deus meu e Senhor meu, para manter minha causa!
24. Julga-me conforme a tua justiça, ó Senhor meu Deus; e não os deixes alegrar-se acerca de mim.
25. Não digam em seu coração: Eia sus, alma nossa! Nem digam: Já o temos devorado!
26. Envergonhem-se e pejem-se à uma os que se alegram de meu mal; vistam-se de vergonha e confusão os que se engrandecem contra mim.
27. Alegremente cantem e se alegrem os que querem minha justiça. E continuamente digam: Seja engrandecido o Senhor, que quer a paz de seu servo.
28. Assim minha língua falará de tua justiça, e de teu louvor todo o dia.

Capítulo 36

Salmo de Davi, servo do Senhor, para o cantor-mor

1. O dito da prevaricação do ímpio, sei no mais íntimo do meu coração: não há temor de Deus perante seus olhos.
2. Porque se lisonjeia a seus próprios olhos; para achar sua maldade, que é para aborrecer.
3. As palavras de sua boca são malícia e engano, e deixa de entender para fazer o bem.
4. Pensa malícia sobre sua cama; põe-se em caminho que não é bom, e não reprova o mal.
5. Ó Senhor, nos céus está tua benignidade! E tua fidelidade chega até as mais altas nuvens!
6. Tua justiça é como os montes de Deus; teus juízos, um grande abismo! Tu, ó Senhor, conservas os homens e os animais.
7. Quão preciosa, ó Deus, é tua benignidade! Pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra de teus asas.
8. Enchem-se da gordura de tua casa; e como de um ribeiro, os abeberás de teus deleites.
9. Porque contigo está o manancial da vida; e com tua luz, vemos a luz.
10. Estende tua benignidade sobre os que te conhecem, e tua justiça sobre os retos de coração.
11. Não venha sobre mim o pé dos soberbos, e a mão dos ímpios não me faça mover.
12. Ali caíram os obradores de maldade: foram empurrados, e não se podem tornar a levantar.

Capítulo 37

Salmo de Davi

1. Aleph [א]. Não te indignes contra os malfazejos, nem tenhas inveja dos que obram perversidade.
2. Porque como erva, logo serão cortados; e como verdura de renovo, cairão.
3. Beth [ב]. Confia no Senhor, e faze o bem; habita a terra, e alimenta-te de fidelidade.
4. E deleita-te no Senhor, e dar-te-á as petições do teu coração.
5. Gimel [ג]. Vira para o Senhor teu caminho; e confia nele, e ele o fará.
6. E fará sair tua justiça como a luz, e teu direito como o meio-dia.
7. Daleth [ד]. Cala-te para com o Senhor, e espera-o; não te indignes com aquele cujo caminho prospera, nem com o varão que executa seus astutos intentos.
8. He [ה]. Dá de mão à ira, e deixa o furor; não te indignes tão somente para fazer mal.
9. Porque os malfazejos serão desarraigados; mas os que esperam ao Senhor, eles possuirão a terra em herança.
10. Vav [ו]. E ainda um pouco, e já o ímpio não será; e atentarás para seu lugar, e não aparecerá.
11. Porém os mansos possuirão a terra em herança, e deleitar-se-ão com a muita paz.
12. Zain [ז]. Maquina o ímpio contra o justo, e range contra ele seus dentes.
13. O Senhor se ri dele, porque vê que já vem seu dia.
14. Heth [ח]. Os ímpios arrancaram da espada, e entesaram seu arco; para abaterem o miserável e o necessitado, e para matarem os retos de caminho.
15. Porém sua espada entrará em seu próprio coração, e seus arcos se quebrarão.
16. Teth [ט]. Melhor é o pouco do justo, do que a abundância de muitos ímpios.
17. Porque os braços dos ímpios se quebrarão, mas o Senhor sustenta aos justos.
18. Iod [י]. Conhece o Senhor os dias dos retos, e sua herança permanecerá para sempre.
19. Não serão envergonhados no tempo mau, e nos dias da fome se fartarão.
20. Caph [כ]. Mas os ímpios perecerão, e os inimigos do Senhor como o esplendor dos lugares de pastagem: se desfarão, em fumaça se desfarão.
21. Lamed [ל]. Toma o ímpio emprestado, e não paga; mas o justo se compadece, e dá.
22. Porque seus benditos possuirão a terra em herança; mas os malditos dele, serão desarraigados.
23. Mem [מ]. Do varão bendito, os passos são confirmados pelo Senhor; e este tem prazer em seu caminho. 
24. Quanto cai, não é rejeitado; porque o Senhor sustenta sua mão.
25. Nun [נ]. Moço fui, e já envelheci; porém não vi ao justo desamparado, nem à sua semente, que buscasse pão.
26. Todo o dia se compadece, e empresta; e sua semente é para bênção.
27. Samech [ס]. Aparta-te do mal, e faze o bem; e habita a terra perpetuamente.
28. Porque o Senhor ama o direito, e não desamparará a seus favorecidos: para sempre estão guardados. Porém a semente dos ímpios será desarraigada.
29. Os justos possuirão a terra em herança, e para sempre habitarão nela.
30. Pe [פ]. A boca do justo profere sabedoria, e sua língua fala do direito.
31. A Lei de seu Deus está em seu coração: seus passos não resvalarão.
32. Tsade [צ]. Espreita o ímpio ao justo, e procura matá-lo.
33. Porém o Senhor não o deixa em suas mãos, nem tampouco o condenará quando for julgado.
34. Coph [ק]. Espera ao Senhor, e guarda seu caminho; e exaltar-te-á para habitares a terra em herança. E verás que os ímpios serão desarraigados.
35. Resh [ר]. Vi ao ímpio violento; que reverdece como a árvore verde, natural da terra.
36. Porém já se passou, e eis que não aparece; busquei-o, e não foi achado.
37. Shin [ש]. Atenta para o homem de bem, e considera ao reto; porque o fim do tal varão será paz.
38. Porém os transgressores à uma serão destruídos; e o fim dos ímpios será desarraigado.
39. Thav [ת]. Porém a salvação dos justos vem do Senhor, e sua fortaleza no tempo da angústia.
40. E o Senhor os ajudará, e os livrará: dos ímpios os livrará e os guardará, porquanto confiam nele.

Capítulo 38

Salmo de Davi, para lembrança

1. Ó Senhor, não me repreendas em tua indignação! E não me castigues em teu furor!
2. Porque tuas flechas desceram em mim, e tua mão desceu sobre mim.
3. Já não há coisa inteira em minha carne, por causa de tua cólera; já não há paz em meus ossos, por causa de meu pecado.
4. Porque já minhas maldades sobrepassam minha cabeça: como carga pesada, se agravam sobre minhas forças.
5. Já fedem meus inchaços, já estão apodrecidos; por causa da minha louquice.
6. Já estou encurvado, já estou abatido excessivamente: todo o dia ando de preto.
7. Porque minhas coxas estão cheias de ardor, e não há coisa inteira em minha carne.
8. Estou enfraquecido e quebrantado excessivamente; e bramo pelo ruído de meu coração.
9. Senhor, perante ti está todo meu desejo; e meu gemido não te é oculto.
10. Meu coração dá voltas, minha força me deixou; como também a luz de meus próprios olhos já não está comigo.
11. Meus amigos e meus companheiros estão diante de minha praga, e meus achegados se põem de longe.
12. E os que procuram tirar-me a vida, armam-me laços; e os que procuram meu mal, tratam de danificações. E todo o dia imaginam astúcias.
13. Porém eu, como surdo, não ouço; e sou como o mudo, que não abre sua boca.
14. E sou como varão que não ouve, e em cuja boca não há réplicas.
15. Porque em ti, ó Senhor, espero; tu, Senhor meu Deus, me responderás.
16. Porque dizia eu: Agora não se alegrem acerca de mim! Ou quando meu pé titubeasse, engrandecer-se-iam contra mim.
17. Porque eu estou já prestes a manquejar; e minha dor está continuamente perante mim.
18. Porque te notifico minha maldade, e estou em grande inquietação por causa de meu pecado.
19. Porém meus inimigos estão vivos e se fortalecem; e engrandecem-se os que me aborrecem sem causa.
20. E os que pagam mal por bem, me contrariam porquanto sigo ao bem.
21. Não me desampares, ó Senhor; meu Deus, não te afastes de mim.
22. Apressa-te a minha ajuda! Senhor, minha salvação!

Capítulo 39

Salmo de Davi, para o cantor-mor, para Jedutum

1. Dizia eu: Guardarei meus caminhos, para não pecar com minha língua. Guardarei minha boca com freio, enquanto o ímpio estiver defronte de mim.
2. Emudeci em silêncio, calei-me acerca do bem; porém minha dor se agravou.
3. Esquentou-se meu coração em minhas entranhas, fogo se acendeu em minha meditação. Então disse com minha língua:
4. Notifica-me, ó Senhor, meu fim, e qual seja a medida dos meus dias: saiba eu quão frágil sou.
5. Eis que a palmos ordenaste meus dias, e o tempo de minha vida é como nada diante de ti; como também todo homem, por certo, é todo vaidade. [Selá].
6. Na verdade que como em aparência anda o homem, na verdade que em vão se inquietam: ajunta ele, e não sabe quem o levará.
7. Agora pois, ó Senhor, que espero eu? Minha esperança em ti está.
8. Livra-me de todas minhas trangressões, e não me ponhas por opróbrio ao louco.
9. Estou emudecido, não abrirei minha boca; porquanto tu o fizeste.
10. Tira de sobre mim tua praga: estou eu desfalecido do combate de tua mão.
11. Se castigas a alguém com repreensões pela maldade, logo desfazes como traça sua boa graça; assim que todo homem é verdade. [Selá].
12. Ouve, ó Senhor, minha oração, e inclina teus ouvidos a meu clamor; a minhas lágrimas, não te cales. Porque peregrino sou para contigo; e forasteiro, como todos meus pais.
13. Desvia-te de mim, até tomar refrigério; antes que me vá, e não mais seja.

Capítulo 40

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. Bem estou eu aflito e necessitado, porém o Senhor cuida de mim. Minha ajuda e meu libertador és tu; ah meu Deus, não te detenhas!
2. Esperei pacientemente ao Senhor; e inclinou-se a mim, e ouviu meu clamor.
3. Tirou-me de um lago de grande ruído, e de um lamaceiro de lodo; e pôs meus pés sobre uma rocha, e firmou meus passos.
4. E pôs em minha boca uma canção nova, e um hino para nosso Deus. Muitos o verão e temerão, e confiarão no Senhor, dizendo:
5. Bem-aventurado o varão que põe ao Senhor por sua confiança; e não atenta para os soberbos, e para os que se desviam à mentira.
6. Tu, ó Senhor meu Deus, multiplicaste para conosco tuas maravilhas e teus pensamentos! Não há quem se possa igualar contigo, doutra maneira eu os anunciaria e pronunciaria; porém muitos mais são do que eu os possa contar!
7. De sacrifícios e oferta de manjares não te agradaste, as orelhas me preparaste; holocausto nem expiação pelo pecado demandaste.
8. Então eu disse: Eis que já venho. No rolo do livro está escrito acerca de mim.
9. Tenho desejo, ó meu Deus, de fazer tua vontade; e tua Lei está no meio de minhas entranhas.
10. Anuncio tua justiça na grande congregação: eis que não retenho meus lábios. Bem o sabes tu, ó Senhor!
11. Tua justiça não encubro no meio de meu coração, tua fidelidade e tua salvação apregoo; não escondo tua benignidade e tua verdade à grande congregação.
12. Tu, ó Senhor, não detenhas para comigo tuas misericórdias: tua benignidade e tua verdade continuamente me guardem.
13. Porque males sem número me rodearam, minhas maldades me prenderam, e não as pude ver: muitas mais são do que os cabelos de minha cabeça, e meu coração me desamparou.
14. Sejas servido, ó Senhor, de livrar-me! Ó Senhor, apressa-te a minha ajuda!
15. Envergonhem-se, e pejem-se à uma, os que buscam minha vida para a destruírem! Tornem-se atrás e confundam-se os que tomam prazer em meu mal!
16. Espantem-se de seu pago vergonhoso, estes que me dizem “ah, ah”!
17. Folguem-se, e alegrem-se em ti, todos aqueles que te buscam! Digam continuamente os que amam tua salvação: Magnificado seja o Senhor!

Capítulo 41

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. Bem-aventurado aquele que atenta para o miserável: o Senhor o livrará no dia do mal.
2. O Senhor o guardará, e o conservará em vida; virá a ser bem-aventurado na terra. Portanto, não o entregues à vontade de seus inimigos.
3. O Senhor o sustentará no leito de enfermidade: em sua doença, mudas toda sua cama.
4. Dizia eu: Senhor, tem piedade de mim. Sara minha alma, porque pequei contra ti.
5. Meus inimigos falam mal de mim, dizendo: Quando virá a morrer, e perecerá seu nome?
6. E se algum deles me vem a ver, fala dissimuladamente, seu coração se amontoa maldade: saído fora, fala disso.
7. Todos os que me aborrecem, à uma murmuram acerca de mim. Contra mim imaginam o que é mal para mim, dizendo:
8. Feito de Belial se lhe tem apegado! E o que está deitado, não se levantará mais!
9. Até o que estava em paz comigo, em quem eu confiava, o que comia do meu pão; este grandemente levantou contra mim seu calcanhar.
10. Porém tu, ó Senhor, tem piedade de mim, e levanta-me! E eu lhes darei o pago.
11. Nisto sei eu que tu te agradas de mim, e que meu inimigo não rejubilará sobre mim.
12. Porque quanto a mim, tu me sustentas em minha sinceridade; e puseste-me perante tua face para sempre.
13. Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de século em século! Amém, e mais amém!

Capítulo 42

Instrução, para o cantor-mor, entre os filho de Corá

1. Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim minha alma brama por ti, ó Deus!
2. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivente. Quando entrarei, e me apresentarei perante a face de Deus?
3. Minhas lágrimas dia e noite me servem de mantimento. Porquanto todo o dia me dizem: Onde está teu Deus?
4. Disto me lembro, e derramo minha alma em mim, porquanto tinha por costume ir entre a companha, e juntamente com eles entrar na Casa de Deus: com voz de alegre canto e louvor, festejando a multidão!
5. Por que te abates, ó alma minha, e te inquietas em mim? Espera em Deus; porque ainda o hei de louvar, pela perfeita salvação de sua face.
6. Deus meu, minha alma se abate em mim; portanto me lembro de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde a montanha pequena.
7. Um abismo chama a outro abismo, ao ruído de teus canais: todos teus golfos e ondas têm passado sobre mim.
8. Mas de dia o Senhor mandará sua misericórdia, e de noite sua canção estará comigo: oração ao Deus de minha vida.
9. Direi a Deus: Rocha minha, por que te esqueces de mim? Por que ando de preto pela opressão do inimigo?
10. Com ferida mortal em meus ossos me afrontam meus adversários. E isto quando todo o dia me dizem: Onde está teu Deus?
11. Por que te abates, ó alma minha, e por que te inquietas em mim? Espera em Deus, porque ainda o hei de louvar; pois ele é a perfeita salvação de minha face, e meu Deus.

Capítulo 43

1. Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia meu pleito contra a gente incompassiva: de varão enganador e injusto me livra!
2. Pois tu és o Deus de minha fortaleza; por que me rejeitas? Por que de contínuo ando de preto por causa da opressão do inimigo?
3. Envia tua luz e tua verdade: que elas me guiem. Para que me levem a teu santo monte, e a tuas moradas.
4. E entre ao altar de Deus: a Deus, meu gozo e alegria. E te louve com harpa, ó Deus, meu Deus.
5. Por que, pois, te abates, ó alma minha, e por que te inquietas em mim? Espera em Deus, porque ainda o hei de louvar; pois ele é a perfeita salvação de minha face, e meu Deus.

Capítulo 44

Instrução, para o cantor-mor, entre os filhos de Corá

1. Ó Deus, com nossos ouvidos ouvimos, nossos pais no-lo contaram! A obra que fizeste em seus dias, nos dias da antiguidade.
2. Tu, com tua mão, lançaste as gentes de sua possessão; a eles, porém, os plantaste nela. Maltrataste aos povos; a eles, porém, os fizeste brotar.
3. Porque não por sua própria espada conquistaram a terra, nem seu próprio braço os salvou. Mas tua destra, e teu braço, e a luz de tua face; porquanto te agradaras deles.
4. Tu mesmo és meu rei, ó Deus! Manda a perfeita salvação de Jacó!
5. Por ti escornearemos a nossos adversários! Em teu nome, atropelaremos aos que se levantam contra nós!
6. Porque não em meu arco confio, nem minha espada me livrará.
7. Porquanto tu nos livras de nossos adversários; e a nossos aborrecedores, confundes.
8. Em Deus nos gloriamos todo o dia, e eternamente louvaremos teu nome! [Selá].
9. Porém agora, nos rejeitaste e confundiste; porquanto já não sais com nossos exércitos.
10. Fazes-nos retirar do adversário, e nossos aborrecedores saqueiam-nos para si.
11. Entregas-nos como a ovelhas para comer, e entre as gentes nos espalhas.
12. A teu povo vendes de graça, e não levantas seu preço.
13. Pões-nos por opróbrio a nossos vizinhos, por escárnio e zombaria aos de nossos arredores.
14. Pões-nos por ditado entre as gentes, por meneio de cabeça entre os povos.
15. Todo o dia minha afronta está diante de mim, e a confusão de meu rosto me cobre.
16. Pela voz do afrontador, e do blasfemo; por causa do inimigo, e do vingativo.
17. Tudo isto nos sobreveio, e contudo não nos esquecemos de ti; nem nos portamos falsamente contra teu concerto.
18. Nosso coração não se tornou atrás, de modo que nossos passos se desviassem de tuas veredas;
19. Ainda que nos quebrantaste em um lugar de dragões, e nos cobriste com sombra de morte.
20. Se nos esquecêssemos do nome de nosso Deus, e estendêssemos nossas mãos a deus algum alheio,
21. Não o esquadrinharia Deus? Pois ele sabe os segredos do coração.
22. Mas por amor de ti somos mortos todo o dia: somos estimados como ovelhas do matadouro.
23. Desperta; por que dormes, Senhor? Acorda; não nos rejeites para sempre!
24. Por que esconderias tua face? E te esquecerias de nossa miséria, e de nossa opressão?
25. Porque nossa alma se abateu até o pó; e nosso ventre se pegou à terra.
26. Levanta-te para nossa ajuda, e redime-nos por tua benignidade.

Capítulo 45

Instrução, e cântico de amor, para o cantor-mor, entre os filhos de Corá, sobre “Sosanim”

1. Meu coração derrama palavras boas, digo meus versos acerca do rei; minha língua é pena de destro escriba.
2. Mui mais formoso és que todos os filhos dos homens, graça se derramou em teus lábios; pelo que te abençoou Deus para sempre.
3. Cinge tua espada à coxa, ó herói: tua majestade e teu esplendor.
4. E nesse teu esplendor prosperamente cavalga, por causa da verdade e da justa mansidão; e tua destra te ensinará terribilidades.
5. Tuas flechas são agudas, povos cairão debaixo de ti: acertarão no coração dos inimigos do rei.
6. Teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro de teu reino é cetro de equidade.
7. Amas a justiça, e aborreces a impiedade; pelo, ó Deus, teu Deus te ungiu com azeite de regozijo, mais que a teus companheiros.
8. Todas tuas vestes são mirra, e aloé, e cássia: dos palácios de marfim, desde onde te alegram.
9. Filhas de reis há entre tuas ilustres donzelas: a rainha está à tua mão direita, ornada de ouro finíssimo de Ofir.
10. Ouve, filha, e olha, e inclina teus ouvidos; e esquece-te de teu povo, e da casa de teu pai.
11. Então o rei se afeiçoará de tua formosura; e posto que ele é teu senhor, inclina-te a ele.
12. E a filha de Tiro, os ricos entre o povo, suplicarão tua face com presentes.
13. Toda ilustre é a filha do rei por dentro: de engaste de ouro é seu vestido.
14. Com vestidos recamados a levarão ao rei. As donzelas após ela, suas companheiras; também a elas as trarão a ti.
15. Com todo gozo e alegria as trarão: entrarão no palácio do rei.
16. Em lugar de teus pais, serão teus filhos: por príncipes os porás sobre toda a terra.
17. Farei memória de teu nome, de cada geração em geração; pelo que os povos te louvarão eterna e perpetuamente.

Capítulo 46

Cântico sobre Alamote; para o cantor-mor, entre os filhos de Corá

1. Deus é para nós refúgio e fortaleza: ajuda que mui facilmente se acha nas angústias.
2. Pelo que não temeremos, ainda que a terra se mude; e ainda que os montes se transportem ao coração dos mares.
3. Bramem suas águas, fervam; os montes tremam por sua braveza. [Selá].
4. Os ribeiros do rio alegrarão a cidade de Deus, que é o santuário das moradas do Altíssimo.
5. Deus está no meio dela: ela não titubeará. Deus a ajudará ao romper da alva.
6. As gentes bramaram, os reinos se moveram; levantando ele sua voz, a terra se derreteu.
7. O Senhor dos Exércitos está conosco: o Deus de Jacó é nosso alto retiro. [Selá].
8. Vinde, contemplai os feitos do Senhor; e que assolações fez na terra.
9. Ele é o que faz cessar as guerras até o fim da terra: quebranta o arco e corta a lança, aos carros queima a fogo.
10. Do tudo o mais vos deixai, e sabei que eu sou Deus: serei exaltado entre as gentes, exaltar-me-ei sobre a terra.
11. O Senhor dos Exércitos está conosco: o Deus de Jacó é nosso alto retiro. [Selá].

Capítulo 47

Salmo, para o cantor-mor, entre os filhos de Corá

1. Todos os povos, batei palmas! Rejubilai a Deus com voz de alegre canto!
2. Porque o Senhor, o Altíssimo, é tremendo: rei grande sobre toda a terra.
3. Traz aos povos debaixo de nós, e as nações debaixo de nossos pés.
4. Para nós ele escolhe nossa herança: a glória de Jacó, a quem amou. [Selá].
5. Sobe Deus com júbilo: o Senhor, com voz de trombeta.
6. Salmodiai ao Senhor, salmodiai; salmodiai a nosso rei, salmodiai.
7. Porque Deus é o rei de toda a terra: salmodiai-lhe com cântico de instrução.
8. Deus reina sobre as gentes: Deus se assenta sobre seu santo trono.
9. Os nobres dos povos se ajuntaram ao povo do Deus de Abraão. Porque de Deus são os escudos da terra; mui exaltado ele está.

Capítulo 48

Cântico e salmo, para os filhos de Corá

1. Grande é o Senhor, e muito de se louvar: na cidade de nosso Deus, em seu santo monte.
2. Formosa de posição, o regozijo de toda a terra. É o monte de Sião das bandas do norte; a cidade do grande rei.
3. Deus está em seus palácios; neles é conhecido por alto retiro.
4. Porque, eis que os reis se ajuntaram; todos juntamente passaram.
5. Porém eles, assim como a viram, se maravilharam: assombraram-se, apressaram-se à fuga.
6. Tremor ali os tomou, dores como a mulher de parto.
7. Com vento oriental, quebras os navios de Társis.
8. Como o ouvimos, assim o vimos na cidade do Senhor dos Exércitos, na cidade de nosso Deus. Deus a confirmará para sempre! [Selá].
9. Lembramo-nos, ó Deus, de tua beneficência; em meio de teu templo.
10. Conforme a teu nome, ó Deus, assim é teu louvor até os confins da terra; tua mão direita está cheia de justiça.
11. Alegre-se o monte de Sião, regozijem-se as filhas de Judá; por causa de teus juízos.
12. Rodeai a Sião, e cercai-a; e contai suas torres.
13. Ponde vosso coração em seu antemuro, considerai distintamente seus palácios; para que o conteis à seguinte geração.
14. Porque este Deus, nosso Deus, é para sempre e eternamente: ele acompanhar-nos-até à morte.

Capítulo 49

Salmo, para o cantor-mor, entre os filhos de Corá

1. Ouvi vós isto, todos os povos; inclinai os ouvidos, todos os moradores do mundo.
2. Tanto os filhos dos homens, como os filhos dos barões: ricos e pobres juntamente.
3. Minha boca falará pura sabedoria; e a imaginação do meu coração estará cheia de entendimento.
4. Inclinarei meus ouvidos a sentenças discretas; com a harpa, declararei meu enigma.
5. Por que temeria eu nos dias do mal, quando a iniquidade dos que me armam ciladas me cercar?
6. Quanto aos que confiam em seus bens, e da multidão de suas riquezas se gloriam,
7. Nunca nenhum deles redimirá a seu irmão, nem poderá dar a Deus seu resgate.
8. Porque a redenção de sua alma é caríssima, e cessará para sempre.
9. E tampouco viverá para sempre, nem deixará de ver a corrupção.
10. Porque bem vê ele que os sábios morrem, que igualmente o louco e o bruto perecem; e deixam seus bens a outros.
11. Seu íntimo é que suas casas serão perpétuas, e suas moradas de geração em geração; chamaram seus nomes pelas terras.
12. Todavia, até o homem que está em estima, não permanece; antes, é semelhante às bestas, que perecem.
13. Este seu caminho é sua loucura. Todavia, seus descendentes se agradam de suas palavras. [Selá].
14. Como a ovelhas os põem na sepultura, a morte se apascentará deles. E os retos terão domínio deles naquela manhã; e a sepultura há de gastar sua aparência, saindo de sua morada.
15. Porém Deus redimirá minha alma da violência da sepultura; pois me tomará para si. [Selá].
16. Não temas quando varão algum se enriquece, quando a glória de sua casa se engrandece.
17. Pois em sua morte não tomará nada consigo, nem sua glória descerá após ele.
18. Ainda que bendiz sua alma em sua vida – e te louvem a ti, ó rico, porque bem te fazes a ti mesmo –,
19. Contudo irá para a geração de seus pais, que para sempre já não verão a luz.
20. O homem que está em estima, e não tem entendimento; este é semelhante às bestas, que perecem.

Capítulo 50

Salmo de Asafe

1. O Poderosíssimo, Deus, o Senhor, fala e chama à terra: desde o nascimento do sol, até onde vai se pôr.
2. Desde Sião, a perfeição da formosura, Deus aparece resplandecendo.
3. Virá nosso Deus, e não se calará: de diante dele o fogo irá consumindo, e ao redor dele haverá grande tormenta.
4. Chamará aos céus lá do alto; e à terra, para julgar a seu povo.
5. Ajuntai-me meus favorecidos, os quais confirmam meu concerto com sacrifícios.
6. E os céus anunciarão sua justiça, pois Deus mesmo é o juiz. [Selá].
7. Ouve, povo meu, e falarei; Israel, e protestarei entre ti: eu, o Deus, sou teu Deus.
8. Não por teus sacrifícios te repreenderei, porque teus holocaustos perante mim estão continuamente.
9. De tua casa não tomarei bezerros, nem bodes de teus currais.
10. Porque meu é todo animal do mato, como também milhares de bestas nas montanhas.
11. Conheço todas as aves dos montes, e as feras do campo estão comigo.
12. Se eu tivesse fome, não to diria; pois meu é o mundo, e sua plenitude.
13. Comeria eu carne de touros? Ou beberia sangue de bodes?
14. Sacrifica a Deus louvor, e paga ao Altíssimo teus votos.
15. E invoca-me no dia da angústia; e eu te farei escapar, e tu me glorificarás.
16. Porém ao ímpio diz Deus: Que tens tu que recitar meus estatutos? E tomar meu concerto em tua boca?
17. Pois tu aborreces a correção, e lanças minhas palavras para trás de ti.
18. Se vês ao ladrão, logo tens complacência para com ele; e com os adúlteros tens tua parte.
19. Tua boca soltas ao mal, e tua língua compõe engano.
20. Assentas-te, e falas contra teu irmão; e contra o filho de tua mãe te desbocas em blasfêmias.
21. Estas coisas fazes, e calo-me; pensas por isso que deveras sou como tu? Arguir-te-ei, e por boa ordem tudo porei perante teus olhos.
22. Entendei pois isto, os que vos esqueceis de Deus; para que vos não arrebate, e não haja quem vos livre.
23. Aquele que me sacrifica louvor, esse me glorificará; e ao que bem endireita seu caminho, lhe farei ver a salvação de Deus.

Capítulo 51

Salmo de Davi, para o cantor-mor; quando o profeta Natã veio a ele, depois de entrar a Bate-Seba.

1. Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo tua benignidade: segundo tua muitíssima piedade, desfaz minhas transgressões.
2. Lava-me bem de minha iniquidade, e de meu pecado me purifica.
3. Porque eu minhas transgressões conheço, e meu pecado está continuamente diante de mim.
4. Contra ti, contra ti somente, pequei; e fiz o mal aos teus olhos. Para que te justifiques no que disseres, e te purifiques no que julgares.
5. Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.
6. Eis que a verdade amas no íntimo, e em oculto me fazes saber sabedoria.
7. Purifica-me de pecado com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e serei mais alvo que a neve.
8. Faze-me ouvir gozo e alegria, e regozijar-se-ão os ossos que quebrantaste.
9. Esconde tua face de meus pecados, e desfaz todas minhas iniquidades.
10. Um coração puro me cria, ó Deus; e um espírito firme me renova no mais íntimo.
11. Não me rejeites de tua face, e teu Espírito Santo não tires de mim.
12. Torna a dar-me o regozijo de tua salvação, e faze com que o espírito voluntário me sustente.
13. Então ensinarei aos transgressores teus caminhos, e os pecadores se converterão a ti.
14. Livra-me dos homicídios, ó Deus, Deus de minha salvação! E minha língua muito louvará a tua justiça.
15. Abre-me, Senhor, os lábios; e minha boca anunciará teu louvor.
16. Porque não te agradas de sacrifícios, que de boa vontade eu os daria; e em holocaustos não tens contentamento.
17. Os sacrifícios de Deus são o espírito quebrantado: um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.
18. Faze bem a Sião, segundo tua boa vontade; e edifica os muros de Jerusalém.
19. Então terás contentamento nos sacrifícios de justiça, nos holocaustos, e nos sacrifícios totalmente queimados. Então oferecerão bezerros sobre teu altar.

Capítulo 52

Instrução de Davi, para o cantor-mor. Quando Doegue, o idumeu, veio e anunciou a Saul; e lhe disse: Davi veio à casa de Aimeleque

1. Por que, ó valente, te gabas do mal? Pois a benignidade de Deus permanece todo o dia.
2. Tua língua maquina danificações: como navalha amolada, que traça enganos.
3. Amas o mal mais que o bem, e a mentira mais que falar justiça. [Selá].
4. Amas todas as palavras danosas, e língua enganosa.
5. Também Deus te derrocará para sempre: arrebatar-te-á e arrancar-te-á da tenda, e desarraigar-te-á até da terra dos viventes. [Selá].
6. E os justos o verão, e temerão; e rir-se-ão dele, dizendo:
7. Eis aqui o varão que não pôs a Deus por sua fortaleza! Antes, confiou na multidão de suas riquezas, e se fortaleceu em sua danificação.
8. Porém eu, serei como a oliveira verde na casa de Deus: confio na benignidade de Deus para sempre e eternamente.
9. Para sempre te louvarei, porquanto tu o fizeste; e aguardarei teu nome – porque é bom – perante teus favorecidos.

Capítulo 53

Instrução de Davi para o cantor-mor, sobre “Maalate”

1. Diz o louco em seu coração: Não há Deus. Já se têm corrompido, e cometem abominável iniquidade; já ninguém há que faça o bem.
2. Deus atentou desde os céus para os filhos dos homens; para ver se havia algum entendido, que buscasse a Deus.
3. Já todos se desviaram, juntamente se fizeram fétidos: já ninguém há que faça o bem, nem um sequer.
4. Pois não têm conhecimento os obradores de maldade!? Os quais comem a meu povo, como se comessem pão? A Deus não invocam.
5. Assim se espavoreceram de pavor, lá onde não havia pavor. Porque Deus derramou aos ossos daquele que te cercava: tu os confundiste, porque Deus os rejeitou.
6. Ah, se já de Sião viesse a perfeita salvação de Israel! Quando Deus fizer tornar os prisioneiros de seu povo, então Jacó se regozijará, e Israel se alegrará.

Capítulo 54

Instrução de Davi, para o cantor-mor, sobre “Neguinote”. Quando os zifeus vieram, e disseram a Saul: Porventura, não está Davi escondido entre nós outros?

1. Ó Deus, por teu nome me salva! E por teu poder, me faze justiça!
2. Ó Deus, ouve minha oração! Inclina teus ouvidos às razões de minha boca.
3. Porque estranhos se levantam contra mim, e tiranos procuram minha morte: eles não põem a Deus diante de si. [Selá].
4. Eis que Deus é meu ajudador: o Senhor está entre aqueles que sustentam minha alma.
5. Ele pagará o mal aos que me andam espreitando: por tua verdade, os desarraiga.
6. Voluntariamente te oferecerei sacrifícios; louvarei teu nome, ó Senhor, porque é bom.
7. Porque de toda angústia me livrou, e meus olhos viram a vingança em meus inimigos.

Capítulo 55

Instrução de Davi, para o cantor-mor, sobre “Neguinote”

1. Inclina teus ouvidos, ó Deus, à minha oração; e não te escondas de minha suplicação.
2. Está-me atento, e ouve-me; vou-me queixando, e estou rugindo.
3. Pelo clamor do inimigo, e por causa do aperto do ímpio; porque me levantam falsidades, e com furor me aborrecem.
4. Meu coração está doloroso em meu mais íntimo, e terrores de morte caíram sobre mim.
5. Temor e tremor me sobrevêm, e horror me cobre.
6. Pelo que digo: Ah, quem me dera asas como de pomba! E voaria, e pousaria.
7. Eis que fugiria para longe, e pernoitaria no deserto. [Selá].
8. Apressaria-me a escapar: do vento furioso, e da tempestade.
9. Devora-os, Senhor; divide sua língua. Porque já vejo violência e contenda na cidade.
10. Dia e noite a cercam sobre seus muros, e iniquidade e opressão há dentro dela.
11. Destruições há dentro dela; e não se aparta de suas praças astúcia e engano.
12. Porque não é o inimigo aquele que me afronta, pois suportado o teria. Nem é o que me aborrece aquele que se engrandece contra mim; pois dele me esconderia.
13. Mas tu o és, ó homem de tanta estima como eu: meu guia, e meu conhecido!
14. Que juntos suave e secretamente nos consultávamos, e na casa de Deus andávamos em companhia.
15. A morte, como executor, os sobressalte: vivos desçam ao inferno! Porque maldades há em sua habitação, em seu mais interior.
16. Porém eu, a Deus clamarei; e o Senhor me livrará.
17. À tarde, e pela manhã, e ao meio-dia, me queixarei e rugirei; e ouvirá minha voz.
18. Redimiu em paz minha alma, da peleja contra mim; porque em multidão foram contra mim.
19. Deus ouvirá, e os quebrantará, como aquele que preside desde a antiguidade. [Selá]. Porquanto não há neles nenhuma mudança, e tampouco temem a Deus.
20. Põe suas mãos nos que têm paz com ele, e profana sua aliança.
21. Sua boca é mais macia que manteiga; porém seu coração, guerra. Suas palavras são mais brandas que azeite, mas são espadas nuas.
22. Lança sobre o Senhor tua carga, e ele te conservará; e nunca permitirá que o justo titubeie.
23. Mas tu, ó Deus, os farás descer ao poço da corrupção. Os varões sanguinolentos e fraudulentos não dimidiarão seus dias; porém eu confiarei em ti.

Capítulo 56

Jóia de ouro de Davi, para o cantor-mor, sobre “Jonate-Elem-Rehoquim”; quando os filisteus o prenderam em Gate

1. Tem misericórdia de mim, ó Deus, porque o homem me procura devorar: todo o dia pelejando me aperta.
2. Os que me andam espreitando, todo o dia me procuram devorar; porque muitos pelejam contra mim da altura.
3. No dia em que eu temer, hei de confiar em ti.
4. Em Deus louvarei sua palavra. Em Deus confio, não temerei: que é o que me faria a carne?
5. Todo o dia torcem minhas palavras; todos seus pensamentos são contra mim, para o mal.
6. À uma se ajuntam, escondem-se, eles espreitam a meus calcanhares: como que aguardando minha morte.
7. Porventura escapariam por sua iniquidade? Ó Deus, em tua ira derriba aos povos!
8. Minhas reviravoltas contaste tu. Põe minhas lágrimas em teu odre: porventura não estão em teu registro?
9. Então tornarão meus inimigos atrás, no dia em que eu clamar a ti. Isto sei eu: que Deus está comigo.
10. Em Deus louvarei sua palavra: no Senhor louvarei sua palavra.
11. Em Deus confio, não temerei: que é o que me faria o homem?
12. Sobre mim, ó Deus, estão teus votos; ações de graças te renderei.
13. Porque livraste minha alma da morte, como também meus pés de tropeçar. Para andar diante da face de Deus: na luz dos viventes.

Capítulo 57

Jóia de ouro de Davi, “Al-Taschete”, para o cantor-mor; quando fugia de diante de Saul, e se escondera na caverna

1. Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque em ti se acolhe minha alma. E à sombra de tuas asas me acolho; até que as destruições se passem.
2. Clamarei ao Deus Altíssimo: a Deus, que em mim há de cumprir sua obra.
3. Enviará desde os céus, e me livrará, quando me afrontar o que me procura devorar. [Selá]. Enviará Deus sua benignidade e sua verdade.
4. Minha alma está em meio dos leões, jazo entre tições ardentes. Entre filhos de homens cujos dentes são lanças e flechas; e sua língua é espada aguda.
5. Exalta-te, ó Deus, sobre os céus; e levanta tua glória sobre toda a terra.
6. Rede armaram a meus passos, já abateram minha alma; cavaram perante mim uma cova, porém eles mesmos caíram em meio dela. [Selá].
7. Preparado está meu coração, ó Deus, preparado está meu coração: cantarei e salmodiarei.
8. Desperta, ó glória minha, desperta, alaúde e harpa, que despertarei na alva do dia.
9. Louvar-te-ei entre os povos, ó Senhor: salmodiar-te-ei entre as nações.
10. Pois tua benignidade é grande até os céus; e tua verdade, até as nuvens mais altas.
11. Exalta-te sobre os céus, ó Deus; e levanta tua glória sobre toda a terra.

Capítulo 58

Jóia de ouro de Davi, “Al-Taschete”, para o cantor-mor

1. Porventura deveras falais a justiça muda? Ou julgais retamente, ó filhos dos homens?
2. Antes, de coração obrais perversidades; e sobre a terra pesais a violência de vossas mãos.
3. Alienam-se os ímpios desde a madre: erram desde o ventre os mentirosos.
4. Veneno têm, semelhante ao veneno da serpente: são como a víbora surda, que tapa suas orelhas,
5. Para não ouvir a voz dos encantadores, do encantador sábio em encantamentos.
6. Ó Deus, quebra-lhes os dentes em suas bocas! Arranca, ó Senhor, aos filhos dos leões os queixais.
7. Escorram-se como águas que se vão de si mesmas; se armarem suas flechas, tornem-se como cortadas.
8. Como a lesma, que se derrete, se vão; como o aborto de mulher, nunca vejam o sol.
9. Antes que se entenda, vossos espinhos são feitos sarçal; assim vivos, como indignado, os arrebatará com tempestade.
10. O justo se alegrará, quando vir a vingança: seus pés lavará no sangue do ímpio.
11. Então dirá o homem: Deveras há fruto para o justo. Deveras há um Deus, que julga na terra.

Capítulo 59

Jóia de ouro de Davi, “Al-Taschete”, para o cantor-mor; quando Saul mandara os que guardassem sua casa, para o matarem nela

1. Livra-me de meus inimigos, ó Deus meu; põe-me em alto retiro, contra os que se levantam contra mim.
2. Livra-me dos obradores de iniquidade, e salva-me dos varões sanguinolentos.
3. Porque eis que põem ciladas à minha vida, fortes se ajuntam contra mim; sem transgressão alguma minha, e sem pecado algum meu, ó Senhor.
4. Sem culpa minha correm, e se preparam. Acorda para encontrar-me, e olha!
5. Tu pois, ó Senhor, Deus dos exércitos, Deus de Israel, desperta para visitares todas estas gentes: não tenhas misericórdia de nenhum dos que obram iniquidade, como aleives! [Selá].
6. Tornam a vir à tarde, ganem como cães, e rodeiam a cidade.
7. Eis que se desbocam com sua boca, espadas têm em seus lábios. Porque dizem: Quem o ouve?
8. Mas tu, ó Senhor, te rirás deles: zombarás de todas as gentes.
9. Contra sua força, a ti te aguardarei; porque Deus é meu alto retiro.
10. Meu benigno Deus se me antecipará: Deus me fará ver a vingança nos que me andam espreitando.
11. Não os mates de uma vez, para que meu povo não se esqueça; faze-os vaguear por teu poder, e abate-os. Ó Senhor, escudo nosso.
12. O pecado de sua boca é a palavra de seus lábios; sejam pois presos em sua soberba, e isso pelas maldições e pelas mentiras que contam.
13. Consome-os em tua indignação, consome-os de tal maneira que nunca mais apareçam. Para que saibam que ainda Deus reina em Jacó; até os confins da terra. [Selá].
14. À tarde, pois, tornem a vir, ganam como cães, e rodeiem a cidade.
15. Os tais vagueiem por mantimento; e se não se fartarem, murmurem.
16. Eu porém cantarei tua fortaleza, e pela manhã com alegria louvarei tua benignidade. Porquanto foste meu alto retiro; e refúgio no dia em que me vi em angústia.
17. A ti, ó fortaleza minha, salmodiarei; porque Deus é meu alto retiro, meu benigno Deus.

Capítulo 60

Jóia de ouro de Davi, de doutrina, para o cantor-mor, sobre “Susã-Edute”. Quando pelejou com os sírios de Zobá; e Joabe, tornando, feriu no Vale do Sal a doze mil dos edomeus.

1. Ah Deus, rejeitaste-nos, dissipaste-nos! Tu te indignaste; torna-te a nós outros.
2. Abalaste a terra e abriste-a; cura suas quebras, porque titubeia.
3. Fizeste a teu povo ver árduas coisas; abeberaste-nos com vinho de vagueação.
4. Mas agora, deste aos que te temem uma bandeira, para a arvorarem em alto; e isso pela verdade. [Selá].
5. Para que teus amados escapem; salva-nos com tua destra, e ouve-nos!
6. Deus falou em seu santuário, pelo que saltarei de prazer. Repartirei a Siquém; e medirei o vale de Sucote.
7. Meu é Gileade, e meu é Manassés, e Efraim a fortaleza de minha cabeça; Judá, meu legislador.
8. Moabe, minha bacia de lavar; sobre Edom, lançarei meu sapato. Sobre mim, ó Palestina, rejubila!
9. Quem me levará a uma cidade fortalecida? Quem me guiará até Edom?
10. Porventura não o serás tu, ó Deus, que já nos tinhas rejeitado? E não saías, ó Deus, com nossos exércitos?
11. Dá-nos ajuda para sair da angústia; que vaidade é o socorro dos homens.
12. Em Deus faremos proezas, e ele atropelará nossos adversários.

Capítulo 61

Salmo de Davi, para o cantor-mor, sobre “Neguinote”

1. Ouve, ó Deus, meu clamor; atenta para minha oração.
2. Desde o cabo da terra clamo a ti, por desmaiar meu coração: leva-me a uma penha que seja mais alta que eu!
3. Pois tu foste meu refúgio, e torre forte ante o inimigo.
4. Habitarei em tua tenda por eternidades; tomarei meu refúgio no oculto de tuas asas. [Selá].
5. Pois tu, ó Deus, ouviste meus votos; deste-me a herança dos que temem teu nome.
6. Dias sobre dias acrescentarás ao rei: seus anos serão como de geração em geração.
7. Perpetuamente se assentará perante a face de Deus: prepara-lhe benignidade e verdade, que o guardem.
8. Assim perpetuamente salmodiarei a teu nome, para pagar meus votos de dia em dia.

Capítulo 62

Salmo de Davi, para o cantor-mor, por Jedutum

1. Ora, para com Deus está calada minha alma: dele vem minha salvação.
2. Ora, ele é minha rocha e minha salvação: meu alto retiro, não titubearei tanto.
3. Até quando maquinareis contra um só varão? A todos vos matarão! Sereis como a parede encurvada; e o valado empurrado.
4. Tão somente consultam de o lançarem de sua altura, agradam-se de mentiras. Com sua boca, bendizem; mas em suas entranhas, maldizem. [Selá].
5. Tu porém, ó alma minha, para com Deus te cala; porque dele vem minha esperança.
6. Ora, ele é minha rocha, e minha salvação: meu alto retiro, não titubearei.
7. Em Deus está minha salvação e minha glória: a rocha de minha fortaleza, e meu refúgio tenho em Deus.
8. Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai perante sua face vosso coração. Deus é nosso refúgio. [Selá].
9. Pois vaidade são os filhos do homem, mentira os filhos de varão: pesados em balanças, eles juntos seriam mais leves que a vaidade mesma.
10. Não confieis em opressão, nem em rapina, nem vos esvaeçais: aumentando-se a fazenda, não ponhais nela vosso coração.
11. Uma coisa falou Deus; sim, duas são as que ouvi: que de Deus é a força.
12. Tua é também, ó Senhor, a benignidade; pois tu pagarás a cada um conforme a sua obra.

Capítulo 63

Salmo de Davi, de quando estava no deserto de Judá

1. Ó Deus, tu és meu Deus, busco-te à alva do dia! Minha alma tem sede de ti, minha carne muito te deseja; em terra seca, cansada, e sem águas.
2. Assim tomara ver-te no santuário, para enxergar tua força e tua glória.
3. Porque melhor é tua benignidade que a vida: meus lábios te celebrarão.
4. Assim te bendirei em minha vida; em teu nome, levantarei minhas mãos.
5. Como de tutanos e gordura se fartará minha alma; e, com lábios alegres, cantando, te louvará minha boca.
6. Quando me lembro de ti em minha cama; nas vigias da noite penso em ti.
7. Porque tu foste meu socorro; e à sombra de tuas asas, de contente cantarei.
8. Minha alma se apega após ti: tua destra me sustenta.
9. Mas estes que procuram assolar minha vida, irão às profundezas da terra.
10. Derribá-los-á a fio de espada: serão porção das raposas.
11. O rei, porém, se alegrará em Deus. Qualquer que por ele jurar, se gloriará; porque a boca dos mentirosos será tapada.

Capítulo 64

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. Ouve, ó Deus, minha voz em meu queixume: do horror do inimigo, guarda minha vida.
2. Esconde-me do secreto conselho dos malignos, e do tumulto dos obradores de maldade.
3. Que aguçam sua língua como espada, e armaram por suas flechas palavras amargas;
4. Para flecharem em lugares ocultos ao reto; e apressadamente o flecham, e não temem.
5. Firmam-se em feitos maus, tratam de ocultarem laços. E dizem: Quem os verá?
6. Andam inquirindo malícias; somos consumidos, porque inquirem o que se pode inquirir. E isto é o íntimo de cada um deles, e o seu profundo coração.
7. Mas Deus os flechará; como seta de repente despedida, será seu castigo.
8. E sua língua os fará tropeçar contra si mesmos; e qualquer que olhar para eles, logo se recolherá.
9. E todos os homens temerão; e anunciarão a obra de Deus, e seu feito prudentemente considerarão.
10. O justo se alegrará no Senhor, e confiará nele; e todos os retos de coração se gloriarão disso.

Capítulo 65

Salmo e cântico de Davi, para o cantor-mor

1. A ti, ó Deus, em silêncio, pertence o louvor em Sião; e a ti se pagará o voto.
2. Tu, o que ouves as orações; a ti virá toda carne.
3. Iniquidades prevaleceram sobre mim; porém tu expias nossas transgressões.
4. Bem-aventurado aquele que tu escolhes, e fazes achegar para que habite em teus pátios: fartar-nos-emos do bem de tua casa, de teu santo templo.
5. Coisas tremendas em justiça nos responderás, ó Deus de nossa salvação; ó esperança de todos os cantos da terra, e dos de mais longe junto ao mar.
6. Tu és o que firma os montes com sua potência, cingido de força.
7. O que aplaca o ruído dos mares, o ruído de suas ondas, e o rumor das gentes.
8. E os que habitam nos confins da terra, temem teus sinais; tu que fazes rejubilar as saídas da manhã e da tarde.
9. Visitas a terra; e fazendo-a muito regadia, grandemente a enriqueces; o rio de Deus está cheio de águas. Havendo-a assim preparado, dispões-lhes seu trigo.
10. Seus regos enches de águas, assentando suas margens; com muita chuva a amoleces, e abençoas suas novidades.
11. Coroas o ano de tua bondade, e tuas veredas destilam gordura.
12. Destilam sobre os pastos do deserto, e os outeiros se cingem de alegria.
13. Os lugares do pasto estão cobertos de rebanhos, e os vales se cobrem de trigo; do que se rejubilam, e ainda cantam.

Capítulo 66

Cântico e salmo, para o cantor-mor

1. Rejubilai a Deus, toda a terra.
2. Salmodiai à glória de seu nome; fazei seu louvor glorioso.
3. Dizei a Deus: Quão terrível és em tuas obras! Pela grandeza de tua força, fingidamente se sujeitaram a ti teus inimigos.
4. Toda a terra te adore, e te salmodie: salmodie a teu nome. [Selá].
5. Vinde, e vede os feitos de Deus: é terrível de obra para com os filhos dos homens.
6. Tornou o mar em seco, o rio passaram; ali nos alegramos nele.
7. Por sua força domina eternamente, seus olhos estão de guarda sobre as gentes: os rebeldes não se exaltem a si mesmos. [Selá].
8. Bendizei, povos, a nosso Deus; e fazei ouvir a voz de seu louvor.
9. O que põe nossas almas em vida, e não consente que nossos pés titubeiem.
10. Porque tu, ó Deus, nos provaste: refinaste-nos como a prata se refina.
11. Meteste-nos na rede; puseste-nos uma estreita atadura a nossos lombos.
12. Fizeste cavalgar ao homem sobre nossa cabeça; entramos no fogo e na água, porém tu nos tiraste a um copioso refrigério.
13. Entrarei em tua casa com holocaustos, pagar-te-ei meus votos.
14. Os quais pronunciaram meus lábios, e falou minha boca estando eu angustiado.
15. Holocaustos de touros tutanosos te oferecerei, com incenso de carneiros; prepararei bois com bodes. [Selá].
16. Vinde, ouvi vós todos os que temeis a Deus, e contarei: contarei o que fez à minha alma.
17. A ele clamei com minha boca, e foi ele exaltado por minha língua.
18. Se atentasse para iniquidade alguma em meu coração, o Senhor não me ouviria.
19. Mas em verdade, Deus me ouviu: atentou para a voz de minha oração.
20. Bendito seja Deus! Que não rejeitou minha oração, nem desviou de mim sua benignidade.

Capítulo 67

Salmo e cântico, para o cantor-mor, sobre “Neguinote”

1. Deus tenha misericórdia de nós, e nos abençoe; faça resplandecer seu rosto sobre nós. [Selá].
2. Para que se conheça na terra teu caminho; e entre todas as gentes, tua salvação.
3. Louvem-te os povos, ó Deus: louvem-te todos os povos.
4. Alegrem-se e rejubilem as nações; pois julgarás aos povos com equidade, e guiarás as nações na terra. [Selá].
5. Louvem-te os povos, ó Deus: louvem-te todos os povos.
6. A terra dê seu fruto: abençoe-nos Deus, nosso Deus.
7. Abençoe-nos Deus, e temam-no todos os cantos da terra.

Capítulo 68

Salmo e cântico de Davi, para o cantor-mor

1. Levantar-se-á Deus, seus inimigos serão dissipados; e os que o aborrecem, fugirão de diante dele.
2. Como a fumaça pelo vento é lançada ao longe, assim tu os lançarás. Como a cera se derrete diante do fogo: assim os ímpios perecerão diante de Deus.
3. Porém os justos se alegrarão, de prazer saltarão perante Deus, e folgarão de alegria.
4. Cantai a Deus, salmodiai a seu nome. Aplanai os caminhos para o que cavalga nas campinas, pois seu nome é Senhor; e de prazer saltai perante ele.
5. Pai é de órfãos, e juiz de viúvas: Deus está em sua santa habitação.
6. O Deus que aos solitários coloca em família, aos presos tira em tempo conveniente; mas os rebeldes habitam em terra seca.
7. Ó Deus, saindo tu diante de teu povo; caminhando tu pelo deserto [Selá],
8. A terra se abalava, e até os céus destilavam perante Deus; como também este Sinai mesmo, perante Deus, o Deus de Israel.
9. Liberalmente, ó Deus, espalhaste a chuva;  e a tua herança, estando cansada, recreaste tu.
10. Nela habitava teu rebanho; por tua bondade, ó Deus, a acomodavas para o miserável.
11. O Senhor dava de que falar: havia um exército grande de anunciadores de boas novas.
12. Reis de exércitos fugiam, fugiam; e a que ficava em casa, repartia os despojos.
13. Se jazestes entre duas ordens do exército; fostes como as asas da pomba cobertas de prata, e suas penas lavradas com amarelidões de ouro.
14. Espalhando os Onipotente ali os reis, nevou em Zalmom.
15. Monte de Deus é o monte de Basã: monte corcovado é o monte de Basã.
16. Por que vos estais indignando, ó montes corcovados? A este monte Deus desejou para sua habitação: certo que o Senhor habitará nele eternamente.
17. Os carros de Deus são vinte mil e milhares em dobro; o Senhor está entre eles, Sinai está no santuário.
18. Subiste ao alto, cativaste o cativeiro, tomaste dons para repartir entre os homens; e até para os rebeldes, para habitarem com o Senhor Deus.
19. Bendito seja o Senhor de dia em dia! Carrega-nos; porém é o Deus que é nossa salvação. [Selá].
20. O nosso Deus nos é um Deus de perfeita salvação; e com Deus o Senhor, há saídas da morte.
21. Pois Deus fará feridas penetrantes à cabeça de seus inimigos; como também à moleira cabeluda do que anda em suas culpas.
22. Disse o Senhor: De Basã farei tornar a meu povo. Das profundezas do mar, o tornarei.
23. Para que profundamente metas teu pé no sangue. Lambendo-o a língua de teus cães: o sangue dos inimigos, e de cada qual deles.
24. Ó Deus, vêem teus caminhos! Os caminhos de meu Deus, de meu rei, no santuário.
25. Os cantores vão adiante, os tangedores de trás; entre as donzelas que tocam os adufes.
26. Nas congregações celebrai a Deus; ao Senhor, os que sois do manancial de Israel.
27. Ali está Benjamim, o pequeno, que domina sobre eles; os príncipes de Judá, com seu ajuntamento. Os príncipes de Zebulom, e os príncipes de Naftali.
28. Teu Deus ordenou tua força. Fortalece, ó Deus, o que já obraste em nós!
29. Repreende asperamente a fera das canas, e a congregação dos touros, juntamente com as bezerras dos povos; como também aos que para si fazem pavimento por pedaços de prata. Dissipou os povos que desejam guerra!
30. Embaixadores reais virão do Egito; Cuxe se apressará a estender suas mãos a Deus.
31. Reinos da terra, cantai a Deus: salmodiai ao Senhor! [Selá].
32. Ao que cavalga sobre os céus altíssimos e antiquíssimos. Eis que com sua voz dá um brado veemente!
33. Dai força a Deus: sobre Israel está sua alteza, e sua força nas mais altas nuvens.
34. Tremendo és, ó Deus, desde teus santuários. O Deus de Israel é o que dá fortaleza e forças ao povo; bendito seja Deus!

Capítulo 69

Salmo de Davi, para o cantor-mor, sobre “Sosanim”

1. Livra-me, ó Deus; porque já as águas entraram até a alma.
2. Afundei-me num profundo lamaceiro, onde não se pode estar em pé; entrei nas profundezas das águas, e a correnteza me leva.
3. Já estou cansado de clamar, minha garganta enrouqueceu; e meus olhos desfaleceram, esperando eu a meu Deus.
4. Os que sem causa me aborrecem, já ultrapassam os cabelos de minha cabeça. Têm-se feito poderosos os que me procuram arruinar, os que por falsidades se fazem meus inimigos; e o que não furtei, então o restituí.
5. Tu, ó Deus, bem sabes minha loucura; e minhas culpas não estão encobertas perante ti.
6. Não sejam envergonhados por mim aqueles que te esperam, ó Senhor, Deus dos exércitos; não sejam confundidos por mim os que te buscam, ó Deus de Israel.
7. Porque por amor de ti suporto afrontas; e confusão recobriu meu rosto.
8. Fui estranho a meus irmãos, e desconhecido aos filhos de minha mãe.
9. Porque o zelo de tua casa me comeu; e as afrontas dos que te afrontam, caíram sobre mim.
10. E no jejum chorei de minha alma, mas isto se me tornou em afrontas.
11. E pus-me por veste um saco, mas lhes foi por ditado.
12. Paroleiam de mim os que se assentam à porta; e chacota sou dos bebedores de sidra.
13. Eu porém faço minha oração a ti, ó Senhor, no tempo do agrado; rogo, ó Deus, pela grandeza de tua benignidade. Ouve-me pela fidelidade de tua salvação!
14. Tira-me do lamaceiro, e não me deixes afundar; escape eu dos que me aborrecem, e das profundezas das águas.
15. Não me leve a correnteza das águas, e não me absorva a profundeza; nem o poço cerre sobre mim sua boca.
16. Ouve-me, ó Senhor, pois boa é tua benignidade; e segundo tua muitíssima piedade, atenta para mim.
17. E não escondas teu rosto de teu servo. Porque estou angustiado; apressa-te, e ouve-me.
18. Achega-te à minha alma, e liberta-a; por causa de meus inimigos, me redime.
19. Bem sabes tu minha afronta, e minha vergonha, e minha confusão: diante de ti estão todos meus angustiadores.
20. Afrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo. E esperei compaixão, porém nenhuma se achou; como também consoladores, porém tampouco os achei.
21. E até fel me deram por mantimento; e em minha sede, me abeberam com vinagre.
22. Torne-se-lhes sua mesa perante eles em laço; e, por inteira recompensa, em ruína.
23. Seus olhos tanto se escureçam, que não possam ver; e faze que seus lombos continuamente titubeiem.
24. Derrama sobre eles tua indignação, e o ardor de tua ira os prenda.
25. Seu palácio se assole; em suas tendas não haja morador.
26. Porque ao que tu feriste, perseguem; e da dor de teus chagados fazem contos.
27. Põe maldade sobre sua maldade, e não entrem em tua justiça.
28. Risquem-se do livro da vida, e com os justos se não inscrevam.
29. Eu, porém, estou aflito e dolorido; tua salvação, ó Deus, me ponha em alto retiro.
30. Louvarei o nome de Deus com cântico; e magnificá-lo-ei com ação de graças.
31. E mais agradará ao Senhor do que boi, ou bezerro pontudo, e de unhas já divididas.
32. O que os mansos vendo, se alegrarão; e os que buscais a Deus, vosso coração viverá.
33. Porque o Senhor ouve aos necessitados, e não despreza a seus presos.
34. Os céus, pois, e a terra o louvem; os mares, e tudo quanto se move neles.
35. Porque Deus redimirá a Sião, e edificará as cidades de Judá; e habitarão ali, e a possuirão em herança.
36. E a semente de seus servos a herdará; e os que amam seu nome, habitarão nela.

Capítulo 70

Salmo de Davi, para o cantor-mor, para lembrança

1. Ó Deus, para livrar-me! Ó Senhor, para minha ajuda, te apressa!
2. Envergonhem-se e pejem-se os que procuram tirar-me a vida; tornem-se atrás e confundam-se, os que tomam prazer em meu mal.
3. Virem as costas por causa de seu pago vergonhoso, os que dizem “ah, ah”!
4. Folguem, e alegrem-se em ti, todos aqueles que te buscam. Digam continuamente os que amam tua salvação: Magnificado seja Deus!
5. Eu, porém, estou aflito e necessitado; ó Deus, apressa-te para vires a mim. Tu és minha ajuda, e meu livrador; ó Senhor, não te detenhas.

Capítulo 71

1. Em ti, ó Senhor confio; nunca jamais me deixes confundir.
2. Por tua justiça me faze escapar, e livra-me; inclina a mim teus ouvidos, e salva-me.
3. Sê-me por rocha, para habitar nela, e de contínuo me retirar a ela; mandado tens que eu seja salvo. Porque tu és minha rocha e minha fortaleza.
4. Deus meu, livra-me das mãos do ímpio; das mãos do perverso e azedo.
5. Pois tu és minha atença; ó Senhor Deus, minha confiança desde minha mocidade.
6. A ti me ative desde o ventre, das entranhas de minha mãe tu me tiraste; de ti continuamente vem meu louvor.
7. A muitos fui como prodígio, porém tu és meu forte refúgio.
8. Encha-se minha boca de teus louvores, e todo o dia de tua glória.
9. Não me rejeites no tempo da velhice; e indo-se acabando minha força, não me desampares.
10. Porque meus inimigos falam de mim; e os que espreitam minha alma, juntamente consultam entre si,
11. Dizendo: Já Deus o desamparou. Persegui-o, e tomai-o; pois já não há quem o livre.
12. Ó Deus, não te afastes de mim; Deus meu, à minha ajuda te apressa.
13. Envergonhem-se e pereçam os que se opõem à minha alma; cubram-se de opróbrio e confusão, aqueles que procuram meu mal.
14. Porém eu continuamente esperarei, e ainda muito mais magnificarei todo teu louvor.
15. Minha boca contará tua justiça, e todo o dia tua salvação; ainda que não saiba o número.
16. Entrarei nos poderios do Senhor Deus; farei menção da justiça tua somente.
17. Ó Deus, ensinaste-me desde minha mocidade; e até agora anuncio tuas maravilhas.
18. Pelo que, ainda até à velhice e às cãs, ó Deus, não me desampares. Até que anuncie teu braço a esta geração; e teu poder a todos os vindouros.
19. Também tua justiça, ó Deus, chega até as alturas. E porque fizeste grandezas; ó Deus, quem é como tu?
20. Pois mesmo fazendo-me ver muitos males e angústias; tornarás a dar-me a vida, e dos abismos da terra tornarás a tirar-me.
21. Aumentarás minha grandeza, e de novo me consolarás.
22. Também eu te louvarei com o instrumento de alaúde, como também tua fidelidade, ó Deus meu. Salmodiar-te-ei com harpa; ó Santo de Israel!
23. Meus lábios rejubilarão, quando a ti salmodiar; como também minha alma, que tu já tens redimido.
24. Também minha língua todo o dia falará de tua justiça; pois já envergonhados, pois já confundidos estão aqueles que procuram meu mal.

Capítulo 72

Para Salomão

1. Ó Deus, dá teus juízos ao rei; e tua justiça, ao filho do rei.
2. E julgará a teu povo com justiça, e a teus aflitos com juízo.
3. Os montes trarão paz ao povo, como também os outeiros com justiça.
4. Julgará os aflitos do povo, livrará os filhos do necessitado; e quebrantará ao opressor.
5. Temer-te-ão enquanto durar o Sol; e diante da Lua, de geração em geração.
6. Descerá como chuva sobre a erva cortada; e como as gotas do aguaceiro, que umedecem a terra.
7. Em seus dias florescerá o justo; e a multidão de paz, até que mais não haja Lua.
8. E dominará de mar a mar, e desde o rio até os confins da terra.
9. Os moradores dos desertos se ajoelharão ante seu acatamento; e seus inimigos lamberão o pó.
10. Os reis de Társis, e as ilhas, trarão presentes; os reis de Sabeá e Sabá apresentarão dádivas.
11. E todos os reis se inclinarão a ele: todas as gentes o servirão.
12. Porque livrará ao necessitado que a ele clamar; como também ao aflito, e ao que não tem ajudador.
13. Apiedar-se-á do pobre e do aflito; e as almas dos necessitados porá a salvo.
14. De astúcia e de violência libertará suas almas, e seu sangue será precioso a seus olhos.
15. E viverá, e dar-se-lhe-á do ouro de Sabeá. E continuamente se orará por ele; e todo o dia o bendirão.
16. Se houver um punhado de trigo na terra sobre os cabeços dos montes; seu fruto rugirá como o Líbano, e desde a cidade florescerão como a erva da terra.
17. Seu nome eternamente permanecerá; enquanto o Sol durar, seu nome se irá propagando de pais em filhos. E abençoar-se-ão nele: todas as gentes o chamarão bem-aventurado.
18. Bendito o Senhor Deus, o Deus de Israel; que só ele faz maravilhas.
19. E bendito eternamente seu glorioso nome. E de sua glória se encha toda a terra. Amém, e mais amém.
20. Aqui se acabam as orações de Davi, filho de Jessé.

Capítulo 73

1. Ora, certamente bom é Deus para com Israel; para com os limpos de coração.
2. Eu, porém, já quase que meus pés se desviaram; quase nada me faltou para escorregarem meus passos.
3. Porque tinha inveja dos loucos, vendo a paz dos ímpios.
4. Porque não estão em apertos até sua morte, e sua força está fresca.
5. Não se acham em trabalhos como outra gente, e não são afligidos com os outros homens.
6. Pelo que andam rodeados de soberba como de um colar; vestem-se de violência como de ornamento.
7. De gordura incham seus olhos; sobrepujam as imaginações do coração.
8. Fazem consumir aos homens, e maliciosamente tratam de opressão; e andam falando como de alto.
9. Põem no céu sua boca, e sua língua anda na terra.
10. Pelo que seu povo se torna aqui; e águas de copo cheio se lhes espremem.
11. E dizem: Como Deus o saberia? Ou, haveria ciência no Altíssimo?
12. Eis que estes são ímpios; contudo, têm repouso perpétuo, e aumentam a fazenda.
13. Ora, em verdade que debalde purifiquei meu coração; e lavei minhas mãos em inocência.
14. Porquanto sou afligido todo o dia, e meu castigo retorna a cada manhã.
15. Se eu dissera: Também eu falarei assim. Eis que seria aleive à geração de teus filhos.
16. Todavia, tive pensamentos para vir a entender isto; porém me era trabalhoso aos meus olhos.
17. Até que entrei nos santuários de Deus; e atentei para seu fim.
18. Deveras os pões em escorregadouros, e os fazes cair em assolamentos.
19. Como quase num instante foram assolados! Acabaram, e se consumiram de pasmo!
20. Como sonho depois de acordar; ó Senhor, na cidade desprezarás sua aparência!
21. Azedando-se pois meu coração, e sentindo picadas em meus rins;
22. Então me embruteci, e nada sabia; e era como uma besta para contigo.
23. Portanto de contínuo estarei contigo: pegaste a minha mão direita.
24. Com teu conselho me guiarás, e depois me receberás em glória.
25. A quem outrem tenho no céu? Assim que, fora de ti, nada me contenta na terra.
26. Se minha carne e meu coração desfalecerem, Deus será a rocha de meu coração e minha porção para sempre.
27. Porque eis que os que se afastam de ti, perecerão: destruirás a todo o que se desvia de ti.
28. Mas quanto a mim, bom me é o achegar-me a Deus. Ponho minha confiança no Senhor Deus; para contar todas tuas obras.

Capítulo 74

Instrução de Asafe

1. Por que, ó Deus, nos rejeitas para sempre?  Por que fumega tua ira contra as ovelhas de teu pasto?
2. Lembra-te de tua congregação, que já adquiriste desde a antiguidade; a vara de tua herança, que redimiste. O monte de Sião, em que habitaste.
3. Levanta teus pés às eternas assolações: já o inimigo tudo destruiu no santuário.
4. Teus adversários bramaram no meio de tuas sinagogas: puseram nelas seus sinais por sinais.
5. Cada qual se faz afamado, como aquele que levanta o machado contra a espessura do arvoredo.
6. Assim agora todas suas entalhaduras, quebraram com enxadas e martelos.
7. Puseram a fogo teus santuários; até o chão profanaram a morada de teu nome.
8. Disseram em seu coração: De uma só vez a todos os despojemos! Queimaram todas as sinagogas de Deus na terra.
9. Já não vemos nossos sinais; já não há mais profeta, nem mais alguém entre nós que saiba até quando isto durará.
10. Até quando, ó Deus, nos afrontará o adversário? Ou o inimigo eternamente blasfemará de teu nome?
11. Por que retiras tua mão, isto é, tua destra? De entre teu seio, acaba de tirá-la!
12. Todavia Deus é meu rei desde a antiguidade, obrando redenções em meio da terra.
13. Tu fendeste o mar com tua força; quebrantaste as cabeças dos dragões nas águas.
14. Tu machucaste as cabeças do Leviatã: tu o deste por mantimento ao povo do deserto.
15. Tu fendeste a fonte e o ribeiro; tu secaste rios impetuosos.
16. Teu é o dia, tua também é a noite: tu preparaste a luz e o Sol.
17. Tu estabeleceste todos os limites da terra; verão e inverno, tu os formaste.
18. Lembra-te disto: o inimigo afrontou ao Senhor. E povo louco blasfemou de teu nome.
19. Não entregues às bestas a alma de tua rola; não te esqueças para sempre da vida de teus aflitos.
20. Atenta para teu concerto, porque os lugares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de violência.
21. O oprimido não torne envergonhado; o aflito e necessitado louve teu nome.
22. Levanta-te, ó Deus, pleiteia teu pleito; lembra-te da afronta que o louco te faz cada dia.
23. Não te esqueças dos gritos de teus adversários: o ruído dos que se levantam contra ti vai subindo continuamente.

Capítulo 75

Para o cantor-mor, “Al-Taschete”. Salmo e cântico de Asafe

1. Louvamos-te, ó Deus, louvamos-te, e teu nome está perto: já se contam tuas maravilhas.
2. Recebendo eu o ofício determinado, de todo em todo retamente julgarei.
3. A terra e todos seus moradores já andavam derretidos; eu, porém, fortifiquei suas colunas. [Selá].
4. Disse eu aos loucos: Não enlouqueçais. E aos ímpios: Não levanteis os chifres.
5. Não levanteis em alto vossos chifres, nem faleis com pescoço levantado coisas duras.
6. Porque nem do oriente, nem do ocidente; nem do deserto, vem a exaltação.
7. Senão Deus é o juiz; que a este abate, e a estoutro exalta.
8. Porque o Senhor tem um copo na mão, com o vinho que ferveu, cheio de mistura, e dá a beber dele; porém todos os ímpios da terra suas borras, sorvendo-as, as beberão.
9. E eu assim para sempre o anunciarei, e salmodiarei ao Deus de Jacó.
10. E todos os chifres dos ímpios serrarei; porém os chifres do justo hão de ser exaltados.

Capítulo 76

Salmo e cântico de Asafe: para o cantor-mor, sobre “Neguinote”

1. Conhecido é Deus em Judá; grande é seu nome em Israel.
2. E em Salém está sua cabana, e sua morada em Sião.
3. Ali quebrantou as ardentes flechas do arco: o escudo, e a espada, e a guerra. [Selá].
4. Mais ilustre és tu, ó Glorioso, do que montes de presa!
5. Os ousados de coração foram despojados; toscanejaram em seu sono. E dos valentes varões, nenhum achou suas mãos.
6. Por tua repreensão, ó Deus de Jacó, se adormeceram carros e cavalos.
7. Tu, tu és terrível; quem pois parará perante ti, começando em tua ira?
8. Desde os céus fizeste ouvir juízo: a terra temeu, e se aquietou.
9. Quando Deus se levantou a juízo, para livrar a todos os mansos da terra. [Selá].
10. Porque a cólera do homem redundará em teu louvor; e o restante das cóleras, tu o amarrarás.
11. Voltai, e pagai-o ao Senhor, vosso Deus: todos os que estão ao redor dele, tragam presentes ao Tremendo.
12. Ele vindima o espírito dos príncipes: é tremendo aos reis da terra.

Capítulo 77

Salmo de Asafe, para o cantor-mor, por Jedutum

1. Minha voz levanto a Deus, e clamo; minha voz levanto a Deus, e inclinará os ouvidos a mim.
2. No dia de minha angústia, busquei ao Senhor. Minha mão estava estendida de noite, e não cessava; e minha alma recusava ser consolada.
3. Se me lembrava de Deus, rugia; se imaginava alguma coisa, desfalecia meu espírito. [Selá].
4. Detinhas as pálpebras de meus olhos; estava moído, de modo que não falava.
5. Considerava os dias da antiguidade, e os anos dos séculos.
6. De noite lembrava-me de meu instrumento musical; meditava em meu coração, e meu espírito esquadrinhava.
7. Rejeitará, pois, o Senhor para sempre? E nunca mais favorecerá?
8. Cessou já para sempre sua benignidade? Acabou-se já a promessa de geração em geração?
9. Esqueceu-se já Deus de ter misericórdia? Ou já encerrou suas misericórdias em sua ira? [Selá].
10. Depois eu disse: Isto me faz enfraquecer. Porém da destra do Altíssimo é mudar as coisas.
11. Lembrava-me das obras do Senhor, porque estava lembrado de tuas maravilhas antigas.
12. E meditava em todas tuas obras, e falava de teus feitos.
13. Teu caminho, ó Deus, está no santuário; quem é Deus tão grande como Deus?
14. Tu és o Deus que faz maravilhas; fizeste notória entre os povos tua força.
15. Redimiste por teu braço teu povo: os filhos de Jacó e de José. [Selá].
16. As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; também se abalaram os abismos.
17. As grossas nuvens lançaram inundações de águas; as mais altas nuvens retiniram. Assim mesmo tuas flechas correram de uma a outra parte.
18. Os som de teus trovões soou neste circuito, os relâmpagos alumiaram ao mundo; a terra se abalou e tremeu.
19. Pelo mar foi teu caminho, e tuas veredas pelas muitas águas; e tuas pegadas não se conheceram.
20. Guiaste a teu povo como a um rebanho, por mão de Moisés e de Arão.

Capítulo 78

Instrução de Asafe

1. Povo meu, escuta minha doutrina: inclinai vossos ouvidos às palavras de minha boca
2. Abrirei em parábolas minha boca, derramarei enigmas desde a antiguidade;
3. Os quais ouvimos e sabemos, e nossos pais no-los contaram.
4. Não os encobriremos a seus filhos, à geração vindoura contando os louvores do Senhor; como também sua força e as maravilhas que fez.
5. Porque levantou o testemunho em Jacó, e a Lei pôs em Israel; a qual deu a nossos pais, para que a fizessem notória a seus filhos.
6. Para que a vindoura geração a soubesse: os filhos que nascessem. E também eles se levantassem, e as contassem a seus filhos.
7. E pusessem em Deus sua esperança; e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas guardassem seus mandamentos.
8. E não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde; geração que não regeu seu coração, e cujo espírito não foi fiel para com Deus.
9. Os filhos de Efraim, flecheiros armados de arco; estes viraram as costas no dia da peleja.
10. Não guardaram o concerto de Deus, e recusaram andar em sua Lei.
11. E esqueceram-se de seus feitos; e de suas maravilhas, que lhes fizera ver.
12. Perante seus pais fez maravilhas: na terra do Egito, no campo de Zoã.
13. Fendeu o mar, e os fez passar por ele; e fez parar as águas como a um montão.
14. E guiou-os com uma nuvem de dia, e toda a noite com uma luz de fogo.
15. Fendeu as penhas no deserto, e deu-lhes de beber como de abismos grandes.
16. Porque tirou da penha correntezas, e fez descer as águas como rios.
17. E ainda prosseguiram em pecar contra ele, irritando ao Altíssimo na seca solidão.
18. E tentaram a Deus em seu coração, pedindo comida ao seu apetite.
19. E falaram contra Deus. E disseram: Poder-nos-ia Deus preparar mesa no deserto?
20. Eis que feriu a penha, e águas escorreram dela, e ribeiros arrebentaram em abundância. Poder-nos-ia também pão dar, ou preparar carne a seu povo?
21. Pelo que o Senhor os ouviu, e se encolerizou; e fogo se acendeu contra Jacó, e furor também subiu contra Israel.
22. Porquanto não creram em Deus, nem confiaram em sua salvação.
23. Ainda que mandou às altas nuvens de cima, e abriu as portas dos céus.
24. E choveu sobre eles o maná, para comerem; e deu-lhes trigo dos céus.
25. Cada qual comeu pão de poderosos: mandou-lhes comida a fartar.
26. Fez ventar o vento do oriente nos céus, e trouxe o do sul com sua força.
27. E choveu sobre eles carne como pó, e aves de asas como areia do mar.
28. E as fez cair em meio de seu arraial, ao redor de suas habitações.
29. Então comeram, e fartaram-se demasiadamente; e cumpriu-lhes seu desejo.
30. Não refrearam seu desejo: ainda estava sua comida em sua boca,
31. Quando a ira de Deus subiu contra eles, e matou os mais gordos deles; e derribou os escolhidos de Israel.
32. Contudo isto, ainda pecaram; e não deram crédito a suas maravilhas.
33. Pelo que consumiu seus dias em vaidade, e seus anos em terrores.
34. Mantando-os ele, então perguntavam por ele; e tornavam, e de madrugada buscavam a Deus.
35. E lembravam-se de que Deus era sua rocha, e o Deus Altíssimo seu redentor.
36. Porém lisonjeavam-no com sua boca, e com sua língua lhe mentiam.
37. Porque seu coração não era reto para com ele; e não foram leais em seu concerto.
38. Porém ele, que é misericordioso, expiou sua iniquidade, e não os destruiu. Mas muitas vezes desviou deles sua ira; e não despertou todo seu furor.
39. E lembrou-se que de carne eram; e vento que vai, e nunca torna.
40. Quantas vezes o irritaram no deserto! E o molestaram na solidão!
41. Porque tornaram, e tentaram a Deus; e limitaram ao Santo de Israel.
42. Não se lembraram de sua mão, do dia em que os livrou do adversário.
43. Como quanto pôs seus sinais no Egito, e suas maravilhas no campo de Zoã.
44. E tornou em sangue seus rios; e suas correntezas, para que não bebessem.
45. Enviou entre eles mistura de bicharada, que os consumiu; e rãs, que os destruiram.
46. E deu ao pulgão sua novidade, e seu trabalho aos gafanhotos.
47. Com saraivada destruiu suas vinhas, e suas figueiras bravas com muita pedra.
48. E entregou seu gado à saraivada, e suas bestas aos raios.
49. Mandou entre eles o ardor de sua ira, como também seu furor, e indignação, e angústia; com a missão de mensageiros de males.
50. Preparou caminho à sua ira: não retirou suas almas da morte, e sua vida entregou à peste.
51. E feriu a todo primogênito no Egito: primícias das forças nas tendas de Cam.
52. E levou a seu povo como a ovelhas, e guiou-os pelo deserto como a um rebanho.
53. E guiou-os seguramente, e não temeram; porque a seus inimigos cobrira o mar.
54. E trouxe-os até seus santos termos: a este monte, que sua destra adquiriu.
55. E lançou as gentes de diante deles, e as fez cair em cordel de herança; e fez habitar em suas tendas às tribos de Israel.
56. Porém tentaram e irritaram ao Deus Altíssimo; e não guardaram seus testemunhos.
57. E retiraram-se atrás, e portaram-se aleivosamente como seus pais: viraram-se como arco enganoso.
58. E provocaram-no à ira com seus altos; e com suas imagens de vulto, o moveram a ciúmes.
59. Ouviu isto Deus, e indignou-se; e grandemente desprezou a Israel.
60. Pelo que desamparou o tabernáculo em Siló: a tenda que estabelecera por habitação entre os homens.
61. E deu em cativeiro sua força, e sua glória na mão do adversário.
62. E entregou seu povo à espada, e enfureceu-se contra sua herança.
63. A seus rapazes consumiu o fogo, e suas virgens não foram louvadas.
64. Seus sacerdotes caíram à espada, e suas viúvas não lamentaram.
65. Então despertou o Senhor, como se houvesse dormido: como herói que rejubila com o vinho.
66. E feriu a seus adversários por de trás; e fez-lhes injúria perpétua.
67. Porém rejeitou a tenda de José, e não elegeu a tribo de Efraim.
68. Antes, elegeu a tribo de Judá: o monte de Sião, ao qual tinha amor.
69. E edificou seu santuário como em alturas: como a terra, que fundou para sempre.
70. Como também elegeu a seu servo Davi; e o tomou dos currais das ovelhas.
71. De detrás das recém-paridas o trouxe: para apascentar a Jacó, seu povo; e a Israel, sua herança.
72. E apascentou-os segundo a integridade de seu coração; e guiou-os com as destrezas de suas mãos.

Capítulo 79

Salmo de Asafe

1. Ah Deus, as gentes entraram em tua herança, contaminaram teu santo templo! Puseram a Jerusalém em montões de pedra.
2. Deram os corpos mortos de teus servos por comida às aves dos céus; e a carne de teus favorecidos aos animais da terra.
3. Derramaram seu sangue como água, ao redor de Jerusalém, e não houve quem os enterrasse.
4. Somos feitos opróbrio a nossos vizinhos; e zombaria e escárnio aos que estão ao redor de nós.
5. Até quando, ó Senhor? Porventura te indignarás para sempre!? Ou arderão teus ciúmes como fogo?
6. Derrama teu furor sobre as gentes que não te conhecem, e sobre os reinos que não invocam teu nome.
7. Porque devoraram a Jacó, e assolaram suas aprazíveis moradas.
8. Já não te lembres de nossas passadas iniquidades. Apressa-te, e tuas misericórdias nos antecipem; porque já mui poucos somos.
9. Ajuda-nos, ó Deus de nossa salvação, pela glória de teu nome; e livra-nos, e expia nossos pecados por teu nome.
10. Por que diriam as gentes: Onde está seu Deus? Notifique-se entre as gentes, perante nossos olhos, a vingança do sangue derramado de teus servos.
11. Venha perante tua face o gemido dos presos: segundo a grandeza de teu braço, preserva aos sentenciados à morte.
12. E torna a nossos vizinhos, em seu próprio regaço, sete vezes tanto: isto de sua injúria, do quanto te injuriaram a ti, ó Senhor!
13. Assim nós outros, teu povo, e as ovelhas de teu pasto, te louvaremos eternamente: de geração em geração cantaremos teus louvores.

Capítulo 80

Para o cantor-mor, sobre “Sosanim”. “Edute”, Salmo de Asafe

1. Ó pastor de Israel, inclina a mim os ouvidos; tu que pastoreias a José como a ovelhas! Tu que te assentas entre os querubins, mostra-te resplandescente!
2. Perante Efraim, e Benjamim, e Manassés, desperta teu poder; e vem para redimir-nos.
3. Torna-nos a trazer, ó Deus; e faze resplandecer teu rosto, e seremos redimidos.
4. Ah Senhor, Deus dos exércitos! Até quando fumegarás contra a oração de teu povo?
5. Tu os manténs com pão de lágrimas; e lhes dás a beber lágrimas, com bem grande medida.
6. Puseste-nos por contenda entre nossos vizinhos, e nossos inimigos zombam de nós entre si.
7. Torna-nos a trazer, ó Deus dos exércitos; e faze resplandecer teu rosto, e seremos redimidos.
8. A vide transportaste do Egito; lançaste fora às gentes, e a ela a plantaste.
9. Preparaste-lhe lugar; e fizeste arraigar suas raízes, e assim encheu a terra.
10. Os montes se cobriram com sua sombra, e seus ramos se fizeram como os cedros de Deus.
11. Fizeste espraiar suas ramas até o mar, e seus pimpolhos até o rio.
12. Por que, pois, agora quebraste suas paredes; de modo que a depenicam todos os que passam pelo caminho?
13. O porco do bosque a destruiu, e as feras do campo a pastaram.
14. Ah Deus dos exércitos, torna-te pois! Atenta desde os céus, e vê; e visita esta vide.
15. Como também a videira que tua destra plantou; e isto pelo filho, que fortificaste para ti.
16. Está queimada a fogo, e cortada: pela repreensão de tua face perecem.
17. Seja tua mão sobre o varão de tua destra; sobre o filho do homem, que fortificaste para ti.
18. Assim não te viraremos as costas; guarda-nos em vida, e invocaremos teu nome.
19. Ah Senhor, Deus dos exércitos, torna-nos a trazer; faze resplandecer teu rosto, e seremos redimidos.

Capítulo 81

Salmo de Asafe, para o cantor-mor, sobre “Gitite”

1. Cantai alegremente a Deus, nossa fortaleza; rejubilai ao Deus de Jacó.
2. Começai a salmodiar, e dai-nos o adufe; a suave harpa, com o alaúde.
3. Na lua nova, no tempo apontado, em nossa solenidade, tocai a buzina;
4. Porque estatuto é em Israel: direito do Deus de Jacó.
5. Por testemunho o pôs em José, quando saíra contra a terra do Egito; lá onde ouvi uma língua que não entendia.
6. Tirei seus ombros de debaixo da carga, suas mãos se livraram dos cestos.
7. Na angústia clamaste, e retirei-te dela; respondi-te desde o esconderijo dos trovões, provei-te junto às águas de Meribá. [Selá].
8. Ouve, povo meu – disse eu – e protestar-te-ei! Ah Israel, se me ouvísseis!
9. Não haverá entre ti deus alheio; e não te prostrarás a deus estranho.
10. Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fez subir da terra do Egito; abre de par em par tua boca, e ta encherei.
11. Mas meu povo não ouviu minha voz, e Israel não me quis.
12. Pelo que o entreguei ao propósito de seu coração, e andaram em seus próprios conselhos.
13. Ah se meu povo me ouvisse! Se os de Israel andassem em meus caminhos!
14. Em breve abateria seus inimigos, e viraria minha mão contra seus adversários.
15. Os que aborrecem ao Senhor, fingidamente se lhe haveriam sujeitado; e seu tempo seria eterno.
16. E sustentá-lo-ia com trigo excelentíssimo; e com o mel da penha te fartaria.

Capítulo 82

Salmo de Asafe

1. Deus está no ajuntamento de Deus: ele julga no meio dos deuses.
2. Até quando julgareis injustamente, e respeitareis a aparência da pessoa dos ímpios? [Selá].
3. Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e o pobre.
4. Livrai o pobre e necessitado; arrebatai-o das mãos dos ímpios.
5. Nada sabem nem entendem, de contínuo andam em trevas; pelo que vacilam todos os fundamentos da terra.
6. Bem disse eu: Deuses sois. E todos vós outros, filhos do Altíssimo.
7. Todavia morrereis como homens, e caireis como qualquer dos príncipes.
8. Levanta-te, ó Deus, julga a terra; pois tu possuis todas as nações.

Capítulo 83

Cântico e salmo de Asafe

1. Ó Deus, não estejas em silêncio; não te cales nem te aquietes, ó Deus!
2. Porque eis que teus inimigos fazem ruído, e teus aborrecedores levantam a cabeça.
3. Astutamente têm conselho contra teu povo, e consultam contra teus escondidos.
4. Disseram: Vinde, e desarraiguemo-los, para que não mais sejam povo. Nem mais haja memória do nome de Israel.
5. Porque consultaram de coração à uma: fizeram aliança contra ti.
6. As tendas de Edom, e dos ismaelitas, e Moabe, e dos hagarenos;
7. De Gebal, e de Amom, e de Amaleque; de Filisteia, com os moradores de Tiro.
8. Também Assur se ajuntou com eles: foram por braço aos filhos de Ló. [Selá].
9. Faze-lhes como a Midiã; como a Sísera e como a Jabim no ribeiro de Quisom.
10. Os quais foram desfeitos em En-Dor, e vieram a ser esterco da terra.
11. Faze-os a eles e a seus príncipes como a Orebe, e como a Zeebe; e a todos seus duques como a Zeba, e como a Zalmuna.
12. Que disseram: Tomemos para nós em possessões hereditárias as formosas habitações de Deus!
13. Deus meu, faze-os como ao redemoinho de pó, e como às arestas diante do vento.
14. Como ao fogo que queima o bosque, e como a labareda que incendeia as brenhas.
15. Assim persegue-os com tua tempestade, e assombra-os com teu pé de vento.
16. Enche suas faces de vergonha; para que busquem teu nome, ó Senhor.
17. Confundam-se e assombrem-se perpetuamente, e envergonhem-se, e pereçam.
18. Para que saibam que tu só, com teu nome Senhor; tu só és o Altíssimo sobre toda a terra.

Capítulo 84

Para o cantor-mor, sobre Gitite. Salmo para os filhos de Corá

1. Quão amáveis são tuas moradas, ó Senhor dos exércitos!
2. Está desejosa, e de saudades também desmaia minha alma, pelos pátios do Senhor: meu coração e minha carne exclamam ao Deus vivente!
3. Até o pardal acha casa, e o pombo agreste ninho para si, aonde ponha seus pintainhos: teus altares, ó Senhor dos exércitos, rei meu, e Deus meu.
4. Bem-aventurados os que habitam em tua casa: continuamente te louvam! [Selá].
5. Bem-aventurado o homem cuja força está em ti; e em cujo coração estão os caminhos aplainados.
6. Passando pelo vale dos amoreirais, eles o põem por fonte; também com abundante bênção se cobre o ensinador.
7. Vão indo de força em força, cada qual deles aparece perante Deus em Sião.
8. Senhor, Deus dos exércitos, escuta minha oração! Inclina a ela os ouvidos, ó Deus de Jacó! [Selá].
9. Olha, ó Deus, para nosso escudo; e atenta para o rosto do teu ungido.
10. Porque melhor é um dia em teus pátios do que mil noutro lugar: antes escolheria estar à porta na casa de meu Deus, do que muito tempo habitar nas tendas da impiedade!
11. Porque o Senhor Deus nos é sol e escudo. Graça e glória dará o Senhor: não reterá o bem aos que andam em sinceridade.
12. Senhor dos exércitos, bem-aventurado o homem que põe sua confiança em ti!

Capítulo 85

Salmo para o cantor-mor, entre os filhos de Corá

1. Favoreceste, ó Senhor, a tua terra; fizeste tornar o cativeiro de Jacó.
2. Já perdoaste a culpa de teu povo; cobriste todos seus pecados. [Selá].
3. Fizeste cessar toda tua indignação; desviaste-te do ardor de tua ira.
4. Torna-nos a trazer, ó Deus de nossa salvação; e aniquila tua ira de sobre nós.
5. Ou para sempre te irarás contra nós? Ou estenderás tua ira de geração em geração?
6. Ou não tornarás tu a vivificar-nos? Para que teu povo se alegre em ti?
7. Mostra-nos tua benignidade, ó Senhor; e dá-nos tua salvação.
8. Escutarei o que falar Deus, o Senhor; porque falará de paz com seu povo e com seus favorecidos, contanto que não se tornem à sua loucura.
9. Deveras sua salvação está perto dos que o temem, para que a glória habite em nossa terra.
10. A benignidade e a verdade se encontrarão; a justiça e a paz se beijarão.
11. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.
12. Também o Senhor dará o bem, e a nossa terra dará seu fruto.
13. A justiça irá diante dele, e ele porá seus passos no caminho.

Capítulo 86

Oração de Davi

1. Inclina, ó Senhor, teus ouvidos, e ouve-me; porque estou aflito e necessitado.
2. Guarda minha alma, porque sou teu favorecido. Ah Deus, livra tu a teu servo, que confia em ti!
3. Tem misericórdia de mim, ó Senhor; porque a ti clamo todo o dia.
4. Alegra a alma de teu servo; porque a ti, ó Senhor, levanto minha alma.
5. Pois tu, Senhor, és bom e perdoador; e grande em benignidade para com todos os que te invocam.
6. Inclina, ó Senhor, teus ouvidos à minha oração; e atenta para a voz de minhas suplicações.
7. No dia de minha angústia clamo a ti, porquanto tu me escutas.
8. Não há semelhante a ti entre os deuses, ó Senhor, nem obras como as tuas.
9. Senhor, todas as gentes que fizeste virão, e se prostrarão perante tua face; e glorificarão teu nome.
10. Porque grande és tu, e fazes obras maravilhosas: só tu és Deus.
11. Ensina-me, ó Senhor, teu caminho, e andarei em tua verdade; une meu coração ao temor de teu nome.
12. Louvar-te-ei, Senhor Deus meu, com todo meu coração; e glorificarei teu nome para sempre.
13. Pois tua benignidade é grande para comigo; e arrebataste minha alma do mais profundo da sepultura.
14. Oh Deus, soberbos se levantam contra mim, e junta de tiranos procuram minha morte; e eles não te põem perante seus olhos.
15. Porém tu, Senhor, és Deus misericordioso e piedoso; longânime, e grande em benignidade e verdade.
16. Vira-te para mim, e tem piedade de mim; dá tua força a teu servo, e redime o filho de tua serva.
17. Faze-me sinal algum para bem; para que meus aborrecedores o vejam, e se confundam, quando tu, ó Senhor, me ajudares e consolares.

Capítulo 87

Salmo e cântico, para os filhos de Corá

1. Está seu fundamento nos montes santos.
2. Mais ama o Senhor as portas de Sião, do que todas as habitações de Jacó.
3. Coisas gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus! [Selá].
4. Farei menção de Raab e Babilônia entre os que me conhecem. Eis que do filisteu, e tírio, com o cuxita, se dirá: Este é nascido ali.
5. E de Sião se dirá: Este, e aquele, nasceu ali. E o próprio Altíssimo a fortificará.
6. O Senhor os contará na descrição dos povos, dizendo: Este é nascido ali. [Selá].
7. E os cantores serão como os que estão tripudiando de alegria; todas as minhas fontes estarão dentro de ti!

Capítulo 88

Cântico e salmo, para os filhos de Corá, e para o cantor-mor, sobre “Maalate-Leanote”. Instrução de Hemã, ezraíta

1. Ó Senhor, Deus de minha salvação: de dia clamo, e também de noite, diante de ti.
2. Minha oração chegue perante tua face: inclina teus ouvidos a meu clamor.
3. Porque já minha alma está farta de males, e já minha vida chega à sepultura.
4. Já estou contado com os que descem à cova, já fiquei como homem sem forças;
5. Apartado entre os mortos; como os de feridos de morte, que já jazem na sepultura, que já não te lembras mais deles, e que já estão cortados de tua mão.
6. Puseste-me na cova mais profunda: em trevas, e em profundezas.
7. Sobre mim jaz teu furor, e com todas tuas ondas me abateste. [Selá].
8. Afastaste de mim meus conhecidos. Puseste-me por extrema abominação para com eles; estou fechado, e não posso sair.
9. Já meus olhos estão desmaiados por causa da opressão. Clamo a ti, ó Senhor, todo o dia; estendo a ti minhas mãos.
10. Farás tu milagres aos mortos? Ou os gigantes se levantarão e te louvarão? [Selá].
11. Ou tua benignidade se contará na sepultura? E tua fidelidade na perdição?
12. Ou saber-se-ão nas trevas tuas maravilhas? E tua justiça na terra do esquecimento?
13. Eu porém, ó Senhor, clamo a ti; e minha oração se te antecipa de madrugada.
14. Por que, ó Senhor, rejeitas minha alma? E escondes tua face de mim?
15. Fui afligido e estive expirando desde a mocidade: eu padeço teus temores, e estou duvidoso.
16. Tuas ardentes indignações vão passando sobre mim; teus espantos me fazem perecer.
17. Rodeiam-me como águas todo o dia: todos juntos me sitiam.
18. Desviaste para longe de mim amigos e companheiros; e meus conhecidos estão em trevas.

Capítulo 89

Instrução de Etã, ezraíta

1. As benignidades do Senhor cantarei perpetuamente: de geração em geração manifestarei tua fidelidade por minha boca.
2. Porque disse eu: Tua benignidade será edificada para sempre. Até nos céus confirmaste tua fidelidade, dizendo:
3. Fiz concerto com meu eleito, jurei a meu servo Davi:
4. Para sempre confirmarei tua semente, e teu trono edificarei de geração em geração. [Selá].
5. Pelo que louvem os céus tuas maravilhas, ó Senhor; pois tua fidelidade está na congregação dos santos.
6. Porque quem nas altas nuvens se pode igualar com o Senhor? Quem será semelhante ao Senhor entre os filhos dos poderosos?
7. Deus é formidável no grande conselho dos santos, e mais terrível do que todos seus derredores.
8. Oh Senhor, Deus dos exércitos, quem é forte como tu, Senhor? Pois tua fidelidade está ao redor de ti.
9. Tu dominas sobre a arrogância do mar: quando suas ondas se levantam, tu as fazes aquietar.
10. Tu quebrantaste a Raab como a um ferido de morte: com teu forte braço dissipaste a teus inimigos.
11. Teus são os céus, também tua é a terra; o mundo e sua plenitude, tu o fundaste.
12. Ao norte e ao sul, tu os criaste; Tabor e Hermom em teu nome rejubilam.
13. Tu tens um braço possante; forte é tua mão, e alta está tua destra.
14. Justiça e juízo são o assento de teu trono; benignidade e verdade vão diante de teu acatamento.
15. Bem-aventurado o povo que entende o som do júbilo! Oh Senhor, na luz de tua face andarão!
16. Em teu nome se alegrarão todo o dia, e em tua justiça se exaltarão.
17. Porque tu és a glória de sua força, e por tua boa vontade será exaltado nosso vigor.
18. Porque do Senhor é nosso escudo, e do Santo de Israel nosso rei.
19. Então, em visão, falaste de teu santo, e disseste: Pus o socorro sobre um herói. Do povo, exaltei a um eleito.
20. Achei a Davi, meu servo; e com meu santo óleo o ungi.
21. Com o qual minha mão ficará firme; também meu braço o fortalecerá.
22. O inimigo não apertará com ele, nem o filho de perversidade o afligirá.
23. Mas eu quebrantarei a seus adversários perante ele, e ferirei aos que o aborrecem.
24. E minha fidelidade e minha benignidade serão com ele; e em meu nome se exaltará seu vigor.
25. E porei sua mão no mar, e sua direita nos rios.
26. Ele me chamará, dizendo: Meu Pai és tu. Deus meu, e a rocha de minha salvação.
27. Também eu o porei por primogênito; e por mais alto sobre os reis da terra.
28. Para sempre lhe guardarei minha benignidade, e meu concerto lhe será firme.
29. E conservarei a sua semente para sempre, e a seu trono como aos dias dos céus.
30. Se seus filhos deixarem minha Lei, e não andarem em meus juízos;
31. Se profanarem meus estatutos, e não guardarem meus mandamentos;
32. Então visitarei com vara sua transgressão, e com açoites sua iniquidade.
33. Porém minha benignidade nunca aniquilarei, para a tirar dele; nem faltarei em minha fidelidade.
34. Não profanarei meu concerto; e o que saiu de meus lábios, não o mudarei.
35. Uma vez jurei, por minha santidade: que nunca mentirei a Davi.
36. Sua semente durará para sempre, e seu trono será como o Sol perante mim.
37. Como a Lua será confirmado para sempre, e firme como a testemunha na região do ar. [Selá].
38. Porém tu o rejeitaste e reprovaste; e te indignaste contra teu ungido.
39. Detestaste o concerto de teu servo; profanaste sua coroa contra a terra.
40. Derribaste todas suas paredes; quebrantaste suas fortificações.
41. Todos os que passam pelo caminho, o despojaram; foi feito em opróbrio a seus vizinhos.
42. Exaltaste a destra de seus adversários; alegraste a todos seus inimigos.
43. Também embotaste os fios de sua espada; e não o sustentaste na peleja.
44. Fizeste cessar sua formosura, e seu trono deitaste por terra.
45. Abreviaste os dias de sua mocidade; cobriste-o de vergonha. [Selá].
46. Até quando, ó Senhor? Porventura te esconderás para sempre!? Ou arderá teu furor como fogo?
47. Lembra-te de qual era eu sou. Por que criarias em vão a todos os filhos dos homens?
48. Que homem vive, que não veja a morte? E que faça escapar sua alma do poder da sepultura? [Selá].
49. Onde estão, Senhor, tuas benignidades passadas? As quais juraste a Davi por tua fidelidade?
50. Lembra-te, Senhor, do opróbrio de teus servos; o qual trago em meu peito de todos e tão grandes povos.
51. Com que difamam teus inimigos, ó Senhor! Com que difamam as pisadas de teu ungido!
52. Bendito o Senhor para todo sempre. Amém e Amém.

Capítulo 90

Oração de Moisés, varão de Deus

1. Senhor, tu foste nosso retiro, de geração em geração.
2. Antes que os montes nascessem, e tu produzisses a terra e o mundo; e também de eternidade em eternidade, tu és Deus.
3. Tornas o homem mortal ao quebrantamento. E dizes: Tornai-vos, filhos dos homens.
4. Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem, quando já passou; e como a vela da noite.
5. Como com a correnteza das águas, os levas; são como o sono. De madrugada, são como a erva que se muda.
6. De madrugada floresce, e se muda; à tarde se corta, e se seca.
7. Porque perecemos com tua ira, e com teu furor nos assombramos.
8. Pões nossas iniquidades perante ti; e nosso pecado oculto, à luz de teu rosto.
9. Porque todos nossos dias se vão indo por tua indignação: acabamos nossos anos como palavra já pronunciada.
10. Quanto aos dias de nossos anos, chegam até setenta anos; e os que mais fortes somos, até oitenta anos; e o melhor deles, canseira e enfadado. Porquanto logo se corta, e nos vamos voando.
11. Quem conhece a força de tua ira? E de teu furor, segundo és tremendo?
12. Ensina-nos a contar nossos dias de tal maneira, que alcancemos um coração sábio.
13. Torna-te, ó Senhor; até quando? E aplaca-te para com teus servos.
14. De madrugada nos farta de tua benignidade; e rejubilaremos, e nos alegraremos por todos nossos dias.
15. Alegra-nos conforme os dias em que nos afligiste; e os anos que vimos o mal.
16. Apareça a teus servos tua obra, e tua glória sobre seus filhos.
17. E a suavidade do Senhor, nosso Deus, seja sobre nós. E a obra de nossas mãos, confirma tu sobre nós: a obra de nossas mãos, a confirma!

Capítulo 91

1. Aquele que reside no esconderijo do Altíssimo, pernoitará à sombra do Onipotente.
2. Direi ao Senhor: Tu és meu refúgio, e meu lugar forte. Deus meu, em quem ponho minha confiança.
3. Porque ele te fará escapar do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
4. Com suas penas te cobrirá, e debaixo de suas asas estarás confiado; sua verdade é rodela e escudo.
5. Não temerás do espanto noturno, nem da flecha que voa de dia;
6. Da peste que anda às escuras, da mortandade que assola ao meio-dia.
7. À tua ilharga cairão mil, e à tua destra dez mil; porém a ti não chegará.
8. Tão somente com teus olhos atentarás, e a recompensa dos ímpios verás.
9. Porque tu, Senhor, és meu refúgio: ao Altíssimo puseste por teu retiro.
10. Mal nenhum te sucederá, nem praga alguma se avizinhará da tua tenda.
11. Porque a seus anjos te encomendará, para que te guardem em todos teus caminhos.
12. Nas mãos te levarão, para que com teu pé em pedra alguma não tropeces.
13. Pisarás sobre o feroz leão, e áspide; e atropelarás ao filho do leão, e ao dragão.
14. Porquanto tão afetuosamente me amou – diz o Senhor –, também eu o livrarei. Em alto retiro o porei, porque conhece meu nome.
15. Ele me invocará, e eu o escutarei; estarei com ele na angústia. Dela o retirarei, e o glorificarei.
16. De longura de dias o fartarei, e lhe farei ver minha salvação.

Capítulo 92

Salmo e cântico para o sábado

1. Bom é louvar ao Senhor; e salmodiar a teu nome, ó Altíssimo!
2. Para anunciar de madrugada tua benignidade, e às noites tua fidelidade.
3. Sobre o decacórdio, e sobre o alaúde; com premeditado cântico sobre a harpa.
4. Porque me alegraste, ó Senhor, com teus feitos; sobre as obras de tuas mãos rejubilarei.
5. Quão grandiosas, ó Senhor, são tuas obras! Mui profundos são teus pensamentos.
6. O homem brutal não sabe deles, nem o louco entende isto.
7. Quando crescem os ímpios como a erva, e florescem todos os obradores de maldade; é isto para serem destruídos perpetuamente.
8. Mas tu és o Altíssimo, e para sempre o Senhor.
9. Porque eis que teus inimigos, ó Senhor, porque eis que teus inimigos perecerão: serão dissipados todos os obradores de maldade.
10. Porém tu exaltaste meu chifre, como o do unicórnio: eu fui ungido com óleo fresco.
11. E meus olhos atentarão para os que me andam espreitando; acerca dos malfeitores, que se levantam contra mim, meus ouvidos o ouvirão.
12. O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano.
13. Aos que estão plantados na casa do Senhor, se lhes dará que vão crescendo nos pátios de nosso Deus.
14. Até na velhice já cã ainda darão fruto, e serão viçosos e verdes.
15. Para anunciar que reto é o Senhor: minha rocha, e não há iniquidade nele.

Capítulo 93

1. O Senhor reina, está vestido de majestade. Está vestido o Senhor, de força se tem cingido; o mundo também estará firmado, e já não vacilará.
2. Já desde então teu trono está firme: tu és desde a eternidade.
3. Os rios alçam, ó Senhor, os rios alçam seu ruído: os rios alçam seus quebrados d’água.
4. O Senhor, porém, no alto é mais forte; mais que o ruído das grandes águas, fortes como as ondas do mar.
5. Mui fiéis são teus testemunhos; a santidade aformoseia tua casa. E isso, ó Senhor, para muitos dias.

Capítulo 94

1. Ó Deus das vinganças, ó Senhor; Deus das vinganças, mostra-te resplandescente!
2. Exalta-te, ó juiz da terra! Dá pago aos soberbos.
3. Até quando os ímpios, ó Senhor; até quando os ímpios saltarão de prazer?
4. Desbocam-se, falam coisas duras; gloriam-se todos os obradores de maldade.
5. A teu povo, ó Senhor, quebrantam; e a tua herança afligem.
6. À viúva e ao estrangeiro matam, e aos órfãos tiram a vida.
7. E dizem: Não o vê o Senhor. E para isso não atenta o Deus de Jacó.
8. Atentai, ó brutais dentre o povo; e vós, ó loucos, quando sereis entendedores?
9. Porventura o que planta os ouvidos, não ouviria? Ou o que forma os olhos, não veria?
10. Ou o que redargui as gentes, não castigaria? O que ensina ciência ao homem?
11. O Senhor conhece os pensamentos dos homens, os quais são vaidade.
12. Bem-aventurado é o varão a quem redarguis, Senhor; e em tua Lei o ensinas;
13. Para lhe dares descanso dos dias maus, até que para o ímpio se cave a cova.
14. Porque o Senhor não deixará a seu povo, nem desamparará a sua herança.
15. Porque o juízo se tornará à justiça, e todos os retos de coração o seguirão.
16. Quem estará por mim contra os malfeitores? Quem se porá por mim contra os obradores de iniquidade?
17. Se o Senhor não me fosse em ajuda, já quase que moraria minha alma no silêncio.
18. Dizendo eu: Meu pé vacila. Tua benignidade, ó Senhor, me sustentava.
19. Multiplicando-se meus pensamentos dentro de mim, tuas consolações recrearam minha alma.
20. Porventura acompanhar-se-ia de ti o trono pernicioso, que inventa canseira sobre o estatuto?
21. Em tropas se ajuntam contra a alma do justo, e condenam o sangue inocente.
22. O Senhor, porém, foi meu alto retiro; e meu Deus, a rocha de meu refúgio.
23. E fará tornar sobre eles sua iniquidade, e em sua malícia os destruirá: destruí-los-á o Senhor, nosso Deus.

Capítulo 95

1. Vinde, alegres cantemos ao Senhor; rejubilemos à rocha de nossa salvação!
2. Apresentemo-nos diante de seu acatamento com louvores; com salmos rejubilemos a ele.
3. Porque grande Deus é o Senhor; e grande rei mais que todos os deuses.
4. Em cuja mão estão as profundezas da terra, e suas são as alturas dos montes.
5. De quem também é o mar, pois ele mesmo o fez; e suas mãos formaram a seca.
6. Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemo-nos ante o Senhor, que nos fez.
7. Porque ele é nosso Deus; e nós, o povo de seu pasto, e as ovelhas de sua mão. Ah, se hoje ouvísseis sua voz!
8. Não endureçais vosso coração como em Meribá, como o dia de Massá no deserto;
9. Quando me tentaram vossos pais; provaram-me, também viram minha obra.
10. Quarenta anos andei enfadado com esta geração, e disse: Povo são que erram de coração. E eles não sabem meus caminhos.
11. Portanto jurei em minha ira, que não entrariam em meu descanso.

Capítulo 96

1. Cantai ao Senhor canção nova; cantai ao Senhor toda a terra.
2. Cantai ao Senhor, bendizei a seu nome; anunciai sua salvação de dia em dia.
3. Contai entre as gentes sua glória, entre todos os povos suas maravilhas.
4. Porque grande é o Senhor, e muito de louvar: mais tremendo é que todos os deuses.
5. Porque todos os deuses dos povos são vaidades; porém o Senhor fez os céus.
6. Majestade e esplendor há perante sua face, força e formosura em seu santuário.
7. Dai ao Senhor, ó famílias dos povos; dai ao Senhor glória e força.
8. Dai ao Senhor a glória de seu nome; trazei presentes, e entrai em seus pátios.
9. Adorai ao Senhor em santo ornamento; assombrai-vos de sua presença, vós toda a terra!
10. Dizei entre as gentes: O Senhor reina; também o mundo se firmará, para que não se abale. Julgará aos povos com toda retidão.
11. Alegrem-se os céus, e regozije-se a terra; brame o mar com sua plenitude.
12. Salte de prazer o campo com tudo o que nele há; então rejubilarão todas as árvores do bosque.
13. Perante a face do Senhor, porque vem, porque vem a julgar a terra. Julgará ao mundo com justiça; e aos povos, com sua fidelidade.

Capítulo 97

1. O Senhor reina, regozije-se a terra; alegrem-se as muitas ilhas.
2. Nuvens e escuridade há ao redor dele; justiça e juízo são o assento de seu trono.
3. Fogo vai diante dele, que ao redor abrasa seus adversários.
4. Seus relâmpagos alumiam o mundo; a terra os vê, e treme.
5. Os montes como cera se derretem pela presença do Senhor: pela presença do Senhor de toda a terra.
6. Os céus anunciam sua justiça, e todos os povos vêem sua glória.
7. Confundam-se todos os que servem às imagens, e os que se gloriam de ídolos; prostrai-vos diante dele, todos os deuses.
8. Sião o ouviu e se alegrou, e as filhas de Judá se regozijaram: por causa de teus juízos, ó Senhor.
9. Pois tu, ó Senhor, és o mais alto sobre toda a terra: mui mais exaltado estás que todos os deuses.
10. Os que amais ao Senhor, aborrecei ao mal; porque ele guarda as almas de seus favorecidos, e os faz escapar das mãos dos ímpios.
11. A luz se semeia para o justo, e a alegria para os retos de coração.
12. Alegrai-vos, ó justos, no Senhor; e falai seus louvores em memória de sua santidade.

Capítulo 98

Um salmo

1. Cantai ao Senhor canção nova, porque fez maravilhas; sua destra, e santo braço lhe alcançou salvação.
2. O Senhor fez notória sua salvação; perante os olhos das gentes, manifestou sua justiça.
3. Lembrou-se de sua benignidade e de sua fidelidade, para com a casa de Israel; viram todos os cantos da terra a salvação de nosso Deus.
4. Rejubilai ao Senhor, toda a terra! De prazer exclamai, e alegres cantai, e salmodiai!
5. Salmodiai ao Senhor com a harpa: com harpa, e com a voz de canto.
6. Com trombetas, e som de buzinas; rejubilai perante a face do rei, o Senhor.
7. Brame o mar com sua plenitude; o mundo, com os que habitam nele.
8. Os rios batam palmas; juntamente as montanhas se regozijem.
9. Perante a face do Senhor, porque ele vem a julgar a terra: julgará ao mundo com justiça, e aos povos com toda retidão.

Capítulo 99

1. O Senhor reina, tremam as gentes. O que se assenta entre os querubins reina: mova-se a terra.
2. O Senhor em Sião é grande, e mais alto é que todas as gentes.
3. Louvem teu grande e tremendo nome, pois santo é.
4. Como também a força do rei, que ama o juízo. Tu confirmaste as retidões; tu fizeste juízo e justiça em Jacó.
5. Exaltai ao Senhor, nosso Deus, e prostrai-vos ante o escabelo de seus pés, pois santo é.
6. Moisés e Arão estavam entre seus ministros, e Samuel entre os que invocavam seu nome: clamavam ao Senhor, e ele os escutava.
7. Na coluna de nuvem lhes falava; e eles guardavam seus testemunhos, e os estatutos que lhes dera.
8. Oh Senhor, Deus nosso, tu os escutaste! Tu lhes foste Deus perdoador; ainda que tomando vingança de seus feitos.
9. Exaltai ao Senhor, nosso Deus, e prostrai-vos perante seu santo monte; pois santo é o Senhor, nosso Deus.

Capítulo 100

Salmo de louvor

1. Rejubilai ao Senhor toda a terra!
2. Servi ao Senhor com alegria; vinde perante seu rosto com alegre canto.
3. Sabei que o Senhor é Deus; ele, e não nós, nos fez seu povo, e ovelhas de seu pasto.
4. Entrai por suas portas com louvor, por seus pátios com canto de louvor; louvai-o, bendizei seu nome.
5. Porque bom é o Senhor, para sempre dura sua benignidade; e de geração em geração sua fidelidade.

Capítulo 101

Salmo de Davi

1. De benignidade e juízo cantarei; a ti, ó Senhor, salmodiarei.
2. No reto caminho entenderei; mas quando virás a mim? Na sinceridade de meu coração andarei em meio de minha casa.
3. Não porei perante meus olhos feito de Belial. O obrar dos que se desviam, aborreço; não se me apegará a mim.
4. O coração perverso se apartará de mim; e ao mau, não conhecerei.
5. O que murmura acerca de seu próximo às escondidas, ao tal destruirei; ao altivo de olhos, e arrogante de coração, não o poderei sofrer.
6. Meus olhos atentarão pelos fiéis da terra, para que se assentem comigo: o que anda no reto caminho, esse tal me servirá.
7. O que usa de engano, não ficará dentro em minha casa; o que fala mentiras, não será firmado perante meus olhos.
8. Pelas manhãs destruirei a todos os ímpios da terra; para desarraigar da cidade do Senhor a todos os obradores de iniquidade.

Capítulo 102

Oração do aflito, vendo-se desfalecido; e derramando sua queixa perante a face do Senhor

1. Ó Senhor, ouve minha oração; e meu clamor chegue a ti.
2. Não escondas de mim teu rosto, no dia de minha angústia. Inclina a mim teus ouvidos; no dia em que clamo a ti, apressa-te a escutar-me.
3. Porque já meus dias se consumiram como fumaça;  e meus ossos se queimaram como a lareira.
4. Meu coração como a erva está ferido e seco; pelo que me esqueci de comer meu pão.
5. Por causa da voz de meu gemido, já meus ossos se apegam à minha carne.
6. Sou semelhante ao pelicano no deserto; estou feito como o onocrótalo das solidões.
7. Ando vigiando, e cá estou: como o pardal solitário sobre o telhado.
8. Todo o dia em afrontam meus inimigos: os que se enfurecem contra mim, juram por mim.
9. Porque eu como cinza por pão, e minha bebida misturo com lágrimas.
10. Por causa de tua ira e tua indignação; porque tu me levantaste, e me arremessaste.
11. Meus dias são como a sombra, que declina; e eu, como a erva, me vou secando.
12. Tu porém, Senhor, para sempre permaneces; e tua memória, de geração em geração.
13. Tu, pois, te levantarás, e te apiedarás de Sião; porque já chegou o tempo de te apiedar dela, porquanto já veio o tempo determinado.
14. Porque teus servos se agradam de suas pedras, e de seu pó se compadecem.
15. Então as gentes temerão o nome do Senhor; e todos os reis da terra, tua glória.
16. Quando o Senhor edificar a Sião, e aparecer em sua glória.
17. E se virar para a oração do desamparado; e não desprezar sua oração.
18. Isto se escreverá para a futura geração; e o povo que se criar, louvará ao Senhor.
19. Porquanto olhara desde o alto de seu santuário; e o Senhor atentara desde os céus para a terra.
20. Para ouvir o gemido dos presos, para soltar os sentenciados à morte.
21. Para contarem o nome do Senhor em Sião, e seu louvor em Jerusalém.
22. Quando os povos se congregarem em um; e os reinos, para servirem ao Senhor.
23. Abateu no caminho minha força; abreviou meus dias.
24. Dizia eu: Deus meu, não me leves no meio de meus dias. De geração em geração são teus anos.
25. Já desde antes fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos.
26. Eles perecerão, porém tu permanecerás. E todos eles como vestido se envelhecerão: como roupa os mudarás, e ficarão mudados.
27. Porém tu és o mesmo, e teus anos nunca se acabarão.
28. Os filhos de teus servos habitarão seguros, e sua semente será firmada perante ti.

Capítulo 103

Salmo de Davi

1. Louva, alma minha, ao Senhor; e todas minhas entranhas, a seu santíssimo nome.
2. Louva, alma minha, ao Senhor; e não te esqueças de nenhum de seus benefícios.
3. Pois ele é o que perdoa todas tuas iniquidades; o que te sera de todas tuas enfermidades.
4. O que redime da cova tua vida; o que te coroa com benignidade e misericórdias.
5. O que farta de bem tua boca, e tua mocidade se renova como a da águia.
6. Faz o Senhor justiça, e juízos a todos os oprimidos.
7. Seus caminhos fez notórios a Moisés; e aos filhos de Israel, seus feitos.
8. Misericordioso e piedoso é o Senhor: longânime, e grande em benignidade.
9. Não perpetuamente contenderá, nem para sempre reterá a ira.
10. Não nos faz conforme a nossos pecados, nem nos paga conforme a nossas iniquidades.
11. Porque quanto estão altos os céus sobre a terra, tanto prevalece sua benignidade sobre aqueles que o temem.
12. Quão longe o ocidente está do oriente, tão longe desvia de nós nossas transgressões.
13. Como o pai de apieda dos filhos, assim o Senhor se apieda daqueles que o temem.
14. Porque bem sabe ele que feitura seja a nossa, lembrando-se de que somos pó.
15. Os dias do homem mortal são como a erva: como a flor do campo, assim floresce.
16. Passando o vento por ela, logo perece; e seu lugar não a conhece mais.
17. Porém a benignidade do Senhor está de eternidade em eternidade sobre os que o temem, como também sua justiça é para os filhos de seus filhos:
18. Para os que guardam seu concerto; e para os que se lembram de seus mandamentos, para os fazerem.
19. O Senhor nos céus firmou seu trono, e seu reino domina sobre tudo.
20. Louvai ao Senhor, seus anjos! Ó valentes heróis, que guardais sua palavra; obedecendo à voz de sua palavra.
21. Louvai ao Senhor, todos seus exércitos: seus ministros, que fazeis seu beneplácito.
22. Louvai ao Senhor, todas suas obras, em todas as partes de seu senhorio. Louva, alma minha, ao Senhor!

Capítulo 104

1. Louva, alma minha, ao Senhor! Ó Senhor, Deus meu, magnificentíssimo és; de majestade e glória estás vestido.
2. Cobre-se com a luz como com vestido; estende os céus como a cortinas.
3. Entabua nas águas seus cenáculos; das nuvens faz seu carro, anda sobre as asas do vento.
4. A seus anjos faz espíritos, e a seus servos fogo flamejante.
5. Fundou a terra sobre suas bases: nunca para sempre jamais vacilará.
6. Com o abismo, como com vestido, a tinhas coberto; sobre os montes estavam as águas.
7. De tua repreensão fugiram; pela voz de teu trovão, apressadamente se acolheram.
8. Subiram os montes, desceram os vales; ao lugar que lhes havias fundado.
9. Termo lhes puseste, que não traspassarão: não cobrirão mais a terra.
10. Tu que envias as fontes pelos vales, para que andem entre os montes.
11. Abeberam a todos os animais do campo: os asnos monteses matam com elas a sede.
12. Junto a elas habitam as aves dos céus, dando sua voz dentre os ramos.
13. Abebera aos montes desde seus cenáculos; a terra se farta do fruto de tuas obras.
14. Faz brotar a erva para as bestas, e a verdura para serviço do homem; fazendo produzir da terra o pão.
15. E o vinho, que alegra o coração do homem, fazendo reluzir o rosto com azeite; o pão que fortalece o coração do homem.
16. Fartam-se as árvores do Senhor: os cedros do Líbano, que plantou.
17. Lá onde as aves se aninham: a casa da cegonha são as faias.
18. Os altos montes são para as cabras monteses; as rochas, retiro para os coelhos.
19. Fez a Lua para as monções; o Sol sabe seu poente.
20. Ordena as escuridões, e faz-se noite; na qual saem todos os animais do mato.
21. Os filhos dos leões, bramando pela presa, e para buscar de Deus sua comida.
22. Saindo o sol, logo se acolhem; e se vão deitar em seus covis.
23. Então sai o homem para sua obra; e a seu trabalho, até a tarde.
24. Quão muitas são tuas obras, ó Senhor! A todas com sabedoria as fizeste. A terra está cheia de teus bens.
25. Este grande e muito espaçoso mar! Nele há répteis inumeráveis, animais tanto pequenos como grandes.
26. Ali andam navios; e também o Leviatã que formaste, para que folgasse nele.
27. Todos eles se atém a ti, que lhes dês seu mantimento a seu tempo.
28. Dás-lho tu, e eles o recolhem; abres tua mão, e fartam-se de teu bem.
29. Escondes tu teu rosto, ficam assombrados; tiras-lhes o fôlego, logo expiram e tornam-se a seu pó.
30. Envias tu teu Espírito, logo se criam; e assim renovas a face da terra.
31. Seja a glória do Senhor para sempre; alegre-se o Senhor em suas obras.
32. Atentando ele para a terra, logo treme; tocando nos montes, logo fumegam.
33. Cantarei ao Senhor em minha vida: salmodiarei a meu Deus enquanto tiver ser.
34. Suave coisa será minha meditação acerca dele; eu me alegrarei no Senhor.
35. Os pecados se consumirão da terra, e os ímpios não mais serão. Louva, alma minha, ao Senhor. Aleluia!

Capítulo 105

1. Louvai ao Senhor, invocai seu nome; notificai entre os povos seus feitos.
2. Cantai-lhe, salmodiai-lhe; atentivamente falai de todas suas maravilhas.
3. Gloriai-vos em seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam ao Senhor.
4. Inquiri acerca do Senhor e de sua força; buscai sua face de contínuo.
5. Lembrai-vos de suas maravilhas, que fez; e de seus prodígios, e dos juízos de sua boca.
6. Vós, semente de Abraão, seu servo; vós, filhos de Jacó, seus eleitos.
7. Ele, o Senhor, é nosso Deus; em toda a terra estão seus juízos.
8. Lembra-se perpetuamente de seu concerto, da palavra que mandou até mil gerações.
9. Do concerto que fez com Abraão, e de seu juramento a Isaque.
10. O qual também a Jacó ratificou por estatuto, e a Israel por concerto eterno;
11. Dizendo: A ti te darei a terra de Canaã: o cordel de vossa herança.
12. Sendo eles poucos homens em número, e estrangeiros nela.
13. E andaram de gente em gente, e de um reino a outro povo.
14. Não permitiu a ninguém que os oprimisse; e por amor deles, repreendeu a reis, dizendo:
15. Não toqueis em meus ungidos, e a meus profetas não façais mal.
16. E chamou à fome sobre a terra: todo bordão de pão quebrantou.
17. Mandou perante eles a um varão: por escravo foi vendido José.
18. Apertaram seus pés no tronco, sua pessoa foi metida em ferros.
19. Até o tempo que chegou sua palavra: o dito do Senhor o purificou.
20. Mandou o rei, e o fez soltar: mandou o dominador dos povos, e o largou.
21. Ele o pôs por senhor de sua casa, e por dominador de todos seus bens.
22. Para sujeitar seus príncipes a seu gosto, e instruir seus anciãos.
23. Então entrou Israel no Egito; e Jacó peregrinou na terra de Cam.
24. E fez crescer seu povo em grande maneira; e o fez mais poderoso que seus adversários.
25. Virou o coração deles, para que aborrecessem a seu povo; para que astutamente tratassem com seus servos.
26. Enviou a Moisés, seu servo; e a Aarão, a quem escolhera.
27. Fizeram entre eles os mandados de seus sinais, e seus prodígios na terra de Cam.
28. Mandou trevas, e a fez escurecer; e não foram rebeldes à sua palavra.
29. Tornou suas águas em sangue, e matou seus peixes.
30. Sua terra produziu rãs em abundância: até nas recâmaras de seus reis.
31. Falou ele, e veio uma mistura de bicharada; e piolhos em todo seu termo.
32. Tornou suas chuvas em saraivada; fogo flamejante pôs em sua terra.
33. E feriu suas vinhas, e seus figueirais; e quebrou os arvoredos de seus termos.
34. Falou ele, e vieram gafanhotos; e locusta sem número.
35. E comeram toda a erva de sua terra; e até o fruto de seus campos, comeram.
36. Também feriu a todos os primogênitos em sua terra: as primícias de todas suas forças.
37. E tirou-os dali com prata e ouro; e dentre suas tribos, ninguém houve que tropeçasse.
38. Saindo eles, o Egito se alegrou; porque seu terror caíra sobre eles.
39. Estendeu uma nuvem por coberta, e um fogo para alumiar a noite.
40. Oraram, e fez vir codornizes; e de pão celestial os fartou.
41. Abriu uma penha, e correram dela águas; e andaram como que rio pelas sequidões.
42. Porque se lembrou de sua santa palavra; e de Abraão, seu servo.
43. Assim tirou dali a seu povo com folguedo, e com júbilo a seus eleitos.
44. E deu-lhes as terras das gentes; e o trabalho das nações, possuíram em herança.
45. Para que guardassem seus estatutos, e observassem suas leis. Aleluia!

Capítulo 106

1. Aleluia! Louvai ao Senhor, porque é bom. Pois sua benignidade dura para sempre.
2. Quem falará as valentias do Senhor? Quem anunciará seus louvores?
3. Bem-aventurados os que guardam o juízo, e o que obra justiça em todo tempo.
4. Lembra-te de mim, ó Senhor, segundo tua boa vontade para com teu povo; visita-me com tua salvação.
5. Para que veja o bem de teus eleitos, para que me alegre com a alegria de teu povo; e para que me glorie com tua herança.
6. Tanto nós como nossos pais pecamos, perversamente fizemos, impiamente tratamos.
7. Nossos pais no deserto não atentaram para tuas maravilhas, não se lembraram da multidão de tuas beneficências. Antes, se rebelaram junto ao mar; pegado ao mar de juncos.
8. Porém os livrou por seu nome, para fazer notório seu poder.
9. E repreendeu ao mar de juncos, e logo se secou; e os fez caminhar pelos abismos, como pelo deserto.
10. E livrou-os das mãos do aborrecedor, e redimiu-os das mãos do inimigo.
11. E cobriram as águas a seus adversários, e nem um só deles ficou de resto.
12. Então creram suas palavras, e cantaram seus louvores.
13. Porém logo se esqueceram de suas obras; não esperaram seu conselho.
14. Mas deixaram-se levar da cobiça no deserto, e tentaram a Deus na solidão.
15. Então lhes cumpriu seu desejo; porém mandou magreza a suas almas.
16. E tiveram inveja de Moisés no arraial; e de Aarão, o santo do Senhor.
17. Abriu-se a terra, e devorou a Datã; e cobriu o ajuntamento de Abirão.
18. E ardeu o fogo em seu ajuntamento: a chama abrasou os ímpios.
19. Fizeram um bezerro em Horebe, e inclinaram-se a uma imagem de fundição.
20. E mudaram sua glória, na figura de um boi que come erva.
21. Esqueceram-se de Deus, seu salvador; que fizera grandezas no Egito.
22. Maravilhas na terra de Cam, coisas tremendas no mar de juncos.
23. Pelo que disse que os destruiria. Se Moisés, seu eleito, não se pusera na brecha perante sua face; para desviar sua indignação, a fim de não os assolar.
24. Também desprezaram a terra desejável: não creram sua palavra.
25. Antes, murmuraram em suas tendas; não deram ouvidos à voz do Senhor.
26. Pelo que levantou sua mão contra eles, jurando que os derribaria no deserto.
27. E que derribaria sua semente entre as gentes, e os espalharia pelas terras.
28. Também se ajuntaram com Baal-Peor, e comeram os sacrifícios dos mortos.
29. E provocaram-no à ira com suas obras, e a praga fez abertura entre eles.
30. Então se pôs Fineias, e executou juízo; e cessou aquela praga.
31. E foi-lhe contado por justiça: de geração em geração, para todo sempre.
32. Também muito o indignaram junto às águas da contenda; e sucedeu mal a Moisés, por causa deles.
33. Porque irritaram seu espírito; de modo que desatentadamente falou com seus lábios.
34. Não destruíram os povos, que o Senhor lhes dissera.
35. Antes, se misturaram com as gentes; e aprenderam suas obras.
36. E serviram a seus ídolos, e vieram a ser-lhes por laço.
37. Demais disto, sacrificaram seus filhos, e suas filhas, aos diabos.
38. E derramaram sangue inocente: o sangue de seus filhos, e de suas filhas, que sacrificaram aos ídolos de Canaã. E assim se profanou a terra com este sangue.
39. E contaminaram-se com suas obras, e fornicaram com seus feitos.
40. Pelo que se acendeu a ira do Senhor contra seu povo, e abominou sua herança.
41. E entregou-os nas mãos das gentes; e os que os aborreciam, fizeram-se senhores sobre eles.
42. E seus inimigos os oprimiram, e foram humilhados sob suas mãos.
43. Muitas vezes os livrou; mas eles o irritaram com seu próprio conselho, e foram abatidos por sua própria iniquidade.
44. Contudo atentou para a angústia deles, ouvindo seu clamor.
45. E, para com eles, se lembrou de seu concerto; e se arrependeu segundo a multidão de suas beneficências.
46. Pelo que lhes deu misericórdia, perante todos os que os tinham presos.
47. Salva-nos, ó Senhor, Deus nosso, e ajunta-nos dentre as gentes! Para que louvemos teu nome santo; e nos gloriemos de teu louvor.
48. Bendito o Senhor, Deus de Israel, desde século e em século, e todo o povo diga “amém”. Aleluia!

Capítulo 107

1. Louvai ao Senhor, porque é bom; pois sua benignidade dura para sempre.
2. Digam-no os redimidos do Senhor: os que redimiu das mãos dos adversários.
3. E os que das terras congregou: do oriente e do ocidente, do norte e do mar.
4. Os que andaram desgarrados pelo deserto, por caminhos solitários; os que cidade nenhuma acharam para morarem.
5. Andaram famintos, e também sedentos; sua alma desfalecia neles.
6. Porém clamando ao Senhor em seu aperto, fê-los escapar de suas angústias.
7. E levou-os ao caminho direito, para irem à cidade em que morassem.
8. Louvem perante o Senhor sua benignidade; e suas maravilhas, perante os filhos dos homens.
9. Porque fartou a alma sedenta, e a alma faminta encheu de bem.
10. Os que assentados estavam em trevas e sombra de morte, presos com aflição e ferro.
11. Porquanto se rebelaram contra os mandados de Deus, e desprezivelmente rejeitaram o conselho do Altíssimo.
12. Por isso lhes abateu o coração com trabalhos; tropeçaram, e não houve ajudador.
13. Porém clamando ao Senhor em seu aperto, livrou-os de suas angústias.
14. Tirou-os das trevas e da sombra de morte, e quebrou suas prisões.
15. Louvem perante o Senhor sua benignidade; e suas maravilhas, perante os filhos dos homens.
16. Porque quebrou as portas de bronze, e despedaçou as trancas de ferro.
17. Os loucos, pelo caminho de sua transgressão; e por suas iniquidades, são afligidos.
18. Sua alma abominou toda comida, e chegaram até as portas da morte.
19. Porém clamando ao Senhor em seu aperto, livrou-os de suas angústias.
20. Enviou sua palavra, e os sarou; e os arrebatou de suas sepulturas.
21. Louvem perante o Senhor sua benignidade; e suas maravilhas, perante os filhos dos homens.
22. E sacrifiquem sacrifícios de louvores, e relatem suas obras com júbilo.
23. Os que descem ao mar em navios, contratando em grandes águas;
24. Esses vêem as obras do Senhor, e suas maravilhas na profundidade.
25. Falando ele, faz levantar tormentas de vento: o qual levanta em alto suas ondas.
26. Sobem aos céus, descem aos abismos; sua alma se derrete de angústia.
27. Rodeiam e titubeiam como bêbados, e toda sua sabedoria lhes é devorada.
28. Porém clamando ao Senhor em seu aperto, tirou-os de suas angústias.
29. Faz cessar as tormentas, e calam-se suas ondas.
30. Então se alegram, porquanto se aquietaram; e ele os levou ao porto que queriam.
31. Louvem, pois, perante o Senhor sua benignidade; e suas maravilhas, perante os filhos dos homens.
32. E exaltem-no na congregação do povo, e no assento dos anciãos o glorifiquem.
33. Aos rios reduz em deserto, e aos mananciais das águas em terra sedenta;
34. À terra frutífera em salgada, pela maldade dos que habitam nela.
35. Ao deserto reduz em lagoa, e à terra seca em mananciais de águas.
36. E faz habitar ali aos famintos, e eles edificam cidade para habitação.
37. E semeiam campos e plantam vinhas, que produzem fruto rendoso.
38. E ele os abençoa, e multiplicam-se muito; e não diminui seu gado.
39. Depois se diminuem, e se abatem; por opressão, mal e tristeza.
40. Derrama desprezo sobre os príncipes; e os faz andar desgarrados por desertos, onde não há caminho.
41. Porém levanta ao necessitado da opressão, e as famílias faz como a rebanhos.
42. Os retos o vêem, e se alegram; mas toda iniquidade tapa sua boca.
43. Quem é sábio, atente para estas coisas; e atentivamente considerem as benignidades do Senhor.

Capítulo 108

Cântico e salmo de Davi

1. Preparado está meu coração, ó Deus; cantarei e salmodiarei, e minha glória também.
2. Desperta-te alaúde, e harpa! Que despertarei na alva no dia.
3. Louvar-te-ei entre os povos, ó Senhor; e salmodiar-te-ei entre as nações.
4. Porque tua benignidade é grande, mais que os céus; e tua verdade, até as nuvens mais altas.
5. Exalta-te sobre os céus, ó Deus; e tua glória sobre toda a terra;
6. Para que teus amados escapem; salva-nos com tua destra, e ouve-nos!
7. Deus falou em seu santuário, pelo que saltarei de prazer. Repartirei a Siquém; e medirei o valo de Sucote.
8. Meu é Gileade, meu é Manassés, e Efraim a fortaleza de minha cabeça; Judá, meu legislador.
9. Moabe minha bacia de lavar, sobre Edom meu sapato lançarei; sobre Filisteia rejubilarei!
10. Quem me levará a uma cidade fortalecida? Quem me guiará até Edom?
11. Porventura não serás tu, ó Deus, que já nos tinhas rejeitado? E com nossos exércitos, ó Deus, não saías?
12. Dá-nos ajuda para sair da angústia; porque vaidade é o socorro dos homens.
13. Em Deus faremos proezas; e ele atropelará nossos adversários.

Capítulo 109

Salmo de Davi, para o cantor-mor

1. Ó Deus de meu louvor, não te cales!
2. Porque a boca do ímpio e a boca enganosa já se abriram contra mim: falaram comigo com língua falsa.
3. E com palavras odiosas me cercaram; e pelejaram contra mim sem causa.
4. Por meu amor, se opuseram a mim; mas eu estava continuamente em oração.
5. E pagaram-me mal por bem, e ódio por meu amor.
6. Põe tu sobre ele o ímpio, e Satanás esteja à sua destra!
7. Sendo julgado, saia culpado; e sua oração seja pecadora.
8. Seus dias sejam poucos; e sua mulher, viúva.
9. E seus filhos andem vagueando, e mendiguem; e busquem o necessário em suas assolações.
10. O credor lance mão de tudo quanto tem, e os estranhos saqueiem seu trabalho.
11. Ninguém haja que lhe faça beneficência, e ninguém haja que se compadeça de seus órfãos.
12. Seus descendentes sejam desarraigados; seu nome seja apagado na seguinte geração.
13. A iniquidade de seus pais venha em memória perante o Senhor, e o pecado de sua mão não se apague.
14. Antes, estejam sempre perante o Senhor; e desarraigue sua memória da terra.
15. Porquanto não se lembrou de fazer beneficência. Antes, perseguiu ao varão aflito e necessitado; como também ao quebrantado de coração, para o matar.
16. Pois amou a maldição; por isso, lhe sobrevenha! E não desejou a bênção; por isso, se afaste dele!
17. E vista-se com maldição como com seu vestido; e como água entre em suas entranhas, e como azeite em seus ossos.
18. Sirva-lhe como de vestido com que se cubra, e por cinto com que sempre se cinja.
19. Seja este o galardão de meus contrários, da parte do Senhor; e dos que falam mal contra minha alma.
20. Mas tu, ó Senhor Deus, usa comigo de benignidade, por amor de teu nome! E porquanto tua benignidade é boa, livra-me!
21. Porque estou aflito e necessitado, e meu coração está ferido em minhas entranhas.
22. Como a sombra, quando declina, assim me vou; sou sacudido, como gafanhoto.
23. De jejuar se enfraquecem meus joelhos; e minha carne tanto se emagrece, que já não tem gordura.
24. E ainda eu lhes sou opróbrio: vendo-me, meneiam sua cabeça.
25. Ajuda-me, Senhor Deus meu! Salva-me conforme a tua benignidade!
26. Para que saibam que esta é tua mão; e que tu, ó Senhor, o fizeste.
27. Amaldiçoem eles, mas abençoa tu! Levantem-se, mas confundam-se; e teu servo se alegre.
28. Meus contrários se vistam de vergonha, e cubram-se com sua confusão como com capa.
29. Grandemente bendirei ao Senhor com minha boca, e em meio de muitos o louvarei.
30. Porque se porá à destra do necessitado, para o livrar dos que condenam sua alma.

Capítulo 110

1. O Senhor disse a meu senhor: Assenta-te à minha destra; até que eu ponha teus inimigos por escabelo de teus pés.
2. O cetro de tua força te enviará o Senhor desde Sião, dizendo: Domina em meio de teus inimigos.
3. Teu povo será voluntaríssimo no dia de tua virtude: em santos ornamentos; da madre da alva, se te produzirá o orvalho de tua gente moça.
4. Jurou o Senhor, e não se arrependerá, que tu és sacerdote para sempre; e isso segundo a ordem de Melquisedeque.
5. O Senhor está à tua destra; ele fará feridas penetrantes aos reis no dia de sua ira.
6. Julgará entre as gentes: tudo encherá de corpos mortos. E fará feridas penetrantes ao cabeça de uma grande terra.
7. Do ribeiro beberá no caminho, pelo que exaltará a cabeça.

Capítulo 111

1. Aleph [א] Beth [ב]. Aleluia! Louvarei ao Senhor com todo o coração; no conselho dos retos, e na congregação.
2. Gimel [ג] Daleth [ד]. Grandes são as obras do Senhor; buscam-nas todos os que têm nelas prazer.
3. He [ה] Vav [ו]. Glória e majestade é sua obra; e sua justiça permanece para sempre.
4. Zain [ז] Heth [ח]. Fez memória de suas maravilhas; piedoso e misericordioso é o Senhor.
5. Teth [ט] Iod [י]. Mantimento deu aos que o temem; lembra-se para sempre de seu concerto.
6. Caph [כ] Lamed [ל]. A força de suas obras anunciou a seu povo; dando-lhes a herança das gentes.
7. Mem [מ] Nun [נ]. As obras de suas mãos são verdade e juízo; e fiéis, todos seus mandamentos.
8. Samech [ס] Ain [ע]. Firmes são para todo sempre; e feitos em verdade e retidão.
9. Pe [פ] Tsade [צ] Coph [ק]. Redenção enviou a seu povo; seu concerto ordenou para sempre; santo e tremendo é seu nome.
10. Resh [ר] Shin [ש] Thav [ת]. O princípio de sabedoria é o temor do Senhor; bom entendimento têm todos os que o fazem; seu louvor permanece para sempre.

Capítulo 112

1. Aleph [א] Beth [ב]. Aleluia! Bem-aventurado o varão que teme ao Senhor; que em seus mandamentos tem grande prazer.
2. Gimel [ג] Daleth [ד]. Sua semente será possante na terra; a geração dos retos será bendita.
3. He [ה] Vav [ו]. Fazenda e riqueza haverá em sua casa; e sua justiça permanece para sempre.
4. Zain [ז] Heth [ח]. A luz sai aos retos nas trevas. Piedoso, e misericordioso, e justo é.
5. Teth [ט] Iod [י]. Bem lhe vai ao varão que tem misericórdia, e empresta; este dispõe suas coisas com juízo.
6. Caph [כ] Lamed [ל]. Na verdade que nunca titubeará: o justo estará em memória eterna.
7. Mem [מ] Nun [נ]. O mau rumor não temerá; firme está seu coração, confiando no Senhor.
8. Samech [ס] Ain [ע]. Bem confirmado, seu coração não temerá; até que veja em seus adversários o que deseja.
9. Pe [פ] Tsade [צ] Coph [ק]. Espalha, e dá aos necessitados; sua justiça permanece para sempre; seu chifre se exaltará em glória.
10. Resh [ר] Shin [ש] Thav [ת]. O ímpio o verá, e raivará; os dentes rangerá, e consumir-se-á; o desejo dos ímpios perecerá.

Capítulo 113

1. Aleluia! Louvai, servos do Senhor; louvai o nome do Senhor.
2. Seja o nome do Senhor bendito, desde agora para todo sempre!
3. Desde o nascimento do Sol até onde vai se pôr, seja louvado o nome do Senhor.
4. Alçado está o Senhor por cima de todas as gentes; e sobre os céus, sua glória.
5. Quem é como o Senhor, nosso Deus? Que habita nas alturas.
6. Que se abaixa para ver, nos céus e na terra.
7. Que do pó levanta o pequeno, do esterco exalta ao necessitado;
8. Para o fazer assentar com os príncipes, com os príncipes de seu povo.
9. Que coloca a estéril em família, e faz dela alegre mãe de filhos. Aleluia!

Capítulo 114

1. Saindo Israel do Egito, e a casa de Jacó de um povo bárbaro;
2. Judá ficou seu santuário, e Israel seus domínios.
3. O mar o viu, e se acolheu; o Jordão tornou atrás.
4. Os montes saltaram como carneiros; os outeiros, como cordeiros.
5. Que tiveste, ó mar, que fugiste? E tu, ó Jordão, que tornaste atrás?
6. E vós, ó montes, que saltastes como carneiros? E vós, ó outeiros, como cordeiros?
7. Treme, ó terra, pela presença do Senhor! Pela presença do Deus de Jacó!
8. O qual tornou a rocha em lago de águas; ao seixo, em fonte de águas.

Capítulo 115

1. Não a nós, ó Senhor, não a nós! Mas a teu nome dá glória; por amor de tua benignidade, por amor de tua verdade.
2. Por que diriam as gentes: Ora, onde está seu Deus?
3. Porém nosso Deus está nos céus; faz tudo quanto lhe apraz.
4. Os ídolos deles são prata e ouro, e obras de mãos de homens.
5. Boca têm, porém não falam; olhos têm, porém não vêem.
6. Ouvidos têm, porém não ouvem; nariz têm, porém não cheiram.
7. Mãos têm, porém não apalpam; pés têm, porém não andam. Não proferem nada com sua garganta.
8. Tais como eles se tornem os que os fazem, como também todos os que confiam neles.
9. Ó Israel, confia tu no Senhor! Ele é sua ajuda, e seu escudo.
10. Ó casa de Arão, confiai vós no Senhor! Ele é sua ajuda, e seu escudo.
11. Os que temeis ao Senhor, confiai no Senhor; ele é sua ajuda, e seu escudo.
12. O Senhor se lembrou de nós, ele abençoará. Ele abençoará a casa de Israel; ele abençoará a casa de Aarão.
13. Abençoará aos que temem ao Senhor: a pequenos, e juntamente a grandes.
14. O Senhor vos aumentará em bênçãos: a vós, e a vossos filhos.
15. Benditos sejais vós outros do Senhor, que fez os céus e a terra.
16. Quanto aos céus, céus são do Senhor; mas a terra, deu aos filhos dos homens.
17. Os mortos não louvarão ao Senhor, nem tampouco todos os que descem ao silêncio.
18. Porém nós bendiremos ao Senhor, desde agora para todo sempre. Aleluia!

Capítulo 116

1. Amo ao Senhor, porque me escuta: escuta minha voz, e minhas súplicas.
2. Porque inclinou a mim seus ouvidos; pelo que o invocarei enquanto durarem meus dias.
3. Cercaram-me cordéis da morte, e angústias do inferno me acharam: aperto e tristeza achei.
4. Porém ao nome do Senhor invoquei, dizendo: Ah Senhor, arrebata minha alma!
5. Piedoso é o Senhor, e justo; e nosso Deus tem misericórdia.
6. O Senhor guarda aos simples; desfeito estava eu, porém a mim me livrou.
7. Alma minha, torna a teu repouso; pois já o Senhor te fez bem.
8. Porque tu, ó Senhor, fizeste escapar minha alma da morte; meus olhos das lágrimas, e meus pés do tropeço.
9. Andarei perante a face do Senhor, na terra dos viventes.
10. Cri, portanto falei; eu estive mui afligido.
11. Eu dizia em minha pressa: Todo homem é mentiroso.
12. Que pagarei ao Senhor, por todos os benefícios que me fez?
13. O copo de redenções tomarei, e o nome do Senhor invocarei.
14. Meus votos pagarei ao Senhor; sim, em presença de todo seu povo.
15. Preciosa é, aos olhos do Senhor, a morte de seus favorecidos.
16. Ah Senhor, deveras sou teu servo! Sou teu servo, filho de tua serva; tu soltaste minhas ataduras.
17. Sacrificar-te-ei sacrifício de louvores, e invocarei o nome do Senhor.
18. Meus votos pagarei ao Senhor; sim, em presença de todo seu povo.
19. Nos pátios da casa do Senhor, em meio de ti, ó Jerusalém! Aleluia!

Capítulo 117

1. Louvai ao Senhor, todas as gentes; celebrai-o, todos os povos.
2. Porque sua benignidade prevaleceu sobre nós, e a verdade do Senhor dura perpetuamente. Aleluia!

Capítulo 118

1. Louvai ao Senhor, porque é bom; pois sua benignidade dura para sempre.
2. Diga agora Israel, que sua benignidade dura para sempre.
3. Digam agora os da casa de Aarão, que sua benignidade dura para sempre.
4. Digam agora os que temem ao Senhor, que sua benignidade dura para sempre.
5. Desde a angústia invoquei ao Senhor; e o Senhor me escutou, e me pôs em largura.
6. O Senhor está comigo, não temerei; que é o que me fará o homem?
7. O Senhor comigo está entre aqueles que me ajudam; pelo que eu verei nos que me aborrecem cumprido o meu desejo.
8. Melhor é acolher-se ao Senhor, do que confiar no homem.
9. Melhor é acolher-se ao Senhor, do que confiar em príncipes.
10. Todas as gentes me cercaram; porém em nome do Senhor foi que eu as despedacei.
11. Cercaram-me, e recercaram-me; porém em nome do Senhor foi que eu as despedacei.
12. Cercaram-me como abelhas, porém apagaram-se como fogo de espinhos; porquanto em nome do Senhor foi que eu as despedacei.
13. Com força me empurraste, para me fazeres cair; mas o Senhor me ajudou.
14. O Senhor é minha fortaleza e meu cântico, porque ele me salvou.
15. Voz de júbilo e de salvação há nas tendas dos justos; a destra do Senhor faz proezas.
16. A destra do Senhor se exalta; a destra do Senhor faz proezas.
17. Não hei de morrer, senão viver; e hei de contar as obras do Senhor.
18. Bem me castigou o Senhor, porém não me entregou à morte.
19. Vós, me abri as portas de justiça; entrarei por elas, e louvarei ao Senhor.
20. Esta é a porta do Senhor, pela qual os justos entrarão.
21. Louvar-te-ei, porque me escutaste; e me salvaste.
22. A pedra que os edificadores rejeitaram, ficou por cabeça de esquina.
23. Da parte do Senhor se fez isto; maravilhoso é aos nossos olhos.
24. Este é o dia que o Senhor fez: regozijemo-nos e alegremo-nos nele!
25. Ora, ah Senhor, salva-nos! Ora, ah Senhor, prospera-nos!
26. Bendito aquele que vem em o nome do Senhor; bendizemos-vos desde a casa do Senhor.
27. O Senhor é o verdadeiro Deus, que a nós a luz nos deu; atai as vítimas da festa com cordas, para levá-las até as pontas do altar.
28. Tu és meu Deus, por isso te louvarei; a ti, ó Deus meu, te exaltarei.
29. Louvarei ao Senhor, porque é bom; pois sua benignidade dura para sempre.

Capítulo 119

Aleph [א]

1. Bem-aventurados os retos em seus caminhos, que andam na Lei do Senhor.
2. Bem-aventurados os que guardam seus testemunhos, e com todo coração o buscam.
3. E não obram iniquidade, mas andam em seus caminhos.
4. Tu, ó Senhor, mandaste que teus mandamentos mui bem se observem.
5. Quem dera meus caminhos se ordenassem a observar teus estatutos!
6. Então não me confundiria, quando atentasse para todos teus mandamentos.
7. Louvar-te-ei em retidão de coração, aprendendo os juízos de tua justiça.
8. Teus estatutos observarei; não me deixes totalmente.

Beth [ב]

9. Com que purificará o rapaz sua vereda? Observando-a conforme a tua palavra.
10. Com todo meu coração te busco: não me deixes errar para longe de teus mandamentos.
11. Em meu coração escondi teus ditos, para não pecar contra ti.
12. Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me teus estatutos.
13. Com meus lábios contei todos os juízos de tua boca.
14. Mais folgo eu com o caminho de teus testemunhos, do que com todas as riquezas!
15. Teus mandados meditarei, e atentarei para tuas veredas.
16. Em teus estatutos me recrearei, e não me esquecerei de tuas palavras.

Gimel [ג]

17. Faze tão bem a teu servo, que viva e observe tua palavra.
18. Desvenda meus olhos, para que veja: veja as maravilhas de tua Lei.
19. Peregrino sou na terra: não encubras de mim teus mandamentos.
20. Quebrantada está minha alma de tanto desejar: desejar teus juízos em todo tempo.
21. Asperamente repreendes aos malditos soberbos, que erram de teus mandamentos.
22. Revolve de sobre mim opróbrio e desprezo, pois guardei teus testemunhos.
23. Assentando-se os príncipes, e falando contra mim; teu servo então tratava de teus estatutos.
24. Também teus testemunhos são meus prazeres, e meus conselheiros.

Daleth [ד]

25. Minha alma está apegada ao pó: vivifica-me segundo tua palavra.
26. Meus caminhos te contei, e tu me escutaste: ensina-me teus estatutos.
27. O caminho de teus mandados me dá a entender, para tratar de tuas maravilhas.
28. Destila-se de tristeza minha alma: levanta-me conforme a tua palavra.
29. O caminho de falsidade desvia de mim, e piedosamente me dá tua Lei.
30. O caminho da verdade escolhi, e teus juízos me propus.
31. Apego-me a teus testemunhos; ó Senhor, não me confundas!
32. Pelo caminho de teus mandamentos correrei, quando dilatares meu coração.

He [ה]

33. Ensina-me, ó Senhor, o caminho de teus estatutos, e guardá-lo-ei até o fim.
34. Dá-me entendimento, e guardarei tua Lei, e observá-la-ei de todo coração.
35. Faze-me andar na vereda de teus mandamentos, porque nela tenho prazer.
36. Inclina meu coração a teus testemunhos, e não à avareza.
37. Desvia meus olhos de modo que não olhem para a vaidade; vivifica-me por teus caminhos.
38. Confirma a teu servo tua promessa, pois é inclinado a teu temor.
39. Desvia de mim o opróbrio, que temo; pois teus juízos são bons.
40. Eis que tenho afeição a teus mandamentos; vivifica-me por tua justiça.

Vav [ו]

41. E sobrevenham-me tuas benignidades, ó Senhor; e tua salvação, segundo tua promessa.
42. Para que tenha o que responder ao que me afronta; pois confio em tua palavra.
43. E de minha boca, nunca arranques de todo a palavra da verdade; pois me atenho a teus juízos.
44. Assim observarei tua Lei de contínuo, para sempre e eternamente.
45. E andarei em largura, pois busquei teus mandados.
46. Também falarei de teus testemunhos perante reis, e não me envergonharei.
47. E recrear-me-ei em teus mandamentos, aos quais amo.
48. E levantarei minhas mãos a teus mandamentos, aos quais amo, e tratarei de teus estatutos.

Zain [ז]

49. Lembra-te da palavra dada a teu servo, à qual me fizeste ater.
50. Isto é minha consolação em minha aflição: que tua promessa me vivificou.
51. Os soberbos zombaram de mim demasiadamente; contudo, não me desviei de tua Lei.
52. Lembrei-me de teus juízos antiquíssimos, ó Senhor; e assim me consolei.
53. Grande indignação me sobreveio por causa dos ímpios, que deixam tua Lei.
54. Cânticos me foram teus estatutos, no lugar de minhas peregrinações.
55. De noite me lembrei de teu nome, ó Senhor; e observei tua Lei.
56. Isto fiz eu, porquanto guardei teus mandados.

Heth [ח]

57. O Senhor é minha porção; já disse eu que observaria tuas palavras.
58. Deveras orei à tua face com todo coração: tem de mim piedade, segundo tua promessa!
59. Considerei meus caminhos, e tornei meus pés a teus testemunhos.
60. Apressei-me, e não me detive: apressei-me a observar teus mandamentos.
61. Tropas de ímpios me cercaram, contudo não me esqueci de tua Lei.
62. À meia-noite me levanto a louvar-te, pelos juízos de tua justiça.
63. Companheiro sou de todos os que te temem, e dos que observam teus mandados.
64. De tua benignidade, ó Senhor, está cheia a terra; ensina-me teus estatutos.

Teth [ט]

65. Fizeste o bem a teu servo, ó Senhor, conforme a tua palavra.
66. Um bom sentido e ciência me ensina, pois cri em teus mandamentos.
67. Antes de ser afligido, eu andava errado; porém agora, guardo tua palavra.
68. Bom és tu, e benfeitor; ensina-me teus estatutos.
69. Os soberbos forjaram contra mim mentiras; porém eu, com todo coração guardo teus mandamentos.
70. Engordura-se seu coração como sebo, porém eu me recreio em tua Lei.
71. Bom me foi ter sido afligido, para assim aprender teus estatutos.
72. Melhor me é a Lei de tua boca, do que milhares de ouro ou de prata.

Iod [י]

73. Tuas mãos me fizeram, e me compuseram; faze-me entendido, para que aprenda teus mandamentos.
74. Os que te temem, atentarão para mim, e se alegrarão; porquanto me ative a tua palavra.
75. Bem sei eu, ó Senhor, que teus juízos são justos; e que segundo tua fidelidade me afligiste.
76. Sirva pois tua benignidade de me consolar a mim, segundo a promessa que fizeste a teu servo.
77. Venham sobre mim tuas misericórdias, para que viva; pois tua Lei é toda minha recreação.
78. Confundam-se os soberbos, porquanto com mentiras me derribaram; eu, porém, trato de teus mandamentos.
79. Tornem-se a mim os que te temem, e sabem teus testemunhos.
80. Seja meu coração reto para com teus estatutos, para que não seja confundido.

Caph [כ]

81. Já minha alma desfaleceu de esperar por tua salvação: à tua palavra me ative.
82. Já meus olhos desfaleceram de esperar por tua promessa. Enquanto isso, dizia: Quando me consolarás?
83. Porque já fiquei como odre ao fumo, porém não me esqueci de teus estatutos.
84. Quantos serão os dias de teu servo? Quando me farás justiça acerca de meus perseguidores?
85. Os soberbos me cavaram covas; o que não é conforme a tua Lei.
86. Todos teus mandamentos são verdade; com mentiras me perseguem, ajuda-me!
87. Já quase me têm aniquilado sobre a terra, porém eu não deixei teus mandamentos.
88. Vivifica-me conforme a tua benignidade; então guardarei o testemunho de tua boca.

Lamed [ל]

89. Para sempre, ó Senhor; para sempre tua palavra permanece nos céus.
90. De geração em geração dura tua fidelidade; tu firmaste a terra, e assim persevera firme.
91. Por tuas ordenanças, perseveram até o dia de hoje; porque todos são teus servos.
92. Se tua Lei não fora toda minha recreação, já muito há que perecera em minha aflição.
93. Nunca mais me esquecerei de teus mandados, porque me vivificaste por eles.
94. Teu sou eu, salva-me; porque busquei teus mandados.
95. Os ímpios me aguardaram, para me fazerem perecer; porém eu atento para teus testemunhos.
96. A toda perfeição, vi fim; mas teu mandamento é amplíssimo.

Mem [מ]

97. Oh, quanto amo tua Lei! Todo o dia trato dela.
98. Mais sábio me fazem teus mandamentos, do que meus inimigos o são; porque sempre estão comigo.
99. Mais entendido sou que todos meus mestres, porquanto trato de teus testemunhos.
100. Mais prudente sou que os velhos, porquanto guardei teus mandados.
101. De todo mau caminho desviei meus pés, para observar tua palavra.
102. De teus juízos não me apartei, porque tu me ensinaste.
103. Quão doces foram teus ditos ao meu paladar! Mais que mel à minha boca.
104. De teus mandados alcancei entendimento, pelo que aborreço toda vereda de mentira.

Nun [נ]

105. Lanterna é para meus pés tua palavra, e luz para minha vereda.
106. Jurei, e assim o cumprirei: de guardar os juízos de tua justiça.
107. Já estou aflitíssimo, ó Senhor; vivifica-me conforme a tua palavra.
108. Os sacrifícios voluntários de minha boca te sejam agradáveis, ó Senhor; e ensina-me teus juízos.
109. Está minha alma de contínuo em minha palma; todavia, não me esqueço de tua Lei.
110. Os ímpios me armaram laço; todavia, não andei errante de teus mandados.
111. Para sempre por herança tomei teus testemunhos, pois não o regozijo de meu coração.
112. Inclinei meu coração a guardar teus estatutos, para sempre e até o fim.

Samech [ס]

113. Aborreço duplicidades, porém amo a tua Lei.
114. Tu és meu refúgio, e meu escudo; ative-me à tua palavra.
115. Desviai-vos de mim, malfeitores! Para que possa guardar os mandamentos de meu Deus.
116. Sustenta-me confirme a tua promessa, para que viva; e não me faças confundir, perdendo a minha esperança.
117. Sustenta-me, e ficarei livre; então de contínuo atenderei a teus estatutos.
118. Tu atropelas a todos os que se desviam de teus estatutos, pois mentira é o engano deles.
119. Como as escórias tiraste a todos os ímpios da terra, pelo que amo teus testemunhos.
120. Os pelos do meu corpo se arrepiam com pasmo de ti, e temi a teus juízos.

Ain [ע]

121. Fiz juízo e justiça: não me entregues a meus opressores.
122. Fica fiador por teu servo para o bem; não me deixes oprimir dos soberbos.
123. Já meus olhos desfaleceram de esperar por sua salvação, e pela promessa de tua justiça.
124. Faz com teu servo segundo tua benignidade, e ensina-me teus estatutos.
125. Teu servo sou, faze-me entendido; e saberei teus testemunhos.
126. Já é tempo de que obremos pelo Senhor; porque já quebrantaram tua Lei.
127. Pelo que amo teus mandamentos: amo-os mais que ao ouro, e ainda mais que ao ouro puro.
128. Por isso todos teus mandados, acerca de tudo, estimei por retos; porém toda verdade falsária, aborreci.

Pe [פ]

129. Maravilhosos são teus testemunhos; portanto, minha alma os guarda.
130. A entrada de tuas palavras dá luz, fazendo entendidos aos simples.
131. Minha boca abri bem, e respirei; porque desejei teus mandamentos.
132. Atenta para mim, e tem piedade de mim; conforme ao direito dos que amam teu nome.
133. Confirma meus passos em tua palavra, e iniquidade nenhuma seja senhor sobre mim.
134. Redime-me das opressão dos homens, e observarei teus mandados.
135. Faze resplandecer teu rosto sobre teu servo, e ensina-me teus estatutos.
136. Ribeiros de águas escorrem de meus olhos, porquanto não guardam tua Lei.

Tsade [צ]

137. Justo és tu, ó Senhor; e reto cada qual de teus juízos.
138. Alto nos mandaste a justiça de teus testemunhos, e a verdade.
139. Meu zelo me consumiu, porquanto meus adversários se esqueceram de tuas palavras.
140. Mui refinada é tua palavra, e teu servidor a ama.
141. Pequeno sou eu, e desprezado; porém não me esqueço de teus mandados.
142. Tua justiça é justiça para sempre; e tua Lei, verdade.
143. Aperto e angústia me encontraram, porém teus mandamentos são meus prazeres.
144. A justiça de teus testemunhos dura para sempre; faze-ma entender, e viverei.

Coph [ק]

145. Clamei com todo coração, escuta-me, ó Senhor; e guardarei teus estatutos.
146. A ti te invoquei, salva-me; e observarei teus testemunhos.
147. Predispus-me a outros entre lusco e fusco, e gritei; e ative-me à tua palavra.
148. Meus olhos anteciparam-se às velas da noite, para tratar de tua palavra.
149. Ouve minha voz, segundo tua benignidade; ó Senhor, vivifica-me segundo teu juízo.
150. Vão se achegando a mim os que a maus desígnios se dão; e afastam-se da tua Lei.
151. Porém tu, ó Senhor, estás perto; e todos teus mandamentos são verdade.
152. Já desde a antiguidade soube de teus testemunhos, que para sempre os fundaste.

Resh [ר]

153. Atenta para minha aflição, e tira-me dela; pois não me esqueci de tua Lei.
154. Pleiteia meu pleito, e liberta-me; vivifica-me conforme a tua promessa.
155. Longe está dos ímpios a salvação, porque não buscam teus testemunhos.
156. Muitas são, ó Senhor, tuas misericórdias; vivifica-me conforme a teus juízos.
157. Muitos são meus perseguidores e meus adversários, porém eu não me desvio de teus testemunhos.
158. Vi aos que se portam aleivosamente, e enfadei-me: enfadei-me de que não observam tua palavra.
159. Atenta, ó Senhor, que eu amo teus mandamentos; vivifica-me conforme a tua benignidade.
160. O princípio de tua palavra é verdade, e para sempre dura todo o juízo de tua justiça.

Shin [ש]

161. Príncipes me perseguiram sem causa, mas meu coração temeu a tua palavra.
162. Folgo de tua promessa, como aquele que acha grande despojo.
163. A falsidade aborreço e abomino; porém a tua Lei, amo.
164. Sete vezes ao dia te louvo, pelos juízos de tua justiça.
165. Muita paz têm os que amam tua Lei, e para eles não há tropeço.
166. Espero em tua salvação, ó Senhor; e faço teus mandamentos.
167. Minha alma observa teus testemunhos, e grandemente os amo.
168. Observo teus mandados e teus testemunhos, porque todos meus caminhos estão diante de ti.

Thav [ת]

169. Chegue meu clamor perante teu rosto, ó Senhor; faze-me entendido conforme a tua palavra.
170. Venha minha súplica perante tua face, e faze-me escapar conforme a tua promessa.
171. Meus lábios em abundância derramarão teu louvor, ensinando-me tu teus estatutos.
172. Minha língua pregará acerca de tua palavra, porque todos teus mandamentos são justiça.
173. Tua mão me venha a socorrer, pois elegi teus mandados.
174. Desejo tua salvação, ó Senhor; e tua Lei é todo meu prazer.
175. Viva minha alma, e louvar-te-á; e teus juízos me ajudem.
176. Desgarrei-me; como ovelha perdida, busca a teu servidor. Pois não me esqueci de teus mandamentos.

Capítulo 120

Cântico dos degraus

1. Em minha angústia clamei ao Senhor; clamei, e ele me escutou.
2. Senhor, faze escapar minha alma dos falsos lábios; e da língua enganosa.
3. Que é o que te dará, ou que te acrescentará a língua enganosa?
4. Flechas agudas de valente, juntamente com brasas vivas de zimbro!
5. Ai de mim, que peregrino em Meseque; e habito nas tendas de Quedar!
6. Já minha alma por muito tempo se esteve: esteve com os que aborrecem a paz.
7. Pacífico sou, porém falando eu; falando eu, eles se dispõem para a guerra.

Capítulo 121

Cântico dos degraus

1. Elevo meus olhos aos montes, dizendo: De onde me virá o socorro?
2. Meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
3. Não deixará teu pé vacilar, nem toscanejará  o que te guarda.
4. Eis que não toscanejará, nem dormirá: é o guarda de Israel.
5. O Senhor é teu guardador; o Senhor é tua sombra à tua destra.
6. Nem de dia o sol te picará, nem a lua de noite.
7. O Senhor te guardará de todo mal, e guardará também tua alma.
8. O Senhor guardará tua saída e tua entrada; desde agora, e para todo sempre.

Capítulo 122

Cântico dos degraus, de Davi

1. Alegro-me dos que me dizem: Entraremos na casa do Senhor!
2. Puseram-se nossos pés: puseram-se em tuas portas, ó Jerusalém!
3. Jerusalém está edificada: está como cidade bem conjunta.
4. Lá onde sobem as tribos, as tribos do Senhor, conforme ao testemunho de Israel; para darem graças ao nome do Senhor.
5. Porque ali estão as cadeiras do juízo: as cadeiras da casa de Davi.
6. Orai pela paz de Jerusalém; prosperem os que te amam.
7. Haja paz em teu antemuro, e prosperidade em teus paços.
8. Por meus irmãos, e amigos! Por eles, assim falarei: Paz haja em ti!
9. Pela casa do Senhor, nosso Deus; buscarei o bem para ti.

Capítulo 123

Cântico dos degraus

1. A ti levanto meus olhos, ao que está nos céus!
2. Eis que como os olhos dos servos atentam para as mãos de seus senhores, e os olhos da serva para as mãos de sua senhora; assim nossos olhos atentam para o Senhor, nosso Deus, até que tenha piedade de nós.
3. Tem piedade de nós, ó Senhor, tem piedade de nós! Pois já assaz fartos estamos de desprezo!
4. Já assaz farta está nossa alma: farta da zombaria dos insolentes, e do desprezo dos soberbos.

Capítulo 124

Cântico dos degraus, de Davi

1. Se não fosse o Senhor, que foi por nós; diga agora Israel:
2. Se não fosse o Senhor, que foi por nós; quando os homens se levantaram contra nós;
3. Vivos então nos teriam tragado, quando o furor deles se acendeu contra nós.
4. Então as águas transbordariam sobre nós, e a correnteza passaria sobre nossa alma.
5. Então passariam sobre nossa alma, as águas altivas.
6. Bendito o Senhor, que não nos entregou por presa a seus dentes.
7. Como ave, nossa alma escapou do laço dos passarinheiros: quebrou o laço, e nós escapamos.
8. Nossa ajuda é em nome do Senhor, que fez o céu e a terra.

Capítulo 125

Cântico dos degraus

1. Os que confiam no Senhor: estes são como o monte de Sião, que não se abala, mas para sempre permanece.
2. Quanto a Jerusalém, montes há ao redor dela; assim o Senhor está ao redor do seu povo, desde agora para sempre.
3. Porque o cetro da impiedade não repousará sobre a sorte dos justos; para que os justos não estendam suas mãos à iniquidade.
4. Faze bem, ó Senhor, aos bons; e aos retos em seus corações.
5. Mas aos que se inclinam a seus perversos caminhos, o Senhor os fará ir com os obradores de maldade; e paz haverá sobre Israel.

Capítulo 126

Cântico dos degraus

1. Tornando o Senhor a trazer os cativos de Sião, fomos como os que sonham.
2. Então nossa boca se encheu de riso, e nossa língua de júbilo. Então se dizia entre as gentes: Grandes coisas o Senhor fez a estes!
3. Grandes coisas o Senhor nos fez; pelo que estamos alegres.
4. Faze tornar, ó Senhor, o nosso cativeiro: como as correntezas das águas no sul.
5. Os que semeiam com lágrimas, com júbilo ceifarão.
6. Vai andando e chorando o que leva a semente que se há de semear; porém tornando, virá com júbilo, trazendo suas gavelas.

Capítulo 127

Cântico dos degraus, de Salomão

1. Se o Senhor não edifica a casa, em vão trabalham nela seus edificadores. Se o Senhor não guarda a cidade, em vão vigia a sentinela.
2. Inútil vos é levantar-vos a madrugar, repousar tarde, comer pão de dores; assim é que Deus dá ao seu amado o sono.
3. Eis que herança do Senhor são os filhos; e galardão, o fruto do ventre.
4. Quais são as flechas na mão do valente, tais são os filhos da mocidade.
5. Bem-aventurado o varão que encheu deles sua aljava: não serão confundidos, quando falarem com os inimigos à porta.

Capítulo 128

Cântico dos degraus

1. Bem-aventurado qualquer que temer ao Senhor, e andar em seus caminhos.
2. Do trabalho de tuas mãos por certo comerás; bem-aventurado serás, e bem te irá.
3. Tua mulher será como a parreira frutífera, às ilhargas de tua casa; e teus filhos como plantas de oliveira, ao redor de tua mesa.
4. Eis que decerto assim será bendito o varão que temer ao Senhor.
5. Abençoar-te-á o Senhor desde Sião; e verás o bem de Jerusalém, todos os dias de tua vida.
6. E verás os filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel.

Capítulo 129

Cântico dos degraus

1. Já desde minha mocidade, muitas vezes me angustiaram. Diga agora Israel:
2. Já desde minha mocidade, muitas vezes me angustiaram; todavia, não prevaleceram contra mim.
3. Lavradores lavraram sobre minhas costas: compridos fizeram seus sulcos.
4. O Senhor é justo: cortou as cordas dos ímpios.
5. Confundam-se e tornem-se atrás, todos os que aborrecem a Sião.
6. Sejam como a erva dos telhados; a qual, antes que a arranquem, se seca.
7. Com que não enche sua mão o ceifeiro, nem seu braço o que ata as gavelas.
8. Nem tampouco os que passam, dizem: A bênção do Senhor seja sobre vós. Abençoamos-vos em nome do Senhor!

Capítulo 130

Cântico dos degraus

1. Das profundezas clamo a ti, ó Senhor!
2. Senhor, escuta minha voz; sejam teus ouvidos atentos à voz de minhas súplicas.
3. Se tu, ó Senhor, observares as iniquidade; Senhor, quem persistirá?
4. Porém contigo está o perdão, para que sejas temido.
5. Espero ao Senhor, minha alma espera também; e atenho-me à sua palavra.
6. Minha alma aguarda ao Senhor; mais que os guardas pela manhã, os quais aguardam à manhã.
7. Espere Israel ao Senhor; porque com o Senhor está a benignidade, e muita redenção há com ele.
8. E ele redimirá a Israel: redimi-lo-á de todas suas iniquidades.

Capítulo 131

Cântico dos degraus, de Davi

1. Senhor, meu coração não se exaltou, nem meus olhos se levantaram; nem andei em grandezas, nem em coisas que para mim eram maravilhosas.
2. Se eu não fiz sossegar e calar minha alma: como um desmamado para com sua mãe; sim, como o tal desmamado, esteve minha alma comigo.
3. Espere Israel ao Senhor, desde agora para todo sempre.

Capítulo 132

Cântico dos degraus

1. Lembra-te, ó Senhor, de Davi; e de toda sua aflição.
2. O qual jurou ao Senhor, e fez voto ao Potente de Jacó, dizendo:
3. Vive o Senhor que não entrarei na tenda de minha casa, nem subirei no leito de minha cama;
4. Nem darei sono a meus olhos, nem adormecimento a minhas pestanas;
5. Enquanto não ache lugar para o Senhor, e moradas para o Potente de Jacó.
6. Eis que ouvimos dela em Efratá, e a achamos nos campos de Jaar.
7. Entraremos em suas moradas, e nos prostraremos ao escabelo de seus pés.
8. Levanta-te, ó Senhor, a teu repouso; tu e a Arca de tua fortaleza.
9. Teus sacerdotes se vistam de justiça, e teus bem-queridos rejubilem.
10. Por amor de Davi, teu servo! Não faças virar o rosto de teu ungido.
11. O Senhor jurou a Davi a verdade, não se apartará dela, quando disse: Do fruto de teu ventre porei sobre o teu trono.
12. Se teus filhos guardarem meu concerto, e meus testemunhos, que eu lhes ensinar; também seus filhos perpetuamente se assentarão sobre teu trono.
13. Porque elegeu o Senhor a Sião; e desejou-a para sua habitação, dizendo:
14. Esta é meu repouso perpetuamente: aqui hei de habitar, pois a desejei.
15. Seu mantimento abundantemente abençoarei; e a seus necessitados fartarei de pão.
16. E a seus sacerdotes vestirei de salvação, e seus bem-queridos rejubilarão grandemente.
17. Assim farei brotar o chifre a Davi; e já preparei uma lâmpada para meu ungido.
18. A seus inimigos vestirei de confusão; mas sobre ele, florescerá sua coroa.

Capítulo 133

Cântico dos degraus, de Davi

1. Eis quão bom, e quão suave é! Que os irmãos habitem também juntamente.
2. É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce sobre as barbas: sobre as barbas de Aarão, que descem sobre o colarinho de suas vestes.
3. É como o orvalho do Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião. Porque ali o Senhor ordena a bênção; e a vida, para sempre.

Capítulo 134

Cântico dos degraus

1. Eis agora, celebrai ao Senhor, todos os servos do Senhor! Os que assistis na casa do Senhor todas as noites.
2. Erguei vossas mãos ao santuário, e celebrai ao Senhor.
3. Abençoe-te o Senhor desde Sião, o qual fez o céu e a terra.

Capítulo 135

1. Aleluia! Louvai o nome do Senhor. Louvai-o, servos do Senhor.
2. Os que assistis na casa do Senhor, nos pátios da casa de nosso Deus.
3. Louvai ao Senhor, porque o Senhor é bom; salmodiai a seu nome, porque é aprazível.
4. Porque o Senhor escolheu para si a Jacó; e a Israel, por sua propriedade.
5. Porque bem sei eu que o Senhor é grande; e Deus, nosso Senhor, está por cima de todos os deuses.
6. Tudo quanto o Senhor quer, faz: nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos.
7. Faz subir os vapores desde o cabo da terra; faz os relâmpagos com a chuva, e os ventos produz desde seus tesouros.
8. O que feriu os primogênitos do Egito, desde os homens até as bestas.
9. Enviou sinais e prodígios em meio de ti, ó Egito! Contra Faraó, e contra todos seus servos.
10. O que feriu muitas gentes, e matou potentes reis.
11. A Seom, rei dos amorreus, e a Ogue, rei de Basã; e a todos os reinos de Canaã.
12. E deu sua terra em herança; sim, em herança a seu povo de Israel.
13. Oh Senhor, teu nome dura perpetuamente! E tua memória, ó Senhor, de geração em geração.
14. Porque o Senhor julgará a seu povo, e sobre seus servos se arrependerá.
15. Os ídolos das gentes são prata e ouro, e obra de mãos de homens.
16. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem;
17. Têm ouvidos, mas não ouvem; nem têm fôlego em sua boca.
18. Como eles se façam os que os fazem, e todos os que confiam neles.
19. Casa de Israel, celebrai ao Senhor! Casa de Aarão, celebrai ao Senhor!
20. Casa de Levi, celebrai ao Senhor! Os que temeis ao Senhor, celebrai ao Senhor!
21. Bendito seja o Senhor desde Sião, que habita em Jerusalém. Aleluia!

Capítulo 136

1. Louvai ao Senhor, porque é bom; porque sua benignidade dura para sempre.
2. Louvai ao Deus dos deuses, porque sua benignidade dura para sempre.
3. Louvai ao Senhor dos senhores, porque sua benignidade dura para sempre.
4. Ao que sozinho faz grandes maravilhas, porque sua benignidade dura para sempre.
5. Ao que fez os céus com entendimento, porque sua benignidade dura para sempre.
6. Ao que estendeu a terra sobre as águas, porque sua benignidade dura para sempre. 
7. Ao que fez as grandes luminárias, porque sua benignidade dura para sempre.
8. Ao Sol para ser senhor no dia, porque sua benignidade dura para sempre.
9. À Lua e às estrelas para serem senhores na  noite, porque sua benignidade dura para sempre.
10. Ao que feriu aos egípcios em seus primogênitos, porque sua benignidade dura para sempre.
11. E tirou a Israel do meio deles, porque sua benignidade dura para sempre.
12. Com mão forte, e com braço estendido; porque sua benignidade dura para sempre.
13. Ao que partiu ao mar de juncos em duas partes, porque sua benignidade dura para sempre.
14. E passou a Israel por meio dele, porque sua benignidade dura para sempre.
15. E empurrou a Faraó com seu exército no mar de juncos, porque sua benignidade dura para sempre.
16. Ao que guiou a seu povo pelo deserto, porque sua benignidade dura para sempre.
17. Ao que feriu a grandes reis, porque sua benignidade dura para sempre.
18. E matou a reis ilustres, porque sua benignidade dura para sempre.
19. A Seom, rei amorreu; porque sua benignidade dura para sempre.
20. E a Ogue, rei de Basã; porque sua benignidade dura para sempre.
21. E deu sua terra em herança, porque sua benignidade dura para sempre.
22. Em herança a seu servo Israel, porque sua benignidade dura para sempre.
23. O que em nossa baixeza se lembrou de nós, porque sua benignidade dura para sempre.
24. E nos arrancou de nossos adversários, porque sua benignidade dura para sempre.
25. O que dá mantimento a toda carne, porque sua benignidade dura para sempre.
26. Louvai ao Deus dos céus, porque sua benignidade dura para sempre.

Capítulo 137

1. Ali junto aos rios da Babilônia nos assentamos, e também choramos; lembrando-nos de Sião.
2. Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos nossas harpas.
3. Porque os que nos tinham cativos, ali nos pediam palavras de canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos algumas das canções de Sião!
4. Como cantaríamos canções do Senhor? Como, em terra estranha?
5. Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, minha destra se esqueça de si mesma!
6. Minha língua se apegue a meu palato, se de ti não me lembro! Se a Jerusalém não exalto sobre o mas alto de minha alegria!
7. Lembra-te, ó Senhor, dos filhos de Edom no dia de Jerusalém. Os quais diziam: Descobri-a, descobri-a, até o fundamento que há nela!
8. Ah filha da Babilônia, que assolada hás de ser! Bem-aventurado aquele que te pagar o pago que tu nos pagaste a nós.
9. Bem-aventurado aquele que pegar teus filhos, e der neles com as pedras.

Capítulo 138

Salmo de Davi

1. Louvar-te-ei com todo meu coração; e em presença dos deuses, salmodiarei a ti.
2. Inclinar-me-ei ao teu santo palácio, e louvarei teu nome por tua benignidade, e por tua verdade; porque magnificaste tua palavra para além de toda tua fama.
3. No dia em que clamei, me escutaste; e alentaste-me com força em minha alma.
4. Louvar-te-ão, ó Senhor, todos os reis da terra; sim, quando ouvirem as palavras de tua boca.
5. E cantarão acerca dos caminhos do Senhor,  pois grande é a glória do Senhor.
6. Porque alto é o Senhor, a todavia atenta para o humilde; mas ao altivo, conhece de longe.
7. Andando eu no meio da angústia, tu me vivificas; contra a ira de meus inimigos estendes tua mão, e tua destra me salva.
8. O Senhor o cumprirá por mim. Tua benignidade, ó Senhor, dura para sempre; não deixes as obras de tuas mãos.

Capítulo 139

Salmo de Davi para o cantor-mor

1. Senhor, tu me esquadrinhas, e me conheces.
2. Tu sabes meu assentar, e meu erguer-me; de longe entendes meus pensamentos.
3. Meu andar e meu deitar cercas; e a todos meus caminhos, estás acostumado.
4. Não havendo ainda palavra alguma em minha língua; eis, Senhor, que tu já o sabes tudo.
5. Tu por detrás e por diante me apertas, e pões sobre mim tua mão.
6. Maravilhosíssima é para mim tua ciência: tão alta é, que não posso chegar a ela.
7. Para onde me iria de teu Espírito? E para onde fugiria de tua face?
8. Se subisse aos céus, lá tu estás; e se fizesse minha cama no inferno, eis-te ali.
9. Se tomasse as asas da alva, se habitasse no cabo do mar;
10. Até ali tua mão me guiaria, e tua destra me deteria.
11. Se dissesse: Pelo menos as trevas me encobrirão. Então a noite servirá de luz ao redor de mim.
12. Nem mesmo as trevas me encobrirão de ti; antes, até a noite resplandece como o dia, e assim te são as trevas como a luz.
13. Porque tu possuis meus rins, e cobriste-me no ventre de minha mãe.
14. Louvo-te, porque de tão terrível modo e tão maravilhosamente fui feito; maravilhosas são tuas obras, e minha alma mui bem o sabe.
15. Meus ossos não estavam encobertos de ti; quando fui feito em oculto, e entretecido nas profundezas da terra.
16. Teus olhos viram meu corpo ainda informe, e todas estas coisas estavam escritas em teu livro. Como também os dias em que se deviam formar; quando nem ainda uma delas havia.
17. Assim que, ó Deus, quão preciosos me são teus pensamentos! Quão muitíssimas suas contas!
18. Se as contasse, muitas mais seriam que a areia. Se acordo, ainda estou contigo.
19. Ah Deus, se matasses ao ímpio! E vós outros, varões sanguinolentos, desviai-vos de mim!
20. Que malvadamente falam de ti, e teus inimigos vãmente se exaltam.
21. Porventura, ó Senhor, não aborreceria eu aos que te aborrecem? E dos que se levantam contra ti, não me enfadaria?
22. Com inteiro ódio os aborreço; e tenho-os por inimigos.
23. Esquadrinha-me, ó Deus, e conhece meu coração; prova-me, e conhece meus pensamentos.
24. E vê se em mim há algum caminho trabalhoso, e guia-me pelo caminho eterno.

Capítulo 140

Salmo de Davi para o cantor-mor

1. Faze-me escapar, ó Senhor, do mau homem; preserva-me do varão mui violento.
2. Os quais pensam males no coração, cada dia se ajuntam a guerrear.
3. Aguçam sua língua como a cobra; veneno de víboras há debaixo de seus lábios. [Selá].
4. Guarda-me, ó Senhor, das mãos do ímpio, preserva-me do varão mui violento; os quais cogitam empurrar meus pés.
5. Os soberbos me armaram laços e cordas, estenderam rede a um lado do caminho; e puseram-me laços corrediços. [Selá].
6. Disse ao Senhor: Tu és meu Deus. Inclina, ó Senhor, os ouvidos à voz de minhas súplicas.
7. Oh Senhor Deus, força de minha salvação! Cobriste minha cabeça no dia da armadura.
8. Não concedas, ó Senhor, ao ímpio seus desejos. Seu intento não deixes sair bem; porque se exaltariam. [Selá].
9. Quanto à cabeça dos que me cercam, a canseira de seus lábios os cubra.
10. Sacudam-se sobre eles brasas vivas; faça-os cair no fogo e em covas profundas, para que não se tornem a levantar.
11. O varão de língua má não terá firmeza na terra; o varão violento e mau será perseguido, até que caia num precipício.
12. Bem sei eu que o Senhor há de executar o juízo do aflito, e o direito dos necessitados.
13. Assim que os justos hão de louvar teu nome, e os retos hão de permanecer perante tua face.

Capítulo 141

Salmo da Davi

1. Ó Senhor, invoco-te, apressa-te para mim; inclina os ouvidos à minha voz, quando eu clamar a ti.
2. Apresente-se minha oração como perfume, perante tua face; e o levantar de minhas mãos, como a oferta da tarde.
3. Põe, ó Senhor, guarda à minha boca; e guarda a porta de meus lábios.
4. Não inclines meu coração a coisas más, para impiamente tratar alguma coisa com varões que obram iniquidade; e não coma de suas delícias.
5. O justo me martele benignamente, e repreenda-me; e será azeite da cabeça, não o recuse minha cabeça. Porque ainda orarei até em suas adversidades.
6. Seus juízes sejam derribados pelos lados dos penhascos; e ouçam minhas palavras, que são aprazíveis.
7. Como se alguém fendesse e partisse lenha em terra, assim foram espalhados nossos ossos à boca da sepultura.
8. Porém meus olhos atentam para ti, ó Senhor Deus; em ti confio, não desnudes minha alma.
9. Guarda-me da violência do laço que me armaram, e dos laços corrediços dos obradores de iniquidade.
10. Caiam os ímpios, cada qual em sua rede; até que eu inteiramente haja passado.

Capítulo 142

Instrução de Davi: oração de quando estava na caverna

1. Com minha voz clamei ao Senhor; com minha voz supliquei ao Senhor.
2. Derramei minha queixa perante sua face; minha angústia anunciei perante sua face.
3. Estando meu espírito já angustiado em mim, tu conheceste minha vereda; no caminho em que andava, armaram-me um laço.
4. Atenta à minha direita, e vê que não há ninguém que me conheça: já não há nenhum refúgio para mim, nem ninguém procura por minha alma.
5. A ti, ó Senhor, clamei, e disse: Tu és meu refúgio. És minha porção na terra dos viventes.
6. Atenta para meus gritos, porque estou mui acabado. Faze-me escapar de meus perseguidores; pois são mais possantes que eu.
7. Tira minha alma da prisão, para louvar teu nome. Os justos me rodearão, quando fizeres o bem para comigo.

Capítulo 143

Salmo de Davi

1. Ó Senhor, ouve minha oração, inclina os ouvidos a minhas súplicas; segundo tua verdade me escuta, e segundo tua justiça.
2. E não entres em juízo com teu servo, porque nenhum vivente se achará justo perante tua face.
3. Porque o inimigo persegue minha alma, em terra atropela minha vida; põe-me em escuridões, como aos que já há muito morreram.
4. Pelo que meu espírito se angustia em mim, e meu coração pasma em meio de mim.
5. Lembro-me dos dias da antiguidade, considero todos teus feitos; falo comigo mesmo acerca das obras de tuas mãos.
6. Levanto a ti minhas mãos; minha alma tem sede de ti, como terra sedenta. [Selá].
7. Com pressa me escuta, ó Senhor, que desmaia meu espírito. Não escondas tua face de mim; pois semelhante seria aos que descem à cova.
8. De madrugada me faze ouvir tua benignidade, porque em ti confio. Faze-me saber o caminho que devo seguir; porque a ti levanto minha alma.
9. Faze-me escapar de meus inimigos, ó Senhor; pois junto a ti me tenho acolhido.
10. Ensina-me a fazer tua vontade, pois tu és meu Deus. Teu bom Espírito me guie por terra plana.
11. Por teu nome, ó Senhor, me vivifica; por tua justiça, tira minha alma da angústia.
12. E por tua benignidade desarraiga meus inimigos; e destrói a todos os que angustiam minha alma, porque sou teu servo.

Capítulo 144

Salmo de Davi

1. Bendito o Senhor, minha rocha, que ensina minhas mãos para a peleja; e meus dedos para a guerra.
2. Benignidade minha, e meu castelo; retiro alto meu, e meu libertador me és tu. Escudo meu, em quem eu me confio, e que a mim me sujeita meu povo.
3. Oh Senhor, que é o homem, para que o conheças? E o filho do homem, para que o estimes?
4. Semelhante é o homem à vaidade; e seus dias, como a sombra que passa.
5. Oh Senhor, abaixa teus céus, e desce; toca aos montes, e fumeguem.
6. Relampagueia relâmpagos, e dissipa-os; envia tuas flechas, e desbarata-os.
7. Estende tuas mãos desde o alto; livra-me, e arrebata-me das muitas águas, e das mãos dos filhos estrangeiros.
8. Cuja boca fala vaidade, e sua destra é destra de falsidade.
9. A ti, ó Deus, te cantarei canção nova; com alaúde e decacórdio te salmodiarei.
10. A ti, que dás vitória aos reis; e livras a teu servo Davi da espada maligna.
11. Livra-me e arrebata-me das mãos dos filhos estrangeiros; cuja boca fala vaidade, e sua destra é destra de falsidade.
12. Para que nossos filhos sejam como plantas, e bem criados em sua mocidade; e nossas filhas como esquinas, lavradas a modo de palácio.
13. Nossas despensas, cheias, dêem de si provimento sobre provimento; nossos gados partejem a milhares, e até a dez milhares multipliquem em nossos bairros.
14. Nossos bois sejam bem dispostos; não haja nem assaltos, nem saídas, nem gritos em nossas ruas.
15. Bem-aventurado o povo que assim lhe acontece! Bem-aventurado o povo cujo Deus é o Senhor!

Capítulo 145

Cântico de Davi

1. Aleph [א]. Exaltar-te-ei, meu Deus, e rei; e bendirei teu nome para sempre e eternamente.
2. Beth [ב]. A cada dia te bendirei, e louvarei teu nome para sempre e eternamente.
3. Gimel [ג]. Grande é o Senhor, e grandemente louvável; e sua grandeza, inescrutável.
4. Daleth [ד]. Geração à geração celebrará tuas obras, e anunciarão tuas proezas.
5. He [ה]. Da magnificência da glória de tua majestade, e de teus maravilhosos feitos falarei.
6. Vav [ו]. E a força de teus terríveis feitos relatarão; e eu, tua grandeza contarei.
7. Zain [ז]. A lembrança da grandeza de tua bondade abundantemente derramarão; e tua justiça anunciarão com júbilo.
8. Heth [ח]. Piedoso e misericordioso é o Senhor; longânime, e grande em benignidade.
9. Teth [ט]. Bom é o Senhor para todos; e suas misericórdias estão sobre todas suas obras.
10. Iod [י]. Louvar-te-ão, ó Senhor, todas tuas obras; e teus favorecidos te bendirão.
11. Caph [כ]. A glória de teu reino publicarão, e tua potência relatarão.
12. Lamed [ל]. Para notificarem aos filhos dos homens suas proezas, e a glória da magnificência de seu reino.
13. Mem [מ]. Teu reino é reino de todos os séculos, e teu senhorio em toda geração e geração.
14. Samech [ס]. Sustém o Senhor a todos os que caem; e levanta a todos abatidos.
15. Ain [ע]. Os olhos de todos se atêm a ti, e tu lhes dás seu mantimento a seu tempo.
16. Pe [פ]. Abres tua mão, e a tudo o que vive fartas segundo tua boa vontade.
17. Tsade [צ]. Justo é o Senhor em todos seus caminhos, e benigno em todas suas obras.
18. Coph [ק]. Perto está o Senhor de todos os que o invocam: de todos os que o invocam em verdade.
19. Resh [ר]. Faz a boa vontade dos que o temem; e ouve seu clamor, e livra-os.
20. Shin [ש]. Guarda o Senhor a todos os que o amam; porém a todos os ímpios, destrói.
21. Thav [ת]. Minha boca publicará os louvores do Senhor; e toda carne louvará seu santo nome, para sempre e eternamente.

Capítulo 146

1. Aleluia! Alma minha, louva ao Senhor!
2. Louvarei ao Senhor em minha vida; salmodiarei a meu Deus enquanto ainda vivo.
3. Não confieis em príncipes; em filhos de homens, em quem não há salvação.
4. Sai-se seu espírito, e tornam-se em sua terra; e naquele mesmo dia perecem seus intentos.
5. Bem-aventurado aquele que ao Deus de Jacó tem por sua ajuda; e cuja esperança está posta no Senhor, seu Deus.
6. Pois ele é o que fez os céus e a terra, o mar, e tudo quanto neles há; e o que guarda fidelidade para sempre.
7. O que faz direito aos oprimidos, o que dá pão aos famintos; o Senhor solta aos aprisionados.
8. O Senhor abre os olhos aos cegos, o Senhor levanta aos abatidos; o Senhor ama aos justos.
9. O Senhor guarda os estrangeiros, sustém o órfão e a viúva; mas transtorna o caminho dos ímpios.
10. O Senhor reinará eternamente; teu Deus, ó Sião, é de geração em geração. Aleluia!

Capítulo 147

1. Louvai ao Senhor, porque é bom salmodiar ao nosso Deus. Porquanto é suave; decente é o louvor.
2. O Senhor edifica a Jerusalém; congrega aos dispersos de Israel.
3. Sara aos quebrantados de coração, e cura-os de suas dores.
4. Conta o número das estrelas: a todas chama nome por nome.
5. Grande é nosso Senhor, e de muitíssima potência; de seu entendimento não há número.
6. O Senhor sustém aos mansos, e abate aos ímpios até a terra.
7. Por coros cantai ao Senhor, com ação de graças; salmodiai ao nosso Deus com harpa.
8. Ele é o que de nuvens cobre os céus, o que prepara a chuva para a terra; o que aos montes faz produzir erva.
9. O que dá ao gado seu pasto; como também aos filhos dos corvos, quando clamam.
10. Não se agrada da força do cavalo, nem se contenta com as pernas do varão.
11. O Senhor se agrada dos que o temem, como também dos que se atêm à sua benignidade.
12. Louva, ó Jerusalém, ao Senhor; celebra, ó Sião, ao teu Deus.
13. Porque ele reforça os ferrolhos de tuas portas; abençoa a teus filhos dentro de ti.
14. Ele é o que põe teus termos em paz, e te farta com trigo excelentíssimo.
15. O que envia seu mandado à terra: sua palavra corre mui ligeira.
16. O que dá a neve como lã; a geada espalha como cinza.
17. O que lança seu sincelo como em pedaços: quem pararia perante seu frio?
18. Manda sua palavra, e os faz derreter; faz assoprar seu vento, e escorrem-se as águas.
19. Notifica suas palavras a Jacó, e seus estatutos e direitos a Israel.
20. Assim não fez a nenhuma outra gente; e seus direitos, não os conhecem. Aleluia!

Capítulo 148

1. Aleluia! Louvai ao Senhor desde os céus; louvai-o nas alturas.
2. Louvai-o, todos seus anjos; louvai-o, todos seus exércitos.
3. Louvai-o, vós Sol e Lua; louvai-o, todas as estrelas reluzentes.
4. Louvai-o, os céus dos céus; e vós, as águas que estais sobre os céus.
5. Todas estas coisas louvem ao nome do Senhor; porque mandando-o ele, logo foram criadas.
6. E confirmou-as para todo sempre; e deu-lhes tal ordenança, que nenhuma delas a traspassará.
7. Louvai ao Senhor, os da terra; as baleias, e todos os abismos.
8. O fogo e a saraiva, a neve e o vapor; o vento tempestuoso, que executa sua palavra.
9. Os montes e todos os outeiros; árvores frutíferas, e todos os cedros.
10. As feras, e todo gado; répteis, e vós, aves que tendes asas.
11. Os reis da terra, e todos os povos; os príncipes, e todos os juízes da terra.
12. Rapazes, e também donzelas; os velhos com os moços.
13. Todos estes, louvem ao nome do Senhor. Pois só seu nome é exaltado; sua majestade está sobre a terra e o céu.
14. E exaltou o vigor de seu povo, o louvor de todos seus favorecidos, os filhos de Israel, o povo chegado a ele. Aleluia!

Capítulo 149

1. Aleluia! Cantai ao Senhor cântico novo; seu louvor esteja na congregação de seus favorecidos.
2. Alegre-se Israel naquele que o fez; os filhos de Sião se regozijem em seu rei.
3. Louvem seu nome com flauta, salmodiem-lhe com adufe e harpa.
4. Porque o Senhor se agrada de seu povo; ornará os mansos com salvação.
5. Saltem de prazer seus favorecidos, por tal glória; rejubilem sobre suas camas.
6. Exaltações de Deus estarão em sua garganta, e espada de dois fios estará em sua mão.
7. Para tomarem vingança das gentes, e darem repreensões aos povos.
8. Para aprisionarem a seus reis com cadeias, e seus veneráveis com grilhões de ferro.
9. Para fazerem neles o juízo escrito. Esta será a glória de todos seus favorecidos! Aleluia!

Capítulo 150

1. Aleluia! Louvai a Deus em seu santuário; louvai-o no estendimento de sua força.
2. Louvai-o em suas proezas; louvai conforme à multidão de sua grandeza.
3. Louvai-o ao som de buzina; louvai-o com alaúde e harpa.
4. Louvai-o com adufe e flauta; louvai-o com instrumentos de cordas, e com órgãos.
5. Louvai-o com címbalos bem retinintes; louvai-o com címbalos de alegre ressonância.
6. Tudo quanto tem fôlego, louve ao Senhor. Aleluia!